Vivemos num mundo
conturbado por valores morais negativos. Nesta época de competições
desenfreadas e desonestas; de jogos, loterias e bingos por toda parte; onde
grande parte do povo acha que tudo é lícito para conseguir a posse efêmera e
transitória dos bens materiais; só a Doutrina dos Espíritos nos ensina a
conquistar pela Verdade, Bondade e Amor, os bens imprescindíveis, legítimos e
eternos, que nos darão a felicidade, que o dinheiro da Terra não compra o
ladrão não rouba a traça não rói a ferrugem não ataca e o tempo não consome e
nem a morte arrebata, conforme nos asseverou o nosso mestre Jesus.
Nos tempos atuais, em
que o valor da criatura humana está invertido, porque desceu da cabeça, sede da
inteligência e da razão, passou pelo coração, sede da virtude, do sentimento e
do amor, e, foi alojar-se nos pés; isto porque o homem ou a mulher que chuta
uma bola de couro cheia de ar, com certa habilidade, tem muito mais valor e
ganha muito mais do que um sábio, um cientista ou um missionário, que
sacrificam a existência, em favor da humanidade e de muitos ingratos; só a
Doutrina Cristã-Espírita, identifica e reconhece o mérito das verdadeiras
criaturas de valor, enaltecendo e glorificando-as diante de Deus.
Nestes dias de frivolidades
excêntricas, de rádios-manias, de um futebol agressivo, de festivais carnavalescos,
de baixos valores, de promiscuidade, onde pessoas passam a cultuar com um
fanatismo exagerado, os ídolos de carne e osso, que se exibem por toda parte,
com requebros e malabarismos, ao som enervante de músicas estridentes,
alucinantes, com letras na maioria vazias de conteúdo e as vezes imorais;
parece que os filhos de Deus, exilados neste mundo de provas e expiações,
perderam mesmo o significado da existência e o bom gosto pelas coisas simples,
boas e belas; somente a Doutrina dos Espíritos nos orienta para os exemplos dignificantes
da existência
terrena.
Na atualidade, em que
uma luta de boxe, espetáculo deprimente da barbárie, exibida pela televisão, em
que duas pessoas, por posses terrenas, se agridem, chegando às vezes até a se
matarem; imitando os tempos bárbaros dos gladiadores da antiga Roma, assistida
e aplaudida por milhões de pessoas, que vibram com o sofrimento alheio, numa
afronta aos nossos princípios cristãos; só a Doutrina Cristã-Espírita, nos dá a
noção perfeita e exata de tudo aquilo que é nobre, bom, belo, grandioso e
sublime, nos proporcionando a paz de espírito e o bem-estar.
Nestes dias, em que a
luta pela sobrevivência, nos sobrecarrega de muitos trabalhos, problemas e
responsabilidades, em que os verdadeiros valores morais são substituídos pelo “jeitinho”
e pela “lei de Gerson”, que consiste em se levar vantagem em tudo
e sobre todos, por todos os meios, incluindo a desonestidade, a ganância, as
injustiças e também falta de respeito aos semelhantes; só a Doutrina dos
Espíritos, nos conforta e nos dá a forças para prosseguirmos para a frente e para
o alto, rumo aos planos espirituais elevados de que nos falou Jesus.
Parece que o mundo às
vezes está à beira do caos e que não há mais jeito de melhorar. Ás vezes
pensa-se que nada mais conseguirá reverter à confusão que se instalou. Outras
vezes, nem é bom pensar, nem ler os jornais ou assistir os noticiários da
televisão. Guerras, misérias, violências, crimes, corrupção, impunidade, privilégios,
ganância, desumanidade e dor, são as manchetes de cada dia. Parece até que não
há mais pessoas de bem e nada de bom neste mundo...
Entretanto, o bem
existe. Ele não faz alarde, apenas acontece e não faz notícia. O amor ainda
existe e impulsiona as pessoas ao seu progresso, à busca de sua
espiritualidade, à caridade legítima e mantêm acesa a chama da esperança,
porque Jesus está presente. Ele não se ausentou da Terra, como muitos pensam. Ele
permanece a inspirar o ser humano para o seu destino de progresso, através dos
seus ensinos. Muitas e muitas vezes o
ser humano infringe as Leis de Deus e recebe sempre o retorno do que praticou.
O sofrimento e a dor não tem assim, uma função punitiva, mas sim, reparadora e
educativa.
A destinação do ser
humano é o bem, o progresso, o amor e a felicidade. A violência de todos os
níveis em que se manifesta, é fruto da ignorância, da falta de amor, e da falta
do conhecimento das Leis Divinas. A miséria social é decorrente da miséria
moral. O ser violento e sem valores morais é alguém em profunda ignorância e
miserabilidade espiritual, merecendo nossas orações.
Vivendo atualmente
tantos problemas, as pessoas vão ficando mais pessimistas, mais descrentes e
mais desanimadas. Parecem que estão esperando sempre grandes calamidades. Será
que algum dia as coisas vão melhorar?- O pessimista só pensa assim, sem
esperança em nada, nem nas pessoas e muito menos em Deus.
O pessimismo é um sentimento tão nocivo que nunca
devemos estimular. Diante de tanta amargura, o pessimista chega à conclusão de
que desse jeito não vale a pena viver... Quando é muito forte e constante esse
sentimento, pode levá-lo até ao suicídio, e aí meus irmãos, o sofrimento
aumenta.
O mundo inteiro está
em convulsões e o momento histórico que vivemos é típico dos tempos de avanço.
Vivemos o final de uma era e, quando se vai reformar uma casa, primeiro é
preciso quebrar o que está prejudicando para depois melhorar. É o que está
acontecendo com o mundo atualmente. A sociedade não pode ir bem, quando o ser
humano vai mal. Do ponto de vista prático, o pessimismo tem sido até de alguma
utilidade. Acreditando que os governos não vão mesmo solucionar os problemas,
resolve então as pessoas irem à luta por conta própria, mesmo reclamando de
tudo e de todos. . .
Emmanuel nos
esclarece sobre o momento atual, dizendo: “O materialismo está dominando muitas
pessoas e espalhando a dúvida e o pessimismo em toda parte; mas existem os que
conservam a sua fé; são os que sabem separar as coisas, e é com essa sabedoria
que foge do pessimismo, apesar de todo o mal que os cerca. As ameaças de
guerras, as enfermidades sem cura, as violências ameaçando a todos nós, os
exemplos negativos de corrupção de quem deveria ser modelo, as provações e
resgates que merecemos, devemos enfrentar com a certeza de que tudo há de
passar com o tempo”, conforme a resposta de Maria de Nazaré a Chico Xavier.
Temos convivido com
as crises reais e, muito mais intensamente, com as crises do “ouvi falar”. Melhor
será para nós, se formos realistas; nem otimismo ilusório, nem pessimismo
desencorajador. Que fazer então para que essa situação negativa não nos atinja?
– É simples: Não valorizar tanto as desventuras, próprias do nosso planeta, por
causa de nossas imperfeições. Quanto mais pensarmos e falarmos de coisas
negativas, mais iremos atraindo vibrações negativas, que só nos prejudicam.
Vamos trabalhar pela nossa melhora moral e espiritual, sem nos preocupar tanto
com o que dizem por aí. Tenhamos fé para sabermos esperar que a “onda difícil”
passe, porque tudo passa com o tempo. O que não pode acontecer é ficarmos
parado, esperando que tudo nos venha do céu. Os que assim procedem não são
otimistas nem pessimistas; são apenas preguiçosos e inúteis à sociedade da qual
fazem parte.
Coube à Doutrina dos
Espíritos relembrarem para toda a humanidade, a mensagem legítima de Jesus.
Este, ainda é o grande esquecido, sempre trocado pelas convenções e pelas
formas ritualísticas. Jesus não necessita de tantas celebrações mundanas;
pede-nos apenas que pratiquemos a caridade ao próximo, o perdão sem cobranças,
o bem que se possa faz e toda ação em nome do Amor, e não se admire se a pessoa
mais feliz for você. A pessoa que é distanciada das aquisições dos valores
morais e espirituais prioriza a existência física, fugaz e depois chora a sua
própria imprevidência. Só nessas horas, recorda-se de que existe um Ser
Superior que o ampara e protege e nessa hora certamente vai ouvir a voz de
Jesus ressoando no seu íntimo, a dizer-lhe: “Filho eu estou contigo”.
Se existem pessoas
que animadas de puro propósito se interessam em aprender as coisas boas que o
Mestre Amado legou à humanidade, e que não se afinam mais com essas situações
infelizes, é realmente um acontecimento notável e alentador. Certamente já se
encontram um pouco adiante dos seus semelhantes. O nosso Pai Celestial
certamente os amparará e lhes dará forças para perseverarem nos bons propósitos
até o fim. Vamos, portanto, viver no mundo, deixando aos mundanos, os prazeres
inferiores, porque a nós, outros prazeres virão ao praticarmos o amor e a
caridade aos nossos irmãos necessitados. Vem a propósito, a advertência de
Paulo, quando disse: “Tudo nos é lícito, mas nem tudo nos convêm, para nosso
próprio bem”.
Precisamos estar
preparados para enfrentar essas situações, sem nos envolvermos, sem vacilar nas
nossas convicções e valores. Para que isso aconteça, é preciso termos força de
vontade e conhecimento do que somos e pretendemos ser, auxiliados pela fé que
nos dará as condições necessárias para resistirmos a esses exemplos inferiores.
Sobre o assunto, é ainda Emmanuel quem nos dá outro conselho: “Que sejamos
doadores de paz.” E como fazer isso, num mundo de intranquilidade? - É simples:
Quando falarmos, que nossa palavra seja de concórdia, harmonia e benevolência;
quando escrevermos, que seja sobre o bem, a fraternidade e o amor.
Quem vive em paz,
está sempre pronto a entender os outros aliviando seu trabalho, suas angústias
e seus sofrimentos. Jesus costumava dizer: “A minha Paz vos dou; mas não a paz
que o mundo dá.” Isto porque a paz do mundo é passageira, enquanto a Paz do
Mestre Amado é eterna; é a paz de consciência sem mácula. Apesar dos sofrimentos tão naturais neste
mundo, devemos ter como meta, fazer o bem, sem ostentação ou exibicionismo,
porque o bem que se faz por pensamentos, palavras e atos, faz bem primeiro a
quem o faz. Imaginemos Jesus, se tivesse se preocupado com o reconhecimento de
seus atos. Hoje não teríamos o seu Evangelho, iluminando nossos caminhos e
nosso destino...
Quando Jesus
recomendou aos que tivessem olhos, que vissem, aconselhava que observássemos a
nossa existência, não regredindo nos nossos valores, não sonhando com
facilidades que atrasam nosso progresso moral e espiritual. A posse de bens
materiais nos proporciona o conforto e o luxo; mas essa mesma posse sem
exercitarmos a caridade, nos proporciona sempre a ociosidade e estagnamos
espiritualmente. Seremos verdadeiramente otimistas e felizes, quando aceitarmos
as situações e colocarmos mãos à obra, no sentido de solucionarmos, pelo menos,
os nossos próprios problemas...
Como colaborar com o
nosso semelhante, afirmando que vamos nos esforçar, mas de antemão, acreditamos
que não vai adiantar. Esse otimismo vacilante de quem engana não apenas os
outros, mas a si mesmo, está longe de construir alguma coisa duradoura. Todos
os dias, muitas pessoas reencarnam e outras retornam à espiritualidade. Todos
os dias, alguém inicia um trabalho e outro termina uma obra; todos os dias
alguém se casa e nesse mesmo dia um lar é desfeito; alguém se cura e outro
adoece; alguém planta uma árvore e outro a derruba; alguém pratica a caridade,
enquanto outro passa ao largo indiferente a dor do semelhante; alguém sorri e
outro chora; estamos realizamos progressos em nossa existência e desperdiçamos outras
preciosas oportunidades; alguém agradece a Deus pelas bênçãos recebidas,
enquanto outro ofende o Criador, por se julgar abandonado por Ele. Todos os
dias, acontece de tudo.
Cabe a nós escolher
como devem ser os nossos dias, os nossos pensamentos, as nossas palavras e os
nossos atos. Ter a certeza de que Deus observa, permite e está presente em
todos os acontecimentos e que eles são úteis lições, necessárias para o nosso
engrandecimento espiritual. Deus que vive em nós, nos ajuda, nos ampara e quer
o bem de todos os Seus filhos. Não há privilégios nem excluídos. Não há
esquecidos ou desamparados, mesmo os mais ingratos ou ignorantes são
assistidos, porque um dia, estarão voltando para Ele.
Vamos refletir sobre
os valores morais e espirituais que queremos para nós, e tenhamos confiança,
certos de que tudo está conforme o Determinismo Divino, e que somos chamados a
colaborar com otimismo, na implantação do Seu Reino de Paz e Amor na Terra. Não
vamos ser pessimistas ao ponto de dizer que Deus, nas roseiras, colocou
espinhos... Mas sim, otimistas, afirmando que Deus até nos espinheiros colocou
rosas perfumadas.
Que a Paz do Senhor,
sempre permaneça em nossos corações.
Bibliografia:
“Doutrina dos
Espíritos”
“Evangelho de Jesus”
Irene Cunha – Octavio
Serrano
+ Acréscimos
Jc.
21/05/1997
Refeito em 09/06/2019