Respondendo à questão nº 2 de “O Livro dos Espíritos”, codificado por Allan Kardec: “Que se deve entender por infinito?”, os Espíritos Superiores esclareceram: “O que não tem começo nem fim”.
Aos
menos atentos, esse tema não se revestiria de tanta importância, mas ele toca
numa questão filosófica relevante que se entrelaça com a questão religiosa e
científica.
No
aspecto religioso, somente com o espírito de humildade é possível aceitar o
infinito com tranquilidade e confiança no Criador. Diante do infinito o ser
humano treme e se sente apequenado, pois se vê arrebatado pela grandiosidade do
Universo, que evoca profundas reflexões, por exemplo, quando descortina o
firmamento povoado de trilhões de estrelas ou quando está diante da morte
física inevitável.
No
âmbito científico, o infinito é um convite permanente ao investigador sedento
de saber, o qual, mesmo diante do incognoscível, não desiste e continua
procurando respostas para suas desafiantes pesquisas.
A
resposta dos amigos espirituais está envolta em uma aparente obviedade,
contudo, seu alcance é bem mais amplo, pois vai além de um simples jogo de
palavras. O infinito nos remete ao que é incalculável, que não pode ser
mensurado, aquilo que não tem limites. Amadurecida a compreensão na maioridade
mental, percebe o ser humano a sua própria pequenez à frente do Infinito.
Observa que o planeta, grande e sublime pelas oportunidades de elevação que nos
oferece, é um simples grão de areia quando comparado ao imenso Universo.
Cercado por sóis e mundos incontáveis, ergue-se dentro de si mesmo, para
indagar quanto aos problemas do destino, da dor e da morte... Suas perguntas
silenciosas atravessam o Espaço incomensurável, em busca das eternas
revelações...
Na
tentativa de solucionar esta simples informação, inúmeros sistemas foram
construídos, muita tinta se gastou para explicar o que, por enquanto, é
inexplicável. Outros, que se supunham dotados de grande inteligência, chegaram
a enlouquecer de tanto pensar nisso, porque a razão é, ainda, impotente para entender
o infinito. Tal circunstância apenas demonstra a nossa indigência intelectual,
para não dizer espiritual, quanto ainda estamos longe de compreender os
segredos da criação do Universo.
Observação
– Se há um mistério insondável para o ser humano, é o princípio e o fim de
todas as coisas. A visão do infinito lhe dá vertigem. Para compreender, são
necessários conhecimentos e um desenvolvimento intelectual e moral que ainda
está longe de se possuir, malgrado o orgulho que nos leva a julgar-nos chegado
ao topo da escala humana. Entretanto, em relação a certas ideais, estamos na
posição de uma criança que quisesse fazer cálculo diferencial e integral antes
de saber as quatro operações.
Quando,
por exemplo, o ser humano cria leis como o aborto, a pena de morte, a
eutanásia, com o propósito de controlar a população mundial, conter o crime e
evitar o sofrimento, está dando mostras de sua enorme ignorância e limitação,
de que não consegue enxergar de que no infinito estão soluções mais dignas e
simples para esses problemas. Quando o ser humano cria sistemas, como o
capitalismo e o socialismo, os quais não resolvem as questões da economia, do
bem-estar social e da criminalidade, nem evitam as guerras e a miséria, é
porque ignora que há outras maneiras mais aperfeiçoadas de fazer o que deve ser
feito.
O
Espírito de Bezerra de Menezes escreveu interessante mensagem, com que inaugura
o livro “O Espírito da Verdade”, oferecendo solução para os problemas da
humanidade. Nela, mostra que o mundo está repleto de ouro, de espaço, de
cultura, de teorias e de organizações, apontando-as como impotentes para
resolver os dilemas humanos. Ao concluir a sublime mensagem, o venerando
Espírito indica um roteiro infinito de bênçãos não encontradas em nenhum
compêndio científico e que está ao alcance de todos: “Para extinguir a chaga da
ignorância, que acalenta a miséria; para dissipar a sombra da cobiça, que gera
a ilusão; para exterminar o monstro do egoísmo, que promove a guerra; para
anular o verme do desespero, que promove a loucura e para remover o charco do
crime, que carreia o infortúnio, o único remédio eficiente é o Evangelho de
Jesus no coração humano”.
Enquanto
alguns se perdem nas cogitações, e outros mergulham nas festas ruidosas do
mundo, numa busca frenética e incessante da felicidade, o infinito aponta outros
caminhos para a redenção humana. Assim, podemos dizer que o infinito é um
emblema do Criador a nos lembrar que, incessantemente, vivemos mergulhados em
abundância material e espiritual. Se, sofremos se vivemos na miséria, se somos
limitados, ainda presos a alguma coisa, ansiosos e aflitos em virtude de
dificuldades que não conseguimos superar, é porque o egoísmo tolda nossos olhos
e nossa inteligência; é porque a ignorância não nos deixa sondar o destino
glorioso que nos está reservado no infinito e que compete a nós construir...
Fonte:
Revista “O Reformador” –
02/2014
Chistiano Torchi
+ Supressões e pequenas
modificações
Jc.
São Luis, 11/5/2014