quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

A FÉ DEVE SER COM LIBERDADE






A    DEVE  SER  COM  LIBERDADE
É preciso pertencer a esta ou aquela linha religiosa para ter a crença em Deus? Elsie Dubugras  informa como sua independência nessa área a ajudou a ter suas próprias concepções acerca dos princípios espirituais que norteiam a humanidade.
Ela informa que foi criada dentro dos preceitos da religião anglicana. Já adulta conheceu outras religiões, cristãs e não cristãs, e o que mais a surpreendeu foram ás diferenças entre elas. Ela comparou a igreja católica romana e a anglicana. Embora ambas se considerem apostólicas, seus conceitos e cerimônias divergem entre si; pois enquanto a católica romana  impõe o celibato ao seu corpo sacerdotal, os padres anglicanos se casam e têm filhos. O papa, chefe da igreja católica romana tem o cargo vitalício, já o líder dos anglicanos, o arcebispo de Cantuária, pode ser substituído.
A diversidade nas formas de cultuar Deus multiplica-se ao infinito quando se considera o grande número de religiões existentes no mundo. Segundo pesquisas recentes, só na Inglaterra, país considerado conservador, há mais de 2 mil seitas religiosas diferentes; já no Japão, existem cerca de 160 mil. Algo parecido acontece em outros países de todos os continentes. O que se pode deduzir dessa proliferação religiosa?
Depois de muita reflexão, concluí que, os seres humanos seriam comparáveis a criaturas que, vivendo em lugares escuros, no fundo da terra, pouco ou nada sabem do que ocorre na superfície. Um dia alguém descobre uma trilha e, após caminhar durante algum tempo, chega à superfície, e ali encontra um mundo diferente, luminoso, cheio de vegetação e criaturas. Assustado, volta à sua caverna e descreve a sua experiência para os companheiros. Alguns acreditam outros não. A maioria conclui que o viajante deve ter estado num lugar não terrestre, povoados por seres incorpóreos. Assim nasce a crença num mundo espiritual, repleto de luz e habitado por seres dignos de veneração.
Mais tarde, outros habitantes sobem por novas trilhas e também chegam à superfície, mas em locais diferentes. Deparam-se eles com seres estranhos, animais desconhecidos, paisagens por vezes belas e outras desérticas, quentes ou extremamente geladas. Suas descrições passam a influenciar grupos de pessoas e, aos poucos, outras crenças vão surgindo, com deuses, demônios, criaturas angelicais, céus, purgatórios e infernos.
Todas essas imagens refletem várias concepções, resultado de muitos estudos e observações que, se não me conduziram à verdade definitiva, permitiram-me descobrir princípios que explicam a diversidade no modo de pensar e de se comportar da humanidade. Um deles, ensinado pelos espiritualistas e espíritas, mas não aceito pela maioria dos cristãos, é o princípio da  reencarnação dos espíritos. O principal motivo alegado pelos cristãos para rejeitarem esse conceito é a omissão da “Bíblia” sobre o assunto. Porém, ao contrário do que eles afirmam, há vários casos que são citados tanto no Antigo como no Novo Testamento.
O do profeta Elias, a propósito, aparece em ambos. Considerado um dos maiores profetas hebreus, ele foi alimentado por corvos quando se refugiou no deserto para escapar da ira do rei Acabe, por ter ressuscitado um jovem que havia morrido, e ter salvado a religião judaica da corrupção dos adoradores de Baal, o que lhe permitiu subir aos céus num carro de fogo, puxado por cavalos também de fogo. No Livro de Malaquias, o último do Antigo Testamento, há a promessa de que Elias voltaria: “Eis que vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor”. (4:5)
Jesus não só confirmou o prognóstico de Malaquias como revelou o novo nome do profeta ao afirmar: “Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram.” Então entenderam os apóstolos que Ele lhes falava de João Batista. (Mateus 17:12 e 13)
Outro caso é o do cego de nascença. Segundo o Evangelho de João, (9:2). Ao passarem por um cego de nascença, os apóstolos perguntaram a Jesus:  “Quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?”. A primeira parte da pergunta sugere que os apóstolos  acreditavam na preexistência da alma e no resgate de erros cometidos em existências passadas. Quanto à dúvida sobre os pais terem pecado, parece uma referência às palavras escutadas por Moisés no Monte Sinai: “Sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” (Êxodo 20:5)
É interessante assinalar ainda que, até meados do século 6 da nossa era, a reencarnação fazia parte dos ensinamentos e aceita pela cultura religiosa oriental, há milênios, antes da Era Cristã, como fato incontestável, norteador dos princípios da justiça divina. Ela só foi abolida da doutrina pelo Concílio de Constantinopla, no ano de 533, que resolveu substituir a reencarnação pela ressurreição, que contraria todos os princípios da ciência, porque admite a volta do Espírito (por ocasião de um suposto juízo final) ao corpo já desintegrado de todos os seus elementos, sem falar nos corpos que são cremados. O segundo motivo se refere á Teodora, esposa do imperador Justiniano, escravocrata desumana e muito preconceituosa que temia retornar ao mundo, na pessoa de uma escrava, para pagar os seus pecados, e fez pressão sobre o papa Virgílio que subira ao poder, por meio da intervenção do general Belizário, para quem os desejos de Teodora eram lei.
Nos séculos  12 e 13 da nossa era, a crença na reencarnação foi reavivada pelos cátaros, que foram considerados hereges pela igreja católica romana e, consequentemente perseguidos e exterminados. Hoje, a reencarnação é um dos principais temas da Doutrina dos Espíritos, estudada e aceita pelo mundo, como a oportunidade dela possibilitar o resgate das dívidas e acelerar o progresso espiritual das pessoas, pela fraternidade, pelo amor e pela caridade aos seus semelhantes.
O fato de não me considerar religiosa não impede, portanto, que eu possa formular minhas próprias concepções sobre Deus e os princípios espirituais que regem a humanidade. Na verdade, isso tem me estimulado a pesquisar tais questões sempre e cada vez mais. Mesmo porque, para mim, é procurando que se encontra.
Por falar em caridade, é tradição entre os endinheirados americanos a máxima:  “Eu, você, cada um de nós está aqui para fazer o bem”. A filantropia ainda é um artigo relativamente escasso no Brasil. Mas temos alguns exemplos e entre eles brilha a estrela de Elie Horn, fundador da Cyrela, a segunda incorporadora imobiliária do país. Judeu ortodoxo, nascido há 74 anos na Síria. Horn que chegou aqui no Brasil com 10 anos de idade é o único sul-americano entre os cerca de 200 integrantes do The Giving Pledge, a iniciativa liderada por Bil Gates e Warren Buffetti que estimula bilionários a doar a maior parte de seus recursos para causas de impacto social. Horn que se comprometeu a repassar 60% de sua fortuna pessoal teve em casa o exemplo para esse comportamento, seu pai, que não era um homem rico, mas doou tudo o que tinha para a caridade. O gesto tem uma origem espiritual profunda, citada pelo empresário em entrevista:  “QUANDO VOCÊ FAZ O BEM, LEVA JUNTO A SUA POUPANÇA PARA A ETERNIDADE.  É A ÚNICA MERCADORIA QUE SE LEVA PARA O OUTRO MUNDO.”
Esperamos que outros milionários ou bilionários brasileiros possam seguir esse exemplo de fraternidade para com seus semelhantes, a fim de se beneficiarem com a bondade Divina, quando retornarem a pátria espiritual.

Fonte:
Elsie Dubugras
Revista “Planeta” – 12/2018
Modificações e acréscimos

Jc.
São Luís, 8/1/2019

A POLÍCIA E O QUE É O BEM E O MAL




 
O jornalista J. R. Guzzo, em artigo publicado na revista “Veja” nº 2367, de 2/4/2014, refere-se ao assunto que dá nome a este artigo, que reproduzo alguns tópicos do mesmo, concordando com o que ele afirma.  Diz ele: “Pode ser uma coisa que muitas pessoas acham desagradável ouvir, e por isso é melhor dizer logo, para não gastar o tempo do leitor. É o seguinte: os brasileiros fariam um grande favor, a si mesmos, se tomassem a decisão de ficar, com o máximo de clareza e na frente de todo mundo, a favor da polícia. Isso mesmo: a favor da polícia, e da ideia de que cabe a ela com exclusividade, numa democracia o direito de usar a força bruta, quando necessário, para manter a ordem, cumprir a lei e proteger os cidadãos. Tem a obrigação legal de fazer tudo isso. Algum problema? É exatamente assim em todos os regimes democráticos. Eis aí, na verdade, uma afirmação evidente em si mesma; pode ser entendida sem a menor dificuldade após um minuto de reflexão”.
Mas estamos no Brasil, e no Brasil, no momento, justamente agora, passamos por um desses surtos de tumulto mental. Segundo o entendimento de boa parte daquilo que se considera o “Brasil pensante”, “civilizado” ou “moderno”, é que muitas pessoas acham que o maior dos nossos problemas não seja o crime, mas a polícia. Parece bem esquisito pensar uma coisa dessas, num país com mais de 50.000 assassinatos por ano e índices de criminalidade que estão entre os piores do mundo. Onde esses “pensadores civilizados” estão vendo o problema de que tanto falam?
Vai saber. Os verdadeiros mistérios desse mundo não são as coisas invisíveis, e sim as que se podem ver muito bem. No caso, o que se pode ver com clareza é a fé automática de boas almas e mentes num mandamento que ouvem desde crianças: o criminoso brasileiro é sempre “vítima das desigualdades sociais”, (o que não concordo), e o policial está errado, por princípio, quando usa a força contra ele. Seu dever, segundo pensam os “civilizados”, como agente do Estado, seria tratar os bandidos como cidadãos que precisam de ajuda, para que tenham oportunidade de entender por que não devem assaltar, furtar, roubar, estuprar, espancar e matar. E os bandidos, por que praticam todos esses crimes?
Praticamente todos os dias há exemplos claros desse curto-circuito geral na capacidade de separar o certo do errado. O cidadão é assaltado, roubado e ferido, e no dia seguinte se lê ou se vê mais uma reportagem acusando a polícia por algum erro, real ou imaginário. Ainda há pouco, o país teve oportunidade de testemunhar políticos, intelectuais e celebridades em geral, com a colaboração maciça da mídia, colocando a polícia no banco dos réus, por reprimir bandos de marginais que vão para á rua decididos, treinados e equipados para destruir e roubar. Segundo essas excelentes cabeças, a polícia cria um “clima de violência” e de “provocação”, com a ação, que “força os ativistas baderneiros” a se defenderem “previamente”, incendiando bancas de jornal, destruindo e queimando carros, quebrando vitrines de lojas e destruindo e roubando os caixas automáticos.
Esse tipo de julgamento vai se tornando mais e mais aceitável no Brasil de hoje, além disso, cabeças em que não há ideias são sempre as mais resistentes a deixar alguma ideia entrar nelas.  Quanto à imprensa, rádio e TV, acreditem: o que mais gostam de fazer é falar as mesmas coisas, acusando a polícia. Nesse debate não há sete lados, só há dois lados, um que está com a lei e o outro que está contra – e aí o cidadão de bem precisa dizer qual dos dois lados ele realmente apoia. O primeiro é a polícia; o segundo é o que comete o crime dentro de casa e na rua. Não vale dizer “depende”, ou declarar-se a favor da ordem, desde que a polícia se comporte com altos níveis de civilidade, seja muito bem educada, não bata em ninguém, nem cause nenhum incômodo físico a quem esteja jogando coquetéis incendiários ou com uma arma ameaçando a integridade dos cidadãos e dos próprios policiais.
A questão real é apoiar hoje a polícia brasileira que existe – não dá para chamar a polícia da Dinamarca, por exemplo, para substituir a nossa, ou tirar a PM da rua e só chamá-la de volta daqui a alguns anos quando estiver bem treinada, preparada e capacitada a ser infalível. É mais do que sabido que na polícia do Brasil existem muitos vícios e outros tantos policiais que não cumprem com a sua obrigação. Mas, da mesma maneira não é possível fechar os hospitais públicos que funcionam  mal, e só reabri-los quando forem uma maravilha. Temos que conviver com a realidade que está aí. É indispensável transformá-la, mas não dá para exigir já, uma corporação armada que tenha virtudes superiores às nossas.
É a polícia, na verdade, o que a população brasileira tem hoje de mais concreto na garantia de seus direitos. Alguém pode citar alguma força mais eficaz para impedir que nossa casa, nosso serviço, o Congresso, o STF e o próprio Palácio do Planalto sejam invadidos, sujeitos a saques e incendiados?  A polícia está do lado do bem – gostem ou não disso. No mundo real, é ela a principal defesa que o cidadão tem para proteger sua integridade física, sua propriedade, sua liberdade, sua vida e o direito de ir e vir e tudo o mais que a lei lhe assegura. O policial já erra quando falha ao cumprir quaisquer dessas tarefas. Não faz nexo criticá-lo nas ocasiões em que arisca sua vida e acerta, protegendo os cidadãos dos criminosos. (Vejam o que aconteceu em Salvador, durante os dois dias de greve da polícia, e também o que aconteceu em Recife, com a cidade sem polícia; imagine você, na rua, no serviço ou na sua residência, sendo assaltado por marginais, sem ter para quem apelar ou quem lhe defenda).
Não serve a nenhum propósito dar conforto e desculpar o criminoso – o que nossa elite pensante faz todo o tempo. Ele não vai deixar de ser seu inimigo. A lei brasileira com todas as letras, diz que só a polícia tem o direito de portar armas, e de utilizá-las no combate ao crime e na defesa da sociedade – salvo nos casos excepcionais que exigem licença específica. No caso dos atos de protestos – qual o propósito de levar para a rua, mochilas com bombas incendiárias, estiletes, barras de ferro e outros artefatos utilizados unicamente para machucar? Por que alguém precisaria dessas coisas para expressar suas opiniões em praça pública?
No Brasil as pessoas vêm se acostumando ultimamente à ideia doentia de que devem mostrar simpatia diante da delinquência e sempre hostilidade diante da polícia. Quem não pensa assim é visto como um ser humano das cavernas, extremista e inimigo da democracia. Mas é o contrário: opor-se ao crime e apoiar a polícia é ficar a favor da liberdade. Está em moda denunciar a polícia, mas essas mesmas fontes aplaudem os rappers que pregam abertamente, em suas músicas, o assassinato de policiais. Está na hora de deixar claro: é falso quem acredita que no Brasil de hoje existe algum assaltante que rouba e mata porque está com fome ou tem que sustentar sua família; o que há são indivíduos que querem satisfazer todos os seus desejos sem ter que trabalhar ou respeitar o direito alheio, e partem para roubar e matar, outros matam porque são espíritos inferiores que sentem prazer em martirizar ou matar suas vítimas, e qualquer um de nós pode ser essa vítima...
Enquanto a sociedade lamenta por uma morte acidental de um inocente, seus companheiros da polícia, para homenagear os 128 policiais baleados e mortes nos cinco primeiros meses de 2014, promovem uma caminhada no Posto seis, na praia de Copacabana, no dia 25 de maio. Pelas redes sociais, na Internet,  estão os cartazes dos policiais vítimas dos bandidos com a mensagem: “Nós não merecíamos, porém morremos assassinados”. “Queremos mostrar para a sociedade que eles são filhos, irmãos e maridos de alguém e que deram a vida para defender os outros cidadãos, e não merecem que os critiquem”, afirma a cabo Flávia Louzada.
Em Cuba, país modelo para os nossos ex-governantes, são chamados de sociopatas e encerrados na cadeia quando não mortos, esses elementos perniciosos, sem que a “sociedade” seja chamada a “debater” coisa alguma.
Deus não precisou de ajuda para criar o Brasil, mas, como diria  Santo Agostinho, “só poderá nos salvar se tiver o nosso consentimento e a nossa ajuda”, e por isso, apoiemos aqueles que pertencem as Polícias  e as medidas prometidas pelo atual presidente Jair Bolsonaro de banir o crime e os criminosos  na cadeia, cumprindo suas penas.   

Fonte:
Jornalista J.R.Guzzo
Artigo publicado na revista “Veja”
+ Pequenos acréscimos supressões e modificações.

Jc.

São Luís, 21/5/2014
Refeito em 8/01/2019