A
sociedade brasileira está alarmada com a sucessão de crises, escândalos e
misérias que assolam o País. Cansado e sem esperanças, o povo reage com espanto
e indignação. Pessoas, instituições, raças, religiões e países disputam encarniçadamente
espaços e poder que, em vez de ser utilizado para servir, é aplicado em
promover interesses egoísticos. As autoridades que dirigem o mundo, através de
estruturas políticas, econômicas, sociais e religiosas, parecem impotentes ou
se revelam despreparadas para resolverem os problemas da Humanidade. O que está acontecendo? Há como proceder a uma correção de rumo? Que
medidas alternativas tomar? – Nos é aconselhado que a melhor postura deva ser a
serenidade, para que a Justiça Divina se faça, alcançando tão somente os que
mancharam e mancham os destinos de nossa nação e enlamearam a própria
consciência. Só assim, as consequências ficarão no plano pessoal, sem
comprometer a programação que objetiva fazer do Brasil o “Coração do mundo e a
Pátria do Evangelho”.
As
macros crises advêm das micros crises. Assim, o indivíduo subtrai pequenas
coisas de seu empregador: o pai que descura a educação do filho; a mãe
deslumbrada com atividades sociais que se afasta do lar; o jovem que picha o
patrimônio alheio, o empresário ganancioso que não reparte o seu lucro com os
que lhe ajudaram a conseguir a riqueza; a moça que se aferra às novelas e
assume suas baixezas; o profissional liberal que sonega os impostos; alguns juízes
que não cumprem a justiça; políticos que legislam em causa própria; governantes
que não procuram melhorar as condições do país e nem destinam as verbas às
reais finalidades que possam beneficiar o povo; as pessoas que não respeitam os
direitos dos outros... Todos são
integrantes da sociedade. Para mudá-los, temos que mudar a sociedade. As leis,
dúbias de que se servem alguns advogados e os mecanismos de repressão serão
sempre ineficientes enquanto o povo não se educar social, moral e
espiritualmente. A prática do mal, do vício e da corrupção, praticados por
grande parte da espécie humana, volta-se contra a própria pessoa, fazendo com
que a necessidade e o sofrimento se tornem uma realidade retificadora e
educativa.
Outro
problema grave para a humanidade é a miséria de muitos de seus membros e as
aflitivas necessidades por que passam, tanto nos seus contornos físicos como
psicológicos, dilacerando a alma humana em quadros de dolorosa vivência. Diariamente os meios de comunicação nos
informam dessas misérias individuais e
coletivas. De tanto sofrer, muitos seres humanos já se tornaram insensível aos
sofrimentos alheios, mergulhados que estão no processo do materialismo, onde
não reconhecem a solidariedade, onde a fraternidade é apenas um discurso vazio.
Impotente para determinar a causa de
seus males, que estão nas suas ações, o ser humano recorre à indignação contra
a Providência Divina ou transfere para a política social, o seu sofrer,
esquecido de que Deus não pode, como bom Pai, desejar o mal para seus filhos, e
que, a política social é feita pelo próprio homem imperfeito. Quando se fala em
salvação da humanidade, não em termos religiosos, mas através das condições de
existência do ser humano no planeta; quando há preocupação justa pelo
equilíbrio da flora e da fauna, e se verificam riscos de extinção de várias
espécies, uma realidade estarrecedora, é objeto de reportagens, que diz: “Para
cada bilionário no mundo, há dez milhões de pessoas em condições miseráveis e passando
fome”.
Cenas,
como as mostradas pela televisão, em que irmãos nordestinos, incluindo
crianças, para não morrerem de fome se servem de cactos como alimento é algo
que envergonha a todos nós brasileiros e mostra a incapacidade e a falta de
responsabilidade e ação por parte dos governantes, para resolver de uma vez o
problema da região da seca, onde já foi declarado existir lençóis de água
subterrânea, ou então, a transposição da água do Rio São Francisco para o
nordeste. Não se diga que a Natureza nega recursos de sobrevivência; diga-se
sim, da falta de sensibilidade dos governantes em resolver esse problema
cruciante. Outras cenas apresentadas na televisão mostram
hospitais, onde médicos são obrigados, por deficiência de leitos e condições
materiais, a optarem por pessoas que devem viver e outras que devem morrer, por
falta de medicamentos e condições físicas. A que ponto de irresponsabilidade nós
chegamos. Será que os nossos dirigentes não sabem que terão de prestar contas a
Deus, por esse descaso para com os seus semelhantes?
Sabemos
que não se pode nutrir a intenção de uma repartição igualitária das riquezas,
porquanto a desigualdade econômica tem raízes na ignorância, no despreparo, na
falta de aptidões; mas o extremo da miserabilidade, é desnível
que não honra o ser humano, em seus avanços no campo da ciência, nas letras, em
termos de cidadania e em seus sentimentos religiosos. Não se deve culpar o
determinismo divino. “A desigualdade de condições sociais não está na natureza;
é apenas obra do ser humano, devendo apagar-se, no dia em que o orgulho e o
egoísmo deixarem de predominar”, respondem os Espíritos Superiores na pergunta
de nº. 806, do Livro dos Espíritos.
Para
melhorar a situação é necessário e importante que todos nós exerçamos a solidariedade
e se faça clamor contra a inércia e a falta de providências dos políticos e
governantes. Essa miséria que corrói a personalidade e amesquinha a criatura, é
fruto da nossa indiferença; dos que têm por obrigação amparar o povo, e dos que
possuem riquezas fabulosas, sem a consciência de que esses miseráveis são seus
irmãos perante Deus, e que deveriam ser amparados pela sociedade. Quem de fato
é o mais miserável? O que vive na miséria material, ou quem a contempla e continua
a aumentar ainda mais a sua fortuna explorando os seus semelhantes? Porventura eles
ignoram que um dia terão de abandonar tudo na Terra e prestar contas a Deus?
Melhorar
de vida, se tornou objetivo principal, senão único, de milhões de criaturas
vítimas do materialismo reinante. Desde pequeno, o ser humano é orientado a buscar
na conquista material, a realização que
lhe garantirá posição de destaque e de conforto na sociedade. A luta pelo “status”, que se caracteriza pela multiplicação
dos bens materiais, passa a ser o
propósito das pessoas de mentes vazias que, desconhecem que crescer na existência
tem uma conotação mais sublime. Essas mentes justificam os meios que empregam
na realização de seus interesses imediatos e egoísticos, sem levar em conta, os
direitos dos outros. Subir na vida material, não deve ser a educação ministrada
pelos pais, professores e religiosos, pois afinal, quando aprenderemos que nada
possuímos e nada levaremos conosco deste mundo, senão as imperfeições ou as virtudes,
sofrimentos ou paz, dores ou alegrias que seguem
com o
nosso espírito.
Conquistas
materiais devem ser adquiridas pelo trabalho honesto e atender as necessidades
de sobrevivência e conforto, que, quando ultrapassados os limites do
equilíbrio, despertam no ser humano sentimentos inferiores de ambição, egoísmo,
orgulho. Na sede incontrolável de possuir o supérfluo e o impossível, recorrem aos
jogos explorados pelo Governo que induz as pessoas com a ilusão da riqueza
fácil, através da “dupla sena”, “loteca”, “loto-fácil”, “loto-gol”, “loto-mania”,
“mega-sena”, “quina”, “time-mania”, “raspadinha”, “loteria federal”; tendo
ainda a “tele-sena” do Silvio Santos e o “jogo dos bichos”, este, o único
considerado contravenção, enquanto que os jogos bancados pelo governo, com as
mesmas intenções de viciar a população e dela extrair os recursos que seriam
necessários às suas necessidades, são considerados legais.
Vivemos
num mundo conturbado por desavenças, malquerenças, inimizades, lutas, crimes,
violência e guerras, onde o ser humano não encontra a paz e a felicidade. Somos
impelidos a viver nessas circunstâncias, como reação às nossas ações, as ações
dos nossos semelhantes e dos que nos antecederam na existência. Nesta época do 3º
Milênio, era de supor-se que já estivéssemos eticamente preparados para a
prática da convivência civilizada, apoiada na harmonia, na fraternidade, na
administração tolerante e compreensiva de eventuais divergências. Está na hora
de se parar um momento para meditar. A opção divina para a humanidade é o bem
iluminado pela razão e pelos sentimentos nobres, é a opção muito mais fácil e
indolor.
O
ser humano sempre orgulhoso desprezou os ensinamentos do Evangelho, tratado de
convivência feliz. Por isso, recebe sempre as consequências de seus desatinos.
Que as dores viriam, sabia Jesus, visto que elas seguem atrás dos erros,
resultando precisamente do nosso atrito e descumprimento das ordenações
celestiais, criadas para corrigir nossos desvios e para que cada um encontre o
seu caminho, na peregrinação de volta a Deus. Miremos os exemplos de vida que o
Criador nos tem oferecido. Os nobres missionários divinos, pregando e
exemplificando a renúncia, a abnegação e a humildade, desceram a este planeta
inferior, de lutas e sofrimentos nos vários recantos do mundo, para ajudar-nos
nas nossas fraquezas e imperfeições, com a incumbência de nos ensinar a subir
na vida.
Jesus
continua sendo incompreendido pela maioria das pessoas que não conseguem ou não
se esforçam por absorver-lhe os ensinamentos de Paz, Harmonia e Fraternidade. A
existência simples, condição da felicidade relativa que o planeta pode oferecer
foi esquecida pela maioria das
pessoas. Estamos sempre decididos
a conquistar as coisas materiais, mas nunca dispostos a renunciar em benefício
da nossa elevação espiritual. Se Deus nos concede bastante saúde física,
costumamos usá-la na aquisição da doença destruidora; se possuímos os bens
materiais, tentamos aumentá-los açambarcando os interesses alheios. O homem
comum persegue as possibilidades financeiras, alicia interesses mesquinhos,
inventa mil coisas para atingir os fins materiais. Convenhamos, porém, que
algum dia, esses bens serão tirados e transferidos a outrem, por fatores
adversos ou pela morte. Lembremo-nos de Jesus quando disse: “A vida de uma
pessoa não consiste na abundância das coisas que possui”.
Dizem
os Espíritos Superiores que o nosso planeta somente passará a ser de
regeneração, quando a maioria da sua população for de espíritos elevados.
Então, se queremos que isso aconteça e desejamos deixar aos nossos filhos e
netos, um mundo melhor, temos que começar agora a plantar aquela pequenina
semente, de que nos fala Jesus, na parábola do “grão de mostarda”, que
representa a fraternidade a caridade e o amor que devemos ter para com o nosso
próximo. Para que o mundo possa melhorar é preciso que os seus habitantes
também melhorem, que somos nós. Uma coisa é conseqüência da outra. E para que
isso aconteça, primeiramente é preciso e dever de cada um de nós, nos
evangelizarmos através dos ensinamentos e exemplos deixados por Jesus, e das
novas revelações que nos trás a Doutrina dos Espíritos.
Ficamos
sabendo que o processo de melhora do mundo, começa por nós, ao nos desfazer dos
nossos vícios e imperfeições. O nosso proceder, certamente, vai despertar e
influenciar as outras pessoas, melhorando o astral da nossa casa, da
comunidade, com reflexos no mundo exterior. Temos que aprender a viver em
harmonia com nossos semelhantes e com a natureza, que nos dá lições de
tolerância, perseverança e renovação. A nossa paz, é o resultado da paz do
nosso próximo. A nossa felicidade, é resultante da felicidade que fizermos aos
nossos semelhantes. Jesus nos ensinou que todo o bem que quiséssemos para nós,
deveríamos fazê-lo ao nosso próximo. Façamos a nossa parte, certos de que
estamos cumprindo com o nosso dever.
O
estudo do Evangelho, levado com seriedade, nos aponta a verdadeira causa das
crises, dos escândalos e das misérias sociais; o egoísmo, que na base da filosofia
materialista de viver que impera na sociedade, é o fomentador de todos os males
que afligem o ser humano. Egoisticamente, ele quer para si mesmo tudo e procura
satisfazer suas ambições, conquistando os bens materiais, esquecendo os valores
espirituais. Quantos males seriam evitados se o amor fosse vivenciado como
Jesus ensinou! – Sabendo que existe vida após a morte física e que respondemos
diante da Lei Divina, pelo que pensamos, falamos e fazemos, como responsável
por todas as ações, o ser humano devia procurar viver em paz, ordem, solidariedade e fraternidade com seus irmãos, fazendo o seu progresso sem
maiores dificuldades e dores.
Através
da formação das virtudes pela aquisição de bons hábitos, é que vamos erradicar
a causa desses males, pois o homem educado nos valores espirituais espalhará a
caridade e o amor, antíteses do egoísmo e do orgulho. Esse é o caminho seguro e
definitivo para o bem estar da pessoa. Conhecida a causa e o remédio que trás a
cura, vamos trabalhar com afinco para
vencer o quadro de crises, escândalos e misérias sociais. Façamos o mundo
melhor, conquistando os tesouros das virtudes que os ladrões não roubam, as
traças não consomem e a ferrugem não desfaz, colocando acima dos nossos
desejos, os objetivos da obra de Deus, a fim de podermos adquirir o ouro eterno
da sabedoria e do amor...
Bibliografia:
“Livro
dos Espíritos”
“Evangelho
de Jesus”
Jc.
Feito
em 29/4/2015
Refeito
em 2/10/2017