A nossa irmã de Além-Mar, Elsa Rossi, em seu artigo publicado no jornal “O Imortal” de 4/2014, falando sobre a Tecnologia da Informática, diz: “Abençoada descoberta, a eletrônica de nossos dias! Se eu fosse fazer uma prece, talvez orasse assim: “Internet da universalidade da comunicação, que me une aos meus irmãos, que buscam sair da solidão através da telinha do computador, dos livros maravilhosos no tablete pequenino; internet que colabora com todos os destinos e faz da vida de cada um de nós, um reduto de amigos, mesmo a grande distância... A voz o sorriso, a todos alcança. Internet abençoada, que traz lições através dos vídeos que o Youtube nos convida a assistir, à nossa escolha, ao nosso livre-arbítrio, buscando a sintonia que em nosso coração existe com os canais abertos ao bem, à paz e ao amor.
Em tempo e hora, tudo é
calmo, tudo é bonito, tudo é cor; cartões postais eletrônicos com música e voz
que se movem nos absorvem; a emoção toma conta;
eu, você e todos nós que perante a internet ora viramos crianças, ora
somos eruditos. Abençoada eletrônica, abençoados cientistas, inventores,
engenheiros, desenhistas e criadores de um universo dentro de outro Universo,
colaboradores do Criador, que a tudo facilita na boa intenção e no bem, pois
Ele, o Criador das estrelas, criando-as tão luminosas e tão belas, que giram cada uma, no seu vórtice, sem nunca se
tocarem...”
Continuando no seu artigo
diz ainda: “Há trinta anos passados acontecia á primeira comunicação entre
computadores por Vint Cerf e seus colegas pesquisadores. Pouco depois, mais
aprimorada essa comunicação, nascia á internet com o Word Wide Web (grande teia
mundial), e já era disponibilizada, a todos gratuitamente, por essas almas
nobres. Hoje temos essa ferramenta a favor da divulgação da Doutrina dos
Espíritos e devemos explorá-la o mais que pudermos, para disponibilizarmos
facilidades que melhorem muito a existência das pessoas nas suas comunicações.
Cuidemos também de criar websites com coerentes informações, em diversos
idiomas, já que a luz do sol é para todos”.
Não há nenhuma dúvida de que
a marca do progresso humano é traduzida, entre outras coisas, pela
interatividade e acessibilidade. Desse modo, softwares e hardwares dos mais
variados tipos e com
designs variados têm ajudado
as pessoas a estabelecer conexões e a realizar operações e atividades
inimagináveis. Em consequência, com muita facilidade pagamos contas, compramos
produtos e serviços que podem estar em qualquer lugar do planeta, lemos livros
e artigos digitalizados, marcamos compromissos, travamos contatos com outras
pessoas que podem estar bem distantes de nós por meio de E-mails, blogs, e das
facilidades do Skype, pesquisando os mais variados assuntos. Tudo isso é
simplesmente surpreendente e fascinante!
Entretanto, apesar de todos
esses benefícios, tem sido objeto de enorme preocupação para os pais a
problemática derivada do uso excessivo da tecnologia. No meio espírita, muitos confrades têm denominado
tal problema – já que se trata de um comportamento viciante – como uma espécie
de síndrome (SIT) a qual leva os seus portadores a viver, em situações mais
extremas, em intensa solidão e isolamento por causa do obsessivo apego aos
objetos ou ambientes tecnológicos. O
problema é tão grave que há até centros de tratamento direcionados à cura de
pessoas com tais características comportamentais. Os diagnósticos, a propósito,
indicam que muitas delas chegam ao extremo de estragar os seus relacionamentos
afetivos, devido á dificuldade que têm de se autocontrolarem no uso desses
equipamentos. De maneira semelhante, estudiosos e pesquisadores declararam que
o uso excessivo de tecnologia acaba “esgotando o cérebro”, tal qual ocorre com
a depressão ou o uso de anfetaminas.
Por exemplo, a neurologista
inglesa Susan Greenfield afirma que “...computadores, tablets, smartphones,
enfim, todos os dispositivos interativos, quando usados excessiva e
ininterruptamente, deixam a mente em um estado de confusão sobre o aqui e o
agora muito semelhante aos efeitos do mal de Alzheimer. As pessoas nesse estado
perdem momentaneamente a noção clara do que seja passado, presente e futuro”.
Ela pondera ainda que “...não existem evidências de que o cérebro sadio
submetido de maneira intermitente a esses estímulos sofrerá transformações
fisiológicas permanentes; no entanto, essa é uma hipótese a considerar
seriamente a longo prazo”.
Afinal, na atualidade, é
raro alguém não estar portando um aparelho que virou praticamente uma mania
mundial. Temos a impressão que para os seus usuários, nada mais
importa, a não
ser curtir
musicas em alto volume, o
que está levando, por sinal, muitas crianças e jovens a apresentar prematura
perda aditiva, segundo revelam os especialistas. Vale ainda ressaltar que nas
grandes cidades é comum observá-los sentados em bancos de ônibus ou vagões de
metrôs, com seus aparelhos e com o olhar quase sempre alienado e indiferente a
tudo e a todos. Não há aí um estilo de vida obsessivo? Mas há também, como
afirmou o discípulo Paulo, com muita propriedade: “Todas as coisas me são
lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas
nem todas as coisas edificam”. Mas, passar a maior parte do dia ligado às
teclas de um computador, um smartphone, notebook, etc., estará ajudando em
nossa marcha ascensional? Estamos atraindo para junto a nós, que tipo de
entidades espirituais devido a tal desordem psicológica? – Uma coisa é certa,
ao se deixar subjugar a esse ponto, o indivíduo está se distanciando
voluntariamente de uma existência sadia e enriquecedora; em outras palavras,
está desperdiçando tempo precioso com coisas que não agregarão o discernimento
e a lucidez ao seu Espírito.
Precisamos desse tempo para
meditar, orar e avaliar a nossa conduta, caminhos percorridos, valores
cultivados, atitudes tomadas, a fim de promover os ajustes e correções de rumo,
quando necessários. É nesses momentos de exercícios salutares que normalmente
encontramos a paz íntima, as respostas para as dúvidas e incertezas que nos
assaltam, e, ainda, nesses momentos vitais é que falamos com Deus. Se não
destinarmos espaço em nossa agenda diária para tais práticas, nos desviaremos com
certeza dos rumos traçados às nossas conquistas interiores, e ao atirar-se com
sofreguidão ás distrações produzidas pelos dispositivos eletrônicos citados, o
indivíduo bloqueia parcial ou mesmo total as inspirações elevadas derivadas do
plano superior da vida, em seu próprio benefício.
No livro “Atualidade do
Pensamento Espírita”, ditado pelo Espírito de Vianna de Carvalho, encontramos
alguns esclarecimentos sobre a Informática e a Escola, em que é tratada a
questão em três itens:
Pergunta nº 170 – A
Tecnologia através do computador, da multimídia, da Internet – dando acesso
imediato a todos os bancos de dados e troca de informações em qualquer parte do
mundo - não nos estará dando a visão próxima
de um mundo sem Escolas e sem professores? -
R. Haverá sempre a necessidade de Escolas,
cada vez mais amplas e belas
nos seus aspectos de cultura e moralidade. O contato humano, o intercâmbio de
experiências e de emoções com as criaturas serão sempre fundamentais para o
desenvolvimento do ser em formação. A multimídia poderá facilitar a
aprendizagem, ampliar a capacidade de conhecimentos, proporcionar comodidades
culturais, no entanto, a Escola será sempre o Laboratório vivo de atividades e
convívio dos seres humanos, onde se haurirá a sabedoria dos professores nas
lições ministradas, mas também na convivência saudável e orientadora, que as
máquinas, por mais perfeitas, pelo fato de não possuírem alma nem calor humano,
jamais poderão substituir.
Pergunta nº 171 – A Home
School, as compras on-line, missas, cultos, sexo via Internet,
não estarão evidenciando um comportamento socialmente doentio? Não estarão
criando uma geração de indivíduos neuróticos e solitários cuja existência se
restringirá a uma tela de computador? – R. O grande pensador francês Anatole
France afirmou que o ser humano, submetido por muito tempo a qualquer tipo de
sujeição, quando se liberta permite-se exageros extremos, que levam depois de
volta ao equilíbrio, à conduta ideal. Concordamos com o eminente escritor,
porquanto, tentando fugir do desamor e da violência que predominam na conduta
atual, as criaturas, em nome da preservação da vida e em busca de segurança,
passaram a tentar viver em ilhas de solidão, tendo, porém, o mundo da
tecnologia a que se acostumaram, ao alcance de um controle remoto, de um
computador de última geração. A solidão, todavia, é antinatural, e o indivíduo
foge para clubes exclusivos, praias também privadas, recreações de alto nível e
preço, sendo, mesmo aí, vítima de outros companheiros portadores de transtornos
neuróticos e comportamentais, que não se encontram apenas nas ruas, sendo uma
problemática estrutural da personalidade, em outras palavras, do Espírito
enfermo... Ver-se-á então, como efeito, induzido a romper as muralhas do
isolacionismo e voltar à convivência social, fraternal, sem distâncias
trabalhando-se interiormente, de modo a arrancar as raízes do mal, que se encravaram
nas estruturas profundas do seu ser. Esse comportamento que se amplia, enfermo
pela própria formação egoística, terá na Escola, o seu antídoto, por ensejar ao
educando a convivência agradável com
outras pessoas, de que sentirá falta quando a não tiver, ampliando o círculo
social em relação aos interesses cultivados, afetando todo o conjunto da
sociedade.
Pergunta nº 172 – Apesar do
desenvolvimento da Informática já ser bastante expressivo nos dias de hoje,
verifica-se, por outro lado, que não se altera a situação do desemprego e da
miséria, mesmo nas sociedades mais desenvolvidas. Como reduzir os seus efeitos?
R. - Pergunte-se ao amor o que se deve fazer, a fim de diminuir a penúria que
aflige as existências em todos os setores do mundo e ele responderá: Anulação
do egoísmo e desenvolvimento do altruísmo. Quando as pessoas forem solidárias o
excesso de alguns atenderá ás necessidades de todas, criando-se uma sociedade
bem equilibrada, que compreenderá ser a felicidade um estado interior e não o acumular
de bens materiais que nunca se fazem utilizados, dormindo em depósitos sob a
guarda terrível da avareza e da impiedade para com as demais criaturas.
Não deve ser por outro
motivo que Joanna de Ângelis, na obra Ilumina-te, nos traz
interessantes advertências e recomendações a respeito, dizendo: “A parafernália
da tecnologia da inutilidade, encontra-se ao alcance de todos, desviando os
seus aficionados dos compromissos graves e das responsabilidades severas, que
substituem pelo vazio
existencial. Em consequência, falecem as
suas resistências morais, quando testados na vivência dos postulados
dignificantes e sacrificiais, indispensáveis à existência feliz”.
Ela ainda acrescenta: “Quando se consegue o hábito de pensar em
silêncio, permanece a alegria de viver. Esse silêncio, portanto, é tão
importante para o Espírito quanto o é o pão para o corpo”. Portanto, evitemos
todos os excessos e obsessões, inclusive os de natureza tecnológica. Aprendamos a desfrutar dos avanços e recursos
que a modernidade nos proporciona, com equilíbrio e sensatez, de modo a não nos
tornarmos deles escravos e assim comprometermos ainda mais a nossa saúde e a
nossa existência espiritual.
Fontes:
Elsa
Rossi – Inglaterra
Revista
“O Imortal” – 4/2014
Anselmo
Ferreira Vasconcelos
“Atualidade
do Pensamento Espírita”
Joanna
de Ângelis – obra “Ilumina-te”
+
Pequena modificações.
Jc.
São
Luís, 27/4-19/5/2014