Todo ser humano, durante a sua existência na Terra sofre o problema da perda, muito embora a grande maioria, não se conforme com a situação de perder algum bem material, algum ente querido, e, até mesmo, de perder a própria existência.
No nascimento, perdemos o silêncio,
a paz e o aconchego do útero, depois, o cordão umbilical; na infância perdemos
o berço, a chupeta, a papinha, os brinquedos; na adolescência perdemos a
infância, os coleguinhas, a inocência, a namoradinha, ás vezes, a virgindade,
e, alguns, até os próprios pais; na mocidade, muitos perdem as facilidades, a
começar pela fase de estudante, a mesada, as provas, o curso, a paciência, a
humildade e a simplicidade; na fase adulta, muitos perdem o concurso, o
emprego, o ânimo, o otimismo, a saúde, os sonhos de progressos e também os bens
materiais que julgam lhes pertencer, embora saibam que nada lhes pertence, pois
não trouxeram nada material ao nascer.
Chegamos depois á fase
idosa, e perdemos o emprego por conta do tempo que passa e da chegada da
aposentadoria, se chegarmos até ela pelo serviço ou por incapacidade, a perda
do salário, das condições financeiras, a perda das atividades que ainda
tínhamos condições de desempenhar, o convívio com os companheiros e amigos, as
idas e vindas ao labor. Depois, perdemos a vontade de sair de casa, de ir ao
cinema, de passear e até mesmo de ir a uma praia a um clube ou a uma excursão.
A existência é constituída de
aquisições e perdas e a grande maioria dessas perdas são materiais (documentos,
dinheiro, celular, tablete, bicicleta, moto, carro, casa, etc.) cuja posse é
transitória, outras são perdas afetivas como a perda dos pais, irmãos,
esposo/esposa, filhos, parentes, amigos; outras mais são perdas que comprometem
o ser humano na sua trajetória de evolução espiritual, como a perda da
existência através do suicídio, a fé em si mesmo, nos seus semelhantes, em seus
protetores, e até mesmo em Jesus ou no Pai Celestial.
Muitas pessoas não aceitam
perder, principalmente se for algum bem material; prendem-se a essa perda como
se tudo na existência se resumisse a essa perda, e ficam a se lamentar por
muito tempo, até que o mesmo tempo, lhes tire do pensamento e deixe apenas a
recordação daquela perda, ou outras perdas vão se sucedendo fazendo com que o
ser humano esqueça as perdas mais antigas e passe a lamentar as novas perdas.
Durante a existência, muitos
por questões dos vícios como o cigarro, o álcool e as drogas, perdem a
identidade, o respeito, as amizades, como ganhar o sustento; outros perdem a
estima, o vínculo familiar e se perdem num emaranhado de situações tristes e
lamentáveis, perdendo também as possibilidades de progresso.
Finalmente, chegamos a
perder o gosto de viver e perdemos também a própria existência, encerrando um
ciclo que se inicia no útero e termina quando o coração e o cérebro encerram
suas atividades. Perdendo a existência, perdemos também a convivência com os
parentes e amigos que ficam na Terra, só não perdemos a vida que é eterna, pois
somos Espíritos Imortais. Só não podemos, em situação alguma, é perder a fé em
Deus e na nossa destinação à felicidade, em decorrência de todo o bem que
tivermos praticado aos nossos semelhantes, na nossa jornada que se finda...
Como não somos ainda
Espíritos evoluídos, voltamos em novas existências, às vezes no mesmo ramo da
família, onde deixamos afinidades que nos ajudarão e animosidades e malquerenças
que temos de harmonizar e eliminar, aproveitando a nova jornada terrena que o
Pai Celestial nos possibilita para nossa evolução.
Ninguém
gosta de perder, mas ninguém que exista na Terra está isento de perder, e a
perda assim como o ganho e a felicidade de ter e a tristeza de perder, faz
parte da existência do ser humano. Por isso, todos nós temos que nos acostumar
com as perdas, embora a perda maior seja a da nossa existência atual. Ganhar e
perder faz parte da nossa vivência...
Jc.
São
Luís, 11/7/2014