sábado, 30 de junho de 2018

O C A R M A




 
Tudo o que você faz um dia volta para você. Ignorar a lei do carma não isenta ninguém de sofrer as consequências geradas por nossos atos. Diz uma afirmação budista que “se você quiser entender as causas do passado, observe os resultados que se manifestam no presente”.  É uma boa apresentação, embora algo simplista, de um conceito complexo chamado de “lei do carma”.
Carma, com frequência, é interpretado como fatalismo, mas na verdade é uma lei que depende inteiramente de nós mesmos e das nossas escolhas. Por essa razão, o carma pode mudar ao longo do tempo. Como? Segundo os budistas, seguindo o “dharma” (em sânscrito, o que sustenta, que nos mantém em um estado elevado) – ou seja, vivendo segundo nossa natureza pessoal, que deve, progressivamente, se harmonizar com o dharma universal.
Nas tradições orientais, o dharma são o caminho e as regras que permitem às pessoas livrar-se da tirania dos seus egos, da massa dos desejos acumulados nesta e nas existências anteriores, para realizar o self  impessoal e imortal. A travessia do dharma ocorre em um ciclo de mortes-renascimentos chamado, em sânscrito, de “samsara”. Nenhum ser humano pode evitá-lo, e deve percorrê-lo reencarnado em vários corpos. Liberar-se desse ciclo é exatamente o objetivo da existência-morte-renascimento.
O carma não é unicamente individual. Esse é o mais comum, mas há também o carma familiar, o coletivo, o nacional e o mundial. O tipo familiar, por exemplo, diz respeito a toda a família: significa então o “débito” espiritual (não entendido necessariamente como culpa) que recai sobre o núcleo familiar inteiro. Já o carma coletivo é o das pessoas que moram em um mesmo bairro, cidade ou país, e o mundial significa o “débito” internacional. Em todos os casos, deve-se observar que o papel de cada pessoa permanece sempre ativo: nunca somos simples vítimas, mas de algum modo colaboramos para decidir nosso presente e futuro.
 Por volta de 1974, quando era repórter no jornal “Última Hora”, do Rio de Janeiro,  entrevistei o inglês John Coats, quando ele
era presidente da Sociedade Teosófica Internacional, com sede em Adyar, na Índia, essa sociedade centenária divulgava no Oriente os conhecimentos filosóficos e esotéricos das tradições orientais. Coats viera ao Rio para uma série de conferências. Uma das minhas perguntas se referia à falada “lei do carma”. Após uma breve explanação da ideia, Coats deu um exemplo concreto, dizendo:  “Tudo que existe tem carma, está submetido à lei da ação e reação. Não apenas as pessoas, mas também as sociedades e os países. Meu país, a Inglaterra, enriqueceu e se tornou poderosa porque durante séculos, colonizou e explorou dezenas de nações mais frágeis. Fomos lá com nossos soldados e nossas armas, nos instalamos na casa dos outros sem convite e tiramos proveito de tudo o que lá encontramos. Ao fazê-lo, criamos o carma. Pois bem; passado o ciclo colonialista, o movimento da força se inverteu, como é natural e justo que aconteça”.
“Agora são nossos ex-colonizados que migram em massa para  a Inglaterra em busca de trabalho e de uma existência mais segura e confortável. E nós, ingleses, reclamamos que estamos sendo “invadidos”, que nosso território está sendo ocupado por ‘estrangeiros”... Sabe o que é isso? É a lei do retorno, ou a lei do carma em ação”. Ao tecer tais reflexões, Coats também profetizava algo que, nas décadas seguintes, devia envolver todas as nações colonialistas europeias: a “invasão” de desvalidos dos países do Terceiro Mundo colonizados e explorados pelos europeus. Desvalidos que buscam na Europa  refúgio, abrigo e proteção.
Carma em sânscrito significa ação. Seria o equivalente, na metafisica indiana, à terceira lei de Newton, que diz: “A toda ação corresponde uma reação de igual intensidade, que atua no sentido oposto”. A força é resultado da interação entre os corpos, ou seja, um corpo produz a força e outro corpo a recebe. Sempre quando pensamos, falamos ou agimos, desencadeamos uma força que gerará uma reação na forma de outra força que tenderá a voltar à sua origem. Durante a longa cadeia da nossa existência como seres conscientes e sencientes (que percebem as coisas pelos sentidos), homens e mulheres tentaram modificar, transformar ou suspender o poder da força que retorna. Talvez alguns tenham, de alguma forma, conseguido  fazê-lo mas a maioria das pessoas não tem
condições de erradicar ou desviar os efeitos das ações físicas, emocionais, mentais e espirituais que desencadeou.
O que isso significa na prática? É simples: todos somos, em maior ou menor medida, escravos das nossas ações cometidas pelo pensamento, palavra ou ação, não importando em qual dimensão existencial elas sejam praticadas. Ninguém, portanto, escapa das consequências dos seus atos. Mas ele só sofrerá esses efeitos quando, por sua iniciativa, tiver construído as condições que o deixam vulnerável a esse retorno que muitas das vezes se traduz em sofrimento. Importante: a ignorância da lei do carma não isenta a pessoa de sofrer as consequências de seus atos. Lei universal, o carma é posto automaticamente em movimento todas ás vezes em que uma ação é desencadeada.
No Ocidente, o conceito de lei do carma surge quase sempre ligado á causalidade (ou seja, a causa e ao efeito das ações desencadeadas). Mas, uma análise mais atenta dessa ideia mostra que o carma é regulado por outros fatores. O principal deles é a intencionalidade. Exemplo: uma pessoa, quando criança, experimenta emoções fortes e positivas no alto de uma montanha coberta de neve. Se ela, já adulta, vive uma situação análoga, suas emoções ressurgem. Seu corpo e sua mente respondem ao estímulo com base na memória do que viveu ou em princípios educativos. Essa é a causalidade, uma resposta destituída de livre-arbítrio que leva em conta o que foi vivido, as emoções e o próprio modo de pensar.
Já na visão oriental, através da intencionalidade o carma age num nível mais profundo e sutil. No caso, ele não é apenas  uma lei fria e mecânica, que responde de forma automática  aos estímulos. A intenção subjacente aos nossos atos é entendida como uma força viva que pode de vários modos, condicionar os efeitos que esses atos produzem. Portanto, não podemos desvincular a lei do carma dos conceitos de consciência e moralidade.
Nestes tempos turbulentos em que vivemos em que muitos, (inclusive nas mais altas esferas da sociedade) parecem ter perdido a noção da responsabilidade e das consequências, é importante refletir sobre a sabedoria contida na noção da lei do carma. Sobretudo, porque ela não se assenta apenas em uma
visão espiritual  do mundo e da nossa presença nele. A lei do carma nos fala de uma fenomenologia prática, objetiva, tão conectada às leis do Espírito quanto às da matéria a que estamos sujeitos. . .
As doze leis do carma, são:
1ª- A Grande Lei.  Tudo o que você planta você colhe um dia. Tudo que lançamos no Universo voltará para nós. Se o que desejamos é felicidade, paz e amor, devemos então ser felizes, pacíficos amorosos e amigos leais.
2ª- Lei da Criação.  A existência não acontece simplesmente, ela requer nossa participação. Somos um com o universo e tudo o que nos cerca faz parte do nosso interior. Traga para perto de si tudo o que deseja que esteja em sua existência.
3ª- Lei da Humildade.  Enquanto você se recusar a aceitar uma realidade, ela continuará a fazer parte de si. Se considerar um inimigo tudo o que vê, ou alguém com caráter que julga serem negativos, você ainda não está num nível mais elevado.
4ª- Lei do Crescimento. Se quiser crescer espiritualmente é a si mesmo que terá de mudar – e não as outras pessoas. Quando conseguimos mudar, todos os aspectos da nossa existência acompanharão essa mudança e seremos melhores.
5ª- Lei da Responsabilidade. Sempre que algo estiver errado em sua existência, haverá algo errado em você – Somos responsáveis por tudo o que acontece e devemos assumir essa responsabilidade se quisermos mudar o rumo das coisas.
6ª- Lei da Conexão.  Até mesmo quando o que fazemos parece inconsequente, é muito importante que isso seja feito porque tudo que existe no universo está conectado. A caminhada como um todo passado-presente-futuro estão todos unidos.
7ª- Lei do Foco. Você não pode pensar em duas coisas ao mesmo tempo. Se seu foco está dirigido para valores espirituais, é impossível ter pensamentos de nível mais baixo, tais como cobiça, egoísmo ou ganância.
8ª- Lei da Doação e da Hospitalidade. Se você acredita que algo é verdadeiro, em algum tempo você será chamado a demonstrar e defender essa sua verdade particular. Esse será
o momento de pôr em prática o que aprendeu em teoria.
9ª- Lei do Aqui e Agora. A tendência a olhar para trás, para examinar o que já passou, nos impede de viver plenamente o aqui e o agora. Velhos pensamentos, comportamentos, sonhos, tudo impede a vivência de experiências renovadoras.
10ª- Lei da Mudança. A mesma história se repetirá sempre até aprendermos a lição de que é preciso mudar nossa trajetória, melhorando nossas ações para o bem.
11ª- Lei da Paciência e da Recompensa. Toda recompensa requer um esforço inicial. Recompensas duradouras exigem o trabalho paciente e persistente. A verdadeira alegria chega quando concluímos a tarefa a executar.
12ª- Lei da Importância e da Inspiração. O valor dos nossos triunfos e erros depende da intenção e da energia despendida para atingir o fim. Temos que pôr todo o esforço e dedicação em cada coisa que fazemos. Cada contribuição amorosa fortalece a nossa existência e inspiram o Todo.

Fonte:
Revista “Planeta” – maio/2018
Reportagem de Luís Pellegrini
+ Acréscimos e pequenas modificações.

Jc.
São Luís, 27/5/2018

O BRASIL QUE RESSURGIU





 
Graças ao choque de gestão promovido pelo governo federal, o país saiu de uma recessão brutal e voltou a exercer um papel fundamental no cenário global, como uma das maiores economias do mundo, queda de juros e a retomada do crescimento, tendo as exportações crescido mais de 17% em 2017, contribuindo para a retomada econômica.
“Temer fez isso porque é um político de operação. Se há alguém que sabe lidar com o Congresso, é Temer. Ele está fazendo em apenas dois anos o que muitos outros presidentes fizeram em quatro ou oito anos, esta é a realidade”, palavras de Mauro Leos, chefe de análise de risco da agência de rating Moody’s.
Movido por sua histórica vocação de nunca desistir diante das adversidades, apenas em 24 meses o Brasil renasceu das cinzas. Superou a pior recessão econômica da história, retomou o crescimento, -- com baixa inflação e queda dos juros -- aumentou a produção industrial, trocou as pedalas por uma responsabilidade fiscal e voltou a ocupar o papel no cenário global como uma das maiores economias do mundo. Tudo graças a uma série de medidas adotadas pelo governo federal. Sem compromissos com erros, o governo privilegiou a busca pela eficiência e pelo melhor desempenho, a gestão com foco em resultados e nos ganhos de produtividade.
Isso só foi possível graças à nova política econômica implantada a partir de maio de 2016, em sintonia com agenda política de diálogo institucional com o Congresso Nacional. As reformas arrojadas apresentadas neste tempo modernizaram as leis, criaram novos paradigmas para a administração pública e geraram um ambiente para atrair investidores, abrir vagas de empregos e aumentar a renda. A taxa básica de juros da economia (Selic) é hoje de 6,5% -- a menor da história, menos da metade do estabelecido pelo Banco Central em 2014.
A inflação caiu e, em 12 meses, e a alta nos preços ficou em 2,68%, garantindo o maior poder de compra. E foi isso o que aconteceu. O motor da economia voltou a funcionar. Em 2018 o Brasil colherá  a segundas maior safra agrícola, inferior apenas a de 2017 que foi a maior de todas, graças ao planejamento do Ministério da Agricultura e a concessão de crédito ao produtor.
Com o ambiente econômico mais arejado, o Brasil  engatou um virtuoso crescimento sustentável em todas as áreas. As estatais, antes na UTI, ganharam novo rumo; na Bolsa de Valores, a Petrobrás valia R$-67 bilhões de reais. Há duas semanas, antes da greve dos caminhoneiros, a estatal do petróleo reconquistou o título de empresa mais valiosa do Brasil, ultrapassando os R$-350 bilhões.  As cinco maiores empresas estatais  (Banco do Brasil, BNDS, Caixa, Eletrobrás e Petrobrás) deixaram para trás um prejuízo de 32 bilhões em 2015 e geraram  um lucro de R$-28,4 bilhões em 2017. Só o Banco do Brasil teve um lucro líquido de R$-11,1 bilhão. Em virtude de sua recuperação, o BB fez investimentos sociais da ordem de R$-584,1 milhões nos últimos 21 meses.
Em fevereiro, a Agência de Classificação de Risco Standard & Poor’s, melhorou a classificação de risco da dívida corporativa da Petrobrás de B+ para BB+ e a perspectiva de negativa para estável. A Caixa Econômica também respirou novos ares, e registrou seu maior lucro: R$-12.5 bilhões. A Eletrobrás é outra estatal a desfrutar também de tempos vigorosos com resultados incontáveis. Em agosto de 2017 o Ministério de Minas e Energia comunicou a proposta de redução da participação da União no capital da Eletrobrás, com sua consequente valorização na Bolsa de Valores.
As exportações brasileiras em 2017 cresceram 17.5%, primeiro aumento depois de cinco anos consecutivos de queda.  A indústria automobilística também reagiu: foram mais de 40% na produção de veículos em abril de 2018, no comparativo  com o mesmo mês de 2017. Mais uma vez, as novas diretrizes do governo federal foram decisivas para a retomada da economia com a liberação das contas inativas do FGTS, que colocou R$- 44 bilhões na economia e beneficiou cerca de 25,9 milhões de trabalhadores. Como se vê, o Brasil mudou para melhor. Vejamos as grandes realizações promovidas por Temer:
ECONOMIA.  1- Dois maiores superávits da história; 2- Crescimento das exportações; 3-  25,9 milhões de beneficiados com a liberação das contas inativas do FGTS; 4- Lucro nas principais estatais;
INFRAESTRUTURA.  1- Conclusão  do Eixo Leste do Projeto de irrigação do Rio São Francisco, beneficiando 1 milhão de pessoas; 2- 51 quilômetros do Eixo Norte do Rio São Francisco, beneficiando 7.1 milhões de pessoas ainda em 2018; 3- 18 bilhões em leilões de Petróleo e Gás, e 21,4 bilhões de investimentos em energia elétrica, etc;
EDUCAÇÃO. 1- Novo Ensino Médio e Base Nacional Comum Curricular; 2- Novo FIES; 3- Aperfeiçoamento de 190 mil professores; 4- Politica de Fomento ás Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral; 5- Programa Mais Alfabetização para 3.6 milhões de alunos, etc;
SAÚDE. – Avanços na Atenção Básica; 2- Renovação da Frota do SAMU-192; 3- Informatização das UBS;
TRABALHO E EMPREGO. – 1- Modernização da Lei Trabalhista; 2- Programa de Seguro Emprego (PSE); 3- Sistema antifraude do Seguro Desemprego, Sine Fácil; 4- Seguro Desemprego Via Web, etc;
AGRICULTURA E PECUÁRIA. 1- As duas maiores safras agrícolas da história do Brasil; 2- País Livre da Febre Aftosa;
SEGURANÇA. 1- Criação do Ministério da Segurança Pública; 2- Intervenção Federal na Segurança do Rio de Janeiro; 3- Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO);
DESENVOLVIMENTO. 1- Aumento do valor do Bolsa Família maior que a inflação; 2- 160 mil famílias a mais no Bolsa Família;  4 mil novas casas  por mês no Minha Casa  Minha Vida;
MEIO AMBIENTE. 1- Redução do desmatamento da Amazônia; 2- Criação das maiores reservas marinhas da história.
PS. No Brasil nenhum presidente da república consegue governar sem o apoio do Congresso, e para isso acontecer, tem que atender aos pedidos dos legisladores, o que significa o aumento de funcionários desnecessários e o aporte de verbas. Infelizmente, esse é um sistema corrupto e imoral (do toma lá e dá cá) além das aposentadorias vergonhosas implantadas no Brasil, bancadas e pagas essa maldição pelo sofrido povo brasileiro.

Fonte:
Reportagem da revista “Isto É” edição de 30/5/2018
+ Comentário e pequenas midificações.
Jc.
São Luís, 31/5/2018

quarta-feira, 20 de junho de 2018

O DESENCANTO DOS BRASILEIROS





 
Ás vésperas de uma copa do mundo de futebol, a inanição da ex-pátria das chuteiras é geral. Cadê as vuvuzelas, cadê as bandeiras?  Cadê o comércio enfeitado, cadê as calçadas pintadas de verde e amarelo, cadê?
Quem diria que uma das definições mais clássicas, bem-humoradas e alentadoras do sentimento nacional, iria um dia virar pó?  Virou. O locutor esportivo Antônio Maria, escreveu nos idos da década de 1960, referindo-se a si e aos demais cidadãos: “Brasileiro, profissão: esperança”.
Hoje, no Brasil, a profissão é o desencanto. Quem diria que uma das mais profundas lamentações do escritor Machado de Assis, olhando os primeiros anos da nossa República, iria atravessar mais de um século? Atravessou. Vendo a corrupção e o fisiologismo que já brotava no meio político, naquela época, ele escreveu: “tudo cansa, tudo isso exaure”. Nada muito diferente do que dizer nos dias atuais, tudo isso desencanta.
Então é bom elegermos  logo, alguns fatos pontuais que muito racionalmente componham  esse “tudo”. Em se tratando do Brasil, em se tratando de loucura, nada mais natural do que começarmos pela política. Segundo Boris Fausto, um dos mais conceituados historiadores da América Latina: “no país não há apatia diante da disputa política; há desencanto”. Claro!  É tanta gatunagem com o dinheiro público, é tanto oportunismo deslavado, é tanto cinismo esfregado na cara do povo, é tanto desmando, é tanta corrupção (e, apesar da Lava Jato, ainda é tanta impunidade), que o desencanto  bateu no brasileiro – e desencanto quando bate, é duro de ir embora. É feito praga jogada por político e essa praga é pior que praga de madrinha, pega e não sai. Desencanto se pega, se lava, esfrega e ele não acaba.
Assim, tomemos como exemplo as eleições suplementares que aconteceram no Tocantins, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Foi espantoso o aumento nos índices de abstenções e de votos nulos e em branco. No Tocantins, a taxa registrada foi de 43,54% na tentativa de eleger um governador. Isso significa que, nesse estado, 443.414 eleitores desistiram de crer nos políticos. Em Teresópolis, no Rio de Janeiro, a percentagem sobe mais ainda na escolha de prefeito: 48,97%  se omitiram na votação. Já na mineira Ipatinga, na disputa pela Prefeitura, o coro do “não estou nem aí”, chegou a 47%. No cenário  nacional a descrença é na mesma proporção.
Pesquisas de intenção de voto para presidente da República, nas eleições de outubro, apontam que 45,7% dos cidadãos não irão às urnas porque      estão desiludidos e votarão nulo, ou em branco. Boris Fausto conclui: “no regime atual partidário se troca de legenda por tudo e por nada, para vender apoio e comprar conforto. Implantou-se uma corrupção sistêmica como nunca se viu”.  E a corrupção sistêmica é parteira do desalento.
Mas nem só de política vive o desencanto do brasileiro. Vamos falar de futebol. Viveu neste país um gênio do cine-jornalismo. Chamava-se Carlos Niemeyer, e ele documentava, em seu canal 100, os melhores lances dos Fla-Flu, os jogos do Santos de Pelé, os jogos do Botafogo do genial Garrincha, do Cruzeiro de Tostão e Dirceu Lopes. Aqueles eram tempos alegres, ainda que ingênuos. Antes de qualquer filme começar, em qualquer cinema e para a plateia, exibia-se o Canal 100 com a música: “que bonito é, as bandeiras tremulando, a torcida delirando, e vendo a rede balançar...” Muitas pessoas iam ao cinema só para ver o documentário. Hoje não vão mais. A rede pode balançar, deixar de balançar, furar até a rede, tanto faz ou fez.
Estamos com uma nova Copa do Mundo e a inanição da ex-pátria de chuteiras é geral. Cadê as vuvuzelas, cadê as bandeiras, cadê? Cadê o comércio enfeitado, as calçadas pintadas de verde e amarelo? Cadê os folhetos com os jogos a serem disputados, com horários e locais que eram distribuídos para todos?  Há quem diga que a razão dessa passividade foi os 7x1 que a seleção tomou da Alemanha, aqui mesmo no país. Dizem outros que o trauma foi em 1950, na inauguração do Maracanã, quando a seleção perdeu a Copa do Mundo para o Uruguai, de virada, por 2x1. A expectativa de uma grande vitória sobre a Suíça foi frustrada com o 1x1 e, dizem por aí que o jogador Neymar vai terminar ficando fora da copa alegando alguma contusão, razão porque sempre está caindo em campo.
O desinteresse atual é fruto também de uma fraca economia, do empreguismo nos órgãos dos governos, a injustiça, somadas à penúria de cerca de 14 milhões de desempregados. Se o estômago vazio não joga bola, boca de estômago roncando de fome também não torce não, mano. E para temperar o desencanto com o pânico gerando a depressão e com a economia em frangalhos, veio a ainda a greve dos caminhoneiros que virou em baderna e escancarou a falta de autoridade reinante no País. Falamos da política vergonhosa, da economia em frangalhos e da justiça que não faz justiça aos bons cidadãos, só servindo de amparo aos corruptos e criminosos, falamos da bola que agora rola melancólica porque ninguém mais se ilude por causa da Copa de futebol.
Há, no entanto, um último retalho da colcha de desencanto. Trata-se do crescente número de brasileiros que abandonam o País porque, simplesmente, não dá mais para aguentar. São impostos exorbitantes, leis sem conta, inclusive algumas sem nenhum sentido, congresso brasileiro voltado exclusivamente para beneficiar seus membros, autoridades corrompidas etc.
Por essas e outras razões, muitos estão indo viver no exterior diante da falta de horizontes aqui dentro. E por falar em saídas, nas contas da Receita Federal, as declarações de quem vai embora explodiram mais de 50% entre 2015 a 2017. “O desencanto se agrava pelo sentimento de que não dá para mudar nada para melhor e não existe um futuro”, diz Luís Peres Neto, professor e pesquisador da Escola Superior de Propaganda e Marketing. Na documentação de cada família que parte, deveria constar na identificação de saída o seguinte: “brasileiros,  profissão desencanto; tudo isso cansa, tudo isso exaure e tudo isso é vergonhoso...”
Fonte:
Revista “Isto É” – edição de 13/6/2018
+ Pequenas modificações.

Jc.
São Luís, 15/6/2018.

OS JOVENS E AS FANTASIAS DA FAMA


 



O filósofo Jean-Paul Sartre aconselhava seus discípulos a terem um projeto de existência. Isto é, a decidir o que queriam ser e fazer e, a partir daí, efetivar esse programa passo a passo, hora a hora. Esse projeto dizia respeito a um percurso longo, de realizações, de certas decepções e felicidade, mas extremamente necessário.
Essa ideia era para um mundo que tinha alguma estabilidade nas profissões, na economia, na política e na cultura. No mundo atual, isso não é mais possível, diz o sociólogo zygmunt Bauman. Hoje iniciamos em um serviço, amanhã em outro e assim por diante. Na época antiga quem entrasse como aprendiz nas fábricas da Ford ou Renault teriam ali uma longa carreira até sua aposentadoria. “Na atualidade, começamos em um lugar e não sabemos se amanhã estaremos no mesmo local”, arremata Bauman. “Isso faz uma diferença enorme em todos os aspectos da existência”.
A esse movimento, o autor chama de modernidade líquida, uma situação nas relações humanas em que nos vemos diante do dilema muito duro aos indivíduos que “precisam dos outros como o ar que respiram, mas ao mesmo tempo, têm medo de desenvolver um relacionamento mais profundo que o imobiliza em um mundo em permanente movimento”. Nesse ponto podemos localizar a noção de fama entre nós.
Preso nos fios de uma sociedade que gira á todo momento, que promete mudanças e felicidade permanentes desde que giremos na mesma rota que ela; a fama é uma dessas fantasias. Talvez a fama seja atraente porque ela significa aceitação da pessoa em uma  comunidade, em uma cidade, quem sabe até no país. Pensamos que os astros famosos sejam aceitos em todos os lugares do mundo. Que os jogadores de futebol mais famosos sejam pessoas mais felizes que nós e, também mais charmosos. Que as modelos de moda sejam as mais belas e vistam os melhores vestidos dos melhores estilistas. Que astros e cantores jovens são os mais bem sucedidos nas paradas. O mundo visto dessa maneira – só a partir da fama – ignora que há outros movimentos; o do imenso trabalho, da frustação, das dores, do tempo implacável  e, também das realizações e alegrias.     
No entanto, é bom saber que no caminho de nossa existência não desaparecem nossos medos e infelicidades, nem para os famosos. Eles estão sujeitos às mesmas leis que nós.  Ou seja, podem  de repente, ter desmoronado  o chão em que pisam. Um jogador de futebol, no auge da fama, pode ver sua existência ruir de um momento para outro, e nenhum banco, televisão ou empresário lhe ajudará. Eles irão em busca de outro famoso. Uma atriz com fama pode guardar uma existência difícil. Como a existência de todos os humanos, os famosos e a fama são submetidos às mesmas vicissitudes que as demais pessoas.
Os jovens são chamados a esse mundo de ilusões em que as instituições cedem espaço às fantasias da televisão, da mídia e da internet. Esse movimento faz com que o jovem pense mais ou menos assim: “Antes de ser eu já sonho em ser famoso”. E isso é a negação da própria experiência por que terá de passar. Na sociedade os jovens contam cada vez menos com as gerações mais velhas, dando lugar ao consumismo, ao ganho fácil, agindo como se fossem parafusos, onde as empresas, uma vez gastos esses parafusos podem trocá-los por outros. O mesmo acontece com o famoso quando decair, é trocado por outro famoso.
Mas, felizmente, resistimos a esse movimento frenético da fama e de seus criadores. Fica aqui o conselho do sociólogo Bauman  aos jovens: “Apesar de todas as tendências em contrário e de todas as pressões exercidas pelos promotores das fantasias, temos que ter na nossa memória e na consciência o valor da durabilidade, da constância, do compromisso e o único sentido duradouro, o único significado que tem chance de deixar traços de nossa passagem no mundo, deve ser o fruto do nosso esforço e trabalho”. “Os jovens podem contar unicamente com eles próprios e a ajuda de seus familiares, e haverá em suas existências o sentido e a relevância do que forem capazes de construir. Sei que essa é uma tarefa muito difícil... Mas é a única maneira de se realizar plenamente na vida.”
Cada jovem nasce em um ambiente geográfico-social que o leva a tomar determinadas atitudes. A coletividade influencia o jovem sem colocar obstáculos na sua liberdade, mas a escolha de seus atos depende, em larga escala, do ambiente, do lugar, do momento,  dos costumes e da sua vontade. O mais grave talvez seja o condicionamento do jovem achar que certas coisas são normais. O jovem ainda enfrenta muitas desigualdades precisando do seu discernimento para enfrentar essas situações, criando a sua própria maneira de viver no mundo e afastando as fantasias para enfrentar a realidade da existência...

Fonte:
Revista “Mundo Jovem” nº 435
+ Acréscimos e pequenas modificações.

Jc.
São Luís, 8/4/2018

domingo, 10 de junho de 2018

O BEM QUE FALTA E O MAL QUE SOBRA





 
“Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço.”                                Paulo  (Romanos, 7:19)
Quando o “homem velho” começa a vislumbrar o horizonte espiritual que lhe cumpre palmilhar, e, olhando para dentro de si mesmo, verifica quão vazio estão os alforjes para a viagem, queda-se então em mil perplexidades embrenhando-se nas intrincadas e traiçoeiras regiões do desânimo...
A Doutrina dos Espíritos, revelando a reencarnação de forma cristalina e insofismável, vem em socorro dessas limitações, explicando, consoante ensino do Mestre Lionês:  uma única existência corporal é manifestamente insuficiente para que o Espírito adquira todo o bem que lhe falta e eliminar o mal que lhe sobra. Como poderia o selvagem, por exemplo, em uma só encarnação, nivelar-se moral e intelectualmente ao mais adiantado europeu? É humana e materialmente impossível essa possibilidade! Deve ele, pois, ficar eternamente na fase da ignorância e barbárie, privado dos gozos suavíssimos da Alma que só o desenvolvimento das faculdades pode proporcionar-lhe? O simples bom senso repele tal suposição, que seria não somente a negação da Bondade e Justiça Divinas, mas também das próprias Leis evolutivas e progressivas da Natureza.
Mas Deus, que é soberanamente justo e bom, concede ao Espírito tantas encarnações quantas forem necessárias para atingir o seu objetivo: a perfeição relativa. Para cada uma nova existência à matéria, entra o Espírito com o cabedal adquirido nas existências anteriores, em aptidões, nos conhecimentos intuitivos, na inteligência e moralidade. Cada existência é assim um passo avante no caminho do progresso. A volta à existência terrena é inerente à inferioridade dos Espíritos, deixando de ser necessária desde que estes, transpondo-lhes os limites, ficam aptos a progredir nas existências corporais ou no estado espiritual para habitarem Mundos mais Evoluídos, que nada têm da materialidade terrestre. Os que já habitam                                             os mundos evoluídos, a encarnação sempre será voluntária, tendo por fim exercer sobre os encarnados uma ação mais direta e tendente ao cumprimento da missão que lhes compete junto aos mesmos. Desse modo aceitam abnegadamente as vicissitudes e sofrimentos da encarnação sem reclamações.
No intervalo das existências corporais o Espírito volta ao Mundo Espiritual, onde é feliz ou desgraçado segundo o bem ou o mal que praticou. Uma vez que o espiritual é o estado definitivo do Espírito; o que morre é o corpo físico, por ser o estado corporal transitório e passageiro. É na condição de Espírito que ele colhe os frutos do progresso realizado pelo trabalho na reencarnação; é também nesse estado que ele se prepara para novas lutas e toma as resoluções que há de pôr em prática no seu retorno à humanidade.
O Espírito progride tanto na encarnação como  na Erraticidade, adquirindo conhecimentos que não poderia obter na Terra, e modificando as suas ideias. Os estados corporal e espiritual se constituem a fonte de dois gêneros de progresso, pelos quais o Espírito tem de passar alternadamente, nas existências a cada um dos dois mundos.
Desde já podemos aferir nossa posição evolutiva, auscultando com isenção e humildade o nosso coração, procedendo ao levantamento do bem e do mal que existe em nós. Se já conseguimos fazer o bem que queremos e evitar o mal que não queremos, podemos nos considerar no limiar da tão almejada fronteira da promoção espiritual que nos fará seguir para os Mundos de Regeneração. Se, pelo contrário, ainda não fazemos o bem que queremos e só conseguimos realizar o mal que desejamos evitar, muito ainda teremos que nos ver com as dores e causticantes pesares em dolorosos processos de reajustamento.
A escolha é individual: somos livres para escolher; só não temos essa liberdade com relação à colheita, que é compulsória, conforme revela Jesus, no relato do apóstolo Mateus em seu Evangelho, no capítulo 16:27 que diz: “a cada um será dado de acordo com as suas obras.”

Fonte:
Allan Kardec
Livro “O Céu e o Inferno”
+ Pequenos acréscimos.

Jc.
São Luís, 18/5/2018

A SUA MENTE E A SUA EXISTÊNCIA




 
A sua mente se divide em duas partes. A 1ª é a mente consciente que participa com 10%; a 2ª é a mente subconsciente que participa com 90% do todo. A consciente é responsável pelo raciocínio, pela crítica, pelo julgamento, as análises, o planejamento e a memória, sendo ela de curto prazo. A subconsciente é responsável pelas funções vitais do organismo, como a respiração, a circulação do sangue e a digestão. Ela é a memória de longo prazo que nos permite a criatividade, os hábitos, a intuição, as crenças, as emoções, os  sentimentos, a conexão espiritual, a sabedoria bem como os padrões comportamentais. Porém, a maioria das pessoas não compreende como usar a mente subconsciente embora ela seja misteriosa e cheia de poderes, mas passamos a nossa existência usando apenas uma parcela pequena do nosso cérebro, e deixamos de lado o que é de mais profundo e poderoso em nós.
Para sabermos como a nossa mente funciona, vamos analisar: Durante o dia você pensa sobre várias coisas e vai colocando em seu subconsciente. Pensamentos que vão funcionar como plantações, que podem ser bons ou maus, pois quem escolhe é você. Entretanto, se você pensar em plantar espinhos não vai colher morangos, essa é a regra; é como diz o velho ditado: “Você colhe o que planta.” Se você então bombardear sua mente com todo tipo de pensamentos negativos, só irá colher frutos podres em sua existência; esse é o principal motivo das pessoas ficarem doentes, porque sempre estão alimentando seu subconsciente com pensamentos péssimos e negativos.
Se por outro lado você plantar constantemente pensamentos de paz, harmonia, saúde, prosperidade e felicidade para você e seus entes queridos, você colherá os frutos que a mente pode lhe dar, e a melhor maneira é afastar-se de tudo o que for negativo que pode lhe causar preocupação, medo, raiva e ainda a desconfiança e o mal estar, e tudo o que é de pior. Talvez você nem perceba porque já se tornou uma constante em sua existência. Pare e reflita sobre quanto lixo você tem colocado em sua mente (cabeça). Não tem como ter sadia e feliz sua existência, alimentado a sua mente com tanta coisa negativa; o mesmo vale para as pessoas que estão ao seu lado.
Faça o possível para se afastar das pessoas negativas, porque elas podem colocar veneno em sua mente, bloqueando as suas energias positivas. Você vai perceber que se aceitar essas energias negativas, vai terminar pensando que a sua existência não vale nada e desejando até a morte. Portanto, livre-se dessas energias negativas, revertendo essas sugestões. Troque os “eu não vou conseguir,  não tenho dinheiro, eu não sou criativo”, por:  “Eu consigo, eu vou ter dinheiro,  eu tenho muita criatividade”. Toda vez que você tiver um pensamento negativo, reverta para o positivo, pois assim você garante que o seu subconsciente fica bem.
Use afirmações, porque o subconsciente não sabe o que é verdade ou mentira, ele apenas absorve o que você coloca na mente e que vai gerar os frutos de acordo com o que você plantou nele. Por isso não pense em doença; ao contrário, pense assim: “Eu acredito no poder curador do subconsciente; eu me sinto cada vez melhor; meu corpo está com saúde; eu me sinto curado.” Tente colocar o máximo de energia positiva nisso e sinta a melhora; repita várias vezes e faça enquanto você necessitar. Faça essas afirmações, quando estiver  relaxado e quando for dormir para que o seu subconsciente trabalhe enquanto você dorme, e também quando acordar. Use também as visualizações positivas para ajudar na melhora. 
Com o tempo as suas afirmações e visualizações se tornam uma crença, e você quando  acreditar fortemente nessa crença positiva sua existência vai começar a mudar suas atitudes, seu comportamento,  seus pensamentos, suas funções vitais e  tudo vai se transformar e se colocar em direção aos seus objetivos. Às vezes a mente subconsciente age em dias, outras vezes demora mais tempo, porém o mais importante é que você seja persistente e repetindo o processo dia após dia. Você tem o poder de escolher o que vai colocar na mente; escolha sempre o melhor para o seu bem... 
Fonte:
Davi Roballo
Internet- Messenger
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Jc.
São Luís, 20/11/2017

VINAGRE -- TEMPERE A SAÚDE COM ELE




 
Além de incrementar as receitas com seu inconfundível toque ácido, o vinagre aparece em estudos como um saboroso parceiro contra o diabetes e outros males. Esqueça a salada por um momento. Em sua longa trajetória, o vinagre já teve status de remédio, prescrito no tratamento de diversas doenças pelo doutor Hipócrates (460-370 A.C.), o pai da Medicina. Relatos dão conta de que Cleópatra (69-30 A.C.)  a rainha do Egito, incluía o vinagre no  preparo de seus rituais de beleza, enquanto os soldados romanos o consumiam como uma espécie de tônico para garantir mais vigor nas batalhas.
E ao que parece, o papel do vinagre na saúde permanece atual. Uma busca no Pubmed, a biblioteca virtual de pesquisa médica do governo americano, revela mais de 18 mil estudos com o vinagre só na última década. Há indícios de que ele colabore com a digestão, o equilíbrio do colesterol e até a perda de peso. Entre as evidências mais recentes está a do seu apoio no controle do açúcar no sangue. Junto a um estilo de vida saudável, o vinagre agrega pontos à prevenção do diabetes tipo 2.
De acordo com Carol Johnston, professora de nutrição da Universidade do Arizona, nos EU, o efeito sobre a glicemia vem do principal componente do vinagre: “O ácido acético interfere na digestão do amido no intestino”, explica a pesquisadora. Com o ácido acético em cena, menos açúcar cai na circulação, o que poupa o pâncreas de produzir mais e mais insulina – situação que pode desgastá-lo e levar ao diabetes. Carol ressalta, porém, que o vinagre não faz milagre. É preciso continuar comendo com moderação as fontes de carboidrato refinado, como pães e massas, por exemplo. O vinagre participa da saúde como ator coadjuvante.
O vinagre foi obra do acaso. Ele foi descoberto há pelo menos 8 mil anos, quando foi observado uma transformação no vinho. “Trata-se do produto da fermentação do álcool etílico por bactérias acéticas”, explica o agrônomo Celito Guerra, da Embrapa. O nome de batismo vem do latim: “Vinu agre ou vinho azedo”, conta o etimologista  Deonísio da Silva, da Universidade Estácio de Sá, no Rio. Nem só de vinho é feito o vinagre, mas de múltiplas origens, como de álcool elaborado da cana de açúcar; de hortaliças como tomate, cenoura, pepino e outros vegetais; de maçã; de outras frutas como abacaxi, carambola, figo, framboesa, tamarindo, e de vinhos branco e tinto.
Segundo a nutricionista Carol, a atuação positiva sobre os níveis de glicose acontece com a ingestão de duas colheres de sopa de vinagre, diluída em um copo com água antes das refeições. Estranhou a receita?  Carol tranquiliza: os benefícios também são alcançados por meio do uso cotidiano na salada, em mistura com o azeite, nesse caso, o ideal é utilizar uma parte de azeite e duas de vinagre. No Brasil, beber vinagre até pode causar certa repulsa, mas, em países como Japão e Alemanha, é comum encontrá-lo como aperitivo em bares e restaurantes. O perigo ronda os excessos – alguém que deixa a salada nadando em vinagre! “Se usado com moderação, não há contraindicações”, afirma o médico nutrólogo Edson Credídio, do Colégio Americano de Nutrição.
O uso do vinagre faz sucesso há muito tempo para os mais diversos fins. Como remédio, usado para manter a pele bonita, diminuindo a oleosidade, mas não deve ser usado por quem tem a pele sensível ou ressecada, e sempre diluído em água. O ácido acético dá um chega pra lá nos parasitas. O procedimento é embeber os fios de cabelos e o couro cabeludo, deixar 20 minutos e depois enxaguar. Pingue algumas gotas de vinagre em um algodão ou gaze e coloque sobre a picada do inseto. O ácido acético é eficaz para diminuir o coça-coça. Jogar vinagre no local do ataque da água-viva ajuda a atenuar a toxicidade, mas não suprime a necessidade de procurar um médico. Um pouco de vinagre, água quente e algumas gotas de óleo essencial e fazemos um escalda-pés... Eis uma boa receita para relaxar e ainda conter os fungos de uma micose.
A nutricionista Maristela Strufaldi diz que, graças à sua capacidade de realçar o sabor dos alimentos, o vinagre ajuda a diminuir nossa dependência do sal de cozinha, pois o abuso do sal é um dos patrocinadores da pressão alta. Na cozinha ou fora dela, o vinagre exerce função milenar: a de conservante. Esse ácido inibe o crescimento de fungos e bactérias, daí o uso na higiene das verduras, e serve também para limpar vidros. A dica é misturar partes iguais de água e vinagre em um borrifador para aplicar. Ainda serve para tirar odores. Para livrar do cheiro nas mãos após picar cebolas e alho, lave as mãos com vinagre e um pouco de sal.
Fonte:
Revista “Saúde é Vital” – 10/2017
+ Pequenas modificações.

Jc.
São Luís, 25/10/2017