domingo, 10 de janeiro de 2010

A CURA PELO ESPIRITISMO

A CURA PELO ESPIRITISMO

Muitas pessoas procuram a Casa Espírita, sem conhecer nada de sua finalidade ou funcionamento. Geralmente recorrem a ela, como último recurso após terem esgotados todos os outros meios. Esperam então, por milagres ou soluções mágicas, como é prometido em outros lugares, desconhecendo que a Doutrina dos Espíritos é por excelência, a doutrina desmistificadora; uma doutrina esclarecedora, por isso mesmo, a que liberta do jugo da ignorância e do erro.

Todo Centro Espírita, além das preces de abertura e encerramento, das palestras e exposições, dos estudos do Evangelho, oferece ainda o passe, que uma transferência de fluidos magnéticos positivos, provenientes dos Espíritos e da própria Natureza, que o médium ou o passista, repassa para as pessoas necessitadas da assistência espiritual, diminuindo e as vezes eliminando as influências negativas de espíritos sofredores e inferiores, assim como vibrações negativas de atos contrários a boa moral, praticados pela própria pessoa beneficiada. Como complemento do passe, e por ser a água um dos corpos mais receptivos da Terra, pode ser fluidificada, transformando-se em portadora de energias e recursos medicamentosos, tanto físico como psíquico, sendo ela largamente utilizada no meio espírita. A água pode ser fluidificada no Centro Espírita como também em casa, na reunião do Evangelho no Lar, mediante a prece, pois é uma tarefa executada pelos Espíritos.

E por que a prática do passe, nos Centros Espíritas? Porque Jesus nos recomendou que assim o fizéssemos, e Ele mesmo com freqüência aplicava os passes, como se lê nos Evangelhos: - Impondo as mãos sobre os meninos – Mateus C-19 v-15
- Num leproso - Marcos C-1 v. 41
- Na sogra de Pedro - Mateus C-8 v.15
- Em numerosos enfermos – Lucas C- 4 v.40 - Entre outras passagens.
É natural portanto, que o façamos. Assim também fizeram os apóstolos. Ananias, impondo as mãos sobre Saulo, o curou da cegueira. – Atos C- 9 v.l7 Deus pelas mãos de Paulo, fazia maravilhas – Atos C-19 v.11.

Uma das condições mais procuradas na Casa Espírita, para resolver os problemas é a do passe; porque o passe é um gênero de auxílio que não tem qualquer contra-indicação, sendo valioso no tratamento de enfermidades, como terapêutica auxiliar ou específica. É uma transmissão de energias psíquicas. Seja através do passe ou da água fluidificada e do esclarecimento evangélico-espírita, as pessoas têm possibilidades de se renovarem. O objetivo é o reequilíbrio orgânico, psíquico e espiritual da pessoa... O fato de muitas vezes esse objetivo não ser alcançado na plenitude, deve-se ao não merecimento da pessoa, o que não invalida o poder do passe.

Sendo a Doutrina dos Espíritos, o Cristianismo Redivivo, como o Consolador Prometido, é justo e oportuno que o passe seja largamente aplicado no nosso meio. Quem se dispõe a cooperar na tarefa do passe, e está preparado para isso, recebe da Espiritualidade recursos que sempre superam a própria energia doada. Assim, o médium ou outra pessoa qualquer que dá o passe, é o primeiro beneficiado. Entretanto, assim como o doente faz uso do remédio de laboratório, na dosagem apropriada, nos horários e dias determinados, bem como nos cuidados especiais para que seja alcançada a cura desejada, assim também, o passe e a água fluidificada para proporcionar o bem estar à pessoa, precisa da colaboração dela para esse fim. E qual são os cuidados que deve ter a pessoa que toma o passe, para que este tratamento lhe traga a melhora? – A pessoa deve passar a ter conduta digna; melhorar a moral, procurar seguir os ensinos de Jesus, evitando fazer o mal aos outros e ajudando de alguma maneira, o seu semelhante, para que na hora em que venha a necessitar, também possa ser ajudado.

Não basta apenas tomar o passe e repeti-lo, pensando que a vida vai melhorar. Para que os efeitos do passe sejam alcançados, é necessário que mereçamos a assistência dos bons Espíritos. Se continuarmos a viver nos vícios, nos erros no egoísmo, de forma alguma seremos merecedores do auxílio das Entidades Superiores. Bem falou Jesus, quando disse: “Em vasos impuros, não colocamos nosso melhor vinho.”

O Espiritismo não faz milagres; usando algumas das leis que regem os fluidos, as aplica em benefício da humanidade sofredora. O Espiritismo não cura todas as doenças. O êxito do tratamento espiritual, dependem do merecimento e da fé consistente do doente. Determinadas doenças são causadas por fluidos impuros que foram assimilados pelo organismo, ou que se produziram nele. Se forem retirados do doente os fluidos impuros que o contaminam, e, no lugar deles forem colocados fluidos puros, a cura se realizará. Este é o fundamento da cura pelo Espiritismo. A condição essencial para que um doente mereça a cura espiritual, é que se moralize, procurando viver de acordo com os ensinos do Evangelho. Dessa maneira o doente afasta os focos de impurezas que prejudicavam a saúde do seu corpo.

José Herculano Pires, que foi no dizer de Chico Xavier, uma das poucas autoridades em matéria de Doutrina Espírita, escreveu a respeito do passe, o seguinte: “O passe espírita é simplesmente a imposição das mãos, usada e ensinada por Jesus. Originou-se no Cristianismo e sua fonte divina foram as mãos de Jesus.” O passe espírita não comporta as encenações e gesticulações, geralmente ligadas a antigas correntes de origem mágica ou feiticistas. Todo o poder e a eficácia do passe espírita, depende do Espírito protetor e da assistência espiritual do passista, bem como do merecimento e da fé da pessoa. O Codificador do Espiritismo registra a seguinte instrução dos Espíritos: “Se você magnetiza com o fito de curar e invoca um bom Espírito que se interessa por você e pelo doente, ele aumenta seus fluidos e lhe dá as qualidades necessárias.” (Livro dos Médiuns Cap. XIV item 176) Está dito assim, com a maior clareza possível, que não são as mãos do médium passista ou qualquer outra pessoa, que dirigem o fluído, mas sim o Espírito que vem em auxílio, o qual sabe melhor do que a pessoa, qual a necessidade de enfermo beneficiado pela imposição das mãos.

Qualquer doença advém da má distribuição fluídica; ou há fluídos negativos em demasia ou em deficiência; o passe vem cumprir ou corrigir essa distribuição, agindo diretamente sobre o perispírito que transmite às células corporais os recursos necessários, uma vez que está intimamente ligado ao corpo. É preciso que o paciente que deseja o passe esteja disposto a recebê-lo; faça como nos descreve Emmanuel: “Se necessitas de um passe, recolhe-te à boa vontade, centraliza a tua atenção nas fontes celestes do suprimento divino, humilda-te, conservando a receptividade edificante, inflama o teu coração na confiança positiva e, recordando que alguém vai arcar com o peso de tuas aflições, retifica o teu caminho, considerando igualmente o sacrifício incessante de Jesus por todos nós.” O passe é assim, um socorro que recebemos.

Quando procurarmos uma Casa Espírita para recebermos o passe, evitemos desentendimentos, atritos, pois esses sentimentos dificultam a recepção. Alimente-se de maneira leve, para evitar o sono, a fim de que possa aproveitar o estudo do Evangelho efetuado antes do passe. Procure ser pontual chegando antes, pois o seu tratamento começa assim que a reunião se inicia. Enquanto espera, procure meditar em algum assunto edificante. Quem recebe o passe deve elevar o pensamento a Deus ou a Jesus, procurando absorver profundamente as energias que lhe estão sendo ofertadas. A faculdade curadora, não é essencialmente mediúnica; todos os que crêem e vivem uma boa moral podem realizá-la, pois Jesus assim afirmou. O passista está apenas exercendo um dom próprio do ser humano; a mãe que acalanta o filho inquieto no seio; o médico à cabeceira do doente, preocupado com sua recuperação; o religioso que ora por alguém; a benzedeira que atende a uma pessoa, todos estão doando o fluído magnético universal curador. O modelo de trabalho magnético nos vem de Jesus, logo quanto mais nos aproximarmos d’Ele, maior será nossa capacidade de doação.

O médium passista tem que estar ciente de que a faculdade de curar precisa de várias circunstâncias que contribuem para aumentar essa força; a pureza de sentimentos, o desinteresse monetário, a benevolência, o desejo ardente de proporcionar alívio, a prece fervorosa, a confiança em Deus. Não deve o médium, buscar receber passe, após tê-lo aplicado, para se restabelecer, pois isso criaria uma cadeia ininterrupta, onde sempre quem desse o passe deveria recebê-lo. A Espiritualidade se encarrega de restaurar o equilíbrio de quem deu o passe.

A Casa Espírita tem por obrigação proporcionar condições para que os seus médiuns se esclareçam e se eduquem a fim de que melhor possam fazer a aplicação do passe. Os espíritas também necessitam, ocasionalmente, do socorro do passe. Sempre que não conseguem realizar uma prece que os tonifique, quando não conseguem se refazer pelo sono físico ou não conseguem se harmonizar com a leitura do Evangelho, quando sentirem que estão envolvidos por entidades de vibrações inferiores, quando não conseguirem se afastar de idéias de desânimo ou desarmonia, enfim, quando se sentirem impotentes para resolver sozinhos as suas dificuldades. Deve-se ter sempre claro que o passe não substitui o esforço próprio, pois os fluídos, apesar de terem grande poder, podem ser facilmente degenerados, desmaterializados ou desmagnetizados pelo poder mental do paciente.

Ser médium, é ser ajudante do mundo, por isso a necessidade de trabalhar e estudar por amor, para que possa ser instrumento útil aos outros. Sendo o passe e a água fluidificada usados como coadjuvantes do tratamento que é oferecido na Casa Espírita, não devemos apenas estar apegados aos resultados que eles produzem, mas também nos resultados que o estudo, o conhecimento, o trabalho, vão exercer em nossos espíritos. Da mesma maneira não deve o médium prognosticar a cura do doente com tantos passes nem mesmo afirmar que haverá cura, uma vez que o seu papel é de intermediario, visto que a melhora e a cura, são atributos do Pai Celestial, que concede aos que tem fé, pedem misericórdia e possuem merecimento. Acima de tudo, não devemos tomar o lugar do verdadeiro necessitado, tão somente porque viemos ao Centro, visto que o passe exprime também gastos de energias que não devemos desperdiçar abusando das forças cósmicas magnéticas que Deus coloca à disposição do ser humano, para suavizar a sua jornada terrena.

Devemos lembrar sempre da passagem em que Jesus tendo descido da montanha, uma grande multidão de povo o seguiu; e ao mesmo tempo um leproso veio a Ele e o adorou, dizendo-lhe: “Senhor, se quiserdes, podereis me curar”- Jesus estendendo a mão, tocou-o e lhe disse: “Eu o quero, estais curado”, e no mesmo instante a lepra foi curada. Então os discípulos, em particular, perguntaram a Jesus: “Por que não pudemos nós outros fazer o mesmo?” – Jesus lhes respondeu:”Por causa da vossa incredulidade. Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te daqui para ali, e ela se transportaria.” Sendo o magnetismo uma das maiores provas do poder da fé posta em ação; é pela fé que o passe aplicado tem o poder curador e produz esses fenômenos que, outrora, eram qualificados de milagres. Existe ainda uma força poderosa com a qual facilmente conseguimos as reservas fluídicas que o Senhor põe à nossa disposição. Essa força, tanto mais potente quanto mais usada é a Prece.

A nossa fé deve ser racional, isto é, devemos saber porque é que temos fé. A fé racional se adquire pelo estudo sistemático das Leis Divinas, tanto no Evangelho como nos ensinamentos do Espiritismo. Ter fé, é ter confiança em Deus; é entregar o nosso destino ao Pai, certos de que tudo que Ele nos der, dores, alegrias, pobreza, riqueza, doença e saúde, tudo é para o nosso bem; porque tudo servirá para a evolução do nosso espírito. Ter fé em Deus, é ser resignado na adversidade e humilde na prosperidade. A fé, é uma força de atração que nos possibilita o socorro divino, e ajuda-nos a amparar aqueles que solicitam o nosso auxílio.

A prece é um ato de fé. Pela prece, adoramos a Deus, agradecendo-lhe as bênçãos que nos proporciona todos os dias e pedimos o que necessitamos. A prece nos religa a Deus. Quando oramos, nosso pensamento, como um raio luminoso, projeta-se pelo infinito indo tocar as regiões de Luz, de onde nos chegam as graças do Senhor. A fé depende da prece, e a prece para ser ouvida precisa da fé. Orar apenas com os lábios nada significa. Devemos sentir a nossa prece; orar de um modo e viver de outro, de nada serve. Se pedimos a Deus que nos livre do mal, é nosso dever não praticar o mal. Se rogamos a Ele que nos dê o pão de cada dia, devemos também ajudar para que não falte o pão a nossos irmãos menos favorecidos; porque a Lei é esta: “Aquilo que quiserdes para vós; isso mesmo fazei-o aos outros.”

Todos possuímos a força magnética que pode ser aumentada pela fé e pela prece. Como é belo e nobre ver uma mãe colocar as mãos sobre a cabecinha de um filho e rogar ao Senhor por ele! A vontade de aliviar, acrescenta ao fluído magnético, propriedades curativas. A irradiação fluido-magnética, vem a ser a medicina dos crentes e dos humildes. Sua aplicação está ao alcance dos mais simples. Como o Mestre e seus apóstolos, todos nós podemos impor as mãos sobre os outros e curar, se tivermos uma moral sadia; amor aos nossos semelhantes e o ardente desejo de auxiliá-los.
Para nos fortalecer e ao nosso magnetismo que é um dom que Deus distribui aos seus filhos, para que se auxiliem uns aos outros, devemos fazer pelo menos, duas preces diárias, uma ao levantar pedindo bênçãos para o nosso dia, e outra ao deitar, agradecendo as bênçãos recebidas. E quando tivermos desenvolvido dentro de nós a fé viva e racional, e, aprendido a orar com o sentimento, certamente seremos mais felizes.

Não adianta passarmos a existência inteira freqüentando o Centro Espírita e tomando o passe e a água fluidifica, achando que cumprimos com nossa obrigação de cristão, se o nosso dia-a-dia não se modificar para melhor. O passe e a água fluidificada ajudam o ser humano nos momentos de perturbação e sofrimentos, mas não serve como remédio definitivo para nossos males. A nossa melhora física ou espiritual, somente será possível, a medida que formos nos desfazendo das nossas imperfeições, da nossa falta de amor ao próximo e também pelo resgate das nossas dívidas para com a Lei Divina, contraídas nesta ou em outras existências. Divaldo Pereira Franco, no livro “Diálogo Com Dirigentes Espíritas”, informa que, “o passe é uma irradiação que penetra o paciente e promove nele uma reativação dos seus pontos energéticos para restabelecer-lhe o equilíbrio da saúde. Não o vamos curar; isto seria muita pretensão. O que ocorre é igual a uma transfusão de sangue. Vamos melhorar o metabolismo do paciente para que o organismo reative as suas funções e, por efeito, readquira o equilíbrio e a saúde.”

Por que nem todos obtêm a cura de suas doenças? Por que umas pessoas conseguem e outras não? – A resposta é: Com exceção das doenças conseqüentes de imprevidência e daquelas comuns e passageiras, as demais enfermidades são programadas na Espiritualidade, antes da reencarnação, para o resgate de débitos contraídos em existências anteriores. Dependendo da programação, a doença pode ser congênita, ou se apresentar durante determinada época e pode perdurar durante algum tempo, ou mesmo durante toda a existência. Nesses casos, por mais fé que tenha a pessoa, por mais adequado o tratamento médico, e mesmo com a assistência espiritual, não se obtém a tão almejada cura. Entretanto, a Providência Divina não deixa a prece e a fé da pessoa sem resposta. Ela lhe proporciona alívio e forças para suportar os sofrimentos. Muitas vezes a pessoa enferma não percebe esse auxílio divino porque só tem em mente a cura. E, se não obtém, pensa que não foi atendida por Deus. Outras pessoas chegam a revoltar-se contra Deus, o que é injusto, porquanto são elas mesmas as responsáveis pelos sofrimentos ao infligirem as normas divinas. Se não criaram essas condições de resgates na existência atual, certamente a criaram em outras. O tempo e a intensidade dos resgates não são inalteráveis. Se a pessoa aceita com resignação e procura a melhora e melhorar-se, praticando o bem e a caridade, aumenta seus créditos. Deus leva em consideração e, o tempo e a intensidade dos sofrimentos são reduzidos de acordo com os créditos adquiridos. Assim, as curas que se realizam com o auxílio do médico e de médiuns nas Casas Espíritas, ocorrem quando a quitação chega ao fim, ou porque Deus, que é justo e misericordioso, permitiu que a pena fosse encerrada, por merecimento do enfermo.

Sendo o passe um remédio, não devemos abusar da sua utilização nem solicitá-lo sem necessidade, assim como a pessoa sadia, não precisa de tomar remédio. Façamos uso no dia-a-dia, da boa moral, dos bons costumes, da fé e da prece consistente, para não precisarmos do passe nem da cura pelo Espiritismo...

Bibliografia:
“O Evangelho”
Livro “Diálogo c/Dirigentes Espíritas”
Acréscimos e modificações.
Jc
S.Luis 20/10/2004