domingo, 19 de outubro de 2014

BIOGRAFIA DE MISSIONÁRIOS ESPÍRITAS DO MARANHÃO




  Sabemos de muitos missionários enviados a Terra, que de tempos em tempos vêm nos dar exemplos de como ser um verdadeiro seguidor do Mestre Amado, e nos mostrar como alcançar o progresso espiritual. Dentre eles, nos lembramos de Francisco de Assis, na Itália; Allan Kardec, Joana D’arc, César Lombroso, Camile Flamarion, Ernesto Bozanno, Leon Denis e outros, na França; Gandhi, na Índia. No Brasil, por ser a “Pátria do Evangelho”, vieram muitos missionários, dentre os quais destacamos: Adolfo Bezerra de Menezes, Alberto Almeida, Antonio Gonçalves da Silva, Aparecida da Conceição Ferreira, Artur Lins de Vasconcelos, Augusto Elias da Silva, Benedita Fernandes, Cairbar Schutel, Carlos Imbassay, Clovis Tavares, Divaldo Pereira Franco, Eurípedes Barsanulfo, Francisco Candido Xavier, Francisco Peixoto Lins (Peixotinho), Frederico Figner, Jerônimo Mendonça, Jorge Rizzini, José Bento Monteiro Lobato, José Herculano Pires, José Raul Teixeira, Leopoldo Machado, Luis Olimpio Teles de Menezes, Manoel Philomeno de Miranda, Manoel Viana de Carvalho, Sylvio Walter Xavier, Yvone do Amaral Pereira, e tantos outros, que marcaram a época em que viveram e vivem, pela existência dedicada ao próximo, seguindo os ensinos de Jesus. Alguns deles, pelos seus serviços humanitários, receberam títulos de “benfeitores”, “gigante Deitado”, “médico dos pobres”,  etc.

E aqui no Maranhão, existiu algum missionário que tenha desempenhado alguma missão de divulgação da Doutrina Espírita e recebido o título de benemérito, pelos serviços de abnegação aos seus semelhantes? – Sim, e vamos transcrever fatos da existência de cada um deles.

LUÍS OLÍMPIO GUILLON RIBEIRO

Luís Olímpio Guillon Ribeiro reencarnou no estado do Maranhão, em São Luís, no dia 17 de janeiro de 1875, filho de pais pobres, Luiz Antônio Gonçalves Ribeiro e de Olímpia Guillon Gonçalves Ribeiro. A família muito humilde passava por privações e seu pai conseguiu para ele (primogênito), um curso gratuito no Seminário de São Luís, onde realizou os primeiros estudos. Tendo ficado órfão de pai aos sete anos de idade, a sua mãe resolveu transferir-se com os filhos para o Rio de Janeiro, onde Luís ingressou como aluno na antiga Escola Militar, na Praia Vermelha. Como não era de feitio militar, ele não levou mais de três anos na carreira das armas. Pediu e obteve baixa. Aproveitou, então, os conhecimentos do curso que tinha seguido e matriculou-se diretamente no 2º ano da Escola Politécnica do Rio de Janeiro.   

Para poder custear seus estudos e ajudar na manutenção da família, se entregou a árduos labores, conciliando-os com a escola e os estudos. Formou-se em engenharia civil e sempre procurando aumentar seus conhecimentos, resolveu estudar vários idiomas, para conhecer a cultura de outros países. Ele começou a corresponder-se com jornais da Itália, França e Inglaterra, além de aperfeiçoar-se na língua portuguesa. Ingressou por essa época no serviço público, no cargo de 2º oficial da Secretaria do Senado Federal, aonde chegou a exercer o cargo de Diretor-Geral. Ele, nesse local, fez profunda amizade com o senador Rui Barbosa, a quem admirava pelos ideais abolicionistas e de quem recebeu, aos 28 anos, uma referência elogiosa em face de sua participação no trabalho de revisão do “Projeto do Código Civil”.

Guillon notara que Rui Barbosa mudava sua expressão, parecendo-lhe que forças ocultas o dirigiam. Que seria? Havia algo estranho que ele precisava desvendar. Essas e outras questões ouvidas por ele, em diversos locais pelos quais passava, teimavam em ocupar sua mente. Resolveu procurar e pesquisar nos livros, que sabia existirem e que o autor seria um renomado professor francês, sem conhecer-lhe o nome. Dessa forma, Guillon Ribeiro chega à Editora B.L.Garnier. Conversando com os editores daquela casa e expondo sua pretensão, indicam-lhe “O Livro dos Médiuns”. Procurando o nome do tradutor, achou o pseudônimo de Fortunio. Curioso, perguntou aos editores quem era ele. Foi informado, então, que toda obra kardequiana, em suas primeiras traduções, pertenciam ao doutor Joaquim Carlos Travassos, desde 1875, ano do nascimento de Guillon. Passou ele a conhecer e conviver com muitas pessoas que eram estudiosas do Espiritismo. Tivera então noticias de que o famoso espírita Dr. Bezerra de Menezes fora um grande político e que, abandonara a vida pública dedicando-se inteiramente à Doutrina Espírita. Estava Guillon querendo desvendar o que acontecia com Rui Barbosa, e também os mistérios da vida e sua criação divina. Desde muito jovem, dizia ele, que tinha uma inclinação pelo Espiritismo; é que, no seu subconsciente, já estava traçado o plano da missão de que fora incumbido.

Em 11 de abril de 1910, conheceu a Sra. Raimunda Portela e casaram-se numa cerimônia simples. Dessa feliz união nasceram cinco filhos. Luís Antônio, Antônio Luís, Aloísio, Olímpia Luísa e Mariana.  A vida prosseguia, e Guillon vivia procurando entender cada vez mais a Doutrina Espírita, até que ocorreu a morte de sua mãe, Olímpia Guillon Gonçalves Ribeiro, após longo período de enfermidade. Para ele, a desencarnação de sua mãe foi de extrema dor. Amparado por seus familiares e amigos, conseguiu, aos poucos, recuperar-se. Aproximou-se de amigos espíritas e buscou com mais afinco a Doutrina Espírita, começando a ler não só “O Livro dos Médiuns” como devorou todas as obras de Allan Kardec. Por meio dessa leitura, tomou conhecimento da Doutrina e da seriedade do assunto. Passou, então, a refletir com mais atenção sobre os problemas do ser, do destino e da dor, entendendo a existência terrena e o significado da morte, que nada mais é que a libertação do Espírito preso a um corpo físico, após tentar se desvencilhar dos erros cometidos. E um novo caminho abriu-se em sua mente. Guillon Ribeiro tornou-se um verdadeiro espírita e mais um aliado do Cristo.

Seu pensamento, agora, se fixava na máxima demonstrada por Kardec nas páginas de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:  “Fora da Caridade não há Salvação”. Começou ele a levar palavras de consolo e fé aos detentos da Casa de Correção, começando nesse local o seu trabalho, onde a dor moral era de consequências gravíssimas, segundo os estudos feitos por ele sobre a reencarnação. As primeiras visitas foram difíceis. Os presidiários, que o ouviam falar do Evangelho, eram pouquíssimos.  Mas suas palavras, seguras, os foram cativando e, muitos detentos já o esperavam ansioso. Muitos dos presidiários que de lá saíram, cumprida a pena, tornaram-se seus verdadeiros amigos. Durante 26 anos consecutivos foi Diretor da Federação Espírita Brasileira, tendo exercido quase todos os cargos até seu falecimento. Em 1937, então presidente da FEB, Guillon Ribeiro observou a necessidade inadiável da instalação de oficinas tipográficas próprias. A ideia, a princípio combatida, foi evoluindo com o tempo e concretizou-se em fins de 1938. Finalmente, a 4 de novembro de 1939, a pequena oficina gráfica da FEB passou a funcionar.

Guillon se destacou como orador e como responsável pela tradução de quase todas as obras de Allan Kardec, inclusive foi tradutor impecável de várias obras  estrangeiras, de língua francesa, inglesa e italiana. Ele era um homem virtuoso e conhecedor de quaisquer ramos da cultura; espírita e sempre com uma voz vibrante, firme e serena, tornou-se respeitado e querido em todo o Brasil espírita. A jornada terrena de Guillon Ribeiro foi interrompida no dia 26 de outubro de 1943, com 68 anos de existência produtiva, e assistido pelos amigos espirituais. Foi recebido na espiritualidade por sua mãe, dona Olímpia,  ao lado de Espíritos amigos, que colaboraram para que seu desenlace fosse tranquilo. Deixou seu último trabalho, intitulado “Crisol de Purificação”, que foi publicado no Reformador de 1943, após seu falecimento. Nessa obra, Guillon escreve sobre a dor, falando quanto ela é amiga e proveitosa ao ser humano.


NETTO  GUTERRES

Algumas vezes ouvi referências muito vagas, sobre um médico que aqui nasceu e aonde exerceu sua missão. Em 05/10/2004 tomei conhecimento pelo Caderno Alternativo do jornal “O Estado do Maranhão”, de alguns detalhes sobre esse missionário. Em 28/11/2004, tomei conhecimento amplo desse missionário do bem, ao receber das mãos do seu neto, Sr. Luiz Alfredo Netto Guterres, um exemplar autografado, da biografia do Dr. ‘Netto Guterres”, o médico dos pobres do Maranhão. Para que as pessoas tenham conhecimento desse benfeitor e um pouco da sua existência e da missão que desempenhou como apóstolo do bem, durante 30 anos, menciona abaixo alguns dados da sua biografia.

Luiz Alfredo Netto Guterres, ou Dr. Netto Guterres, filho de Antonio Celestino Ferreira Guterres e de Joaquina Rosa Netto Guterres, nasceu na cidade de “Tapuitapera”, depois mudada para Alcântara, em 04 de abril de 1880, vindo ao mundo, de família pobre, com poucos recursos econômicos, devido os seus pais terem abolido a escravidão nas suas propriedades, antes mesmo da Lei Áurea, dando as terras da fazenda “Boa Esperança” aos seus ex-escravos.

Estudou ele em Alcântara e posteriormente na cidade de Pinheiro, vindo depois cursar o Ginásio no Liceu Maranhense. Alguns anos depois, já residindo no Rio de Janeiro, foi aprovado no vestibular da Faculdade de Medicina, onde concluiu o curso em 1905, quando já havia concluído o curso de Farmácia em 1902. Foi um dos aluno do professor Barata Ribeiro, e estudou e pesquisou desde o terceiro ano, como interno da Santa Casa de Misericórdia.

Movido pelo grande amor que tinha ao Maranhão e, na impossibilidade de se estabelecer em Alcântara, sua terra natal, veio residir em São Luis, onde abriu um consultório. Já na qualidade de sócio-proprietário da farmácia “São Vicente de Paula”, na Rua Grande, esquina com a Rua do Passeio, seguindo o exemplo recebido dos pais, instalou nos fundos da farmácia o “Consultório dos pobres”, onde por 30 anos, exerceu sua profissão de médico, tendo muitas vezes deixado de atender clientes ricos para atender um pobre ou um miserável da periferia, que não tinha condições de pagar a consulta e comprar os remédios receitados, que ele fornecia gratuitamente de sua própria farmácia, aos próprios clientes.

Já como médico pediatra, cirurgião, clínico, dermatologista, ginecologista e obstetra foi o iniciador da medicina social em nosso Estado e no Brasil, juntamente com o Dr. Peterson, médico inglês radicado em Salvador. Absorvido nesse “fanatismo do bem, que lhe orientava as ações, por todos os casebres das zonas humildes da cidade”, como bem disse o Dr. Aquiles Lisboa. Netto Guterres consumiu toda sua existência no sacerdócio da medicina, por uma necessidade espiritual, na sua devoção de lutar contra a dor e a morte. Ele não era médico preocupado com o ganho; mas sim, o médico para tratar e curar as pessoas mais necessitadas.

Foi ele, o criador da primeira escola de enfermagem de São Luis, e desenvolveu o serviço de profilaxia rural e da maternidade na enfermaria do Hospital Geral. Lutou contra as epidemias de: Varíola, Peste Bubônica e Gripe Espanhola, que matou cerca de 300 mil brasileiros, inclusive o presidente Rodrigues Alves e o educador espírita Eurípedes Barsanulfo. Difícil era encontrar entre os moradores de São Luis, alguém que não fosse ou não tivesse um parente, cliente do Dr. Netto Guterres. Do mais humilde morador da periferia ao mais rico empresário, todos recebiam o tratamento sem a menor discriminação e com a maior atenção e carinho.

Vejamos algumas funções exercidas por esse missionário de Jesus: Em 1905, recém-formado, foi nomeado Inspetor Sanitário; em 1908, recebeu carta do Governador do Estado, agradecendo pelos seus serviços de combate a epidemia de Varíola, ao mesmo tempo em que era contratado para a campanha contra a Peste Bubônica; em 1909, foi nomeado médico da Assistência Pública; em 1910, foi nomeado médico substituto do Hospital Santa Casa de Misericórdia; em, 1913, nomeado pelo Marechal Hermes da Fonseca, Tenente-Coronel da Guarda Nacional no Maranhão, tendo colaborado com seus serviços gratuitos no 24º Batalhão de Caçadores; em 1919, passou a dirigir o Serviço Sanitário Municipal; em 1932, foi nomeado Chefe da Clínica do Hospital Geral e do Departamento de Assistência Médica.  Até a União dos Chauffeurs de São Luis, hoje Sindicato dos Motoristas, registrou o seu nome como o primeiro Sócio Benemérito da União, pelos relevantes serviços prestados aos associados que o procuravam a qualquer hora e eram atendidos. Foi ele ainda, médico do Corpo de Bombeiros, da Cadeia Publica, do Matadouro Municipal, onde evitou uma epidemia de carbúnculo, moléstia infecciosa do gado bovino que ataca o ser humano.

Existia antigamente nos fundos do Cemitério do Gavião, um Leprosário e, estando uma leprosa em situação crítica de gravidez, com o feto em posição anormal, e não sabendo o médico do Leprosário, o que fazer para salvar a parturiente e a criança, apelou para o “médico dos pobres”. Ele, acompanhado da parteira de sua confiança foi até o local. É oportuno destacar que a medicina naquela época ainda não tinha o arsenal anti-infeccioso que hoje existe; apenas a “estufa” para esterilizar os instrumentos. Netto Guterres, assistido pela espiritualidade, após aplicar técnicas avançadas e algumas horas de trabalho, conseguiu salvar a parturiente e a criança.

Salvou ele, dois clientes e perdeu a existência, conforme destacou o médico Aquiles Lisbôa, em cuja placa de bronze no seu túmulo, no Cemitério do Gavião, colocou a frase: “Médico, cuja última cliente foi uma leprosa parturiente, pela salvação de cuja vida, sacrificou a própria”. 

Durante a sua doença, Netto Guterres recebeu a assistência e o carinho dos parentes, amigos, colegas de profissão e dos pobres que ali compareciam em verdadeiras romarias. Em 20/06/1934, com 54 anos, 30 anos dedicados ao exercício da medicina, Netto Guterres se despede da existência terrena. No enterro do seu corpo, toda a cidade de São Luis parou para a despedida final. A chuva que desabou no momento do sepultamento, fez com que o padre Astolfo Serra, afirmasse: “A própria natureza, compungida, chora a falta do benemérito da arte de Hipócrates”.  Seu busto está colocado à frente do Hospital Geral, como lembrança pela sua passagem na Terra.

Netto Guterres, pela obra que realizou, consagrou-se na memória do povo, dignificou a classe médica e marcou de forma verdadeiramente abnegada, corajosa e competente, nas primeiras décadas do Século XX, a cidade de São Luis. Sua memória tem sido lembrada até hoje, nas habitações anônimas dos bairros pobres, mesmo após setenta anos da sua partida, por todos aqueles que, diretamente ou indiretamente receberam algum benefício. Rompendo as fronteiras provincianas, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, consagrou-lhe a medalha de “Honra ao Mérito”, pós-morte, e homenageou-o com um programa radiofônico de longa duração, em que exaltou a figura do missionário do bem...

Mesmo depois de partir, Netto Guterres continua da Espiritualidade a sua caminhada de bondade, como se verifica da mensagem mediúnica recebida no Centro Espírita André Luis, em 8/10/1972, pela médium Helosina Lima Fernandes, a saber:

“Que a Paz do Divino Mestre esteja com todos. Irmãos, quando se trabalha para o Mestre é justo que nos coloquemos em condições de receber as vibrações do Alto. Jesus, o mestre por excelência, só nos deu amor, que nos conduz aos planos luminosos do infinito, e só o amor emanado da paz e na harmonia, na união e na fraternidade. Se cada um se fiar no Evangelho, não o abandonando, não se afastando dos seus ensinamentos, terá toda força e todas as energias para vencer todos os embates que a existência lhe apresentar. Meus irmãos, os tempos estão chegando e o Mestre está se empenhando pela salvação das ovelhas do rebanho que o Pai lhe entregou. As profecias estão se cumprindo e os acontecimentos previstos, para os fins do século, vão passando sem que possam ser evitados. A reforma do planeta está sendo feita sob ás vistas de Jesus que trabalha com seus obreiros fiéis, do mais humilde ao mais elevado. Está no tempo de todos nós recebermos as luzes do Alto que são derramadas em verdade, em lições sublimes para esta humanidade cega e surda às vozes do céu. Felizes aqueles que seguem essa doutrina bendita, felizes aqueles que são médiuns e sabem cultivar sua faculdade santificando-a no serviço do Mestre, fazendo dela uma fonte inesgotável de luz e verdade, amor, alívio e caridade, espalhando alegria e felicidade ao seu derredor.

Irmãos médiuns sois portadores de um dom sagrado, de um tesouro para Vossas Almas e se bem que tenhais sofrimentos e dores, espinhos em vossos caminhos, se vos conservardes ligados ao Evangelho, com Jesus em vossos corações, também podeis receber muitas e santas alegrias; sede, portanto, colaboradores dos obreiros do bem na obra do Cristo, de redenção desta humanidade. Não vos descuides, orai e vigiai, porque as armadilhas estão sempre em nossa estrada, a vos desafiar. Portanto, tende coragem e fé, confiai em vossos guias e protetores e em vós mesmos. Lembrai-vos das palavras do Mestre: “Ide e pregai”.  Sigamos, pois, pela sua palavra e trabalhemos com Ele, para que a luz e o amor se estendam sobre os homens. Que as bênçãos de Deus desçam sobre todos”.              
                                                        Luiz Alfredo Netto Guterres”.


      


HUMBERTO DE CAMPOS

Humberto de Campos nasceu em Miritiba, hoje Humberto de Campos-MA., em25/10/1886, sendo seus pais Joaquim Gomes de Faria Veras e Ana de Campos Veras. Perdendo o pai aos seis anos, sua infância foi marcada pela miséria. Em suas “Memórias”, ele conta alguns episódios que lhe deixaram marcas profundas na alma.

Humberto de Campos deixou a cidade natal e foi morar em São Luis; aos 17 anos, passou depois a residir em Belém, onde conseguiu um lugar de colaborador e redator no jornal “Folha do Norte” e, pouco depois, na “Província do Pará”. Em 1910 publicou seu primeiro livro, a coletânea de versos intitulada “Poeira”. Em 1912 transferiu-se para o Rio de Janeiro e entrou para “O Imparcial”, onde trabalhava um grupo de escritores ilustres como redatores, entre eles, Goulart de Andrade, Ruy Barbosa, José Veríssimo.

Humberto de Campos ingressou no movimento civilista e de jornalista militante deu lugar ao intelectual, e adotando o pseudônimo de “Conselheiro XX”, escreveu uma crônica chistosa a respeito da figura eminente da época – Medeiros e Albuquerque -, que se tornou motivo de riso, da zombaria e da chacota dos cariocas. O sucesso foi total que ele se viu na contingência de manter o estilo e escrever mais, pois os leitores se multiplicaram, pedindo novas matérias. Eleito em 30/10/1919 para a cadeira nº. 20 da Academia, sucedendo a Emílio de Menezes, sendo recebido pelo acadêmico Luis Murat. Em 1920 foi eleito deputado federal pelo Maranhão. A revolução de 1930 dissolveu o Congresso e ele perdeu o seu mandato.
O presidente Getúlio Vargas, que era grande admirador do seu talento, procurou minorar as dificuldades dele, dando-lhe os lugares de inspetor de ensino e de diretor da Casa de Rui Barbosa. Em 1933 publicou o livro que se tornou o mais célebre de sua obra ”Memórias, crônica do começo de sua vida”. Já na condição de jornalista, político, poeta, biógrafo e memorialista,  acumulou vasta erudição, que usava nas crônicas.

Quando adoeceu, modificou completamente o seu estilo. Sepultou o “Conselheiro XX”, e das cinzas, qual fênix luminosa, nasceu outro Humberto de Campos, cheio de piedade, compreensão e entendimento para com as fraquezas e sofrimentos do seu semelhante. A alma sofredora do País buscou avidamente a ele e dele recebeu consolações e esperanças. Eram cartas de dor e desespero que chegavam às suas mãos, pedindo socorro e auxílio, e ele, tocado nas fibras mais sensíveis do coração, a todos respondia, em crônicas, pelos jornais, atingindo milhares de leitores em circunstâncias idênticas a ele de provações e lágrimas. Fez-se amado por todo o Brasil, enquanto seus padecimentos aumentavam dia-a-dia. Parcialmente cego, fez várias cirurgias, morando em pensão, sem o calor da família, sua existência era, em si mesma, um quadro de dor e sofrimento. Não desesperava, porém, e continuava escrevendo para consolo de muitos corações.

A 5/12/1934, desencarnou, levando da Terra amargas decepções. Jamais o Maranhão, sua terra natal, o aceitou e chegaram até a hostilizá-lo. Três meses depois de desencarnar, retornou do Além, através do jovem médium Chico Xavier, este com 24 anos de idade e começou a escrever, sacudindo o País inteiro com suas crônicas de além-túmulo. O fato abalou a opinião pública e os jornais do país, estamparam suas mensagens despertando a atenção das pessoas. Os jornaleiros gritavam: “Extra extra! Mensagens de Humberto de Campos, depois de morto!”, e o povo lia os artigos com sofreguidão. Agripino Grieco e outros críticos literários famosos examinaram cuidadosamente a produção de Humberto agora no além, e atestaram a sua autenticidade.

Começava então uma fase nova para o Espiritismo no Brasil. Chico Xavier e a Federação Espírita Brasileira ganharam notoriedade. Vários livros foram publicados e dentre estes dou destaque a “Boa Nova”. Aconteceu então o inesperado. Os familiares de Humberto de Campos moveram uma ação judicial contra a F.E.B., exigindo os direitos autorais do morto! Tal foi à celeuma, que o histórico de tudo isso está hoje registrado num livro cujo título é: “A Psicografia ante os Tribunais”, escrito pelo Dr. Miguel Timponi. – A Federação ganhou a causa. Humberto, constrangido, ausentou-se por um longo período e, quando retornou a escrever, usou o pseudônimo de Irmão X.

Na sua fase no além, psicografou pelo médium Chico Xavier, 12 variadas obras inclusive “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”. Escreveu outros livros para deleite de muitas almas. Nas primeiras mensagens um Humberto bem humano, próprio do intelectual do mundo. Depois, ele vai se espiritualizando, tornando-se então o escritor espiritual predileto de milhares de pessoas. Finalizando, digo que os que lerem suas obras de antes, e de depois de desencarnado, poderão constatar a realidade do fenômeno espírita e a autenticidade da mediunidade de Chico Xavier. Este foi e é um benfeitor da humanidade, consolando os necessitados e aflitos.


                                              
             
OLI   DE   CASTRO

Nos últimos anos tem sido fácil ser espírita. Mas em meados do século passado, sobretudo durante o Estado Novo (ditadura Vargas entre 1937 a 1945), a família espírita sofria perseguições religiosas, médicas e mesmo policiais. Se bem que, muito antes, estas perseguições durante algum tempo, se voltaram contra os pioneiros do Espiritismo; contra Cairbar Schutel e Eurípedes Barsanulfo. Mas sempre houve espíritas que se levantaram em defesa da liberdade religiosa em nosso país, em polêmicas famosas de Leopoldo Machado e de Carlos Imbassahy, entre outros.  Dentro deste contexto histórico se situa  – Oliveiros de Assunção Castro, (Assunção por ter nascido no dia da ascenção de Nossa Senhora, na tradição católica) também conhecido como Oli de Castro, nasceu na cidade de Pinheiro-MA., no dia 15/08/1912, filho de Edésio Castro e de Joanna Tavares de Castro. Toda sua existência foi dividida entre a atividade profissional e a Doutrina dos Espíritos, em que foi iniciado ainda na adolescência, por sua mãe que já era espírita.

Profissionalmente, seu ideal sempre foi aviação e, seguindo sua vocação, sentou praça no dia 11/4/1929 no 24º Batalhão de Caçadores, em São Luis, sendo enviado depois para a Escola de Aviação no Rio de Janeiro, à época situada no Campo dos Afonsos, em Marechal Hermes. Teve ele bom aproveitamento no curso de Sargento Aviador e depois no de Sub-Oficial da Aeronáutica. Nessa época, contraiu núpcias com a senhora Margarida. Entretanto, seu ideal maior era trabalhar pela difusão do Espiritismo, tendo nesse trabalho colocado todo o seu empenho, certamente assumido na espiritualidade, aproveitando todas as oportunidades que lhe apareciam no caminho. Na condição de militar, teve sempre de viajar pelo Brasil, e, onde quer que chegasse tinha a preocupação de visitar as Casas Espíritas e fazer contatos com os companheiros de ideal religioso. Em parte, por causa dessas constantes viagens, o seu casamento se desfez e ele passou a se dedicar mais ao trabalho e a divulgação do Espiritismo.

Dessa maneira, sempre trabalhou cheio de idealismo, na fundação e construção de várias instituições e obras espíritas, destacando-se, dentre elas, o “Lar de Jesus”, em Nova Iguaçu-RJ., onde foi diretor e sempre colaborou com o professor Leopoldo Machado; o “Lar de Maria”, em Macaé-RJ., o Centro Espírita “Arautos de uma Nova Era”, em Madureira, subúrbio do Rio; o “Lar de Maria” em Ceilândia-Brasília, entre outras. Habilidoso tocador de “acordeon” influenciava com a música, os jovens à participação nas juventudes espíritas, ocasião em que executava belas melodias. Em certa ocasião participando do 1º Congresso das Mocidades Espíritas do Brasil, fez a música da “Canção da Alegria Cristã”, letra de Leopoldo Machado, depois compôs as músicas “Hino a Francisco de Assis”, “Hino ao Pai do Céu”, “O Espiritismo”, “Almas Gêmeas” e outras. Nas suas andanças, serviu em Mato Grosso onde fundou a Instituição Espírita “Casa de Paulo de Tarso”, e fundou ás Mocidades Espírita de Barra, Friburgo e Petrópolis no Rio; e em Campo Grande-MG., exercendo atividades no Sanatório Espírita dessa cidade.

Transferido para Belém do Pará, ali fundou com a ajuda de muitos companheiros, em 15/8/1947 e posteriormente ele construiu o “Lar de Maria”, de amparo a infância e velhice desamparadas, bem como trinta lojas destinadas à manutenção da obra assistencial. Colaborou também na construção do Educandário Espírita “Jesus de Nazaré” no bairro Condor, fundou o Centro Espírita na cidade de Maracanã, fundou o Serviço de Alto-Falante “A Voz da Nova Era” e fazia palestras na União Espírita Paraense, tendo presidido essa entidade nos anos de 1946 a 1949, criando também um programa radiofônico intitulado “Voz do Consolador”.  Em julho de 1948, realizou-se no Rio de Janeiro o 1º Congresso das Mocidades Espíritas do Brasil, e lá estava Oli de Castro com a Caravana da Fraternidade, tendo à frente, ele e os confrades Leopoldo Machado e Lins de Vasconcelos Lopes, levando espíritas paraenses e de outros estados e ainda representando o estado do Maranhão, sua terra. Retornando a Belém, concluiu a construção do “Lar de Maria” e se transferiu novamente para o Rio, na companhia de sua mãe e irmãos, indo residir em Nova Iguaçu-RJ.

Voltou a se integrar no movimento de sustentação do “Lar de Jesus”, fazendo a “Campanha do Quilo” que o tornou conhecido em vários estado por onde andou. Nessa ocasião, colaborou na fundação e construção dos Centros Espíritas “Estrada de Damasco” e “Legião Espírita”, em Japerí-RJ. Depois de algum tempo e já aposentado como tenente, regressou a Belém, onde voltou a si integrar no movimento espírita. Desejando fazer algo por sua terra natal, mudou-se para Pinheiro, interior do Maranhão, onde iniciou a construção da “Casa de Paulo de Tarso” e fundou o “Centro Espírita Pinheirense”, e criou o programa espírita “Voz da Nova Era”. Isto provocou e simpatia de muitos devido a sua popularidade e os conhecimentos evangélicos e começaram a incomodar os padres da região, que iniciaram uma campanha de combate a Doutrina Espírita e a Oli de Castro, que dividiu a cidade entre os católicos e os espíritas, culminando em brigas entre eles. Como a força do clero-Romano era muito forte e prestigiada, a Arquidiocese de Pinheiro solicitou ao 1º Comando Aéreo de Belém, a retirada do mesmo, sob a alegação dele estar criando um clima de violência e o tenente espírita Oli de Castro foi preso e transportado para Belém-PA., onde cumpriu pena de 30 dias no quartel da Aeronáutica
  
Mais ele não desistiu e passado algum tempo voltou a Pinheiro, enfrentou nova campanha do clero e, não só terminou a construção da “Casa de Paulo de Tarso” como também construiu o “Centro Espírita Pinheirense”, com a ajuda de companheiros como Raimundo Babu e outros.  Após algum tempo, retornou a Belém e já com a saúde debilitada, resolveu mudar-se para sua terra natal, vindo morar em São Luis, onde passou a freqüentar o Centro Espírita “Joanna de Ângelis”, onde fazia palestras, pois sempre foi um orador vibrante e admirado.  Depois de alguns meses, por motivo da cidade de Belém ter um hospital da Aeronáutica e pressentindo seu desenlace carnal, retornou a Belém, aonde veio a desencarnar no dia 19/11/1990. Os seus conterrâneos de Pinheiro, para o homenagearem, fundaram o Centro Espírita “Oli de Castro”, no dia 15 de agosto, data do seu aniversário, tendo a frente o senhor Raimundo Beckman Soares. O “Lar de Maria” de Belém, a mais importante obra da jornada terrena de Oli de Castro, sempre que festeja o aniversário de fundação, é lembrada a pessoa do seu construtor Oli de Castro, que veio ao mundo no mesmo dia 15 de agosto.

Ao irmão e companheiro, incentivador da minha vivência na Doutrina dos Espíritos, elevo minhas preces de gratidão por tudo que fez por nós, pedindo ao Pai Celestial que o ampare e o abençoe, onde quer que ele esteja...

Jurandy  Castro

S.Luis, 28/10/2004
                                           

 JOSÉ  DE  PAULA  BEZERRA


José de Paula Bezerra nasceu em 22/02/1915, filho de João Paulo Bezerra e de Leondina de Abreu Bezerra. Aos 11 anos de idade, foi surpreendido com o falecimento de sua mãe.  O seu pai, quando sua mãe faleceu, já era espírita. Então ele poderia dizer que desde pequeno a sua família já era espírita.  Convidado pelo seu tio Manoel Bezerra, foi morar na casa do mesmo, uma quinta espaçosa e clara. Após um ano de viúvo, seu pai casou-se com uma moça chamada Marcelina, mais conhecida como Ciloca. Com ela obteve grande progresso na leitura da Bíblia, lucrando bastante nos cinco anos de convívio, na Igreja Presbiteriana Independente, sob os cuidados da sua segunda mãe. Quando completou dezesseis anos deixou a mocidade evangélica da Igreja.

Em 1931, com dezesseis anos, em uma reunião espírita receberam uma mensagem da sua mãe que dizia que o deixara sob a orientação do seu pai e que ela iria tratar do seu crescimento espiritual. Em 1935, procurou o Dr. Antônio Nogueira Vinhais, o único espírita que conhecia que tinha fundado o Centro Espírita Maranhense, e se matriculou no curso de Espiritismo, e começou a colaborar na obra do Senhor.

Logo que concluiu a quinta série, seu pai o matriculou no Ginásio Comercial e o levou para trabalhar no seu pequeno armazém. Logo que ele conseguiu juntar vinte contos de réis, disse ao pai que queria se estabelecer, e após procurar um ponto se estabeleceu. Ao completar três anos de estabelecido, chegou do interior o primo Apolônio e lhe falou de um novo negócio muito rentável que consistia na compra de peixes nas praias e a venda no Mercado Central. Convencido lançou-se ao novo negócio, comprando uns barcos e estes iam às praias comprar o pescado. Numa dessas viagens, naufragou, e por um milagre Deus lhe salvou, pois não sabia nadar. Na agonia, ele firmou um pacto: Se Ele lhe salvasse, ele seria Seu por toda a vida e Deus lhe salvou. O único lucro dessa aventura foi conhecer a professora Mariana Martins Lemos, com quem se casou e teve três filhos, Josué, Elenice e Jane.  Mais tarde sua esposa o auxiliou na construção da sede própria da Seara Espírita “Deus, Cristo e Caridade”.

Em 1945, com 25 anos, enfrentou o recomeço de vida, tentando um emprego público. Com a queda de Getúlio, veio como interventor para o Maranhão, o Dr. Clodomir Cardoso, e durante esse período ressurgiu ele como um pequeno líder na política, na Vila Paço do Lumiar e seu nome chegou até o Palácio. Abaixo de Deus e Jesus, foi o Sr. Saturnino Belo, quando governador, que aliviou o seu problema, por ser um líder político o nomeou para o cargo de tesoureiro do IPEM, onde permaneceu até se aposentar. Já estabilizado ele cumpriu sua promessa e participou com o senhor José Mansueto da Silva, na fundação do grupo Espírita “Olhar de Maria”, participando também da fundação do Centro Espírita “Poço de Jacó”, e colaborando na fundação do Centro Espírita “Graça de Jesus”, ao lado de José Mansueto da Silva, e da construção da sua sede. Auxiliou também o confrade, Antonio Alves Martins o “Pequenino”, na construção do orfanato “Lar de José”.

Foi na sua casa, onde se fizeram as primeiras reuniões da futura Seara Espírita “Deus, Cristo e Caridade”, com a ajuda da sua esposa, devotada da causa espírita. Após 12 anos de casamento ele ficou viúvo, e, com três filhos para cuidar, voltou a se casar com a senhora Aimée Neves Bezerra que muito o ajudou nos trabalhos da Seara e lhe deu mais dois filhos, Bezerra Junior e Afonso Henrique. Em 1961, decidiu fundar a primeira entidade com sede própria, e pediu ao Pai Celestial que lhe desse um pequeno terreno e foi atendido, onde com o auxílio do benfeitor espírita Lins de Vasconcelos, a quem havia pedido ajuda por indicação do irmão Oli de Castro, construiu a Seara Espírita “Deus, Cristo e Caridade”, legenda essa grafada na bandeira do anjo Ismael.

 Aos domingos se  reuniam  na Seara Espírita “Deus, Cristo e Caridade” Ele, “Pequenino”, Luis Farias, Elias Sobreira e outros, e realizavam na cidade a “Campanha do Quilo”, com um saco às costas e uma sacolinha às mãos, pedindo de porta em porta, aos generosos um auxílio para a construção do “Lar de José”, que durou três anos até parte da Instituição ficar pronta. Depois, pediu a Deus que lhe ajudasse a construir uma creche e a creche surgiu em casa própria junto a Seara. Passando temporada na localidade da Maiobinha-São José de Ribamar e vendo o estado de pobreza dos habitantes, pediu uma vez mais ao Pai Maior e recebeu uma área bem grande onde construiu a Fundação Maranhense de Esportes e o Centro Espírita “Paulo de Tarso”,  existindo atualmente até sala de computação.

Ele aprendeu, estudando a Doutrina Espírita, que para alcançar o Reino dos Céus, é necessário aprimorar o espírito e diminuir a distância que nos separa de Deus, amando a todas as suas criaturas. Obrigado meu Pai, meu eterno agradecimento ao meu Deus.
                                                                 
                                                                                                   
Em 22/02/20

José de Paula Bezerra


Em 15/01/2013, antes de completar 98 anos de idade, desencarna em São Luís,  este que foi um dos baluartes da Doutrina Espírita no Maranhão                                                                                       
                                                                                                    



ANTONIO  ALVES  MARTINS

Antônio Alves Martins, mais conhecido como “Pequenino”, nasceu em São Luis no dia 11/4/1917, filho de Antonio de Castro Martins e Maria Alves Martins. Foi estudante do Liceu Maranhense, onde participou de vários torneios esportivos, conquistando várias vitórias.  A sua atividade profissional foi  sempre como  funcionário do  Banco do Estado do Maranhão, sendo um dos fundadores da Instituição, onde trabalhou por 33 anos, só deixando por motivo do seu desencarne em 1980.

Integrado ao movimento espírita, fundou com outros companheiros de ideal, a Juventude Espírita Maranhense, no dia 03 de outubro de 1947. Preocupado ainda com a idéia de criar uma entidade para abrigar meninas carentes, conseguiu comprar em 1949, com a colaboração dos colegas de banco, que sempre o ajudaram, e outros irmãos, um terreno localizado no Anil e deu início a construção do que seria o “Lar de José”. Esse terreno que se estendia da linha do bonde (hoje, Avenida Edson Brandão) até a linha da Estrada de Ferro (atual Av. dos Franceses), foi aos poucos diminuindo em virtude das doações que ele fazia de pequenos lotes a pessoas carentes e que constitui hoje, parte do bairro do Santo Antonio. A primeira diretoria do “Lar de José” foi constituída por Antonio Alves Martins-presidente, Clóvis Ramos-secretário e José de Paula Bezerra-tesoureiro. Em 1º de dezembro de 1950, com a chegada da Caravana da Fraternidade em São Luis, ele participou da fundação da Federação Espírita do Maranhão, juntamente com outros confrades, tendo sido eleito seu presidente, no período de 1952 até 1960.

Em 1963, o “Pequenino” viu seu grande sonho realizado ao inaugurar o abrigo que até hoje serve de lar para meninas. Em 1966, voltou ele a ser presidente da Federação Espírita Maranhense, até 1980, quando veio a desencarnar. Em 1973, o “Lar de José” já abrigava 70 crianças e, diante das dificuldades financeiras para mantê-lo funcionando, “Pequenino” resolveu transformá-lo em uma Associação, para poder com a ajuda dos associados, manter e ampliar o trabalho Assistencial. Nessa época foram criados o “Centro Espírita Poço de Jacó” e a “Escola Domingo Perdigão”, com turnos matutinos e vespertinos, do maternal até o fundamental maior, que funcionou até o ano de 2009. Em 19/4/1980, ao se dirigir para uma reunião onde iria pedir ajuda para a Instituição, o Pai Celestial o chamou para continuar o seu trabalho na Espiritualidade, e ele deixou a existência terrena, causando tristeza em suas meninas e em todos os que o conheciam. “Pequenino”, pelo trabalho que realizou, consagrou-se na memória dos seus companheiros, dignificou a classe bancária e marcou de forma abnegada a sua existência em São Luis. Pelo seu trabalho, o “Lar de José” foi destaque na edição especial da revista “Veja” de dezembro de 2001, como a única entidade merecedora de receber doações em São Luis. Esta é a história de um ser humano idealista e de sua obra que se perpetua até hoje, graças à contribuição dos sócios, das ajudas espontâneas, da proteção de Jesus, e as benção de Deus, pois sem elas nada seria possível.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    
                                                                                                                              
Esta é a biografia de seis abnegados maranhenses que se doarem em benefícios de seus semelhantes, seguindo os ensinamentos e exemplos de Jesus.
                                        

Jc.
30/5/2010
20/10/2014

Jornal “O Imortal” – 10/2014
 Marinei Ferreira Rezende
 + Pequenas modificações.