domingo, 29 de agosto de 2010

LAÇOS SIMPÁTICOS E ANTIPÁTICOS

LAÇOS SIMPÁTICOS E ANTIPÁTICOS

Os Espíritos formam, tanto na espiritualidade quanto na Terra, grupos ou familiares unidos pela afeição, pela simpatia e semelhança de inclinações; esses Espíritos são felizes por estarem juntos, ou se reencontram como amigos ao retorno de uma viagem. A união e a afeição que existem entre os parentes são indícios da simpatia anterior que os aproximou; também se diz, falando de uma pessoa cujo caráter, gostos e inclinações não têm nenhuma semelhança com os de seus parentes, que ela não é da família. Isso é maior verdade do que se crê. Deus permite, nas famílias, essas encarnações de Espíritos tanto simpáticos como também os antipáticos ou estranhos, com o objetivo de servir de prova para alguns e de meio de adiantamento para outros. Assim, os maus se melhoram pouco a pouco ao contato dos bons e pelos cuidados que deles recebem; é assim que se estabelece a fusão entre as diferentes categorias de Espíritos, como ocorre na Terra.

Sabemos todos da fragilidade das relações afetivas neste mundo adoecido pelas neuroses, pela miséria material e moral e ainda pela impaciência dos seres humanos, angustiados e vazios de valores essenciais à felicidade que todos nós buscamos. Sabemos claramente que o objetivo de nossa existência na Terra é para nos adequarmos à ordem e à harmonia que regem toda a criação Divina. Sabemos que fomos criados por amor e para o amor de Deus, e é essa energia criadora que mantida em alta potência, gera a felicidade, em cuja busca nos temos perdido. Sabemos ainda, que foi para nos orientar na conquista desse objetivo que Jesus veio ao mundo, ensinar-nos a regra áurea da convivência, que não observada nos trás sérios transtornos ao espírito. “Amarás ao senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento, e amarás ao teu próximo como a ti mesmo”, lembrou Jesus.

E porque Jesus fez do próximo uma ponte para Deus, é que temos de lutar pelo fortalecimento desses laços afetivos no mundo. As ligações que aqui estabelecemos são frutos de um primeiro elo que se chama simpatia. Esse elo se transforma depois lenta ou rapidamente em amizade. Essa energia trocada entre dois ou mais seres humanos, pode vir a ser uma usina a gerar a luz do entendimento entre as pessoas, produzindo um sentimento maior, chegando ao amor. Entretanto, se não acompanharmos com dedicação, carinho e zelo o desenvolvimento dessas emoções, elas podem ser diluídas, abortadas. Teremos então que iniciar novo processo em que o cuidado será maior e as dores e as dificuldades também. Portanto, cuidar com carinho de nossas relações com os semelhantes, é uma imposição do momento atual, face às transformações porque passa o mundo, na sua evolução como morada dos seres humanos. Não temos mais tempo a perder com tantos recomeço.

Se, porém, aqueles a quem buscamos amar, se afastam de nosso carinho, a ponto de nossa presença tornar-se um incômodo tão grande que a convivência diária corra o risco de ser ameaçada por tempestades de ódio desgovernado, gerador de tragédias emocionais e físicas, não devemos impor a nossa presença, seja ela aos nossos irmãos, companheiros ou filhos. Poderemos nos afastar fisicamente, porém podemos nos aproximar espiritualmente, através das nossas orações em favor deles. Enquanto isso, ficamos aguardamos a oportunidade para recomeçarmos a tarefa de reaproximação, nesta ou em outra existência.

Certa vez ouvi de uma senhora muito machucada por uma relação dificílima com seu companheiro, o seguinte: “Vou suportar tudo agora, porque não quero conviver mais com este traste em outra existência”. O traste mencionado era o marido. A reencarnação é oportunidade sagrada de reajuste e existe para nos vincular uns aos outros pelo amor e não pelo castigo. As desvinculações na Terra, por qualquer tipo de separação, inclusive pela morte física, não implicam também em desvinculação dos espíritos. Sendo assim, devemos orar e pensar com amor para com nossos desafetos como forma de trabalhar uma nova oportunidade de reencontro, quer queiramos ou não, porquanto é necessário para os resgates e para nossa evolução.

O grande desafio está nas relações familiares que envolvem pai, mãe, filhos, irmãos e parentes. A relação homem/mulher, nos dá a dimensão de nossa insatisfação; da busca desenfreada de prazer; da ânsia de domínio de um sobre o outro; da influência benéfica ou maléfica que podemos exercer sobre outra pessoa, numa relação a dois, ou mesmo numa relação em grupo. Essa relação está atualmente, acrescida dos sentimentos de posse e de competição, nos diversos campos de atuação de ambos, o que tem levado aos analistas e psicólogos, muitos casais em dificuldades e sofrimentos.

A relação entre irmãos, é quase sempre pontilhada de inveja e ciúme. O ciúme fica bem visível na primeira infância, quando nasce um irmãozinho. As atenções, os cuidados e o maior tempo disponível dedicado ao bebê, origina o ciúme no irmão. A inveja aparece mais tarde quando um dos irmãos apresenta dotes físicos, intelectuais ou morais mais acentuados. Um exemplo dessa relação encontramos na parábola do filho pródigo, contada por Jesus, para nos dar a dimensão do amor e do perdão que a misericórdia de Deus nos oferece. A parábola nos apresenta um filho esbanjador. Nela encontramos também um filho egoísta, ciumento e invejoso. Observando a generosidade paterna ao irmão, os sentimentos inferiores que o animam se manifestam e ele passa a reclamar: Alega os anos de serviços; invoca a posição de filho obediente; porém, desrespeita o seu genitor, por tal atitude tomada para com o irmão, incapaz de compartilhar o justo contentamento do pai. Esses filhos se assemelham á muitos de nós, na nossa relação com nossos irmãos em humanidade e com Deus.

A relação entre pais/filhos, exige muita maturidade dos primeiros. Há o problema da vivência transmitida e dos exemplos a serem seguidos. Nesse relacionamento tanto existe pais equilibrados que recebem almas adoecidas nos desregramentos de toda ordem, como também existem pais desviados, que recebem por filhos, almas evoluídas pela prática do bem, para ajudá-los na jornada terrena.

A família é a escola primeira onde exercitamos a solidariedade, embrião do amor que há de unir todas as almas um dia. O próprio Jesus, para estabelecer conosco laços de amor, renuncia à convivência superior, vêm à Terra para suportar, tolerantemente, a ignorância e o desamor da humanidade, iniciando-nos na primeira lição, onde estamos estacionados até hoje: “Amai ao próximo como a ti mesmo”. Se isso ainda nos parece tão difícil, então devemos iniciar agora esse exercício sublime, começando pelos nossos pais, nossos filhos, pelos companheiros ou companheiras, pelos nossos parentes, pelo nosso lar.

Sabemos que as famílias na Terra nem sempre são constituídas por espíritos simpáticos ou afins. O mais comum são uniões caracterizadas por amigos e inimigos para tarefas de resgates. Daí as dificuldades no relacionamento, as incompreensões, as malquerenças e os sofrimentos, por que passam os seus membros; pais e filhos que não se entendem e irmãos que não são simpáticos. Emmanuel nos esclarece dizendo: “De todas as instituições existentes na Terra, nenhuma mais importante em sua função educadora e regeneradora, do que a constituição da família. Temos no instituto doméstico, uma organização de origem divina, onde encontramos os instrumentos necessários ao nosso próprio aprimoramento espiritual e para a edificação de um Mundo Melhor”.

Um dos fatores desse aprimoramento chama-se educação; educação baseada na idéia de responsabilidade. Sendo o autor dos nossos próprios atos não podemos fugir das conseqüências deles. Se a educação ajuda a tornar a pessoa consciente de que cada um dos seus atos tem implicações para ela e para outras pessoas que o ato envolve, sua existência adquire, a seus olhos, uma consciência maior. Suas preocupações então, estarão voltadas para coisas mais elevadas, mais importantes, do que um prazer momentâneo. A partir daí, podemos encontrar outros fatores como uma formação religiosa, e dedicação ao trabalho, a satisfação da vida, a estabilidade no lar. As palavras de Jesus ainda permanecem tão vivas hoje como quando Ele as pronunciou: “Que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei”.


Que a Paz e o Amor do Senhor, permaneça em nossos corações.


Bibliografia:
Evangelho de Jesus
“Evangelho Segundo o Espiritismo”
REC – Alcione Peixoto

Jc.
S.Luis, 15/06/2004