sábado, 23 de julho de 2011

EDUCAÇÃO - VÁRIAS FORMAS

E D U C A Ç Ã O

O tema educação tem sido confundido com instrução e servido de palco para férteis discussões e reformas do sistema educativo em várias épocas e nações. Educar é formar hábitos bons. A educação é o conjunto dos hábitos adquiridos na convivência, principalmente familiar, onde a criança passa a assimilar os bons costumes e os valores morais. Ela fala e imita o que aprende com as pessoas. A instrução é de responsabilidade e adquirida na escola, muito embora possa também ser ministrada no lar, onde a criança embora já sabendo falar, vai conhecer e aprender as primeiras letras do alfabeto. Muitos pais, querendo se eximir da responsabilidade de disciplinar e educar seus filhos prefere transferir aos professores, essa tarefa.

Para Licurgo, a educação é criar hábitos considerados saudáveis; é desenvolver aptidões inatas da criatura, que, estando adormecidas, devem dirigir-se para o bem geral; e educar, é preparar a pessoa para realizações nobres.

Para o professor Hippolyte Dénizard Rivail, no seu plano para a melhoria do ensino público, esclarece: “Todos falam da importância da educação, mas esta palavra é para a maioria, de um significado excessivamente impreciso. Em geral nós a vemos no sistema de estudos, e este equívoco é uma das principais causas do pouco progresso que ela obteve. A educação é a arte de formar os homens, isto é, a arte de neles fazer surgir os germes das virtudes e reprimir os do vício; de desenvolver sua inteligência e dar-lhes a instrução adequada às suas necessidades... Em uma palavra, o objetivo da educação consiste no desenvolvimento simultâneo das faculdades morais, físicas e intelectuais”.

Para o francês Jacques Delors, falando sobre educação para o Século XXI, na Unesco, apresentou um relatório denominado “Educação, um tesouro a descobrir” em que expôs os “Quatro pilares da educação moderna” a saber: 1- Aprender a conhecer: visa menos a aquisição de um repertório de saberes codificados e mais domínio dos próprios instrumentos do conhecimento, considerando meio e finalidade da existência humana. 2- Aprender a fazer: embora mais relacionado à questão da formação profissional, este pilar propõe que não basta ensinar alguém a realizar uma tarefa específica nem ser reduzida a simples transmissão de práticas mais ou menos rotineiras, mas que a aprendizagem deve evoluir melhorando o homem como ser integral. 3- Aprender a conviver: este aprendizado representa, hoje, um dos maiores desafios da educação, quando se considera os conflitos e o extraordinário potencial de autodestruição, criados pelos seres humanos, amplamente acelerados no século passado. 4- Aprender a ser: a educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa – espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido moral, responsabilidade pessoal e espiritualidade.

Para Sandra Maria B. Pereira, pedagoga, comentando os quatro pilares, diz que ele é rico material para as reflexões tão necessárias em momentos tão graves como os que vivemos em que se impõe a urgência de uma educação para todos, comprometida com o bem-estar sócio-moral de todos os habitantes da Terra. Temas importantes são tratados de modo objetivo e em fácil linguagem, como um exercício de espalhar luz, semear idéias e relatar fatos, capazes de fundamentar as propostas ali contidas, nos velhos ideais de igualdade e da solidariedade humana. Implica em construir uma identidade própria e cultural, situar-se com os outros seres compartilhando experiências e desenvolvendo responsabilidades sociais. As experiências sociais nos facultam o acesso ao saber, ao fazer, ao viver em conjunto, ao crescer em todas as nossas potencialidades... Sem qualquer sombra de dúvida é o mais importante entre todos os princípios. Ressalta a necessidade de superação das visões dualistas sobre o homem, das visões fragmentadas acerca da educação, fruto das limitações, dos preconceitos, das más paixões, da ignorância e do orgulho que lhe são próprios. Contempla a adoção da concepção integral do ser humano.

Para Allan Kardec: “...Quando se pensa na grande quantidade de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos, serão de admirar as conseqüências desastrosas que daí resultam ? Quando essa arte (educação moral) for conhecida, praticada e compreendida, o homem terá no mundo, hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus semelhantes, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar com menos dificuldade os dias ruins que não pode evitar...”

Para Emmanuel, há necessidade imprescritível da educação para todos os seres. Lembremo-nos de que Jesus o Eterno Benfeitor, em sua lição verbal, fixou na forma imperativa a advertência a que nos referimos: “Brilhe vossa luz”. Isso quer dizer que o potencial de luz do nosso espírito deve fulgir em sua grandeza plena. E semelhante feito somente poderá ser atingido pela educação que nos propicie o justo burilamento. Mas, a educação com o cultivo da inteligência e com o aperfeiçoamento do campo íntimo, em exaltação de conhecimento e bondade, saber e virtude, não será conseguida tão só à força de instrução, que se imponha de fora para dentro, mas da educação de sentimentos brotando de dentro para fora, pelos exemplos dignificantes absorvidos na intimidade da família.

A pessoa humana, hoje, ainda buscando a própria cidadania, distante da fraternidade, apegando-se as normas exteriores, extremamente confusa e angustiada, distante das possibilidades libertadoras que, intuitivamente sente mais não sabe o que é, desconhece qual sua origem e o propósito de sua existência na Terra.


Bibliografia:
Revista “O Reformador” – 11/2009
+ Acréscimos
Jc.
S.Luis, 01/2010

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A ERA DOS SUPER-REMÉDIOS

A ERA DOS SUPER-REMÉDIOS

De poderosos analgésicos a drogas contra a aids, o colesterol alto, o câncer a depressão e a impotência, os medicamentos de última geração estão devolvendo a esperança a milhões de pessoas. As farmácias hoje, são palco de uma revolução que começou em meados dos anos 90 e não tem data para terminar – a dos super-remédios. De poderosos analgésicos a drogas específicas para o tratamento de distúrbios graves, eles devolveram aos milhões de pessoas uma qualidade de vida que parecia perdida para sempre. Eles hoje, são para seus similares dos anos 80, como o Boeing-777 está para o 14-Bis, o avião de Santos Dumont. Celebra e Vioxx (dores), Lípitor (taxa alta de colesterol), Viagra (impotência) e Zoloft (depressão), são alguns dos nomes de medicamentos potentes que entraram para o vocabulário cotidiano.

Amparada pelos fantásticos resultados financeiros desses produtos, a indústria farmacêutica emprega bilhões de dólares em pesquisas, com o objetivo de produzir medicamentos ainda mais efetivos que os atuais. Além de médicos, biólogos e químicos, a fabricação de novas drogas inclui também engenheiros, físicos e especialistas em computação. É um processo lento e caro e para descobrir uma molécula de uma substância, leva em média seis anos. Quase o mesmo tempo é gasto em testes com animais e, ultrapassada essa fase, com os seres humanos. Até chegar às farmácias, um super-remédio terá custado algo em torno de 800 milhões de dólares.

Uma das estrelas dessa constelação é o Viagra, que livrou o homem do pesadelo da impotência sexual. A operação para criar esse produto é um exemplo de como um grande laboratório – no caso, a Pfizer – mobilizou mundo e fundos para lançar o super-remédio. Cerca de 1.500 pesquisadores trabalharam ao longo de quinze anos e o resultado superou as expectativas. Só no ano de 2001, o remédio rendeu a seu fabricante 1,3 bilhão de dólares. Atualmente ele é usado em 110 países. Outros laboratórios investiram muito na confecção de outras drogas. O austríaco Sigmund Freud sonhava com a invenção de um comprimido da felicidade, que abolisse para sempre os remédios. Esse dia ainda parece estar muito longe, mas avançou-se de forma impressionante no campo dos medicamentos.

Remédios mais antigos, como o Anafranil e o Tofranil estão relacionados à depressão. Seus efeitos colaterais, no entanto, são pesados. Para tentar substituí-los, as pesquisas chegaram ao festejado Prozac, precursor do Zoloft. Mas a verdade é que ele não se mostrou tão efetivo nos casos de depressão mais severos. A última geração de antidepressivos, composta pelo Ixel, da Roche, e pelo Wellbutrin, da Glaxo-Smith-Kline, conseguiu reunir a eficácia dos tricíclicos com maior tolerância. O Wellbutrin vem sendo receitado até mesmo para o tratamento de mulheres que padecem de falta do desejo. Também há boas notícias no que se refere ao combate de doenças como pneumonia, sinusite aguda e bronquite. O antibiótico Ketek, da Avenis-Pharma, é uma alternativa contra tais problemas, e com ele, o tratamento dessas moléstias ficou mais curto – passou a ser de cinco dias em média, com uma única dose diária. Para osteoporose, o Fortéo, do laboratório Eli Lilly, é o primeiro remédio que, além de evitar o desgaste dos ossos, constrói massa óssea. Existem também boas promessapara os diabéticos. O Exubera, da Aventis Pharma e da Pfizer, é uma insulina inalável para tratamento de diabetes tipo 1 e 2. Ela substitui as injeções e age mais rapidamente no organismo.

Os lucros provenientes das vendas de um super-remédio superam em muito o investimento. A indústria farmacêutica movimenta anualmente 350 bilhões de dólares e está crescendo a uma taxa de 14% e como seu progresso está ligado à produção de fármacos cada vez mais específicos e potentes, cerca de 20% dos lucros são revertidos em pesquisas. De cada 10.000 moléculas pesquisadas, apenas uma se mostra segura e potente o suficiente para ser transformada em medicamento. Atualmente existem pelo menos 1.000 drogas em desenvolvimento nos laboratórios – de uma vacina eficaz contra a Aids a medicamentos capazes de prevenir tumores malignos. Pode acontecer de uma substância passar pelas diversas fases de pesquisa e, na reta final, descobrir-se que ela causa um efeito colateral que o inviabiliza comercialmente. Volta-se, então, à estaca zero.

Entre as drogas que hoje mais dão lucro estão as estatinas, substâncias que reduzem o nível de colesterol ruim e ajudam a aumentar a quantidade do bom. Explica-se: uma em cada cinco pessoas tem colesterol alto e, consequentemente está mais sujeita a um infarto cardíaco. Até o lançamento do Lípitor, em 1998, o tratamento-padrão para o problema se resumia a dieta com pouca gordura e exercícios físicos. Os pacientes que adicionaram o medicamento ao tratamento-padrão conseguiram reduzir o colesterol em até 45%. Hoje esse remédio é consumido por 17 milhões de pessoas em todo o mundo. Assim como o colesterol alto, a obesidade é fator de risco para o coração, com uma agravante: faz mal também ao ego. Para controlar a obesidade a última palavra continua a ser o Xenical, o primeiro remédio a agir diretamente no intestino e que é capaz de reduzir a absorção de gordura em até 30%.

Um dos setores que mais recebem investimentos é o dos remédios contra a dor. O antiinflamatório Celebra lançado em 1999, foi uma conquista. Ele não só tem maior ação analgésica que seus antecessores como danifica menos o estômago, órgão que mais sofre com esse tipo de remédio. O Celebra é efetivo principalmente no tratamento de artrite reumatóide e osteoartrite, doenças crônicas que exigem a ingestão contínua de medicamentos. Da mesma família do Celebra é o Bextra, da Pfizer, que é tido como a maior promessa contra dores crônicas e agudas. Ele tem potência analgésica equivalente à da morfina, mas não oferece risco de dependência. Outro alvo da indústria farmacêutica são as doenças ligadas ao envelhecimento, por causa da dilatação da expectativa da existência. mal de Alzheimer, mal de Parkinson, esteoporose e artrite são as principais. Acha-se no mercado, um medicamento para o mal de Parkinson, a Prolopa líquida, que facilita o transporte de dopamina a regiões do cérebro carentes da substância, e cuja falta, é a causa da doença.

Em 2025, a população do planeta com mais de 60 anos será de 1.2 bilhão de pessoas, segundo a Organização das Nações Unidas. Como se vive mais hoje em dia, as pessoas estão sujeitas a mais doenças crônicas, que exigem a ingestão constante de remédios. Há hoje 260 drogas para os males do envelhecimento e uma vacina contra a artrite reumatóide.
Com tanto progresso, é inevitável imaginar que está próxima á cura definitiva para flagelos como o câncer e a Aids. Nenhum especialista sério, entretanto, arriscaria um prognóstico desses. São doenças complexas que evoluem de forma diferente e inesperada em cada paciente. Mesmo assim há o que comemorar, porquanto embora o câncer ainda faça 1 milhão de novas vítimas todos os anos no Brasil, as taxas de mortalidade vêm caindo drasticamente desde 1995. No caso da Aids, as conquistas foram grandes nos últimos seis anos. Desde 1996, quando foi introduzido o coquetel de medicamentos, a mortalidade caiu pela metade. A última palavra em remédio antiretroviral contra o vírus HIV, que foi lançado nos Estados Unidos, em 2004, chama-se Truvada, que é a combinação de dois outros compostos antiaids, o tonofovir e a emtricitabina. Apesar da incerteza quanto à cura, os especialistas vêem o futuro com otimismo. Acreditam que, dentro de quinze anos, quem receber um resultado de HIV positivo, saberá que é portador de um mal perfeitamente controlável pelo resta da existência. Assim esperamos que seja realizado, para satisfação de todos os que sofrem desse mal.

Há oito anos uma norma da Organização Mundial do Comércio estabeleceu a validade da patente de um remédio. Ela dá ao fabricante de um medicamento vinte anos de exclusividade para a sua produção e comercialização. Vencida a patente, o caminho está aberto para a produção de genéricos. É evidente que, para a população, quanto mais genéricos, melhor – trata-se de uma garantia de ter remédios a preços mais baratos. Porém, não se iludam, pois existem remédios genéricos vendidos aos preços do produto original. Na produção de novos remédios, os laboratórios utilizam os recursos da computação gráfica. O primeiro passo é desenhar na tela uma molécula qualquer. Em seguida os pesquisadores tentam encaixá-la em estruturas causadores de doenças, como vires e bactérias. Se o encaixe ocorre perfeitamente, isso significa que a molécula produzida em computador pode vir a se transformar num remédio contra aquele mal. Quando não combina com nenhum agente patológico, ela é guardada num banco, pois no futuro, poderá ter serventia contra uma doença da qual ainda não se conhece a causa. Apesar de todo esse aparato tecnológico, que ajuda a determinar previamente o caminho a ser percorrido em cada pesquisa, ainda há espaço para surpresas.

As estrelas dos super-remédios são:
Celebra – indicação: Dor. É melhor porque atua diretamente na enzima causadora da dor, preservando o estômago da ação da droga;
Lípitor – indicação: Colesterol alto. É melhor porque baixa os níveis de LDL, o colesterol ruim, em até 60% e aumenta os de HDL, o bom, em até 10%, com menos efeitos colaterais que seus antecessores;
Viagra - indicação: Disfunção erétil. É melhor porque foi á primeira pílula contra a impotência. Seu grau de satisfação chega a 80%;
Vioxx - indicação: Dor. É melhor porque, como o Celebra, controla a dor sem os efeitos colaterais dos antiinflamatórios antigos;
Zoloft - indicação: Depressão. É melhor porque da mesma do antidepressivo Prozac, sua vantagem está na baixa incidência de reações adversas;
Ziprexa - indicação: Esquizofrenia. É melhor porque sendo o primeiro antipsicótico para uso de longo prazo, leva, em média, quinze minutos para controlar os surtos de delírios e alucinações.

As novidades dos super-remédios são:
Bextra - indicação: Dores crônicas e agudas. Tem potência analgésica equivalente à dos opiáceos, sem oferecer riscos de dependência. Opção para pacientes com dores provocadas pelo câncer;
Cialis - indicação: Disfunção erétil. Mais rápido e duradouro do que o Viagra. Age
em 30 minutos, e seus efeitos podem durar 24 horas. Pode ser usado por cardíacos.
Enfuvirtide - indicação: Aids. É o primeiro remédio de uma nova classe de drogas. Ele impede a entrada do vírus nas células. É uma alternativa para pacientes com resistência a outros medicamentos;
Exubera - indicação: Diabetes. Insulina inalável – a primeira sob essa forma -, com ação rápida. Usada depois das refeições, começa a agir em até 15 minutos.
Faslodex - indicação: Câncer de mama. Alternativa para pacientes com tumor avançado e que não respondem mais ao tratamento convencional.

A Ciência Divina, quando chega o tempo de alguma descoberta para a Humanidade, intui os cientistas da Terra, possibilitando a eles, encontrar os meios e as soluções para os problemas existentes. Assim tem sido durante todos os tempos.

Estes super-remédios estão tratando, curando e devolvendo a esperança a milhões de pessoas pelo mundo afora.



Bibliografia:
Ana Paula Buchalla
Revista Veja nº 1757 – 26/6/2002
+ Acréscimos, supressões e modificações.


Jc.
S.Luis, 13/7/2011

A EXPECTATIVA DA EXISTÊNCIA LONGA

A EXPECTATIVA DA EXISTÊNCIA LONGA

A ciência vem aumentando em todo o mundo o desafio de fazer com que esses anos a mais sejam vividos com saúde e alegria, pelas pessoas.

Envelhecer já foi um milagre, um sonho e também uma sentença cruel. Nossos poetas românticos, por exemplo, almejavam a existência curta, cheia de muita tosse, olhos fundos, aureolado de acentuadas olheiras. E, quando a existência se estendia, sentiam-se traídos pelo destino, envergonhados diante da posteridade. Consta até que um deles, aos 22 anos de idade, preocupado com a hora final que tardava a chegar, declarava-se com 20 anos – a fim de ampliar a chance de ser colhido na juventude. Acabou não desapontando ninguém, nem a si próprio, pois morreu aos 23 anos. Não fosse o fim precoce dos poetas, a maior parte da poesia romântica não teria sido escrita. Na obra de Álvares de Azevedo, poucos poemas se comparam à beleza de “Se Eu Morresse Amanhã”. O poeta deu o último suspiro aos 20 anos.

Assim também se foram para sempre Castro Alves, com 24 anos; Casemiro de Abreu, com 21 anos; Junqueira Freire, com 22 anos. Já Fagundes Varela, contrariando a tendência da época, partiu aos 33 anos, e Gonçalves Dias, já um ancião: aos 4l anos. Mas isso são histórias do século XIX, quando a existência mais longa não estava na moda. Hoje, mais do que viver simplesmente, está na moda á alegria de viver. De viver com saúde e bem.

Sim, a ciência tem feito grandes progressos, ampliando o nosso tempo de existência no mundo, pondo ao nosso alcance novos recursos para uma existência mais saudável. A existência ganhou em qualidade, prorrogando a saúde, sem com isso perder os benefícios da longevidade bem-vinda, que nos encontra com a cabeça boa e os cinco sentidos bem conservados. E tem sido isso o que vemos todos os dias: as pessoas se sentem cada vez mais jovens cada vez menos velhas. Como sinais exteriores, o jeans, a bermuda, a camiseta e o tênis deixaram de ser de uso exclusivo dos jovens e foram incorporados por gentes de todas as idades, homens e mulheres, tios e tias, avós e avôs, numa democratização dos costumes.

A fantasia de permanecer jovem para sempre acompanha o ser humano, provavelmente, desde o início da civilização. Embora seja impossível deter a marcha do calendário, nos últimos anos a medicina deu passos largos no sentido de retardar processos ligados ao envelhecimento. Primeiro vieram às melhorias nas condições sanitárias, a descoberta das vacinas e dos antibióticos, e ainda dos recursos para combater as doenças como, o diabetes, os males cardíacos e alguns tipos de câncer. Todos esses avanços resultaram na adição de anos de expectativa de vida da população. O que se procura é proporcionar qualidade de vida a uma existência feliz às populações que estão vivendo mais. Nas últimas três décadas, a expectativa da existência aumentou em onze anos no Brasil. As doenças crônicas do coração e dos pulmões bem como as artrites, aparecem atualmente, entre 10 e 25 anos depois do que surgiam em gerações passadas. Os 60 anos de idade são os novos 50. Os 50 anos são os novos 40 anos, e assim por diante. Esse atual cenário, em que os males associados à idade chegam cada vez mais tarde, promove mudanças profundas na maneira de encarar o envelhecimento. “A idade cronológica está deixando de ser um parâmetro determinante da juventude e da saúde de uma pessoa”, diz o geriatria Renato Maia Guimarães, presidente da Associação Internacional de Gerontologia e Geriatria. Hoje vivemos mais e queremos viver cada vez melhor.

O nascimento é o início desse processo irreversível e estamos fadados a envelhecer. As incontáveis reações químicas e renovações celulares que se dão ao longo da existência são, cada uma, pequeninas etapas que levam, até o último grau, à senescência das células e do organismo. Sabe-se também, que o peso de cada um dos fatores para o ritmo com que um organismo perde o viço não segue um único padrão – ele muda em cada pessoa. Mas, afinal, o que nos faz envelhecer? Por que as células não se mantêm saudáveis indefinidamente?

As teorias que tentam explicar o envelhecimento, se dividem em dois grupos O primeiro abrange um cronograma pré-estabelecido pela natureza – o mesmo que determina, por exemplo, que o cérebro da criança se desenvolva e que o aparelho reprodutivo dos adolescentes amadureça. O segundo grupo aposta no ambiente como o grande vilão da juventude. Segundo eles, o impacto de agentes externos ao organismo causaria danos às células que, acumulados, inviabilizariam o funcionamento a contento do corpo depois de anos. A maioria dos cientistas considera que as duas vertentes não se excluem – provavelmente, o processo é resultado tanto da máquina pré-programada pela natureza quanto de fatores ambientais que a alteram.

Muitos estudos científicos recentes se ocupam da identificação de fatores de risco e de formas eficazes para prevenir doenças ou aumentar a chance de se ter uma existência saudável por mais tempo. Nos anos 50, o foco eram as doenças cardiovasculares. Nessa época, o fumo, o colesterol alto e a hipertensão entraram na lista negra dos cardiologistas. Os estudos que identificaram esses fatores como inimigos da saúde e da juventude do organismo humano marcaram o começo de uma revolução que ainda está em curso na medicina e não tem data para acabar. Nos últimos anos, criaram-se exames que possibilitam a detecção de tumores minúsculos e descompassos hormonais mínimos. Com isso, aumentou-se a probabilidade de cura de cânceres ou de melhorar as condições de quem sofre de hipotireoidismo, que deixa a glândula tireóide mais preguiçosa e compromete a qualidade de vida dos pacientes.

Abandonar as 5.000 substâncias tóxicas que cada tragada de cigarro leva ao organismo pode fazer com que a nossa existência se prolongue por mais cinco anos. Praticar atividades estende o tempo de existência de qualquer pessoa. Nos últimos anos, houve a comprovação científica de uma hipótese formulada pela ciência na década de 60 – a de que os aspectos emocionais têm papel relevante no prolongamento da juventude. Um estudo recente da Universidade de Boston, revelou que o otimismo e o bom humor ajudam á viver mais tempo. Dormir bem, também ajuda na conquista da longevidade. Durante o sono profundo ocorre a liberação de hormônio do crescimento, o GH, que é uma das grandes fontes de juventude do corpo: favorece a fixação da massa muscular e dos minerais nos ossos, melhora o desempenho físico, a sustentação da pele e até mesmo o brilho dos cabelos. A falta de dormir causa uma redução ainda mais drástica no organismo. “Essa é uma das razões de nos sentirmos envelhecidos depois de dormir mal ou não dormir”, afirma a biomédica Deborah Suchecki, da Universidade Federal de São Paulo. À medida que o conhecimento sobre o corpo humano avança, uma nova gama de teorias surge. Cada vez que uma célula se divide ela não se reproduz mais, não substitui a antiga e acaba morrendo – a falta de reposição das células que morrem é um dos fatores cruciais do declínio do organismo humano. Enquanto a ciência não desvenda por completo os mecanismos do envelhecimento, o mais sensato é seguir as recomendações que hoje se tem para manter a máquina humana funcionando sem pane – e por muito tempo.

Hábitos saudáveis são a garantia de juventude prolongada e de melhor qualidade de existência na velhice – mesmo quando são adotados mais tarde.
Atividade Física – Comece a praticar uma atividade mesmo aos 50 anos; ela aumenta a expectativa de vida em 5 anos. O exercício ou atividade regular também pode ajudar a retardar em 3 anos o aparecimento de doenças cardíacas. O organismo humano foi criado para viver sempre em movimento, e quando isso não acontece, o corpo definha rapidamente;
Dieta Balanceada – Alimentação regrada aumenta em 3 anos a expectativa de vida. Um corte no consumo de sal, gorduras saturadas e carboidratos, ajudam a diminuir a barriga, a taxa de açúcar no sangue e o colesterol. Isso significa prevenir ou controlar problemas como diabetes em pessoas acima de 40 anos de idade. Menos comida, mais vigor. Já foi comprovado que as pessoas se beneficiam com uma alimentação frugal;
Parar de Fumar – Depois de dez anos sem fumar, o risco de um ex-fumante desenvolver tumores de pulmão, já é igual ao de uma pessoa que nunca fumou. Abandonar o fumo melhora o desempenho das atividades do organismo;
Medicação Correta – Respeitar as doses e os horários indicados pelo médico é uma forma de evitar reações adversas ou doenças que podem fugir do controle. Em outras palavras: a auto medicação é um perigo.

Fatores que contribuíram para o salto na expectativa de vida:
Higiene – Em meados do século XIX, o médico húngaro Ignaz Semmelweis descobriu que lavar as mãos diminuía o risco de propagação das doenças. O procedimento tornou-se obrigatório nos hospitais e entrou nos hábitos da população em geral;
Saneamento Básico – A partir do século XIX, obras de saneamento, que incluem acesso á água potável e coleta de esgotos, reduziram drasticamente o risco de proliferação das doenças infecciosas;
Insulina – Até o início do século passado, a diabetes era uma doença fatal. O isolamento da insulina, em 1921, mudou a expectativa de vida dos doentes;
Antibióticos – Em 1928, o médico-bacteriologista escocês Alexander Fleming observou, por acaso, que uma substância produzida por fungos era bactericida. Nascia, assim, o primeiro antibiótico, a penicilina, que colocou sob controle as doenças infecciosas;
Estudos Epidemológicos – Iniciados nos anos 50, ajudaram a mudar os rumos da
medicina, baseada em evidências. O estudo de Framingham, em andamento desde 1948, que acompanhou moradores de uma cidade americana, possibilitou a descoberta de que o colesterol alto é inimigo da saúde do coração;
Vacinas – A primeira vacina, contra a varíola, foi criada pelo inglês Edward Jenner,
no ano de 1796. As vacinas estão entre as principais armas contra a mortalidade infantil, prevenindo 2 milhões de crianças, por mortes prematuras e imunizando os idosos de inúmeras doenças.

Vivemos hoje um melhor tempo, que ilumina os nossos dias e enche de luar as nossas noites. A idéia do amor à vida e à felicidade em qualquer idade não é nova, mas por muito tempo esteve camuflada por outras idéias: a de que o prazer é privilégio da juventude. Não é. Vale lembrar que o amor à vida e à felicidade é um patrimônio de todos e para terminar, uma reflexão de Sófocles, feita 400 anos antes de Cristo: “Ninguém ama tanto a vida como a pessoa que envelhece”.

Velho é o mundo; quando aqui chegamos já existia e quando formos embora ele continuará existindo. Nós, humanos, somos apenas idosos em corpos, ainda crianças e adolescentes na criação Divina. . .


Bibliografia:
Manoel Carlos
Revista Veja nº. 2121 – 15/7/2009
Acréscimos, supressões e modificações.