quarta-feira, 22 de julho de 2015

AS VIDEO-CASSETADAS DO FAUSTÃO





 O senhor Ricardo Balestreri, licenciado em História, especialista em Psicopedagogia e em Terapia de Família, atuou como especialista em programas das Nações Unidas para o Desenvolvimento, e presidido a Anistia Internacional-Seção brasileira, além de outros cargos de grande relevância. Ricardo é uma das raras figuras públicas brasileiras, senão a única pessoa que é considerada humanista, pelo seu incansável empenho pelo bem-estar social e pela promoção da cidadania.
Numa das várias palestras que costuma proferir, ele disse que, aproximadamente há 15 anos, certa vez estava em casa num domingo, com a TV ligada no programa do Faustão. Ele prestou atenção por alguns instantes no quadro “vídeo-cassetadas”, e na condição de um promotor da valorização da vida, de um cidadão consciente, de um ser humano, custou a acreditar no que via. Em plena rede nacional, na maior emissora do país, Faustão destilando incivilidade e grosseria, destratando vulgarmente as pessoas que apareciam nas cenas exibidas. Ele concluiu dizendo que há 15 anos, baniu do seu lar o programa do Faustão, um programa que atenta contra os mais básicos conceitos de civilidade.
Renato Russo também já dirigiu duras críticas à programação da TV brasileira, tratada por ele como “Teatro dos Vampiros”. Suas críticas eram ainda mais duras ao programa “vídeo-cassetadas” do Faustão, que ele tratava por vídeo “assassinatos do Faustão”. Assassino do senso de civilidade e também da dignidade do ser humano. Será que Ricardo Balestreri e Renato Russo são demasiados duros nas suas críticas ao quadro “vídeo-cassetadas” do Faustão? Para tirar as dúvidas, vamos analisar o que foi ao ar no último domingo, dia 5 de julho.
Logo no início do quadro, uma criança escorrega e leva uma pancada na cabeça. Faustão narrando a cena, diz que a criança é “Uma anta”, “Um filhote de jumento”. Ao narrar a próxima cena, em que uma mãe se desequilibra, com a filha ao lado, Faustão ataca dizendo: “Mamãe anta” e prossegue falando: “Coitada da filha se crescer e ficar com a cara da mãe”. A ironia e o sarcasmo tão corrosivos contra a infância, não pouparam tampouco as pessoas idosas que levam tombos: “O vovô está doido, tá fumando aquele cigarrinho, e a vovó doidona”. Num único domingo, Faustão ainda zomba de um bebê que levou uma dedada no olho, e continuou destilando uma lista de impropérios, como: Panaca, palhaço, mula, loira burra, besta, jumento, anta e estúpido, (além de uma série de trocadilhos chulos de cunho sexual, que nos abstemos de reproduzir).
Quando um marmanjo mal educado zomba e fala de uma criança que acaba de se machucar de: “Anta e filhote de jumento”, sem que haja uma advertência por parte de um juiz de menores, e fica tudo por isso mesmo, é porque algo está gravemente errado na nossa sociedade. Se fosse um filho ou um neto dele a se machucar gravemente, será que também zombaria com tamanho escárnio?
Não seriam programas com o quadro “vídeo-cassetadas” do Faustão, responsáveis diretos da onda de bullying que tomou conta dos alunos das escolas brasileiras? É preciso ligar os fatos. A dor do próximo, que deveria despertar sentimentos de pesar e compaixão, transformada em objeto de sarcasmo  e cruel zombaria. Pessoas gravemente feridas sendo tratadas de “estúpido e otário”. Como foi que nos transformamos tão desumanos? Um marmanjo a zombar semanalmente, em horário nobre, da dor e da desgraça alheia – crianças que se machucam, idosos que levam tombos. É preciso refletir sobre o impacto negativo que esse programa tem na deformação do caráter das crianças e adolescentes, expostos ao assistir esse programa.
Outro caso apresenta o cabelo da aniversariante tomado pelo fogo, ao assoprar o bolo, uma cena que em qualquer pessoa civilizada despertaria compaixão e consternação. Mas para Faustão, certamente não passa de mais uma oportunidade para zombaria, ao chamar a pobre moça de “anta”  e “filha de jumento”.  Se ela fosse uma parenta desse ignorante, será que Faustão dirigiria a ela as mesmas palavras de baixo calão com que trata as pessoas que aparecem nos vídeos? Quando foi que nos tornamos insensíveis e desalmados, dando audiência a essas baixarias?
Se as pessoas não se rebelarem, não mudarem de canal, se nada for feito, onde vamos parar? Com uma aula semanal de boçalidades e bullying, indo ao ar e entrando nos lares das famílias cristãs, todas as tardes de domingo? Será que basta mudar de canal ou desligar a Televisão aos domingos? Há 15 anos, Ricardo Balestreri fez isso, não foi imitado e nada mudou. Até quando Faustão haverá de zombar impunimente em rede nacional, de crianças que se machucam e idosos que levam tombos?  Até quando haveremos de tolerar passivamente um indivíduo sem moral, destratar as crianças e idosos, chamando-os de ‘anta e filhote de jumento?” Onde foi para a decência, o respeito e o amor, preconizado por Jesus, nesse indivíduo? Neste imundo lamaçal em que se transformou a TV brasileiras; quem é a “anta” e o “filho de jumento” da história?
Eu, complementando esse artigo, como pai e avô e juntamente com outros pais, sabemos que a televisão se tornou uma “ocupação” constante para as crianças, e deve ser vista com cautela por todos nós pais, significando que a criança pode estar se envolvendo com o que há de pior nos programas apresentados. Há um consenso de que as crianças expostas a tais programas é um fator de risco para elas. E para evitar uma deformação na mente das crianças, pais e educadores devem manter uma atitude criteriosa quanto à seleção preferencial da programação. Deve haver uma seleção do que as crianças veem na televisão, para enriquecer a sua formação. A existência banalizada por programas que não educam e nem serve para nada, apresentando o desrespeito, a violência, as drogas e o sexo, é retratada diariamente pela televisão. Ela e uma janela democrática para o mundo ou um perigoso meio de desvirtuar crianças e jovens.  A maioria dos programas mostram crimes, imagens de violência física e psicológica e apelação para o sexo.
Pobre insensato, como diria Jesus, esse Faustão que não sonha com a possibilidade de amanhã lhe será preciso deixar todas essas futilidades, cujo resultado só envenena sua existência, e esse estado de coisas é sempre um sinal de decadência moral. Ele esqueceu a recomendação do “deixai vir a mim as criancinhas”, e também que toda palavra ofensiva gera um sentimento contrário á lei da caridade e do amor, que deve regular as relações dos seres humanos e manter entre eles a concórdia e a união, sendo um insulto a benevolência e a fraternidade. Ele esqueceu ainda que tem que respeitar também os idosos, como o seu pai, e saber que um dia se tornará um idoso também. Deve ele imitar o “Bom Samaritano” e não os fariseus, procedendo sem humilhar ofender e não ter piedade para com os que sofrem. O mundo gira e se hoje ele se encontra no direito de menosprezar as pessoas, esquece que Deus é o verdadeiro proprietário e que amanhã pode tudo mudar, e ele passar a ser humilhado e desprezado pelo seu procedimento de hoje.
Até alguns anos atrás, o tipo de programas era simples: apresentações musicais, gincanas, entrevistas, desenhos e telejornais Um dos grandes avanços da televisão se concretizou na Constituição Federal de 1988, que assegura todos os direitos à criança, ao adolescente e ainda aos idosos, com absoluta prioridade. Entretanto a televisão não assumiu esse papel, por não lhes interessar e por falta de fiscalização do poder público, transformando–se no que é hoje, com raríssimas exceções,  numa babel de programas sem respeito, moral e dignificantes, como “As vídeo-cassetadas do Faustão”, “Big Brothers” e outros iguais; nestes programas e também nos filmes que são apresentados, a grande maioria  são de violência, crimes e sexo explicito; nas novelas, com exceção dos “Dez Mandamentos” o que é apresentado são apenas baixarias, e tratam de traições, morte, sexo,  violência, infidelidades, mentiras, desrespeito aos pais, tudo o que não presta, sem se interessar e tentar ajudar as nossas crianças, com programas instrutivos; filmes como “Sempre ao seu lado”,  que mostra a dedicação e o carinho de um cachorro ao seu dono, esperando-o todas as tardes, na estação, até mesmo quando o seu dono vem a falecer, “A Trilogia de Nárnia”, que é usado nos colégios como paradidático, “Ghost – Do Outro Lado da Vida” e outros filmes da mesma qualidade, para melhorar a programação, em substituição aos programas e filmes, cheios de tudo o que não presta, apresentados atualmente, causando prejuízo para elas, as crianças de hoje, que poderão nos dar a esperança de um futuro melhor, mais digno, mais fraterno e melhor para os brasileiros e o Brasil.

Fonte:
Internet- artigo “Faustão x Compaixão”
Ricardo Balestreri
Trecho de J.C.                                                                                              Evangelho de Jesus. 

Jc.
São Luís, 9/7/2015