sábado, 26 de junho de 2010

O PAPEL DA MULHER

O PAPEL DA MULHER

A mulher, a partir do século passado, sofreu as conseqüências das diversas modificações ocorridas na humanidade. Durante o processo industrial iniciado na Europa, ocorreu uma intensa urbanização nas grandes cidades, decorrente da modernização dos sistemas produtivos. Verificou-se uma sensível corrida das pessoas do meio rural para o meio urbano, em busca de novas oportunidades de trabalho oferecidas pelas indústrias e, consequentemente, a família se reduziu, ao sair daquele amplo núcleo que existia nas sociedades agrícolas, para a pequena família urbana. Nesse novo ambiente social, a mulher passou a suprir a mão de obra nas fábricas e a exigir seu espaço na sociedade, o que deu início aos movimentos feministas e a um novo papel para a mulher na sociedade.

Analisemos, então, à luz da Doutrina dos Espíritos, o papel da mulher na sociedade e as transformações que a presença feminina tem influenciado no sistema da humanidade. As duas grandes guerras mundiais, ocorridas durante a primeira metade do século passado, na Europa, obrigaram o deslocamento de imensos contingentes de homens para as frentes de batalha, fato que resultou na admissão do trabalho feminino para suprir a carência de mão de obra nas fábricas, causando a redução da autoridade masculina na família, o que motivou o aparecimento de movimentos organizados em defesa dos direitos da mulher.

Mas, o que diz a Doutrina dos Espíritos a respeito desse movimento e do papel da mulher? – A doutrina ensina que todos somos espíritos reencarnados em trânsito para a perfeição; que as diferenças de sexo são transitórias, pois Deus não criou espíritos masculinos e femininos, mas que os espíritos escolhem renascer como homens e mulheres, conforme as provas pelas quais necessitam passar para alcançar mais rapidamente o progresso almejado, e que, para obter da presente existência, todo o proveito possível, é necessário seguir os ensinamentos de Jesus, sintetizados nas máximas: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos”.

Essa emancipação, no entanto, tem sido costurada a um custo elevado. A sociedade atual não espera da mulher que ela apenas abrigue e alimente as novas criaturas, mas também que ela seja capaz de dar sua cota de produção à coletividade. As mulheres estão emergindo de um passado de submissão e subalternidade e começam a ocupar o seu espaço, participando mais decisivamente da construção de uma nova sociedade e um novo estilo de vida. Apesar desse avanço conquistado pelas mulheres, predomina ainda nas relações entre o homem e a mulher, o jogo da força, o que gera distorções e conflitos sempre crescentes.

Apesar de Jesus, nas suas pregações, em nenhum momento ter discriminado a mulher, a igreja primitiva absorveu a influência judaica que via a mulher como pecadora no mundo. Por sua vez a Doutrina Espírita resgatou essa
condição ao revelar que, perante Deus, são iguais o homem e a mulher, pois a ambos outorgou o Pai Celestial o discernimento do bem e do mal e a capacidade de progredirem. Esclareceu também que as funções atribuídas à mulher são mais importantes do que as funções do homem, uma vez que cabe à mulher, influir mais decisivamente sobre os seres que renascem, transmitindo-lhes as primeiras noções de vida. Informa ainda que uma legislação humana, para ser justa, deverá garantir aos homens e mulheres igualdade de direitos. Adverte, entretanto, que igualdade de direitos não significa igualdade de funções, segundo muitos pensam, mas que cada um deverá assumir as funções que lhe são próprias. Por outro lado, não é aconselhável a mulher querer imitar os homens no que eles tenham de mais inferior, como ambição, vícios, prostituição e violência, rebaixando-se de sua condição de portadora voltada para os sentimentos nobres e o amor.

O grande desafio para a sociedade atual, está em se estabelecer uma interação harmoniosa que possibilite o equilíbrio entre o papel do homem e o da mulher, tanto na família como em sociedade. É nessa busca do ponto ideal de harmonia que os movimentos feministas acabaram por gerar uma tendência de exaltação dos valores masculinos, motivando as mulheres a rejeitarem funções próprias da área feminina. Isso tem gerado um grande desequilíbrio na sociedade moderna. Nesse contexto, a mulher deverá conquistar espaços sociais, deixando emergir a sua sensibilidade e a sua intuição, marcas fortes do modo de ser feminino. Daí, ser extremamente importante o conselho dos Espíritos Superiores ao dizerem: “Cuide o homem do exterior e a mulher do interior, cada um conforme a sua aptidão”. Isto significa dizer: - realize cada um a sua função no mundo, sem subverter os valores da condição em que se apresentam na atual encarnação.

A Doutrina Espírita não apóia às propostas que promovem a participação da mulher em atividades que possam comprometer a função divina de criar e educar os filhos. A proposta do Espiritismo é a renovação da humanidade, pela reeducação do ser humano, e sem dúvida, o papel da mulher é relevante para a obtenção dessa meta, já que ela é quem abriga os que retornam à existência terrena para uma nova encarnação, na intimidade do seu organismo. Porém, destacar a relevância do papel da mulher como educadora de seus filhos e mediadora nos conflitos que surgem na intimidade doméstica, pela reunião de inimigos de outras existências, não significa afirmar que haja incompatibilidade absoluta entre a função de mãe, e o exercício de uma profissão. E experiência de inúmeras mulheres que são mães dedicadas e trabalham fora, prova que não existe essa incompatibilidade.

Quanto às realizações da mulher no papel de mãe, o grande problema atual não é a ausência da mulher no lar, por causa da realização profissional ou pela necessidade de ganhar o pão de cada dia. Na verdade, não é a quantidade de tempo passado com os filhos, que vai determinar a qualidade dessa ligação. A qualidade dessa relação vai depender é do grau de conscientização e de
abnegação da mãe. Para isso é necessário que ela procure conhecer-se, avaliar
as próprias emoções, entender as raízes de sua insatisfação, das frustrações,
das emoções negativas que ainda fazem parte do seu psiquismo, por ser ainda um espírito em evolução, sem tentar colocar e ocultar-se sob máscaras.

Caberá à sociedade, ao compreender a importância da presença materna na formação da mente infantil, criar leis que possibilitem à mulher assistir os próprios filhos, sem prejuízo de sua atuação profissional. O ideal para a mulher é o trabalho de expediente único ou meio expediente que lhe permitiria, além da atenção e cuidados indispensáveis aos filhos, cuidar da casa, dos seus afazeres pessoais e profissionais, o que seria um estilo prazeroso para o setor feminino.

Um dos principais fatores que determina a existência emocional da mulher relaciona-se com o problema sexual. O equilíbrio nesse setor é sinônimo de amadurecimento, meta desejável, mas ainda raramente conseguida. Os movimentos de libertação feminina, desencadeados nas últimas décadas, contribuíram de maneira definitiva para estimular a plena participação da mulher na sociedade, libertando-a de discriminações e do atraso intelectual, de modo que tem ela colaborado com sua sensibilidade, na solução dos grandes problemas humanos, mas têm-se conduzido com pouco esclarecimento quanto ao assunto sexual. O importante é que o sexo seja exercitado dentro de um clima de espontaneidade, afinidade e responsabilidade. Isso dependerá do que o casal sentir e sublimar. Daí, a necessidade da conscientização de que os compromissos da vida sexual estão subordinados à Lei de Causa e Efeito e, segundo esse princípio, tudo o que dermos a outrem, no mundo afetivo, também devemos receber.

Uma nova ordem, está se estabelecendo na Terra e o papel da mulher se insere nessas modificações em curso. É necessário seguir uma regra de valores. O trabalho tem seu valor, mas não pode comparar-se ao valor que representa ter um filho. Se a mãe não puder deixar de trabalhar, existem diversas profissões que se ajustam para a mulher hoje em dia, e grande número delas não é incompatível com a saída da mulher de casa. As mulheres que estiverem integradas no labor doméstico devem realizar seu trabalho sem se sentirem marginalizadas pelo contexto social, conscientes da importância da função fundamental dentro de um lar, apesar de ser repetitivo e muito mais cansativo que outro qualquer trabalho. As mulheres que estiverem dando sua contribuição profissional exerçam com dedicação e responsabilidade, usando sua sensibilidade na criação de um ambiente de amizade e respeito. As que receberam funções no plano político, saibam adotar a postura do diálogo equilibrado sem se envolverem em corrupção e na impunidade.

Agora, fugindo um pouco da seriedade do assunto e, como subsídio do assunto abordado, passo a narrar a situação vivida por duas mulheres ao se candidatarem a uma atividade. A primeira chamada Ana, foi fazer um cadastro numa empresa e lhe pediram para informar qual era a sua profissão. Ela hesitou, sem saber como responder. O funcionário voltou a interrogar: “O
que quero saber é se a senhora tem um trabalho”. Ana então respondeu: “Claro que tenho um trabalho! Sou mãe!” – O funcionário disse friamente: “Nós não consideramos mãe um trabalho. Vou colocar “dona de casa”.

Algum tempo depois, uma outra pessoa chamada Joana, que tomara conhecimento do acontecido, por ser amiga da Ana, voltou a se lembrar dele quando se encontrou na mesma situação. A funcionária que lhe atendeu era segura, eficiente na função, e lhe perguntou: “Qual a sua ocupação?” Indecisa Joana sentia as palavras brotarem-lhe da boca para fora: “Sou doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas”. A funcionária olhou-a sem entender bem. Joana então repetiu pausadamente as mesmas palavras e reparou maravilhada que a funcionária ia escrevendo no questionário oficial. – Ela voltou a perguntar: “Posso saber o que faz exatamente?”, com novo interesse, por estar na presença de uma doutora. – Calmamente, sem qualquer agitação na voz, nova inspiração fez Joana responder: “Desenvolvo um programa á longo prazo (qualquer mãe faz isso), sendo responsável por uma equipe (uma família), e já recebi e desenvolvo quatro projetos (filhos). Trabalho em regime de dedicação exclusiva (alguma mãe discorda?), e o horário de trabalho é de 16 horas por dia, quando não existe horas extras”.

A funcionária acabou de preencher o formulário, se levantou e, gentilmente abriu a porta com todo respeito para eu passar. Quando Joana chegou em casa com o título da sua atividade, foi recebida pela equipe – uma filha de 8 anos, outra com 6 e uma outra com 3 anos. Do andar de cima, ouviu o novo projeto (em bebê de 6 meses) testando a tonalidade de sua voz... Sentiu-se triunfante! Maternidade... que atividade gloriosa e abençoada. Assim sendo, todas as mães, avós, bisavós, deviam ser chamadas: “Doutoras executivas em desenvolvimento infantil e relações humanas”, pois merecem esse título, pela responsabilidade e pelo trabalho que Deus lhes confiou....

O espírito de Batuíra disse que “a mulher é sempre mãe – não só dos próprios filhos, mas também dos grandes ideais das abençoadas realizações da vida, dos estímulos ao progresso e, sobretudo, das boas obras”.

Busque a mulher, no estudo da Doutrina Espírita, os conhecimentos que ampliarão seu discernimento, facultando-lhe uma escolha mais consciente e segura de seus próprios caminhos, para a realização a que foi chamada na presente existência. Mães, recebam os sinceros agradecimentos dos filhos...



Bibliografia:
Doutrina dos Espíritos
Batuíra

Jc.
S.Luis, 10/02/2005

domingo, 20 de junho de 2010

AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

Jesus nos exortou ao amor a Deus e ao próximo, pois, ninguém pode amar plenamente a Deus, se não ama ao seu próximo, do mesmo modo, ninguém pode amar o seu próximo sem amar a Deus. Só podemos chegar a Deus, através do amor que é a mola propulsora do crescimento interior e da evolução espiritual. Por outro lado, o crescimento interior só se opera quando vamos deixando o nosso orgulho e o egoísmo; quando deixamos de ser o centro das nossas próprias atenções, é sinal de que estamos conseguindo algum progresso. É o momento certo para deixar desabrochar o nosso lado divino; de permitir que a nossa origem de filhos de Deus, aflore, fazendo com que a nossa centelha de luz se projete para fora.

Paremos um pouco, na agitação da existência atual e procuremos meditar, refletir, sentir a presença de Deus, e o encontraremos em toda parte. Sentimos a Sua presença em todos os lugares do Universo; no Céu e na Terra, nas montanhas e nos mares, nas florestas e nos rios, nas aves e nos peixes, nos animais e nos seres humanos. Essa presença nos dá a certeza de sermos integrantes de uma peça na engrenagem universal, um grão de areia na construção divina. Dessa certeza resulta o amor e o respeito que se deve ter por toda a obra de Deus; pela Natureza, pela ecologia, pela fauna e flora e, principalmente pelo nosso próximo. E é justamente no ser humano, no nosso semelhante, no nosso próximo, naquele que está mais próximo de nós, é que vamos achar a maior fonte para a nossa evolução rumo à perfeição. Cabe-nos, portanto, encontrar e trilhar esse caminho, usando os meios que estão à nossa disposição, para atingirmos a meta a que nos propomos.

Jesus nos convida a amar o próximo, mostrando-nos o caminho do amor, da compreensão e da fraternidade. Para o exercício do amor ao próximo, surge em nossa mente á idéia de realizar uma grande obra, de se engajar em um movimento assistencial de vulto, que nos faça sentir que estamos realmente trabalhando em benefício dos outros. Essa atitude, na verdade, representa um grande passo para sairmos do nosso casulo de egoísmo. Porém, não são as grandes obras que somente oferecem oportunidades de crescimento. Os pequeninos atos praticados no cotidiano, muitas das vezes, valem mais do que grandes tarefas que por ventura queiramos nos envolver.

Ao convivermos com parentes difíceis, que são necessários para resgatarmos erros do passado, tentemos empregar com eles toda a nossa capacidade de compreensão, tolerância e carinho. Às vezes, para nosso próprio bem e progresso, os próximos mais necessitados estão na nossa própria casa, na nossa família. É um filho que passa por alguma dificuldade; um pai ou uma mãe angustiados com algum problema; um parente necessitado de uma orientação... Experimentemos nos colocar no lugar dessas pessoas e vamos saber o que seria bom para nós, em um momento como aquele. A resposta nos indica como agir com os outros nessa situação.

É muito mais fácil ajudar a um estranho que nos é simpático, do que auxiliar aquele parente com quem não nos afinamos. Entretanto, devemos fazer o possível para prevalecer à orientação maior que manda empregarmos a compreensão, a tolerância e a benevolência, para não dizer também o amor. Porque, amar é ouvir aquele que precisa falar que se acha cheio de dúvidas, de angústias, de incertezas, precisando de uma palavra amiga na hora que necessita. Amar o próximo é aceitá-lo tal como ele é, com seus defeitos e limitações, sem querer modificá-lo, para ser aquilo que achamos que deveria ser; porém orientando-o para melhorar sua condição de ser humano destinado ao bem.

Amar o próximo é saber sorrir para as pessoas, para os amigos, os colegas de trabalho, para os vizinhos, para as pessoas que nos atendem, para o motorista do ônibus que nos leva ao nosso destino, a empregada que nos serve e até mesmo para o gari que recolhe o nosso lixo, e é principalmente, ter o desprendimento para doar o que de mais precioso temos que é o nosso tempo... Quando ajudamos um cego a atravessar uma rua, quando destinamos uns minutos do nosso dia para atender alguém que está sofrendo; ouvindo-o com amor e lhe dizendo palavras reconfortantes, praticamos uma caridade muito maior do que doando bens materiais, de que somos apenas usufrutuários, pois tudo pertence a Deus. O tempo que doamos esse pertence a nós e podemos deliberar sobre o seu uso e a melhor forma de empregá-lo em proveito do nosso próximo e de nós mesmos.

O Evangelho de Mateus narra á parábola do “Bom Samaritano”, que sem conhecer aquele que fora assaltado, lhe socorre e o assiste, é um exemplo vivo de caridade em ação. Tentemos nos colocar no lugar daquele homem que foi vítima dos assaltantes e que se encontrava semi-morto na estrada. Certamente o que mais desejaríamos naquele momento era uma ajuda efetiva, o socorro, o auxílio. Entretanto, os sacerdotes passaram ao largo sem se importarem; só o samaritano movido pela compaixão, parou e atendeu aquele homem que sofria pelos maus tratos recebidos. A atitude do samaritano auxiliando aquela pessoa foi de acordo com as lições de Jesus, quando disse: “Fazei aos outros, tudo o que queirais que vos façam”.

A propósito, vem a história de uma escola que propôs aos alunos a seguinte pergunta: “Qual o ser humano mais importante do mundo?” – A melhor resposta valia uma bolsa de estudos para o ano seguinte. Uma aluna de nome Nina queria muito ganhar o desafio porque sua família passava por dificuldades financeiras e o prêmio ajudaria bastante. Ela então decidiu ir à luta! A primeira parada que fez foi a Biblioteca Municipal, onde havia centenas de biografias de homens e mulheres que foram importantes para a humanidade. Ela fez algumas anotações, mas não encontrou uma resposta satisfatória. Ela então foi perguntar a sua mãe. “Jesus, foi a respostas que ouviu. Ele mudou o mundo. A história e a contagem do tempo se dividem entre o antes(A/C) e o depois(D/C) da sua presença na Terra, e seus ensinamentos são muito importantes para a Humanidade”, completou sua mãe. – Era sem dúvida, uma resposta interessante. Porém, logo em seguida, Nina lembrou que Jesus jamais se consideraria o ser mais importante do mundo. Embora Ele seja o modelo e o guia, o ser mais perfeito que já veio á Terra, Jesus era humilde. Ele mesmo disse que tudo o que Ele fez nós também podemos fazer, pois todos somos irmãos, filhos de Deus, um Pai bondoso e misericordioso.

Ela se lembrou de diversos outros seres humanos que dedicaram sua existência ao auxílio de pessoas carentes e desamparadas: Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Allan Kardec, Bezerra de Menezes, Martin Luther King, Chico Xavier, todos eles exemplos de amor ao próximo. Após ela meditar por algum tempo, exclamou: Descobri quem é o ser humano mais importante do mundo! – Ela então elaborou a resposta que lhe garantiu o prêmio e a bolsa de estudos, e esta dizia: “Segundo ensinado por Jesus, o ser humano mais importante do mundo é. . . o meu próximo; aquele que precisa de mim e me oportuniza realizar a caridade através de pensamentos, palavras e ações. Considerando o meu próximo o ser mais importante do mundo, a quem devo respeitar, fazer o bem e amar, estou cumprindo com minha obrigação e caminhando na direção de Deus, nosso Pai Celestial”.

Bem disse Francisco de Assis: “Quem ajuda hoje, amanhã poderá ser ajudado” e “É dando que se recebe”. Jamais devemos reter, inutilmente, os excessos de objetos sem uso. Sempre temos que prestar contas dos recursos que recebemos do Pai Celestial, pelo bom uso, ou pelo mau uso, e, principalmente pela retenção egoística, em meio à necessidade do nosso próximo. Tudo aquilo que é excesso nos faz mal; mesmo aquilo de que mais gostamos em demasia nos faz mal. Façamos uma experiência como beber ou comer, trabalhar ou descansar, dormir ou ficar acordado, andar ou ficar estacionado, e chegaremos à conclusão de que tudo em excesso, nos faz mal.

É impressionante como nós temos a capacidade de acumular coisas. Abarrotamos gavetas, caixas, cômodos de nossos apertados apartamentos ou casas, para guardar objetos, visando uma eventual necessidade. Roupas, sacolas, bolsas, sapatos, livros, revistas, e por aí vai. E o espaço vai sendo ocupado pelas nossas “posses”, pensando que um dia vamos precisar. . . e esse dia as vezes nunca chega. As roupas saem da moda, outros artigos se deterioram, livros se desatualizam, sem contar o trabalho com traças, mofo, ferrugem, cupins, etc.

Enquanto assim procedemos, a carência do nosso próximo se agrava; oportunidades de auxílio são desperdiçadas e que poderiam ser de utilidade para outros. Façamos um exame do que acumulamos para saber se realmente são necessários à nossa existência; se não seria melhor, pela nossa falta de uso, se estivessem nas mãos das pessoas carentes? Em toda a nossa existência, em todos os momentos de convivência com nossos semelhantes, somos convocados a dar o nosso testemunho de cristão. As oportunidades de fazermos a caridade se multiplicam a cada instante. Basta apenas que
queiramos assim proceder, e se tivermos dúvida de entender os outros, tentemos nos colocar no seu lugar e sentir os seus problemas, suas necessidades, angústias e aflições.

Devemos exercitar a caridade para com nosso próximo, com amor, porque só faz caridade quem tem amor pelo seu semelhante. Sem ele, não há alegria, não há entendimento nem harmonia. Se não aprendemos a nos amar a nos querer bem, se eu não me cuidar e não gostar de mim mesmo, como gostar querer bem e amar o meu próximo? Só podemos dar aquilo que temos e se não amo a mim mesmo e não tenho amor no meu coração como poderei cuidar gostar e amar o meu próximo?

Concede ao teu próximo os mesmos direitos e favores que esperas dele receber, porque ele precisa de boa vontade, assim como todos nós. Nunca devemos nos omitir na tarefa de auxiliar aqueles que pedem a nossa ajuda. Não somente com dinheiro, mas com uma oração, com uma palavra amiga geradora de estímulos e valores que produzem resultados preciosos; socorrendo os que estão caídos a levantarem-se, os que estão aflitos e desesperados a encontrar a paz de espírito, os que estão errados a se corrigirem e os agressivos a se acalmarem, falando com bondade e amor no serviço do bem.

Todos nós podemos auxiliar o nosso próximo; em qualquer classe em que nos encontremos temos sempre algo a partilhar; o que quer que Deus tenha nos dado, devemos repartir um pouco àqueles a quem falta o necessário, porque se estivéssemos em seu lugar bem contente ficaríamos se um outro irmão dividisse conosco. João, no Evangelho Segundo o Espiritismo nos aconselha, dizendo: “Vossos tesouros na Terra serão um pouco menores, mas vossos tesouros no Céu serão mais abundantes, se houverdes semeado benefícios nesse mundo”.

O ser humano só evolui quando começa a deixar de ser egoísta, passando a ver os seus semelhantes como irmãos. E ao irmão, devemos ajudar servir e amar sem esperar recompensa, igual ao Bom Samaritano da parábola. Só assim, chegaremos um dia a um patamar de evolução que nos aproximará de nosso Pai Celestial.

Que o Senhor nos ampare e nos guie na senda do bem.

Bibliografia:
Evangelho de Jesus
Evangelho Segundo o Espiritismo

Jc.
14/8/2005