sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A VIDA E A OBRA DE CAIRBAR SCHUTEL

A VIDA E A OBRA DE CAIRBAR SCHUTEL

Hugo Gonçalves, nascido em Matão-SP., que teve contato direto e pessoal, quando adolescente, com o apóstolo do Espiritismo no Brasil, faz um depoimento sobre a existência e a obra de Cairbar Schutel, cujo nascimento é comemorado pelos espíritas, no dia 22 de setembro.

Falar de Cairbar Schutel, é muito difícil porque ele foi, a meu ver, o expoente da verdade, da justiça e do amor. Um homem que soube ser grande dentro da sua humildade; que se escondeu atrás de seus feitos extraordinários; que soube se conduzir no mundo, defendendo a Doutrina e propagando-a com todo o seu esforço, todo seu carinho e com toda sabedoria e amor. Por isso, digo ser difícil falar dele com uma linguagem à altura do que ele foi, do que representou e do que ele fez”, afirma Hugo Gonçalves.

“Cairbar nasceu no Rio de Janeiro, sendo seu pai comerciante de móveis. Aos 9 anos, ficou órfão de pai; dentro de pouco tempo perdeu também a mãe, sendo entregue aos cuidados do avô, que se encarregou de sua criação, educação e orientação. Mais tarde, foi morar em Araraquara-SP., onde se empregou na maior farmácia que ali existia, e, sendo tão bom farmacêutico, não demorou muito a ser convidado a assumir a gerência da farmácia. Depois resolve se mudar para Matão-SP., onde começou uma próspera carreira de boticário, como era conhecido o dono de uma botica, hoje farmácia.

Antes de ser espírita ele se tornou político, tanto que foi quem levou Matão a se tornar município, com seu trabalho e prestígio. Ele foi o primeiro prefeito de Matão, e comprou com seu próprio dinheiro, a casa que serviu para instalar a Prefeitura. Quando mais tarde, conheceu a Doutrina dos Espíritos, ele deixou de ser político; abandonou a política humana para abraçar a política do Céu.

Cairbar sentia muitas saudades de seus pais, e perguntava a si mesmo: Onde estarão eles? No inferno não podem estar porque eles não foram ruins. Para o Céu também não podem ter ido, porque não eram anjos nem santos. Onde estariam eles? – Por duas vezes ele fez essa pergunta ao vigário que era seu confessor. Na primeira vez, o padre disse-lhe que não se preocupasse com essas coisas, e na segunda vez lhe respondeu dizendo: “Olha, meu filho, isso é mistério de Deus. Nós não podemos querer imiscuir-nos nos mistérios da vida. Esqueça isso e cuide da sua existência”, concluiu o vigário.

Mas Cairbar insistiu e queria saber onde estavam seus pais e começou a pesquisar, a analisar e perguntar, até que um dia soube que na cidade havia um senhor conhecido por Manoel Calixto, cujo pai fazia sessão espírita. E foi então, através da mediunidade de Calixto Nunes Oliveira que ele assistiu pela primeira vez a uma sessão espírita, onde muitos espíritos se comunicaram; entre eles, manifestou-se um espírito que deu uma mensagem que encantou Cairbar Schutel. Jamais poderia aquele médium, homem humilde, que tinha uma linguagem tão simples, falar daquele jeito, dizendo coisas lindas, coisas maravilhosas e aspectos da sua existência e da tarefa que Cairbar teria que desempenhar em Matão. No dia seguinte, solicitado, Calixto forneceu a ele o endereço da Federação Espírita do Rio de Janeiro, e ele pediu por telegrama, as obras de Allan Kardec.

Quando começou a estudar a Doutrina dos Espíritos, ele descobriu um mundo novo. Ele então sentiu a necessidade de levar a doutrina a todas as pessoas, principalmente à gente de sua cidade, porque ele achava que todos deveriam saber dessas coisas que para ele eram sublimes. Então decidiu que deveria ter um local onde pudesse reunir as pessoas e estudar juntos, surgindo a idéia da fundação do Grupo Espírita Amantes da Pobreza, que foi inaugurado em 15 de julho de 1905. Ali ele começou os trabalhos, que não se limitaram apenas a reunir as pessoas para estudar e fazer trabalhos mediúnicos. Ele queria, antes de tudo, preparar as pessoas e começou a fazer palestras baseadas nas obras de Kardec. Então, muitas delas começaram a se encantar com os ensinamentos inclusive os pais de Hugo Gonçalves, que foram os primeiros companheiros dele. À medida que ele foi ampliando os seus conhecimentos e o seu trabalho na divulgação da Doutrina dos Espíritos, o vigário local se incomodava. O padre João Batista achava que o demônio estava querendo se alojar na cidade de Matão, e reuniu os fiéis, começando uma campanha contra Cairbar e a Doutrina, a ponto de ter sido convocado à cidade, um delegado que pudesse, unido à Igreja, proibir que Cairbar continuasse a fazer as pregações e os trabalhos mediúnicos.

Tudo foi em vão, e o vigário ampliou seu trabalho de perseguições mandando vir padres estrangeiros para Matão a fim de expelir o demônio da cidade. Foi então que Cairbar pensou que deveria ter um veículo de comunicação que levasse ao povo a palavra da verdade e desmascarasse os hipócritas. Surgiu assim, o jornal espírita “O Clarim”, justamente um mês depois da fundação do Centro Espírita. O primeiro exemplar do jornal saiu no dia 15 de agosto de 1905 e era publicado semanalmente e distribuído gratuitamente a todas as pessoas. Diz Hugo Gonçalves, que seu pai era um dos que saía levando o jornal pelas casas da cidade.

Havia gente que pegava o jornal com dois pauzinhos ou pano, para não contaminar as mãos, e punha-o no meio da rua e botava fogo; isso acontecia semanalmente na cidade. Foi assim que o “Clarim” realizou e realiza até hoje, o esclarecimento das passagens evangélicas e as consolações da doutrina espírita. Para fazer o jornal Cairbar montou uma gráfica, comprando uma máquina, cuja fotografia aparece no livro “Uma Grande Vida”, do professor Leopoldo Machado. Cairbar foi o primeiro no mundo a pregar o Espiritismo através do rádio, pela Rádio Cultura de Araraquara. Desse trabalho surgiu o livro “Conferências Radiofônicas”, onde estão as palestras que ele fez pelo rádio. Todos os domingos la estava ele na emissora, transmitindo a mensagem espírita. O programa era pago, e muito bem pago, porque ele só poderia conseguir isso com dinheiro. A repercussão foi grande, tanto que Cairbar se tornou conhecido em toda a região e em grande parte do estado de São Paulo. As conferências na rádio eram anunciadas na Revista Internacional de Espiritismo.

Ernesto Bozzano, na Itália, recebendo a revista e vendo nela a notícia sobre o programa radiofônico num lugarejo do estado de São Paulo, mandou para Cairbar, um cartão de parabéns pelo seu trabalho. Mas não veio só um cartão; vieram dois ambos com os mesmos dizeres, por causa da dúvida se chegaria ao seu destino. Isso foi providencial, porque naquela época estava no poder, o Sr. Getúlio Vargas e os Centros Espíritas estavam ameaçados de fechamento pelo Governo. A própria Federação Espírita Brasileira foi ameaçada de ser fechada. Cairbar ao receber os cartões de Ernesto Bozzano, que era a estrela do Espiritismo naquela época, na Itália, mandou um dos cartões para o Sr. Getúlio Vargas, junto com uma carta. Getúlio, diante disso, também se enterneceu por ver que na longínqua Itália, o maior dos cientistas estava parabenizando um trabalho que ele, Getúlio, desconhecia. Tudo isso serviu para afastar a ameaça de fechamento da Federação e dos Centros Espíritas, e ele pode continuar seu trabalho de divulgação do Espiritismo.

Cairbar na tribuna empolgava e emocionava, porque ele tinha uma voz que cativava, tinha muito conhecimento e ainda o dom da palavra arrebatando as multidões. Tanto é que, quando houve o movimento em favor da Constituição Brasileira, que daria a liberdade de pensamento e expressão, ele teve a coragem de organizar um congresso na cidade de São Carlos, que ele presidiu, e arrebatou as massas com sua palavra vibrante, defendendo a liberdade de pensamento, chegando até ao conhecimento das autoridades do País.

Certa vez o padre de Matão moveu uma campanha muito intensa contra Cairbar, procurando ele, por todos os meios, desfazer o trabalho que o espírita vinha realizando. Um dia ele estava pregando no Centro, quando chegou próximo dali a procissão da Igreja, com banda de música, com cantorias e foguetório, e ao passar em frente do Centro, o barulho era tanto que Cairbar parou de falar porque ninguém conseguia ouvi-lo. Ele então ficou esperando que a procissão passasse e o barulho cessasse. O pai de Hugo Gonçalves, português, quis sair à rua com uma tranca de porta para espalhar a multidão, no que foi impedido por Cairbar, que lhe disse: “Zé Maria, lembre-se do que disse o Mestre: “Quem com ferro ferre com ferro será ferido”. O português se sentou e nesse exato momento, houve um alarido e uma debandada geral na rua. Uns dizem que alguém gritou: - “Olha o boi!” Outros dizem que foi – “Olha o fogo!” O certo é que houve enorme confusão e todo mundo saiu a correr. No dia seguinte, os empregados da Prefeitura estavam recolhendo os pedaços de imagens de santos, de andores, de velas, porque naquele tempo saíam todas as imagens dos santos da igreja durante as procissões.

Cairbar era um verdadeiro cristão e defendia a Doutrina Espírita. Seria capaz de entregar até a camisa, se preciso fosse em favor de alguém que precisasse dele, mas na hora em que dissessem algo que denegrisse os princípios espíritas, ele era um gigante que defendia por todos os meios e forças as idéias espíritas. Ele se esquecia de si mesmo para servir a todos. O seu amor se estendia às criaturas como também aos animais e as plantas que ele mesmo cultivava. Nos fundos da sua casa, existiam seis quartos, em que colocava os doentes que ele mesmo tratava. Ele conduzia seus doentes numa carrocinha, conhecida como a “ambulância de Cairbar Schutel”, onde colocava um colchão para melhor acomodar a pessoa a ser transportada para sua casa, porque não havia hospital em Matão. Ele os tratava com remédios e os orientava para as verdades espirituais.

Cairbar achou que não podia ficar restrito à cidade de Matão, a umas dezenas de pessoas, a seus familiares e a seus amigos; todo aquele conhecimento que tinha poderia ser oferecido a muitas outras pessoas. Para isso, nada melhor do que outro veículo de comunicação – o livro. Então ele instalou uma Editora e só depois escreveu vários livros, sendo um dos mais conhecidos o que tem o título: “Parábolas e Ensinos de Jesus”, onde ele menciona todas as trinta e três parábolas proferidas por Jesus. No preâmbulo desse livro, ele afirma que a religião não se baseia unicamente na teoria, mas sim, na Historia, na Filosofia, nos fatos. Os fatos são o “tudo” na religião, como também na Ciência e na Filosofia. O que é a Ciência sem os fatos; a Química sem as reações; a Física sem os fenômenos; a Botânica sem as plantas; a Fisiologia sem o corpo humano; a Astronomia sem as estrelas? Assim também, como conceber a Religião sem os fatos que lhe servem de arrimo, e que vêm demonstrar a existência e sobrevivência da alma, e sua evolução contínua?

Na verdade, o que seria o Cristianismo sem as curas, sem as manifestações diversas, sem as aparições? O que seria o Cristianismo sem o cântico dos Anjos (espíritos), anunciando o nascimento de Jesus; sem os sonhos proféticos de José; sem a multiplicação dos pães e peixes; sem as aparições de Moisés e Elias no monte Tabor; sem as aparições de Jesus por quarenta dias após a sua morte física? – A Religião não se limita a um só mundo, a um só planeta; tem caráter universal e é muito mais do que os sacerdotes proclamam muito mais do que as igrejas concebem. Abrange os mundos o universo, e para que tenha caráter eterno, está no infinito, sem a dependência da vontade humana e sem estar circunscrita a uma família, a um povo, a uma nação, a um mundo.

Cairbar tinha um grupo mediúnico e os trabalhos de desobsessão eram realizados até mesmo sem a presença dos doentes que ficavam nos quartos. Aos domingos havia os trabalhos públicos com palestras. Ele era além de passista, possuidor também de faculdades de psicografia, psicofônia, vidência, audiência, curas, e sofria também como os outros que tratava, pois tinha de problemas cardíacos; angina do peito. No dia 30 de janeiro de 1938, após o trabalho público no Centro, os amigos conversavam animados no salão ao lado quando o médium Urbano de Assis Xavier foi incorporado por um espírito que disse: “Calma! Não se impressionem, mas peçam a Francisco Volpe que ponha as mãos sobre a cabeça de Cairbar Schutel”. Feito isso Cairbar reclinou a cabeça e desencarnou suavemente. Vinte minutos depois, o mesmo médium sentia a presença de Cairbar ao seu lado que lhe disse: “Urbano, conforte o pessoal. Estou satisfeitíssimo!” - Para que se tenha uma idéia da elevação espiritual de Cairbar Schutel, basta dizer que quando ocorre uma desencarnação, o espírito fica por algum tempo sem consciência, em sono reparador, assistido por Benfeitores Espirituais, e só após algum tempo, que pode durar até anos, é que ele pode se comunicar, o que não aconteceu com Cairbar e outros espíritos evoluídos que não precisam passar por esse estágio preparatório.

O sepultamento do corpo de Cairbar foi emocionante. A cidade parou, o comércio fechou as portas e a beira do túmulo, o Dr. Souza Ribeiro, em comovente despedida do amigo, chamou-o de: “O Espírita nº. 1 do Brasil”. Realmente se não fosse a atuação de Cairbar em defesa dos direitos de liberdade de pensamente e crença na Constituição Brasileira, talvez ainda estivéssemos sofrendo pressões e perseguições. . .”

Este foi o depoimento sobre a existência e a obra de Cairbar Schutel, feita por Hugo Gonçalves, editor do jornal “O Imortal”, da cidade de Cambé, no Paraná, que conviveu com Cairbar.


Bibliografia:
Jornal “O Imortal”


Jc.
S. Luis, 25/01/2004

O SUICÍDIO DE DEUS

O SUICÍDIO DE DEUS

A liberdade de culto, concedida aos cristãos através do Édito de Milão, no ano de 313, acarretou lamentáveis conseqüências para o Cristianismo. Saídos das sombras em que até então se escondiam, em virtude das terríveis perseguições que sofriam, os cristãos se viram livres para criar, cultivar e expandir antigas divergências originadas nos primeiros tempos do Cristianismo. Alcançaram eles o poder temporal e nele foram acolhidas e oficializadas as situações que melhor servissem aos objetivos de poder e dominação dos governantes. Começaram assim, oficialmente, as grandes defecções do Cristianismo, que perduram até os dias de hoje.

Três fatos importantes serviram para deturpar a pureza e a simplicidade existente no Cristianismo dos primeiros tempos: 1º- A deificação de Jesus, obra do Concílio de Nicéia, no ano de 325, convocado por Constantino, cuja finalidade era nitidamente política, para igualar Jesus aos demais deuses romanos. 2º- O Édito de Tessalônica, no ano de 380, de autoria de Teodósio I, que elevou o Cristianismo à condição de religião oficial do Império Romano. 3º- Sob a inspiração do mesmo Teodósio, o Concílio de Constantinopla I, no ano de 381, introduziu a figura do Espírito Santo, como também fazendo parte de Deus. Os cristãos, já nessa época, sob a sombra do catolicismo romano nascente, viram-se obrigados a conviver com o ininteligível, confuso e misterioso dogma da Santíssima Trindade.

A partir desses acontecimentos, a doutrina de amor e de consolação, de humildade e simplicidade, pregada e exemplificada pelo Mestre, cedeu lugar ao autoritarismo, aos dogmas, ao radicalismo, à intimidação e à violência, passando os religiosos a ocupar os suntuosos e sinistros templos pagãos, a freqüentar os palácios do poder, e eles que se tinham à conta de únicos detentores dos ensinamentos de Jesus, foram aos poucos, transformando-se em terríveis perseguidores dos cristãos que ousavam discordar de seus pontos de vistas e dos dogmas criados para agradar aos imperadores.

Acertado e definido que Jesus também era Deus, somente restava ao ser humano conviver com esse dilema criado pelos teólogos romanos. Assim, o Deus-Filho era em tudo igual ao Deus-Pai, pelo irrefutável fato de que ambos eram um só Deus, o que implicava na conclusão da mais absoluta igualdade entre ambos. Foi o que passou a ser ensinado pelos religiosos, e quem não aceitava era levado à fogueira.

Era ensinado também que Jeová, o Deus-Pai, era possuidor de um gênio vingativo e, ao ver-se contrariado nos seus caprichos, condenava as criaturas a penas severas e muito desproporcional à gravidade da falta cometida, estendendo a condenação aos futuros descendentes, conforme de lê no Velho Testamento; ao contrário do Deus-Filho(Jesus), pacífico e manso por excelência, que ensinava o amor e o perdão.
Essa culpabilidade hereditária por faltas que não cometeram, tem perseguido o ser humano ao longo de sua existência, por séculos e séculos. Agride o senso de justiça que existe dentro de cada um e conflita até com as frágeis leis dos homens. A Constituição do Brasil, obedecendo a uma norma de âmbito internacional no mundo moderno, estabelece no seu Artigo 5º, que nenhuma pena passará da pessoa do condenado. Isso demonstra que a justiça de um país do chamado terceiro mundo, se coloca muito acima da justiça emanada pelo Deus-Pai.

Uma análise da já referida diferença de gênio e de comportamento do Deus-Pai para o Deus-Filho, embora apregoada a identidade entre um e outro, mostra que o Deus-Pai, o primeiro, é rancoroso, vingativo, incapaz de relevar uma ofensa, mesmo sabendo que seu autor, era possuidor da mais profunda ignorância; enquanto que o Deus-Filho, o segundo, é compreensivo, paciente, possuidor de grande amor e tolerância, em face da indigência e dos poucos conhecimentos do ser humano. Vítima que foi o Deus-Filho, do mais hediondo crime cometido na Terra pelos homens, não se insurgiu contra os seus algozes e nem os condenou. Apenas, os perdoou, por sabê-los ignorantes do que faziam.

Para completar e complicar mais ainda essa história, os religiosos inventaram o dogma da Santíssima Trindade, e aí a participação divina deixou de ser dupla para ser trina, em razão da equivalência da unidade da trindade, o que significa dizer, mais simplesmente, que um é igual a três. Na tripartição divina, que embora tríplice é una, Jesus é igual a Deus, que, por sua vez é igual ao Espírito Santo, que de sua parte é igual a Jesus. Assim, Jesus é Deus; Deus é Jesus, ambos são o Espírito Santo, e este também é Jesus e Deus ? ? ?

Por esse dogma é inevitável o raciocínio de que tanto Jesus o Deus-Filho, quanto o Espírito Santo-Deus, colaboraram na ação do Deus-Pai, quando criou o Universo, o mundo, o homem e tudo o mais que existe sobre a Terra, debaixo dela, nos oceanos e em cima, no ar. Isso porque, durante dois mil anos de Cristianismo, os teólogos da Igreja Romana (ainda bem que é Romana e não Cristã) têm ensinado de acordo com os dogmas criados, de que os três, são o único e mesmo Deus. Daí se conclui que dessa tríplice unidade, torna-se impossível à separação dos três, para o fim específico de divisão e de definição das responsabilidades por tudo o que existe de bom ou de mal sobre a Terra.

Em face de tamanhas dificuldades de entendimento, produto exclusivo da capacidade criadora da mente humana descobrimos que o Deus-Pai, com a concordância do Deus-Filho e do Espírito Santo, ao exigir o sacrifício de Jesus, que também era Deus (3 em 1), para salvar a humanidade, exigiu o seu próprio sacrifício; o que significa dizer: Deus se matou. Estamos diante de um suicídio, e o que é mais grave: Suicídio de Deus ! - Sem se dar conta destas conclusões, é o que ensina a Igreja de Roma aos seus fiéis...

Já dizia Diderot: “Deus matou Deus, para apaziguar Deus”.
Depois de toda esta exposição, com tantas dificuldades para se entender, não é mais fácil e racional os ensinamentos dos Espíritos Superiores a Allan Kardec, afirmando que Jesus é um Espírito de elevada Superioridade, enviado por Deus para ajudar a Humanidade. Ele mesmo não procurou desdizer Simão Pedro, quando lhe respondeu: “Tu és o Cristo, Filho de Deus Vivo”, tendo Jesus lhe confirmado dizendo: “Bem-aventurado és, porque não foi a carne e o sangue quem te revelou, mas meu Pai que está nos Céus”.

Em sua própria voz, por diversas ocasiões, disse Jesus ser o Enviado do Pai, como mostram os textos abaixo, nos Evangelhos: “Aquele que me despreza, despreza aquele que me enviou” Lucas 10:16; “Aquele que me recebe não me recebe a mim, mas recebe aquele que me enviou” Marcos 9:37; “Ainda estou convosco por um pouco tempo e vou em seguida para aquele que me enviou” João 8:42 “Não tenho falado por mim mesmo; meu Pai, que me enviou, foi quem me prescreveu , por mandamento seu, o que devo falar; e sei que o seu mandamento é a vida eterna, o que, pois, eu digo é segundo o que meu Pai me ordenou que o diga” João 12:49/50 “Se me amásseis, rejubilaríeis, pois que vou para meu Pai, porque meu Pai é maior do que eu” João 14:28

Está bem caracterizado nas citações transcritas acima, que Jesus falava em nome do Pai Celestial (Deus) e foi por Ele enviado, fato este que mostra com clareza uma dualidade de personagens e exclui a igualdade entre elas, visto que o enviado é sempre alguém subordinado àquele que o envia. Em nenhuma passagem da sua existência na Terra, Jesus se disse ser Deus, mas apenas Filho de Deus, como também somos todos nós. Quanto ao Espírito Santo, constituem-se de Espíritos Superiores que são os mensageiros que cumprem as missões determinadas por Deus.

Para que se tenha uma melhor definição sobre Deus, servimo-nos de “O Livro dos Espíritos”, no capítulo primeiro, em que Allan Kardec pergunta aos Espíritos Superiores: “Que é Deus ?” – Os Espíritos respondem: “ Deus é a inteligência suprema, causa primaria de todas as coisas”. E completam dizendo ainda: “Deus é eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso e soberanamente bom e justo.” Ainda volta a perguntar Kardec: “Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?” - Respondem os Espíritos: “Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem causa. Procurai à causa de tudo o que não é obra do homem, e vossa razão vos responderá”.


Bibliografia:
Velho e Novo Testamento
Livro dos Espíritos
Jornal “O Imortal”

Jc. 22/03/2005
Refeito em 28/12/2010

O PÃO DA TERRA, O ALIMENTO DO CÉU

O PÃO DA TERRA; O ALIMENTO DO CEU

Quando fazemos as orações diárias, os que assim procedem, pedimos sempre “o pão nosso de cada dia, nos dai hoje”.

Conseguimos o pão material pelo nosso trabalho e pelo nosso merecimento, enquanto que o alimento espiritual conseguimos pelo cumprimento e pelo respeito às Leis Divinas. Entretanto, poucas são as pessoas que se preocupam em adquirir o alimento espiritual que é duradouro, para sempre. Disse Jesus, no Sermão da Montanha: “Portanto vos digo, não andeis cuidadosos, pensando o que comereis. Não é a alma, mas que a comida?”

A excessiva preocupação das pessoas pelas coisas materiais é responsável por grande parte do desassossego em que vivem. Travamos uma luta silenciosa, diariamente, não só para conseguirmos o necessário, como também o supérfluo. Sabendo disso, Jesus nos ensina que devemos nos preocupar menos com as coisas materiais e muito mais com as coisas do Espírito. Jesus não quis dizer com isso que cruzemos os braços; mas que trabalhemos confiantes no Pai Celestial, e nada nos faltará. O considerar e tratar apenas das coisas materiais apresenta grande perigo: - embrutece a alma. Todo aquele que só cuida do corpo, esquecido da centelha divina que traz dentro de si, materializa seu espírito, o que lhe acarretará grandes perturbações e necessidades na existência material, como na vida espiritual, pois quem esquece de Deus, não está amparado nem recebe a assistência divina, retardando ainda o progresso do espírito e mergulhando em dolorosas reencarnações.

Jesus nos ensinou ainda: “Olhai as aves do céu, não semeiam, contudo Vosso Pai as alimenta. Por ventura, não sois vós mais do que elas?” – Assim como Deus não abandona os mais humildes e pequeninos seres, cuidando para que tenham o alimento, assim também, se tivermos merecimento, não nos deixará faltar nada do que seja realmente necessário para a manutenção de nossa existência. Na verdade, nossos desejos, cuidados, ansiedade e ambições terrenas, não podem contrariar os desígnios de Deus. Devemos, portanto, aceitar humildemente Sua soberana vontade, porque só Ele pode dispor dos bens da Terra; e se não podemos acrescentar nada às coisas materiais que o Senhor determinou para nós, podemos aumentar em muito o nosso patrimônio espiritual, aplicando-nos em trabalhar o progresso de nossa alma.

Existem muitas pessoas julgando que o tempo empregado em assuntos espirituais, como a prece que se faz pelos necessitados e sofredores, o estudo do Evangelho, a visita a um doente, o pão repartido, o esforço para eliminar os vícios, o trabalho para nos tornarmos melhores, tolerantes, pacíficos e caridosos, seja tempo perdido, que melhor seria aproveitado no trato das coisas materiais. A todos os que procuram seu progresso espiritual, o Pai Celestial possibilitará as coisas materiais, por acréscimo de Sua misericórdia,
porquanto vosso Pai sabe que tendes necessidade de todas elas.
É maravilhosa a maneira como Jesus nos faz ver a Providência Divina cuidando da Sua criação. Desde a tenra e pequenina erva do campo, as aves e até o ser humano, tudo é objeto do Amor do Pai Celestial. Ninguém está abandonado nem desamparado; não há órfãos. A erva do campo e as aves do céu recebem seus alimentos através dos canais da Natureza, sem maiores esforços. O ser humano, entretanto, que já atingiu a idade do raciocínio, deve prover a sua própria subsistência. Deus sabe do que precisamos e todas as facilidades nos serão concedidas para vivermos. Deus deixa que as pessoas creiam que o pão terrestre é conquista delas, para que se aperfeiçoem no dom do trabalho. A verdade é que o pão de cada dia procede da Providência Divina. Senão vejamos: O lavrador cavará o solo, espalhará as sementes, cuidará e defenderá a lavoura e cooperará com a Natureza, mas... a germinação, o crescimento, a floração e a frutificação não são realizadas pelo lavrador, pois são da vontade do Pai Celestial.

‘Trabalhai, não pela comida que perece e precisa sempre ser renovada, mas pelo alimento que permanece para a Vida Eterna, a qual o Filho do Homem vos dará, porque vem de Deus”. O alimento da Terra acaba com o corpo enquanto que o alimento espiritual permanece para sempre. Quem somente se preocupa com o pão da terra, não tem o alimento do Céu; entretanto, quem trabalha pelo alimento do Céu, tem também por acréscimo, o pão da terra. No trabalho exclusivo do pão terreno, os membros se cansam, o suor goteja, o cérebro se aniquila, a existência se extingue. Entretanto, no trabalho do alimento do Céu, a fronte se eleva, o corpo se fortalece, a mente se aclara, a alma se engrandece e a existência se eterniza. “Trabalhai pela comida que precisa sempre ser renovada para manter o vosso corpo, porém não descuideis do alimento da alma, que permanece para a Vida Eterna”.

Joanna de Angelis, no livro “Alerta”, comenta: “Aplicas dinheiro na bolsa de valores, no mercado de capitais, em ações, atormentando-te com resultados incertos. Investes em títulos e moedas estrangeiras, em seguros diversos, pensando nas surpresas da má sorte. Acumulas cédulas, compras metais e pedras preciosas, resguardando-te em previdência. Adquires imóveis e contas de poupança capitalizando juros ante a inflação que elimina os recursos financeiros...”. Todas essas atitudes são materiais, e nos tempos atuais, mais realidade adquire essas palavras, neste mundo em que, ao lado daqueles que lutam para sobreviver, existem aqueles que esbanjam para “super-viver”, mesmo que isso custe a eles uma dívida moral perante a justiça divina.

Joanna complementa afirmando: “Entretanto, por maior prudência e previdência, os rumos do futuro são imprevisíveis. As bolsas, os mercados, os títulos, os imóveis, as jóias e os seguros não oferecem paz a ninguém... Muitos investidores, nos jogos e oscilações, ficam na miséria, enlouquecem, suicidam-se e, mesmo que tudo transcorra em ritmo normal, com resultados felizes, os bens de que se fizeram mordomo temporário, amanhã mudam de mãos com a
chegada da morte”. Eis aí a grande realidade para a qual muitos fecham os olhos e outros se servem da corrupção, da impunidade, da violência, da violação dos direitos do próximo, tentando amealhar valores do mundo, que no mundo permanecerão, porque não poderão levar para o outro mundo. Por isso, nos sugere Joanna: “Investe no amor; transforma parte dos valores em pães, títulos de instrução, capitais de medicamentos, amparo às existências dos que falecem na miséria e na fome; porque, bom investidor, é aquele que, aplicando valores no campo social, pensando no exemplo de Jesus e seguindo a Lei de Deus, se faz merecedor das graças divinas no Plano Espiritual, para onde deverão ir um dia”.

O melhor dia para iniciarmos a prática do bem e do amor foi ontem, mas, mesmo assim, não percamos a oportunidade do dia de hoje, para que amanhã não tenhamos que lamentar a ocasião perdida e o vazio em nossa existência... Cientes da nossa responsabilidade, não podemos deixar de participar sempre das reuniões evangélicas, onde é feita a distribuição do alimento espiritual que alimenta para sempre, a exemplo da água viva, oferecida por Jesus, para a mulher samaritana; jamais ela voltaria a ter sede.

Se porventura alguém acha que cinco minutos, duas vezes ao dia, em 24 horas, o mínimo tempo de comunhão com o Pai Celestial, for demorado, é melhor se preparar para dificuldades e sofrimentos que podem tanto ser na Terra como na Espiritualidade. Tudo tem um fim neste mundo; o dinheiro se acaba, a saúde termina, as posses terrenas se esvaem, as preocupações, os compromissos e até o nosso corpo se acaba, mas as palavras do nosso Divino Mestre Amado permanecem em nosso espírito para sempre, porque são “Palavras da Vida Eterna”.

O nosso principal dever é lutar para conseguir os bens imperecíveis da alma, os bens espirituais, realizando assim o Reino de Deus em nosso íntimo. Quanto às coisas materiais, podemos estar tranqüilos: A Providência Divina fará com que elas nos cheguem às mãos, à medida que nossas necessidades reais se apresentarem. Não são alimentados por Ele os pássaros do Céu?’



Bibliografia:
Evangelho de Jesus
Livro “Alerta”

Jc.
S.Luis, 20/01/2009

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O PODER DA PALAVRA

O PODER DA PALAVRA


A palavra é um dom divino. Infelizmente ainda muito mal aproveitada pelo ser humano, o que indica o atraso evolutivo do planeta em que vivemos o que, por sua vez, comprova o nosso próprio estado evolutivo. É por isso que existe o irônico provérbio do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, que é contraposto pelo sábio, “falar é prata, calar é ouro”, assim como o prudente, “o ser humano é senhor da palavra não proferida e escravo da que proferiu”, e pelo erudito, “falar pouco e certo é dizer muito em poucas palavras”, a exemplo do que nos recomendou Jesus, ao dizer: “Sim, sim, não, não”.

A palavra é uma grande força, porque é por meio dela, escrita ou falada que a pessoa recebe o patrimônio valioso das conquistas que a humanidade realizou; assim como por seu intermédio, transmite para a geração seguinte o progresso que já alcançou, propiciando à reivindicação e aquisição de tudo. Tudo o que se tem no cérebro, foi codificado linguisticamente . A palavra é um elemento revelador da amizade. Por isso, quando alguém se zanga com outro, deixa de lhe falar. Pode até acontecer de encontrando-o na rua ou em casa de amigos, lhe dê a passagem ou lhe faça um aceno, mas a palavra lhe é recusada em sinal da amizade rompida. Por isso, para fazer as pazes, há aquele momento difícil do pronunciar a primeira palavra, pelo receio dela não ser bem recebida. A boa palavra é então conciliação, sendo também união, que se manifesta viva nas conversas de namorados. Em contrapartida no outro extremo do convívio humano, está a palavra que discorda, que discute que se opõe.

André Luiz esclarece: “A palavra de bondade é semente de simpatia. O diálogo construtivo é terapêutica restauradora. Conversando, podemos criar saúde ou enfermidade, levantar ou abater, recuperar ou ferir. A nossa palavra, enfim, pode ser uma ofensa ou uma benção e é o uso dessa força que equilibra ou desequilibra, obscurece ou ilumina, ergue ou abate”. Famosas são as advertências do apóstolo Tiago em sua epístola: “Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão capaz de refrear também todo o seu corpo. Se pomos freios na boca dos cavalos para nos obedecerem, também lhes dirigimos o corpo inteiro. Observai igualmente os navios que sendo grandes, por um pequeno leme são dirigidos para onde queira o timoneiro. Assim também é a língua, pequeno órgão, capaz de grandes coisas. A língua é fogo e pode contaminar o corpo inteiro, pondo em chamas toda a existência humana. Todas as espécies de feras, de aves, de répteis e seres marinhos podemos domar; a língua porém, nenhuma pessoa é capaz de domar.

Com ela bendizemos o Pai Celestial, também com ela amaldiçoamos as pessoas
criadas à semelhança de Deus; sendo que de uma só boca procede a benção ou a maldição. Finaliza Tiago, dizendo: “Meus irmãos não é conveniente que estas coisas sejam assim. Acaso pode jorrar do mesmo lugar, o que é doce e o que é amargo?”

Os mentores espirituais têm-se preocupado em nos alertar sobre a responsabilidade da palavra, e em muitas outras oportunidades, descem até nós para nos ajudar na tarefa da palavra. Emmanuel na página intitulada “Domínios da Fala” nos alerta: “Não somente falar, mas verificar o que damos com as nossas palavras”. Assim, automaticamente transferimos estados de alma para aqueles que nos ouvem. Palavra é doação de nós mesmos que retratam a nossa moral. Cada frase é semente viva e com ela plantamos o bem ou o mal, a saúde ou a doença, o otimismo ou o desalento, a vida ou a morte, naqueles que nos escutam, conforme as idéias edificantes ou destrutivas.

Emmanuel, em “Caridade da Palavra” nos diz: “Lembra-te da caridade da palavra, a fim de que possas praticar o amor que o Mestre ensinou e exemplificou. As guerrilhas da língua, há séculos, exterminam mais existências na Terra, que todos os conflitos internacionais”. Aprendamos, portanto, a praticar a sublime caridade oculta que somente a língua pode realizar. A pergunta inoportuna contida a tempo, a observação ingrata, a desistência da queixa, a renúncia às discussões estéreis e o abandono de comentários irrefletidos, são expressões dessa caridade que a boca pode reter sem que os outros percebam. Sobretudo, não podemos olvidar os tesouros encerrados no silêncio e com devoção incorporá-los ao nosso modo de ser, a fim de que o nosso verbo não se faça manifestar nas horas impróprias.

Belíssima página recebida por Chico Xavier, diz: “Quando nosso coração acorda para os ideais superiores do Evangelho, a nossa inteligência adquire preciosos serviços de auto-fiscalização. Conduzamos nossa língua a esse trabalho renovador da personalidade e passaremos a viver em novo campo de simpatia irradiando o bem e recebendo-o, enriquecendo aos outros e engrandecendo a nós mesmos, em nossa abençoada ascensão para a Luz”. Joana de Angelis nos diz que “a palavra quando carregada de sinceridade e fé, age como onda vibratória que elimina as forças negativas que envolvem a pessoa, e quando portadora de pessimismo, dúvidas e acusações, atrai por sintonia mental, enfermidades, malquerenças que terminam por prejudicar quem a exterioriza. Falando, Jesus alterou completamente a filosofia então vigente e abriu as fronteiras de esperança de felicidade para as criaturas de todos os tempos”.

O Espírito de Verdade nos indicou as duas leis dos espíritas: Amor e instrução. E nessa busca, quanto de azedume, quanto de desrespeito, quanto de agressões verbais não se manifestam entre aqueles que deveriam primeiro, amar muito e respeitar a opinião alheia. Estamos vivendo mal, e a preocupação da espiritualidade é tanta que nos veio alertar, nos dando um exemplo. Um grande trabalhador da Doutrina dos Espíritos, pioneiro do Espiritismo na Zona da Mata, em Minas Gerais, ao se comunicar e nos dizer da necessidade de operarmos a educação dos sentimentos e da palavra, a reforma de nossa conduta e do nosso comportamento no dia a dia, disse ele: “Que, se não fosse suas obras, a língua teria feito com que ele perdesse a existência terrena. Esse trabalhador foi uma pessoa reconhecidamente caridosa na divulgação da Doutrina, na sustentação do Centro Espírita e na manutenção de uma escola e de um orfanato. E quando ele diz que “a língua quase o perdeu”, é preciso esclarecer que não se tratava de uma pessoa maledicente ou desrespeitosa, com quem quer que fosse. Ele era, simplesmente, extremamente franco e sincero, sem meias palavras, e, infelizmente não sabia calar quando o assunto era delicado e recomendava uma dose de indulgência.

Benevolência e indulgência – eis o que compõe o conceito de caridade segundo entendia Jesus e nos ensina a Doutrina. São essas as virtudes que nos pedem os Espíritos, para que alcancemos patamares mais elevados de merecimento. E ele nos alertou para que pratiquemos essas qualidades, não apenas nas instituições beneficentes e no Centro Espírita, o que é fácil, porque são lugares protegidos espiritualmente, que oferecem ambiente propício, no qual nos sentimos muito bem, mas também no seio da família, nos círculos de amizade e trabalho para com os nossos próximos.

Devemos, portanto, policiar nossas palavras para que não venhamos a nos arrepender. Evitar termos impróprios e anedotas pesadas e de mau gosto. Lembremo-nos de que tudo o que dissermos permanecerá em nossa atmosfera mental, atraindo aqueles que pensam da mesma forma e também os espíritos, que passarão a formar o círculo em redor de nós. A boa educação se manifesta principalmente através das palavras que pronunciamos. Se nossas palavras forem ásperas, se em cada pessoa observarmos um adversário, a nossa existência se tornará uma tragédia. Vamos atrair para nossa vivência, amigos devotados por meio das nossas palavras, voltados sempre para o bem e o amor ao próximo.

Assim como o Universo foi criado pela vontade e palavra de Deus, assim também nosso pequeno mundo individual é criado pelas nossas palavras, porque, as palavras são manifestações dos nossos pensamentos e, através das palavras, amáveis e delicadas, sinceras e animadoras, poderemos criar um mundo de paz e harmonia, de saúde e felicidade. Nunca devemos esquecer de que uma palavra proferida, jamais poderemos apagá-la, ou desfazê-la. Por essa razão, sempre devemos pensar antes de usar a nossa língua a fim de não criarmos embaraços ou um possível inimigo com a nossa palavra. Jesus certa vez nos advertiu sobre o mau uso das palavras, dizendo: “Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia do juízo e pelas suas palavras serão condenados”. (Mateus 12- 36/37).


Bibliografia:
“Evangelho Segundo o Espiritismo”

Jc.
S.Luis, 04/09/2003

QUEM MERECE VIVER OU MORRER ?

QUEM MERECE: VIVER OU MORRER ?


Apesar de não gostarmos de admitir, o ser humano é um indivíduo de visão bastante estreita em se tratando de assuntos como à vida, a doença e a morte. Apesar disso, quando fazemos algum avanço, nos arvoramos em detentores da verdade, forçando a Natureza a caber em nossos poucos conhecimentos e tentando reduzir o Universo a uma casca de noz. Este pensamento egoísta e pretensioso é típico do ser humano, principalmente daqueles que têm um conhecimento técnico mais amplo do que a maioria dos outros; mas têm uma visão mínima da vida, da natureza humana e do Criador.

Esta arrogância já foi experimentada muitas vezes e a história da humanidade nos conta esses tristes episódios que, infelizmente, acontecem em abundância. Apesar disso, observa-se que não aprendemos quase nada já que mantemos até hoje, um holocausto velado, que não se faz mais nos campos de concentração, mas nas ricas e bem decoradas clínicas, onde se propala uma “medicina fetal”, cuja arma “terapêutica” mais utilizada, é a morte de fetos, chamada clinicamente de “subtração”, sem levar em consideração o direito do espírito que precisa da encarnação. Sob o falso argumento de proteger a mãe e seus direitos, muitas mulheres são induzidas à “subtração” de seus fetos diante de diagnósticos de má formação ou síndromes genéticas. Diante da importância da medicina e seus praticantes em dar solução a determinadas doenças ou más formações, a saída é eliminar os futuros bebês, evitando que o “fracasso e a incompetência” anunciada se materialize. De início indicam a “subtração” dos fetos de má formação; em seguida, aqueles com genes que trarão doenças graves no futuro ou, então, para garantir que nada de ruim possa acontecer com aquela família. Depois, poderão aconselhar a “subtração” pelo fato da altura não ser a desejada, pela cor dos olhos, dos cabelos, o sexo não desejado, o grau de inteligência não agradável aos pais, e quantos mais motivos para esse “crime hediondo” praticado contra a Lei de Deus.

Na Holanda, já estão matando fetos com má formação da coluna vertebral. Tudo isso tem um nome: Eugenia. O ser humano escolhendo, segundo seus interesses ou convicções, quem merece viver e quem deve morrer a exemplo de muitos hospitais públicos que já praticam essa norma, em função da falta de condições de tratar de todos os necessitados. Depois de tantos séculos de experiências dolorosas, continuamos a incidir no mesmo erro, de querer decidir sobre a vida de nossos semelhantes, praticando uma atitude infeliz que gera dor e sofrimentos, pelo interesse de pessoas ou grupos, nos tornando algozes de futuros bebês e criminosos conscientes perante ao Leis de Deus.
Damos um exemplo a seguir: Uma jovem grávida levada a uma dessas
clínicas que julgam quem deve viver ou morrer, com um feto com “esclerose lateral amiotrófica”. É uma doença que provoca a destruição gradual das células do cérebro e da medula espinhal, que controlam os músculos do corpo, levando seu portador a paralisia que impede de se mover, de se comunicar, tornando-se prisioneiro do seu próprio corpo; capaz de pensar, mas incapaz de se expressar, até que a doença atinja seus músculos respiratórios, levando à morte, no máximo em três anos, após o nascimento. Certamente, o médico dessa clínica recomendará a “subtração” desse feto; pois quem gostaria de ter um filho assim? – Facilmente esse médico convenceria a família, se esta não tiver uma formação cristã. Imaginemos os argumentos: Vocês podem ter outro filho e não há necessidade de passar por tudo isso; em alguns minutos, tudo estará concluído e vocês poderão ir para casa e prosseguir com suas vidas.

Vamos oferecer ao médico um outro exemplo: Esse feto poderia se tornar um dos maiores físicos do mundo, professor em Cambridge, na mesma cadeira que pertenceu a Isaac Newton; escritor de livros incríveis que iriam facilitar o conhecimento da Física, para as pessoas comuns... O que o médico diria aos seus pais? – Certamente diria: - Vocês terão um gênio; essa criança trará grande contribuição à humanidade. Meus parabéns, vamos cuidar para que a gestação corra sem problemas e a criança nasça bem...

Analisando esses dois casos, chegamos a uma surpresa; os dois casos se referem a uma mesma pessoa; o doutor Stephen Hawking, que foi diagnosticado com uma doença, que após nascer e, contrariando a lógica de apenas três anos de existência, aos 21 anos de idade se formou em doutor, e formulou suas teorias sobre Física, escrevendo livros. Casou-se, teve filhos e assombrou a todos, vivendo por mais de 42 anos, com uma doença que deveria matá-lo nos primeiros anos de existência. A ciência humana tem feito prognósticos como o do primeiro caso, mas nunca será capaz de fazer prognósticos sobre os desígnios de Deus, como no caso do Dr. Stephen, que pela lógica, não teria chances de sobreviver.

Vejamos um outro caso: Conheci há alguns anos, uma mãe que deu a luz, um menino, na época em que fiz este artigo (2001) ele estava com 18 anos, tetraplégico e mudo, praticamente incomunicável com o mundo exterior. Somente seus olhos, com o brilho da vida que palpitava em seu interior, se expressavam cheios de sentimentos, mensagens e significados. Nascido já com todos os motivos para desistir da existência, ele sobreviveu por alguns anos. Contra todas as expectativas médicas, ele conseguiu desenvolver alguns movimentos e articular alguns sons, como comunicação com seus pais. A alegria espontânea do brilho dos seus olhos, era vida que transbordava de sua alma, como a dizer a todos ao seu redor: “Vejam, não posso fazer nada, dependo de alguém, até mesmo para coçar meu nariz, mas sou feliz porque
posso aprender alguma coisa e melhorar com esta existência”.

Fico imaginando, se ele pudesse falar talvez desejasse saber: “Como é
caminhar na rua num dia de sol, tomar banho na chuva, trocar a própria roupa? Como é falar ao telefone, fazer um carinho, sentir o vento no rosto? Como é cantar uma música, andar de bicicleta, assistir um filme comendo pipoca? Qual a sensação de andar de carro, pentear os próprios cabelos, olhar o firmamento e a lua cheia? - Ao imaginar tudo aquilo percebo quantas coisas que, às vezes não somos capazes de reconhecer e dar valor em nossas existências e que só valorizamos quando perdemos.

Perguntada por mim, se tinha desgosto pelo seu filho ter nascido com tantos problemas, ela me respondeu que o seu filho era uma bênção de Deus, pois ele tinha lhe ensinado a ser perseverante, resignada, agradecida, e só pedia a Deus que não o levasse antes dela, tal o amor que sentia pelo seu filho e porque ela não teria paz onde quer que estivesse.

Existiu em uma cidade uma menina que, aos 14 anos de idade, fora acometida por uma doença oftalmológica que redundou numa cegueira em ambas as vistas. Enquanto ainda enxergava, sua paixão era a pintura em tela. De fato, ela pintava muito bem, na sua idade. Por essa razão ela deveria ser privada da vida? Seus pais para evitar traumatismo psicológico, resolveram mudar para outra cidade distante e desconhecida, onde era de praxe, todo final de ano, realizar um concurso de várias modalidades de artes. Ela, ao tomar conhecimento, pediu aos seus pais que lhe inscrevesse na categoria de pintura. No dia da proclamação dos vencedores, o teatro estava com sua lotação máxima. A expectativa era grande entre os concorrentes. Para surpresa geral, ao ser exibido e anunciado o quadro vencedor, o autor era totalmente desconhecido.

Ela, ao se apresentar, causou espanto, ao constatarem que se tratava de uma menina com deficiência visual. A notícia causou suspeita de irregularidade
no tocante a seriedade do julgamento, e os responsáveis pelo concurso, para se resguardarem das imprevisíveis conseqüências, reuniram-se e deliberaram que fosse comprovada a veracidade da autora da obra. Ela deveria pintar outro quadro na frente da banca julgadora. Imediatamente foram providenciados pincéis, tela e tintas para que a menina pintasse outro quadro. O presidente da comissão examinadora disse àquela menina: - Você tem 15 minutos para pintar o que você quiser. Ela lhe respondeu: Qual o santo da sua devoção? – Ele respondeu: O Sagrado coração de Jesus. – Em alguns minutos, um lindo quadro com a imagem de Jesus estava pintado. A platéia delirou, enquanto o responsável, admirado, lhe perguntou: - Menina, como você pode fazer isso? Ela respondeu: A mamãe Natureza permite que os deficientes físicos laborem através de múltiplos sentidos e pela linguagem do Amor, que é Deus.

Estes são exemplos de muitos casos que acontecem por este mundo, que só o conhecimento das Leis Divinas pode explicar; a reencarnação, a expiação, a conformação, a aceitação, a evolução, tanto de filhos como de muitos pais.

Bibliografia:
Jornal “O Imortal”

Jc.
20/11/2010

MORAL ESTRANHA

MORAL ESTRANHA

Há passagens nos Evangelhos, escritas pelos apóstolos e discípulos que se contradizem e que são atribuídas a Jesus. Dentre estas, as mais significativas são as que nos serve de título nesta exposição: Moral Estranha.

Diz Lucas, no cap. XIV vrs. 25 e 26, que Jesus se dirigindo a uma multidão lhes diz: “Se alguém vem a mim, e não aborrece seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, sues irmãos e suas irmãs, e mesmo sua própria vida, não pode ser meu discípulo”. Já, Mateus, que foi seu apóstolo, referindo-se ao mesmo assunto, diz no cap. X v. 37, que Jesus teria dito o seguinte: “Aquele que ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; aquele que ama sua filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim”. Diz ainda Mateus, no cap. XIX v. 29, que Jesus teria dito: “Todo aquele que tiver deixado, por meu nome (minha causa), sua casa ou seus irmãos e suas irmãs, ou seu pai ou sua mãe, ou sua mulher ou seus filhos, ou suas terras; por isso receberá com vezes mais, e terá por herança a vida eterna”.

Entre estes dois textos narrados pelos evangelistas, chega-se a conclusão de que Lucas, por não ter sido apóstolo de Jesus, tomou conhecimento distorcido da vida e dos ensinamentos de Jesus, através de outros, conforme ele mesmo admite no cap. L v. 2, no seu Evangelho, escrito 70 ou mais anos depois da partida de Jesus, conforme aconteceu também com Marcos. Sendo assim, como é comum, quando se ouve uma história e se passa essa mesma história para outra pessoa, nunca a reproduzimos conforme a ouvimos; sempre se suprime, modifica ou acrescenta alguma coisa, para melhor apresentá-la. Há outro motivo; na língua hebraica havia muitas palavras com vários significados; como a palavra que exprimia “camelo”, que tanto podia se referir ao animal como também a corda feita com o pelo do camelo, sendo empregada por Jesus, quando disse que era mais fácil um camelo (corda) passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus.

Há ainda o fato de que os primeiros escritos foram gravados em rolos de papiros, material facilmente deteriorável, sendo comum também as alterações dos escritos, todos eles feitos a mão, acrescentando ainda que não existe um único texto original, sendo tudo “cópia de cópia”, onde se multiplicaram as falhas e os enganos. Assim sendo, deixemos a narrativa de Lucas que não condiz com os ensinos de Jesus e passemos a analisar o texto de Mateus: “Todo aquele que tiver deixado, por meu nome (causa), sua casa ou seus pais, sua mulher e seus filhos, seus irmãos, ou suas terras; por isso receberá cem vezes mais, e terá por herança a vida eterna”. A aplicação dessas máximas também ocorre quando há uma guerra e a pátria exige que seus filhos deixem interesses e afeições de família, para defendê-la, às vezes até em terras distantes, como tem acontecido.
Porventura é censurado aquele que deixa os pais, mulher, filhos, irmãos, o lar e seus deveres, para marchar em defesa da pátria? Ao contrário, reconhece-se o mérito por cumprir um dever. Existe, portanto, deveres que se sobrepõem a outros deveres. Temos outro exemplo: Quando cumprindo uma lei, a filha deixa seus pais para seguir seu esposo. Quantos deixam também os familiares, às vezes até em situações difíceis, para atender um determinismo divino, que nos retira da existência terrena? O mundo está repleto de casos em que as separações são necessárias; mas as afeições não deixam de existir por causa delas. Vê-se então, que essas palavras de Jesus, não são a negação do mandamento que determina honrar e amparar pai e mãe, nem do sentimento de ternura paternal; principalmente quando existe também o vínculo espiritual. Essas palavras de Jesus tinham por finalidade mostrar o quanto era imperioso o dever de se preocupar e viver para a vida futura, que se sobrepõe a todos os interesses e todas as considerações da existência terrena.

Passemos agora a outro texto em que, Lucas e Mateus dizem as mesmas coisas: “Não penseis que eu vim trazer a paz sobre a Terra; eu não vim trazer a paz, mas ao contrário, a divisão; porque eu vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra; e o ser humano terá por inimigos, os de sua própria casa”. Lucas cap. 12 v. 49/50. Mateus cap.10 v.34 a 36.

Sendo Jesus a personificação da Paz e Bondade, pregando o amor ao próximo; essas palavras não nos parecem uma contradição com seus ensinamentos?- Não! - Não, se procurarmos o seu verdadeiro sentido que expressa alta sabedoria. Somente à forma um pouco alegórica que tomada ao pé da letra, tenderia a transformar sua missão pacífica, numa missão de perturbação e discórdia, o que seria um contra-senso, porque Jesus não poderia se contradizer. Analisemos então esta passagem.

Toda idéia nova encontra sempre oposição, e não há uma única que tenha vencido sem lutas árduas. Mas, se ela é verdadeira, se está sobre uma base sólida, um pressentimento adverte seus opositores de que ela representa perigo para eles; por isso combatem a nova idéia e seus seguidores. Assim foi com Sócrates e Jesus, outrora, e hoje está sendo com a Doutrina dos Espíritos. Jesus vinha proclamar uma doutrina que destruía pelas bases, os abusos e privilégios nos quais viviam os fariseus, escribas e sacerdotes do seu tempo. Por esse motivo, o fizeram morrer e aos seus apóstolos, discípulos e seguidores, crendo matar a idéia, matando os homens; mas a idéia sobreviveu, porque era verdadeira e estava nos desígnios Divinos.

Infelizmente os adeptos da nova doutrina não souberam entender e interpretar os ensinamentos do Mestre, a maior parte feita por parábolas e alegorias; daí nascerem as divergências e várias seitas, cada qual pretendendo ter a verdade exclusiva, esquecendo os mais importantes preceitos que Jesus ensinava como condição de salvação: O amor a Deus e ao próximo e a caridade.. Assim, quando Jesus disse: “Não creiais que eu vim trazer a paz, mas a divisão”, seu pensamento era: Não creiais que a minha doutrina se estabeleça pacificamente; ela conduzirá a lutas sangrentas, das quais meu nome será o pretexto. Os irmãos, separados por crenças, se digladiarão um contra o outro e a divisão reinará entre os membros da família que não tiverem a mesma fé. Não é isso o que aconteceu em todos os tempos? Desde a época de Jesus, passando pelas Cruzadas, chegando aos tempos da Inquisição e até os nossos dias, o que observamos, lemos nos jornais, ouvimos nas rádios e vemos nas televisões? Irmãos se agredindo e se matando em nome de Jesus. Não é isso o que acontece na Irlanda e na Palestina? Não estão em lutas e mortes, católicos e protestantes, judeus e muçulmanos? Eles não estão se digladiando por pretenderem ter a verdade e em nome de Deus? E no resto do mundo, quantas perseguições e mortes em nome de Jeová, de Allah, de God, de Deus?

Jesus, em sua profunda sabedoria, já previa o que deveria acontecer porque eram coisas que se prendiam à inferioridade da natureza humana, que não podia se melhorar de repente. Seria preciso que o Cristianismo passasse por essa longa prova e ressurgisse dela puro, com o advento da Doutrina dos Espíritos; que veio ao mundo no tempo certo predito por Jesus, como o Consolador Prometido, para relembrar tudo o que fora dito, retirar o véu de muitas coisas e esclarecer outras mais que Jesus não pudera ensinar aos seres rudes e ignorantes da sua época. Descoberto, portanto, o sentido oculto das palavras de Jesus, a moral estranha não passa de mais um ensinamento mal compreendido e mal interpretado, pelas pessoas que se limitam apenas a ler, não percebendo nas alegorias e parábolas usadas por Jesus, o sentido moral e espiritual de que se fazia portador.

Lembremos a pergunta que os apóstolos fizeram ao Mestre: “Por que lhes falais por parábolas?” – E respondendo Jesus disse: “Porque para vós outros, vos foi dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas para eles não foi dado. Eu lhes falo por parábolas, porque vendo não vêem, e escutando não ouvem nem compreendem, para que se cumpra a profecia de Isaías, quando disse: “Vós escutais com vossos ouvidos e não ouvireis; olhareis com vossos olhos e não vereis, porque o coração desse povo está entorpecido”.

A Doutrina dos Espíritos vem lançar luz sobre uma multidão de pontos obscuros. Os Espíritos procedem nas suas instruções gradualmente, abordando as diversas partes da doutrina e outras serão reveladas à medida que tenha chegado o tempo do conhecimento. O Espírito de Verdade nos adverte: “Venho, como antigamente entre os filhos transviado de Israel, trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como antigamente minha palavra, deve lembrar aos incrédulos que, acima deles reina a verdade imutável. Espíritas! amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo”.


Bibliografia:
‘Evangelho Segundo o Espiritismo”

Jc.
03/11/1998

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

CONVOCAÇÃO E UNIFICAÇÃO

CONVOCAÇÃO E UNIFICAÇÃO


Bezerra de Menezes dirigiu a seguinte mensagem a todas as Casas Espíritas: “A desorientação geral e o desamor que o mundo apresenta, refletem-se como seria de se esperar, sobre o nosso país, que sofre os efeitos desses males e luta para conservar-se afastado deles, mantendo a tradição de solidariedade humana e de pacífica convivência com todas as nações e povos. Esses sentimentos são, aliás, atributos do povo brasileiro, como também é sua predestinação nacional de ‘Terra da Promissão e Pátria do Evangelho.” A todos devemos oferecer consolo irrestrito, amplo e fraterno, para que a esperança de uma existência melhor com Jesus, renasça em nossos corações amargurados, pois que o consolo e a orientação são o de que mais carecem os seres humanos na sua indigência espiritual.”

A mensagem do respeitável irmão Bezerra de Menezes é também uma exortação aos dirigentes e trabalhadores das Casas Espíritas, para se prepararem a fim de enfrentar essa situação, fazendo os reajustes necessários de tão elevada significação, revendo o quadro dos sentimentos, reavivando a vontade e a fé, para que o Divino Mestre possa contar com o apoio devotado de todos, provando cada um, dessa forma que é cristão verdadeiro e seguidor fiel dos Seus ensinamentos redentores.

As Casas Espíritas, no que respeita à sua organização e funcionamento, podem apresentar duas modalidades diferentes em uma suposta classificação:

a- Casas mistas; materiais e espirituais, como: Centro Espírita em que são
feitas palestras, sessões mediúnicas, com órgãos de assistência social,
tendo ainda educandários, asilos, hospitais, etc.

b- Casas exclusivamente espirituais, como: Centro Espírita com cursos de
iniciação e preparação evangélica, atendimento espiritual e reuniões
públicas de estudo e difusão doutrinária, teóricas e práticas, a saber:
preleções, preces, passes, desenvolvimento mediúnico, água fluidificada,
assistência espiritual e possíveis curas feitas pelos Espíritos Superiores.

Para prover tais possibilidades é necessário o prévio concurso de cooperadores, integrados a Casa Espírita, quando então, os desdobramentos operacionais se tornarão possíveis, tanto em relação a aquisição de recursos como no trabalho espiritual. Tudo isso pode parecer simples, mas as dificuldades estão na Seara que é grande e nos obreiros que são poucos, nas improvisações de momento, na falta de planejamento e na perseverança para levá-lo até as metas pré-fixadas, segundo as finalidades e condições de cada Casa Espírita.

Na Seara Espírita que declara inspirar sua ação em Jesus o Mestre Amado, e em Allan Kardec o infatigável trabalhador, não deve haver privilégios nem atividades improdutivas. Se o Senhor deixou definido que o maior seria quem se fizesse servo de todos, de igual forma deve ser a função dos espíritas e das entidades doutrinárias de qualquer âmbito; servir e servir sempre, mais e
mais no atendimento das necessidades das pessoas, cumprindo o roteiro dos deveres de orientação e assistência sem jamais desejar para si, direitos ilusórios no campo da vantagem e do poder. Chegou a hora da ação e da campanha para chamar ao trabalho, os que queiram suportar o sacrifício, a renúncia em nome de uma nobre causa que é libertar a mensagem de Jesus dos círculos impregnados de fascinação, através do exemplo de vida e do serviço construtivo, identificado com a mensagem moral do Cristianismo-Espiritismo.

No Rio de Janeiro, na sede da Federação Espírita Brasileira, um acordo entre esta entidade e os representantes das Federações Estaduais, foi selado coroando o esforço e o anseio dos trabalhadores idealistas daquela época. O Pacto Áureo, foi a realização dos desejos e reivindicações oriundas das bases, cujas teses foram debatidas sob o crivo do estudo e da razão, e resultaram no Manifesto do Congresso de Unificação Espírita de 1.948.

Entretanto, se houve avanços significativos quanto ao ensino unificado em torno do Pentateuco Kardeciano, o mesmo não aconteceu em relação a união entre as diversas instituições espíritas. As Casas Espíritas trabalham isoladamente, voltadas para as atividades que executam, geralmente sem maiores resultados significativos. Suas formulações se limitam a uma assistência espiritual, muito pouco direcionada às necessidades reais de uma sociedade em transformações constantes e carente de rumos seguros, principalmente no que diz respeito a preparação espiritual das gerações futuras. Bastas que lancemos os olhos para fora das paredes das Casas Espíritas para percebermos uma sociedade sedenta de princípios e carente de formação moral, pré-disposta a receber orientações e conhecimentos que lhe possam dar novo direcionamento. O melhor exemplo disso está na criação de seitas e denominações ditas religiosas que surgem a cada dia, e têm como único objetivo o proselitismo, ou seja, o aumento dos seus fiéis.

Por que não unir esforços e idéias em torno de propostas e projetos comuns com vistas a implantar ações para a mais ampla divulgação dos princípios e ensinos da Doutrina dos Espíritos? – Sobre essa pergunta é do Chico Xavier, na espiritualidade, que recebemos a observação oportuna: “Os espíritas deveriam promover mais encontros em que pudessem não apenas estudar temas doutrinários de destaque, aprofundando-se, por exemplo, no conhecimento das Leis que regem o intercâmbio com o Mundo Espiritual”. Atualmente, estamos necessitando de um maior entendimento entre os companheiros encarnados. Finaliza Chico Xavier, dizendo: “Mediunidade pode ficar para depois; fraternidade não”.

Jesus não teve instituições estruturadas a ampará-lo na empreitada que mudou o mundo; também não se valeu de organização para implantar suas idéias. Entretanto, nenhuma proposta, até hoje, foi mais ousada que a Sua, qual seja, a de “fundar o Reino de Deus no coração das criaturas”. Com a unificação estaremos vivenciando o Evangelho de Jesus, quando o Mestre assevera: “Um só rebanho, um só pastor”. A união demonstra a excelência de qualidade da
Doutrina dos Espíritos nos corações; mas a unificação preserva essa qualidade,
para que passe à posteridade, conforme recebemos do Codificador. Em união somos felizes; em unificação estamos garantindo a preservação do Movimento Espírita aos desafios do futuro. Em união, teremos resistência para enfrentar o mal que existe e cerca o nosso caminho, tentando impossibilitar-nos o avanço. Em unificação estaremos consolidando as atividades para o futuro. Com união construiremos o bom, o nobre; com a unificação traremos de volta o pensamento do Codificador, preservando a unidade da Doutrina.

Unido-nos como verdadeiros irmãos, estabeleceremos o laço de identificação com os propósitos dos Mentores da Humanidade, que esperam a influência que a Doutrina dos Espíritos provocará no mundo das ciências e do pensamento filosófico das religiões. Nossa luta deve ser íntima e não exterior; não contra organizações, mas contra nós mesmos, quando em atitudes praticadas sob o manto da mentira que nos acostumamos a aplicar em favor das vantagens materiais. O Plano Espiritual, precisa de apoio, em nosso plano material mais a ele vinculados, e não àqueles de interesses mundanos, que alimentam paixões, ambições individuais de caráter até mesmo político-partidário. Mais vale um pequeno agrupamento de servidores idealistas, sinceros e bem intencionados e integrados nos programas do Alto, que grandes organizações de cunho social que, de espiritualidade só ostentam o rótulo.

Todos nós que seguimos Jesus, nos dias atuais, temos que possuir metas bem definidas a atingir no campo do bem e da fraternidade, mantendo conduta reta, justa e fraterna, tanto no campo material como moral. Somos diferentes, possuímos sentimentos diferentes, porém falamos a mesma linguagem estimuladora e amiga, trabalhando pelo Evangelho e tendo como norma de ação, os ensinos de Jesus, sem temor, neste mundo de evolução atrasada.

Enquanto cresce a população, crescem entre nós a miséria e o sofrimento, exigindo o desdobramento constante das atividades nas Casas Espíritas, principalmente no atendimento aos idosos e à população infantil; porque as crianças de hoje, serão futuramente os adultos que vão enfrentar os tremendos sacrifícios que caracterizarão os dias finais deste ciclo evolutivo, e abençoarão nesses dias, os esforços e sacrifícios que fazem hoje, os que se dedicam a encaminhar-lhes para seus destinos espirituais.

Em verdade, não está sobrando mais muito tempo para realizarmos o nosso aprimoramento íntimo, porque os acontecimentos se precipitam e a própria Doutrina, a esta altura, já está em condições de abrir espaços e portas bem amplas para receber, esclarecer e encaminhar para a redenção, o fluxo de necessitados, que as ilusões do mundo e as meias verdades confundiram e desviaram do reto caminho. Enquanto a inquietação e o temor constrangem os corações e a violência estende suas malhas mortíferas pelo mundo, mais devem os seguidores de Jesus se unir buscando, como testemunhas que são de Seus ensinamentos redentores de paz, perdão, caridade e amor, únicas armas que poderão assegurar, em parte, a vitória do Bem sobre o mal.

As forças das trevas lutam desesperadamente para impedir que o Evangelho de Jesus vença no mundo, enquanto legiões abençoadas por Jesus se interpõem para que a vitória seja de paz, não de guerra; do amor, não do ódio; do bem, não do mal, porque o bem é a finalidade fundamental da Criação Divina. Mas, para que isso seja alcançado, é preciso que cada um lute primeiramente consigo mesmo, vença suas imperfeições morais, eliminando-as e substituindo-as pelas virtudes que enobrecem o ser humano e que se caracteriza pela pureza de sentimentos, persistência, paciência, humildade, adotando em seus atos, as regras da retidão, da caridade da justiça e do amor. O lema que nos é recomendado é o mesmo de todos desde o início e que se resume na frase: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”. Este é o lema de vigência eterna que devemos seguir sempre, como aprendizes do Evangelho de Jesus, no rastro de milhares de outros companheiros que vieram antes de nós, animados pelos mesmos propósitos redentores.

Aprendamos a conquistar as virtudes e a eliminar as impurezas e vícios prejudiciais, para que possamos evoluir rumo à vida espiritual superior, destinada àqueles que venceram a si mesmos e se fizeram dignos dessa felicidade. O essencial é que a comunhão de todos com o Divino Mestre seja constante e o mais sincera possível, e perfeita a nossa conduta na sociedade onde iremos atuar, como servidores daquele que é “O Caminho, A Verdade e a Vida”, que nos levará às esferas espirituais mais elevadas, pelas obras que realizarmos na difusão e exemplificação dos Seus ensinamentos. Neste período novo, espiritualmente avançado que se aproxima, não deve haver preocupação outras além das de levar os ensinos, em espírito e verdade, ao entendimento e ao coração do maior número possível de irmãos nossos, necessitados de luz e de entendimento espiritual, porque a transmissão das verdades espirituais do Evangelho, é obra espontânea e singela do coração.

Jesus disse que, quando o Evangelho fosse levado a todas as nações, então viria o fim. Pois esse fim está bem à vista, nos horizontes do mundo e está vindo ao nosso encontro de forma ostensiva e rápida, enquanto que a propaganda dos ensinos redentores, não caminha com a mesma rapidez, devido à incompreensão e à negligência dos seres humanos. Os circos romanos do Cristianismo Primitivo, com seus horrores, vejam bem, serão suplantados pela provação do apocalipse de final dos tempos, e as conseqüências de tal hecatombe serão para muitos, de sofrimentos nunca sofridos pelos seres humanos. Para outros, a palavra do Mestre Amado será então ouvida e assimilada em espírito e verdade, e nem um só dos Espíritos que participarem da reabilitação da Verdade, deixará de sentir-se envolvido em bem-aventuranças celestiais.

Com o auxílio jamais negado de nossos companheiros espirituais, o nosso
trabalho será vitorioso e a fraternidade estará solidificada, com ações bem definidas, produzindo os frutos esperados pelo Mestre Amado, para o benefício dos necessitados de esclarecimentos e do encaminhamento espiritual, neste rincão predestinado que é o nosso Brasil. Só é lamentável que companheiros que abraçaram a Doutrina dos Espíritos, com boas intenções iniciais, permaneçam inativos ou indiferentes ao compromisso de trabalhar por livre vontade, a evolução espiritual perante sua própria consciência e com Jesus. Isso significa que não haverá sucesso para todos, pois que, segundo a maneira de agir de cada um, os seguidores ou prosseguem triunfantes até o fim da jornada, engrandecendo-se diante do Mestre, ou estacionam na imobilidade, atrasando seu progresso; haverá até casos em que alguns abandonarão a tarefa e sofrerão as conseqüências inevitáveis.

Mesmo nas horas de maiores dificuldades, tão comuns na nossa existência, o irmão Bezerra de Menezes nos recomenda que elevemos nosso pensamento a Jesus, para que um amigo espiritual se ponha ao nosso lado, a fim de nos ajudar a levar avante nossas tarefas espirituais. Meditemos, portanto, sobre as lições do Sermão da Montanha, o Estatuto da Fraternidade, no qual o Mestre Amado resumiu a conduta daqueles que desejam seguir seus passos pelos caminhos da Espiritualidade Superior, rumo ao Reino Eterno de Deus, origem e finalidade de Sua criação divina. . .



Bibliografia:
Evangelho de Jesus
Livro “Mensagens e Instruções”


Jc.
S.Luis, 18/11/2004

terça-feira, 21 de setembro de 2010

POR QUE NÃO ACREDITO NO CENSO DO IBGE

POR QUE NÃO ACREDITO NO CENSO DO I.B.G.E.

No Censo de 2000, fui visitado por um recenseador que desejava lhe respondesse apenas o Questionário Básico (simples), sem levar em consideração dados importantes da minha pessoa e dos meus familiares; inclusive sobre instrução, saúde, trabalho, renda familiar, composição da família, religião e outros fatores, porque o questionário completo era feito de dez em dez residências visitadas (não sendo o meu caso). Na primeira das dez residências era feito o Questionário de Amostra (completo) que englobava as declarações das demais nove residências.
Assim sendo, se na primeira residência a instrução, a família e a renda fosse inferior; o chefe de família estivesse desempregado ou aposentado e a religião fosse diferente da nossa (espírita), seriamos igualados e incluídos aos dados dessa residência, o que achamos uma irregularidade e não concordamos. Vejamos um pequeno exemplo: Se no conjunto de dez residências a primeira tendo moradores cuja religião seja a católica, e nas demais existirem protestantes, espíritas e umbandistas, será que estes gostariam de serem contados como católicos, tirando-lhes o direito da sua fé ? E se fosse o contrário, elas estariam correspondendo a realidade ?
Na época, recusei fazer o recenseamento e comuniquei por carta, ao chefe da Divisão de Pesquisa do IBGE no Maranhão, declarando as minhas razões e criticando o sistema adotado de amostragem. Em resposta, ele me informou que seria bastante dificultoso e de custo elevadíssimo, conhecer a realidade sócio-econômica de uma população, mediante o recenseamento de todas as residências, quando segundo ele, os mesmos resultados seriam obtidos através da amostragem. Não concordei com ele e não me convenceu de que fosse o Censo honesto.
Hoje, passados10 anos, volto a receber a visita de uma recenseadora com um sistema evoluído de coleta digital, porém, segundo a mesma me informou, o sistema de coleta de dados é o mesmo adotado em 2.000: Um Questionário Completo na primeira residência e as nove seguintes residências, o Questionário Simplificado, considerando os demais dados, os coletados na primeira residência
Uma vez mais, voltei a despachar a recenseadora sem fornecer os dados e fiquei sem ser recenseado., por não concordar como o mesmo sistema de coleta que acho falho. Por que não se faz um Censo que realmente mostre a situação dos habitantes deste país se o mesmo é feito de 10 em 10 anos? Se o Censo é para mostrar a realidade em que vive o povo brasileiro e influenciar na tomada de decisões do Governo Federal, lamento mais uma vez que ele esteja ainda com falhas tão gritantes, no século vinte e um.

Jurandy Castro (Jc)

S.Luis, 21/09/2010

domingo, 29 de agosto de 2010

LAÇOS SIMPÁTICOS E ANTIPÁTICOS

LAÇOS SIMPÁTICOS E ANTIPÁTICOS

Os Espíritos formam, tanto na espiritualidade quanto na Terra, grupos ou familiares unidos pela afeição, pela simpatia e semelhança de inclinações; esses Espíritos são felizes por estarem juntos, ou se reencontram como amigos ao retorno de uma viagem. A união e a afeição que existem entre os parentes são indícios da simpatia anterior que os aproximou; também se diz, falando de uma pessoa cujo caráter, gostos e inclinações não têm nenhuma semelhança com os de seus parentes, que ela não é da família. Isso é maior verdade do que se crê. Deus permite, nas famílias, essas encarnações de Espíritos tanto simpáticos como também os antipáticos ou estranhos, com o objetivo de servir de prova para alguns e de meio de adiantamento para outros. Assim, os maus se melhoram pouco a pouco ao contato dos bons e pelos cuidados que deles recebem; é assim que se estabelece a fusão entre as diferentes categorias de Espíritos, como ocorre na Terra.

Sabemos todos da fragilidade das relações afetivas neste mundo adoecido pelas neuroses, pela miséria material e moral e ainda pela impaciência dos seres humanos, angustiados e vazios de valores essenciais à felicidade que todos nós buscamos. Sabemos claramente que o objetivo de nossa existência na Terra é para nos adequarmos à ordem e à harmonia que regem toda a criação Divina. Sabemos que fomos criados por amor e para o amor de Deus, e é essa energia criadora que mantida em alta potência, gera a felicidade, em cuja busca nos temos perdido. Sabemos ainda, que foi para nos orientar na conquista desse objetivo que Jesus veio ao mundo, ensinar-nos a regra áurea da convivência, que não observada nos trás sérios transtornos ao espírito. “Amarás ao senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento, e amarás ao teu próximo como a ti mesmo”, lembrou Jesus.

E porque Jesus fez do próximo uma ponte para Deus, é que temos de lutar pelo fortalecimento desses laços afetivos no mundo. As ligações que aqui estabelecemos são frutos de um primeiro elo que se chama simpatia. Esse elo se transforma depois lenta ou rapidamente em amizade. Essa energia trocada entre dois ou mais seres humanos, pode vir a ser uma usina a gerar a luz do entendimento entre as pessoas, produzindo um sentimento maior, chegando ao amor. Entretanto, se não acompanharmos com dedicação, carinho e zelo o desenvolvimento dessas emoções, elas podem ser diluídas, abortadas. Teremos então que iniciar novo processo em que o cuidado será maior e as dores e as dificuldades também. Portanto, cuidar com carinho de nossas relações com os semelhantes, é uma imposição do momento atual, face às transformações porque passa o mundo, na sua evolução como morada dos seres humanos. Não temos mais tempo a perder com tantos recomeço.

Se, porém, aqueles a quem buscamos amar, se afastam de nosso carinho, a ponto de nossa presença tornar-se um incômodo tão grande que a convivência diária corra o risco de ser ameaçada por tempestades de ódio desgovernado, gerador de tragédias emocionais e físicas, não devemos impor a nossa presença, seja ela aos nossos irmãos, companheiros ou filhos. Poderemos nos afastar fisicamente, porém podemos nos aproximar espiritualmente, através das nossas orações em favor deles. Enquanto isso, ficamos aguardamos a oportunidade para recomeçarmos a tarefa de reaproximação, nesta ou em outra existência.

Certa vez ouvi de uma senhora muito machucada por uma relação dificílima com seu companheiro, o seguinte: “Vou suportar tudo agora, porque não quero conviver mais com este traste em outra existência”. O traste mencionado era o marido. A reencarnação é oportunidade sagrada de reajuste e existe para nos vincular uns aos outros pelo amor e não pelo castigo. As desvinculações na Terra, por qualquer tipo de separação, inclusive pela morte física, não implicam também em desvinculação dos espíritos. Sendo assim, devemos orar e pensar com amor para com nossos desafetos como forma de trabalhar uma nova oportunidade de reencontro, quer queiramos ou não, porquanto é necessário para os resgates e para nossa evolução.

O grande desafio está nas relações familiares que envolvem pai, mãe, filhos, irmãos e parentes. A relação homem/mulher, nos dá a dimensão de nossa insatisfação; da busca desenfreada de prazer; da ânsia de domínio de um sobre o outro; da influência benéfica ou maléfica que podemos exercer sobre outra pessoa, numa relação a dois, ou mesmo numa relação em grupo. Essa relação está atualmente, acrescida dos sentimentos de posse e de competição, nos diversos campos de atuação de ambos, o que tem levado aos analistas e psicólogos, muitos casais em dificuldades e sofrimentos.

A relação entre irmãos, é quase sempre pontilhada de inveja e ciúme. O ciúme fica bem visível na primeira infância, quando nasce um irmãozinho. As atenções, os cuidados e o maior tempo disponível dedicado ao bebê, origina o ciúme no irmão. A inveja aparece mais tarde quando um dos irmãos apresenta dotes físicos, intelectuais ou morais mais acentuados. Um exemplo dessa relação encontramos na parábola do filho pródigo, contada por Jesus, para nos dar a dimensão do amor e do perdão que a misericórdia de Deus nos oferece. A parábola nos apresenta um filho esbanjador. Nela encontramos também um filho egoísta, ciumento e invejoso. Observando a generosidade paterna ao irmão, os sentimentos inferiores que o animam se manifestam e ele passa a reclamar: Alega os anos de serviços; invoca a posição de filho obediente; porém, desrespeita o seu genitor, por tal atitude tomada para com o irmão, incapaz de compartilhar o justo contentamento do pai. Esses filhos se assemelham á muitos de nós, na nossa relação com nossos irmãos em humanidade e com Deus.

A relação entre pais/filhos, exige muita maturidade dos primeiros. Há o problema da vivência transmitida e dos exemplos a serem seguidos. Nesse relacionamento tanto existe pais equilibrados que recebem almas adoecidas nos desregramentos de toda ordem, como também existem pais desviados, que recebem por filhos, almas evoluídas pela prática do bem, para ajudá-los na jornada terrena.

A família é a escola primeira onde exercitamos a solidariedade, embrião do amor que há de unir todas as almas um dia. O próprio Jesus, para estabelecer conosco laços de amor, renuncia à convivência superior, vêm à Terra para suportar, tolerantemente, a ignorância e o desamor da humanidade, iniciando-nos na primeira lição, onde estamos estacionados até hoje: “Amai ao próximo como a ti mesmo”. Se isso ainda nos parece tão difícil, então devemos iniciar agora esse exercício sublime, começando pelos nossos pais, nossos filhos, pelos companheiros ou companheiras, pelos nossos parentes, pelo nosso lar.

Sabemos que as famílias na Terra nem sempre são constituídas por espíritos simpáticos ou afins. O mais comum são uniões caracterizadas por amigos e inimigos para tarefas de resgates. Daí as dificuldades no relacionamento, as incompreensões, as malquerenças e os sofrimentos, por que passam os seus membros; pais e filhos que não se entendem e irmãos que não são simpáticos. Emmanuel nos esclarece dizendo: “De todas as instituições existentes na Terra, nenhuma mais importante em sua função educadora e regeneradora, do que a constituição da família. Temos no instituto doméstico, uma organização de origem divina, onde encontramos os instrumentos necessários ao nosso próprio aprimoramento espiritual e para a edificação de um Mundo Melhor”.

Um dos fatores desse aprimoramento chama-se educação; educação baseada na idéia de responsabilidade. Sendo o autor dos nossos próprios atos não podemos fugir das conseqüências deles. Se a educação ajuda a tornar a pessoa consciente de que cada um dos seus atos tem implicações para ela e para outras pessoas que o ato envolve, sua existência adquire, a seus olhos, uma consciência maior. Suas preocupações então, estarão voltadas para coisas mais elevadas, mais importantes, do que um prazer momentâneo. A partir daí, podemos encontrar outros fatores como uma formação religiosa, e dedicação ao trabalho, a satisfação da vida, a estabilidade no lar. As palavras de Jesus ainda permanecem tão vivas hoje como quando Ele as pronunciou: “Que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei”.


Que a Paz e o Amor do Senhor, permaneça em nossos corações.


Bibliografia:
Evangelho de Jesus
“Evangelho Segundo o Espiritismo”
REC – Alcione Peixoto

Jc.
S.Luis, 15/06/2004

domingo, 22 de agosto de 2010

TEMPOS NARCISISTAS

TEMPOS NARCISISTAS

“Implantes e cirurgias plásticas, cosméticos e ginásticas modeladoras do corpo, tornam as pessoas, seres coisificados para o comércio da ilusão e do gozo insano, transformando-as.

Desde há trezentos anos, mais ou menos, com o surgimento das doutrinas liberais, do iluminismo, do cientificismo, do modernismo, a sociedade humana lentamente vem abandonando a fraternidade decantada na Revolução Francesa de l789, para assumir uma identidade egoísta e narcisista.

Ante as indiscutíveis conquistas da cultura, da ciência, da tecnologia, desenha-se, lentamente, o individualismo a desserviço da comunidade, trabalhando uma vivência antropocêntrica, toda ela baseada nos interesses pessoais, ficando à margem, aqueles que podem beneficiar todo o organismo social.

Nos dias atuais, o distanciamento que se apresenta entre as pessoas leva-os a situações inquietantes, avançando no rumo de problemas graves de comportamento. Preocupados com as imposições do mercado consumista, os valores éticos lentamente cedem lugar àqueles de natureza imediata, que resultam em poder e em prazer, como se a existência não tivesse outro objetivo, com total esquecimento da temporiedade do corpo físico, das transformações que nele se operam a todo instante e da sua desintegração rumando para a morte. . .

A busca dos recursos para o exibicionismo confundido com felicidade vem induzindo à sociedade mórbida, ao abuso dos usos, à aparência física em detrimento da realidade interior, tornando-se metas principais da existência, a conquista da beleza exterior e da sua preservação, através dos recursos em disponibilidade. Assim, implantes e cirurgias plásticas, cosméticos e ginásticas modeladoras do corpo ideal, tornam os indivíduos seres, coisificados para o comércio da ilusão e do gozo insano.

Há doentia demanda pela autopromoção com esquecimento significativo da reflexão, da beleza interior, da harmonia, que são fatores básicos para a real conquista do bem-estar. A propaganda bem direcionada e exploradora inibe os sentimentos elevados que são substituídos pela ânsia de consumo, descartando-se o de ontem pela aquisição daquilo que é de hoje, mesmo sabendo-se que logo mais estará igualmente ultrapassado.

Não importam as emoções superiores, que se tornam frias, indiferentes ao que acontece com o próximo, desde que não lhe cause imediato problema ou mesmo preocupação, como se o incêndio na casa vizinha não lhe ameaçasse o próprio lar de ser consumido pelas mesmas chamas.

Essa cultura doentia vem dando lugar ao desespero dos desafortunados, que se servem da violência e tomam pela força, aquilo que lhes é negado pelo dever de
humanidade, ampliando-se os quadros da agressividade e do ressentimento em proporções preocupantes. Dessa maneira, aumenta o exorbitante abuso do gozar e do poder, diminuindo o respeito pela vida e todas as suas expressões, dando lugar ao convulsionado comportamento da competitividade insana.

Tudo é rápido, no tempo sem tempo, sem oportunidade de apreciação, de análise, de vivência aprazível do que se consegue. A cooperação, o sentido de união e a fraternidade vão desaparecendo, manifestando-se apenas quando resultam benefícios imediatos para aqueles que lhes são afins. Tem-se a sensação de que o amor empobreceu e se transformou em expressão de consumo, permutando-se os sentimentos mascarados enquanto vigem os proveitos. A falta, porém, do amor no ser humano, torna-se grave problema existencial que o conduz ao desespero mesmo que silencioso, ao sofrimento desnecessário, que poderiam ser resolvidos no aproximar-se uns dos outros com objetivos destituídos de interesses.

O narcisismo é prática anti-social, que degenera em corrupção moral e insensibilidade emocional. Preocupado somente com a sua imagem, o narcisista opera segundo as manipulações que lhe ofereçam resultados lucrativos, elogios e aplausos ilusórios. Dominadas pelo capitalismo perverso, as criaturas são educadas para usufruir ao máximo, trabalhando em favor do individualismo que se sobrepõe às mais avançadas técnicas proporcionadas de uma existência feliz para o ser humano.

As empresas, insensíveis aos seus servidores, visam apenas o lucro, atendendo aos impositivos legais, longe, no entanto, da retribuição verdadeira àqueles que fazem parte de seu organismo social. Seus executivos pensam apenas no crescimento e nas rendas da entidade, sendo vítimas, periodicamente, dos conflitos econômicos e das oscilações das ações nas bolsas de valores em ascensão e quedas freqüentes.

O objetivo real da existência é proporcionar ao Espírito o desenvolvimento dos recursos divinos nele inseridos e adormecidos, que são capazes de guindá-lo a real alegria e à saúde integral. Olvidando-se esse sentido existencial, o tempo é gasto no acumular do poder e no usufruir dos prazeres, alcançando patamares de insatisfação e perda de significado psicológico, esquecendo-se da própria realidade da existência. Essa perda de identidade pessoal, de assimilação ao então conceituado, é mais profunda do que parece na superfície, em face do desgaste emocional do que se é interiormente e daquilo que se deve apresentar por fora.

Em face desse consumismo narcisista, houve uma perda inevitável da realidade, em virtude das imposições do tempo, que devem estar adstritas aos jogos interesseiros. Onde predomina, porém, o egoísmo, desfalece o sentimento de humanidade. Vivendo-se artificialmente, o tédio e o desespero dão-se as mãos e saem em busca da harmonia e da confiança perdida, do amor, ou derrubam as suas vítimas nos poços profundos da alucinação.
É necessário reverter-se esse quadro infeliz, conforme já vêm ocorrendo em alguns setores científicos e culturais, inclusive na medicina que já recomenda o amor como a mais saudável terapia preventiva e curadora, em relação aos diversos males da sociedade antropocêntrica. Lentamente se torna necessária a volta à consideração das coisas simples e puras da existência, aos relacionamentos humanos, à contemplação da beleza das paisagens, às considerações em relação à Natureza e à sua preservação.

Descrentes e ignorantes do significado do amor, porque é confundido com o desejo e o sexo, os indivíduos redescobrem a fraternidade, a compaixão, a solidariedade, e ressurgem os sentimento afetivos vitalizando as débeis forças que se consumiram no tráfico das paixões servis. A compreensão, portanto, da fragilidade orgânica, das mudanças que se operam em todos os sentidos enquanto se encontra o Espírito no corpo físico, faculta uma visão diferenciada do narcisismo e nasce o desejo de repartir, compartir, solidarizar-se.

Quem elege a solidão, candidata-se ao abandono; quando se escolhe a solidariedade, encontra-se o íntimo feliz e algumas vezes o gesto de retribuição.

Dizem que o sentido do amor desapareceu por falta de correspondência, por traição e infâmia, por falta de vitalidade. A alegação é falsa, porque destituída de significado. Mesmo que alguém não retribua o afeto ou o degrade, isso não significa a fraqueza do seu conteúdo, mas a debilidade moral do indivíduo. O amor é dinâmico e realizador. Caso alguém o desrespeite ou lhe traia a confiança, ele permanece intocável, à semelhança da luz solar que beija o pântano e a pétala da rosa, mantendo-se integral, inatingível.

É inegável que o narcisismo deve ceder lugar, na cultura do futuro; nesse vai-e-vem que se desenha para o porvir, sendo trocado pela fraternidade que vigorará nas mentes e nos corações, como passo inicial para a plenitude do amor, que tanta falta faz à civilização hodierna. . .”




Bibliografia:
Livro “Atitudes Renovadas”
Joanna de Angelis
Psicografia de Divaldo Franco
+ Pequenas modificações.


Jc.
S.Luis, 12/8/2010

sábado, 21 de agosto de 2010

ASCENSÃO ESPIRITUAL

ASCENSÃO ESPIRITUAL


Em Gênese, no cap.28 vr.12, encontramos... “E eis que uma escada era posta na Terra, cujo topo tocava os Céus, e os anjos de Deus desciam e subiam por ela...”

Do ponto de vista corporal, o ser humano pertence à classe dos mamíferos, dos quais difere apenas na forma exterior; tendo a mesma composição química que todos os animais, os mesmos órgãos, as mesmas funções e os mesmos modos de nutrição, de respiração, de secreção, de reprodução; ele nasce, vive e morre nas mesmas condições, e, com a morte do seu corpo físico, ele se decompõe como tudo o que vive. Não há em seu corpo, um átomo diferente daqueles que se encontram no corpo dos animais. A analogia é tão grande que se estudam as funções orgânicas de certos animais, quando as experiências não podem ser feitas no ser humano.

Na infância da Humanidade, o ser humano só aplicava a sua inteligência na procura de sua alimentação, dos meios de se preservar das intempéries e de se defender dos animais ferozes; mas Deus lhe deu, a mais do que ao animal, o desejo incessante de melhorar-se, e é esse desejo que o leva à procura dos meios de melhorar sua posição, que o conduz às descobertas, às invenções, ao aperfeiçoamento da ciência que lhe proporciona o que lhe falta. Através das pesquisas, sua inteligência aumenta, sua moral se eleva; às necessidades do corpo sucedem às necessidades do espírito e é assim que o ser humano passa da selvageria à civilização, realizando sua ascensão espiritual.

Sabemos que, todos os desníveis entre dois planos pedem recursos de acesso para chegarmos ao alto, quais sejam: rampa, escada, elevador, teleférico, etc.. Assim também acontece no plano espiritual. Temos nas Revelações, os degraus de acesso aos planos superiores celestiais. A ascensão espiritual assemelha-se a uma escadaria praticamente imensa, cuja base assenta-se na Terra e o topo perde-se nas alturas... Para galgá-la, se fazem necessária á boa-vontade, trabalho, perseverança e fé no objetivo final, sem distorções, desvios, interrupções, nos degraus inferiores. À medida que subimos, o panorama vai se ampliando, e vislumbramos mais longe; chegamos mesmo a ficar pasmos quando nos conscientizamos de nossa anterior limitação, da pobreza de nossa compreensão e visão...

Nosso primeiro degrau foi construído por Moisés, ao nos trazer as primeiras noções de justiça e as Leis de Deus, constantes no Decálogo. O segundo degrau foi construído pelo próprio Jesus, e nesse nível, já nos foi possível vislumbrar o horizonte espiritual que então se descortinou às nossas vistas. O terceiro degrau, correspondendo aos ensinos complementares da Doutrina dos Espíritos, necessários para alcançarmos o plano superior, foi construído pelos Espíritos Superiores, sob a orientação do Mestre, e com a colaboração de Allan Kardec e dos demais mensageiros de Jesus.

Outro referencial do movimento de ascensão é o tempo. Ao que sabemos a Humanidade teve aproximadamente dois mil anos para percorrer cada um desses dois estágios. Levando-se em conta que dois estágios já foram vencidos, e os tempos são chegados, concluímos que temos tão somente mais mil anos para concluir a ascensão ao último e definitivo estágio da fase evolutiva em que nos encontramos. A alternativa para os que não conseguirem a ascensão dentro desse tempo, aproveitando as existências que ainda lhes são concedidas, será a queda, outra vez, para os níveis inferiores, onde as dificuldades serão maiores e os sofrimentos indescritíveis.

Estamos atualmente sendo convocados a ascender para este último nível que facultará a nossa libertação espiritual. Entretanto, sem querermos, em todo momento, estamos ainda sujeitos à “escorregões” que podem nos reter mais uma vez, nos abismos existenciais da ignorância, da preguiça e da maldade.

Cairbar Schutel, vale-se de uma parábola filosófica para fazer-nos compreender melhor a questão da ascensão espiritual e o momento evolutivo. Diz ele: “No meio de uma cadeia de montanhas, se eleva um pico isolado sobre o qual se percebe vagamente um antigo edifício. Certa vez um ousado viajante propôs-se alcançá-lo, e pôs-se à tarefa. As ervas suspensas nos flancos dos
precipícios, um tronco carunchoso, uma pedra escorregadia... tudo lhe serve de ponto de apoio; esforça-se , arrasta-se, salta e, finalmente, coberto de suor e fatigado, chega ao desejado cume. Aos seus olhos, espraia-se toda a enorme cadeia de montanhas e os mais belos horizontes se abrem diante dele. O que só via confusamente, agora abrange e domina num lance de vista... Em baixo, ao longe vê os obstáculos contra os quais empregou seus esforços e ri-se da sua inexperiência; de pé contempla os que se deixaram vencer sem tentar e admira-se da própria audácia.

Os companheiros, medrosos e sem força de vontade para vencerem as dificuldades da subida, não o puderam seguira não ser com a vista. Então, desbravando a subida, o viajante descobriu um atalho, porque só era visível do alto do pico. É por esse atalho que desce então o viajante que chegou ao alto, e é por ali, que ele se coloca à frente dos demais que ficaram ao sopé do pico, e lhes diz: “Segui-me!” Ele os conduzirá sem perigos e sem maiores esforços até o cume, cuja conquista lhe custara tanto esforço e sacrifício. Graças a ele a montanha já se tornou acessível ! Todos os viajantes podem agora do alto, admirar o formoso edifício, os panoramas sublimes, os magníficos horizontes que dali se descortinam.

Eis a imagem da nossa ascensão espiritual às gloriosas paragens da Imortalidade. Os seres humanos, na grande maioria, caminham sem se elevar ao cume da montanha, porque vão e voltam em delongas por caminhos da horizontalidade material, que não os conduzem às alturas espirituais. Algumas vezes, elevam-se até certo ponto, mas voltam atraídos aos planos inferiores, porque não desejam transitar pelo verdadeiro caminho do amor, que os
conduziriam com segurança às alturas da montanha espiritual.”

Explicando a parábola de Cairbar Schutel, vemos na cadeia de montanhas a representação das antigas religiões, e no edifício antigo, a Revelação. As ervas suspensas nos flancos são as virtudes que nos ajudam a beneficiar o próximo e nos conduzem ao amor de Deus; a volta aos planos inferiores, são as más paixões, o egoísmo, o orgulho e a maldade. O viajante que subiu ao cume é Jesus, seguido de seus mensageiros, onde se destaca Allan Kardec, que nos ensina o caminho para também chegarmos ao alto. Os companheiros que tentaram e conseguiram chegar até certo ponto, são todos os que atualmente se esforçam por chegar ao cume, mas que presos à atração da Terra e vencidos pelas dificuldades e pelas paixões inferiores, voltaram aos planos infelizes, atrasando o progresso espiritual.

A ascensão espiritual é resultado do esforço, da perseverança, da fraternidade e do amor, associado ao progresso moral e a elevação intelectual. Todos os que estudam, aprendem, trabalham e exemplificam estão caminhando nos dois planos de vida que se entrelaçam; um como complemento do outro; numa permuta constante; são finalmente, espíritos evoluídos que descem a auxiliar os que se encontram na Terra, que pelos seus esforços, também se tornarão melhores, porque estão trabalhando para subir o cume. Ninguém segue só
nessa difícil escalada. Deus e Seus mensageiros estão sempre atentos, e por isso nos enviou o Mestre Amado, o viajou da montanha, em busca das retardatárias ovelhas, para levá-las ao Aprisco Divino, no Reino de Deus.

Os seres humanos progridem, fazendo a ascensão espiritual, por si mesmos e pelos esforços de sua inteligência, mas, entregue às suas próprias forças, esse progresso é muito lento, se não são ajudados por outros seres mais avançados, como o aluno o é por seus professores. Todos os povos tiveram os seus homens de gênio, que viveram, em diversas épocas, para dar impulso aos mais atrasados e tirá-los da inércia.

Impossível é deter-se o progresso da humanidade. Uma nova ordem de coisas está se estabelecendo na Terra, substituindo uma anterior, a fim de que nosso mundo se transforme em um mundo de regeneração, conforme nos esclarecem os Espíritos Superiores. Essa transformação está se operando lentamente, apesar das grandes resistências que se lhe opõem, com nosso ou sem nosso concurso, e não há nesse campo de lutas, a opção da neutralidade. É necessário seguir uma regra de valores, e Paulo de Tarso nos aconselhou: “Cada um permaneça diante de Deus, naquilo a que foi chamado”, melhor dizendo: cada um procure o progresso, de acordo com suas possibilidades e nas condições em que se encontra na sociedade.

Busque, pois, o ser humano, no estudo das diretrizes da Doutrina dos Espíritos, os conhecimentos que poderão ampliar o discernimento, evitando as quedas e facultando-lhe uma escolha mais consciente e segura de seus próprios caminhos, no sentido da evolução espiritual. Somos os trabalhadores convocados a colaborar na Seara do Senhor, e aproveitemos essa oportunidade para progredir. Por isso, não nos basta apenas freqüentar habitualmente os Centros Espíritas, assistir as palestras doutrinárias, como se estivéssemos cumprindo obrigações meramente sociais e rotineiras; ineficiente será recebermos passes assiduamente, se não procurarmos retificar os nossos erros, a fim de transformá-los em verdades libertadoras; ilusão nossa a participação semanal em reuniões mediúnicas, se não brotar em nós o desejo sincero de correção das nossas atitudes; inútil nos apresentarmos com belas exposições às platéias espíritas, se não houver os bons exemplos, o desejo sincero e os esforços de reforma íntima; a nossa participação em encontros, congressos e outros eventos espíritas, será sempre apenas momento de lazer, se não surgir o dever da prática cristã, a vivência do companheirismo, da fraternidade, do “unir-vos e do amai-vos”.

Sem essas duas máximas que serviram de lema para os apóstolos e discípulos de Jesus, os outros que os seguiram e os que nos antecederam nessa jornada de trabalho, o nosso desejo de Ascensão Espiritual, através do nosso progresso será sempre prejudicado e realizado somente a custa de maiores sacrifícios, apesar dos nossos sinceros propósitos de cristão. Daí o convite de Jesus, harmonioso no Amor e na Misericórdia de Deus, para com todos os Seus filhos: “Segui-me !”


Bibliografia:
Livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”
“ “A Gênese”


Jc.
S.Luis, 02/02/2005