terça-feira, 12 de agosto de 2014

VISÃO ESPÍRITA SOBRE A INFORMÁTICA E A ESCOLA




 A nossa irmã de Além-Mar, Elsa Rossi, em seu artigo publicado no jornal “O Imortal” de 4/2014, falando sobre a Tecnologia da Informática, diz: “Abençoada descoberta, a eletrônica de nossos dias! Se eu fosse fazer uma prece, talvez orasse assim:  “Internet da universalidade da comunicação, que me une aos meus irmãos, que buscam sair da solidão através da telinha do computador, dos livros maravilhosos no tablete pequenino; internet que colabora com todos os destinos e faz da vida de cada um de nós, um reduto de amigos, mesmo a grande distância... A voz o sorriso, a todos alcança.  Internet abençoada, que traz lições através dos vídeos que o Youtube nos convida a assistir, à nossa escolha, ao nosso livre-arbítrio, buscando a sintonia que em nosso coração existe com os canais abertos ao bem, à paz e ao amor.
Em tempo e hora, tudo é calmo, tudo é bonito, tudo é cor; cartões postais eletrônicos com música e voz que se movem nos absorvem; a emoção toma conta;  eu, você e todos nós que perante a internet ora viramos crianças, ora somos eruditos. Abençoada eletrônica, abençoados cientistas, inventores, engenheiros, desenhistas e criadores de um universo dentro de outro Universo, colaboradores do Criador, que a tudo facilita na boa intenção e no bem, pois Ele, o Criador das estrelas, criando-as tão luminosas e tão belas, que  giram cada uma, no seu vórtice, sem nunca se tocarem...”
Continuando no seu artigo diz ainda: “Há trinta anos passados acontecia á primeira comunicação entre computadores por Vint Cerf e seus colegas pesquisadores. Pouco depois, mais aprimorada essa comunicação, nascia á internet com o Word Wide Web (grande teia mundial), e já era disponibilizada, a todos gratuitamente, por essas almas nobres. Hoje temos essa ferramenta a favor da divulgação da Doutrina dos Espíritos e devemos explorá-la o mais que pudermos, para disponibilizarmos facilidades que melhorem muito a existência das pessoas nas suas comunicações. Cuidemos também de criar websites com coerentes informações, em diversos idiomas, já que a luz do sol é para todos”.
Não há nenhuma dúvida de que a marca do progresso humano é traduzida, entre outras coisas, pela interatividade e acessibilidade. Desse modo, softwares e hardwares dos mais variados tipos e com
designs variados têm ajudado as pessoas a estabelecer conexões e a realizar operações e atividades inimagináveis. Em consequência, com muita facilidade pagamos contas, compramos produtos e serviços que podem estar em qualquer lugar do planeta, lemos livros e artigos digitalizados, marcamos compromissos, travamos contatos com outras pessoas que podem estar bem distantes de nós por meio de E-mails, blogs, e das facilidades do Skype, pesquisando os mais variados assuntos. Tudo isso é simplesmente surpreendente e fascinante!
Entretanto, apesar de todos esses benefícios, tem sido objeto de enorme preocupação para os pais a problemática derivada do uso excessivo da tecnologia.  No meio espírita, muitos confrades têm denominado tal problema – já que se trata de um comportamento viciante – como uma espécie de síndrome (SIT) a qual leva os seus portadores a viver, em situações mais extremas, em intensa solidão e isolamento por causa do obsessivo apego aos objetos ou ambientes tecnológicos.  O problema é tão grave que há até centros de tratamento direcionados à cura de pessoas com tais características comportamentais. Os diagnósticos, a propósito, indicam que muitas delas chegam ao extremo de estragar os seus relacionamentos afetivos, devido á dificuldade que têm de se autocontrolarem no uso desses equipamentos. De maneira semelhante, estudiosos e pesquisadores declararam que o uso excessivo de tecnologia acaba “esgotando o cérebro”, tal qual ocorre com a depressão ou o uso de anfetaminas.
Por exemplo, a neurologista inglesa Susan Greenfield afirma que “...computadores, tablets, smartphones, enfim, todos os dispositivos interativos, quando usados excessiva e ininterruptamente, deixam a mente em um estado de confusão sobre o aqui e o agora muito semelhante aos efeitos do mal de Alzheimer. As pessoas nesse estado perdem momentaneamente a noção clara do que seja passado, presente e futuro”. Ela pondera ainda que “...não existem evidências de que o cérebro sadio submetido de maneira intermitente a esses estímulos sofrerá transformações fisiológicas permanentes; no entanto, essa é uma hipótese a considerar seriamente a longo prazo”.
Afinal, na atualidade, é raro alguém não estar portando um aparelho que virou praticamente uma mania mundial. Temos a impressão que para os seus usuários,  nada mais  importa,  a  não  ser  curtir
musicas em alto volume, o que está levando, por sinal, muitas crianças e jovens a apresentar prematura perda aditiva, segundo revelam os especialistas. Vale ainda ressaltar que nas grandes cidades é comum observá-los sentados em bancos de ônibus ou vagões de metrôs, com seus aparelhos e com o olhar quase sempre alienado e indiferente a tudo e a todos. Não há aí um estilo de vida obsessivo? Mas há também, como afirmou o discípulo Paulo, com muita propriedade: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam”. Mas, passar a maior parte do dia ligado às teclas de um computador, um smartphone, notebook, etc., estará ajudando em nossa marcha ascensional? Estamos atraindo para junto a nós, que tipo de entidades espirituais devido a tal desordem psicológica? – Uma coisa é certa, ao se deixar subjugar a esse ponto, o indivíduo está se distanciando voluntariamente de uma existência sadia e enriquecedora; em outras palavras, está desperdiçando tempo precioso com coisas que não agregarão o discernimento e a lucidez ao seu Espírito.
Precisamos desse tempo para meditar, orar e avaliar a nossa conduta, caminhos percorridos, valores cultivados, atitudes tomadas, a fim de promover os ajustes e correções de rumo, quando necessários. É nesses momentos de exercícios salutares que normalmente encontramos a paz íntima, as respostas para as dúvidas e incertezas que nos assaltam, e, ainda, nesses momentos vitais é que falamos com Deus. Se não destinarmos espaço em nossa agenda diária para tais práticas, nos desviaremos com certeza dos rumos traçados às nossas conquistas interiores, e ao atirar-se com sofreguidão ás distrações produzidas pelos dispositivos eletrônicos citados, o indivíduo bloqueia parcial ou mesmo total as inspirações elevadas derivadas do plano superior da vida, em seu próprio benefício.
No livro “Atualidade do Pensamento Espírita”, ditado pelo Espírito de Vianna de Carvalho, encontramos alguns esclarecimentos sobre a Informática e a Escola, em que é tratada a questão em três itens:
Pergunta nº 170 – A Tecnologia através do computador, da multimídia, da Internet – dando acesso imediato a todos os bancos de dados e troca de informações em qualquer parte do mundo -  não nos estará dando a visão próxima de um mundo sem Escolas e sem professores? -  R. Haverá sempre a necessidade de Escolas,
cada vez mais amplas e belas nos seus aspectos de cultura e moralidade. O contato humano, o intercâmbio de experiências e de emoções com as criaturas serão sempre fundamentais para o desenvolvimento do ser em formação. A multimídia poderá facilitar a aprendizagem, ampliar a capacidade de conhecimentos, proporcionar comodidades culturais, no entanto, a Escola será sempre o Laboratório vivo de atividades e convívio dos seres humanos, onde se haurirá a sabedoria dos professores nas lições ministradas, mas também na convivência saudável e orientadora, que as máquinas, por mais perfeitas, pelo fato de não possuírem alma nem calor humano, jamais poderão substituir.
Pergunta nº 171 – A Home School, as compras on-line, missas, cultos, sexo via Internet, não estarão evidenciando um comportamento socialmente doentio? Não estarão criando uma geração de indivíduos neuróticos e solitários cuja existência se restringirá a uma tela de computador? – R. O grande pensador francês Anatole France afirmou que o ser humano, submetido por muito tempo a qualquer tipo de sujeição, quando se liberta permite-se exageros extremos, que levam depois de volta ao equilíbrio, à conduta ideal. Concordamos com o eminente escritor, porquanto, tentando fugir do desamor e da violência que predominam na conduta atual, as criaturas, em nome da preservação da vida e em busca de segurança, passaram a tentar viver em ilhas de solidão, tendo, porém, o mundo da tecnologia a que se acostumaram, ao alcance de um controle remoto, de um computador de última geração. A solidão, todavia, é antinatural, e o indivíduo foge para clubes exclusivos, praias também privadas, recreações de alto nível e preço, sendo, mesmo aí, vítima de outros companheiros portadores de transtornos neuróticos e comportamentais, que não se encontram apenas nas ruas, sendo uma problemática estrutural da personalidade, em outras palavras, do Espírito enfermo... Ver-se-á então, como efeito, induzido a romper as muralhas do isolacionismo e voltar à convivência social, fraternal, sem distâncias trabalhando-se interiormente, de modo a arrancar as raízes do mal, que se encravaram nas estruturas profundas do seu ser. Esse comportamento que se amplia, enfermo pela própria formação egoística, terá na Escola, o seu antídoto, por ensejar ao educando  a convivência agradável com outras pessoas, de que sentirá falta quando a não tiver, ampliando o círculo social em relação aos interesses cultivados, afetando todo o conjunto da sociedade.
Pergunta nº 172 – Apesar do desenvolvimento da Informática já ser bastante expressivo nos dias de hoje, verifica-se, por outro lado, que não se altera a situação do desemprego e da miséria, mesmo nas sociedades mais desenvolvidas. Como reduzir os seus efeitos? R. - Pergunte-se ao amor o que se deve fazer, a fim de diminuir a penúria que aflige as existências em todos os setores do mundo e ele responderá: Anulação do egoísmo e desenvolvimento do altruísmo. Quando as pessoas forem solidárias o excesso de alguns atenderá ás necessidades de todas, criando-se uma sociedade bem equilibrada, que compreenderá ser a felicidade um estado interior e não o acumular de bens materiais que nunca se fazem utilizados, dormindo em depósitos sob a guarda terrível da avareza e da impiedade para com as demais criaturas.
Não deve ser por outro motivo que Joanna de Ângelis, na obra Ilumina-te, nos traz interessantes advertências e recomendações a respeito, dizendo: “A parafernália da tecnologia da inutilidade, encontra-se ao alcance de todos, desviando os seus aficionados dos compromissos graves e das responsabilidades severas, que substituem pelo vazio existencial. Em consequência, falecem as suas resistências morais, quando testados na vivência dos postulados dignificantes e sacrificiais, indispensáveis à existência feliz”.
Ela ainda acrescenta:  “Quando se consegue o hábito de pensar em silêncio, permanece a alegria de viver. Esse silêncio, portanto, é tão importante para o Espírito quanto o é o pão para o corpo”. Portanto, evitemos todos os excessos e obsessões, inclusive os de natureza tecnológica.  Aprendamos a desfrutar dos avanços e recursos que a modernidade nos proporciona, com equilíbrio e sensatez, de modo a não nos tornarmos deles escravos e assim comprometermos ainda mais a nossa saúde e a nossa existência espiritual.
Fontes:
Elsa Rossi – Inglaterra
Revista “O Imortal” – 4/2014
Anselmo Ferreira Vasconcelos
“Atualidade do Pensamento Espírita”
Joanna de Ângelis – obra “Ilumina-te”
+ Pequena modificações.

Jc.
São Luís, 27/4-19/5/2014