Há no meio espírita quem entenda que seria válido abolir na literatura espírita a palavra Umbral e, em seu lugar, usar o termo Inferno.
Somente
por total desconhecimento doutrinário, é que alguém poderia fazer tal substituição. O Umbral nada mais é que uma região
espiritual de transição, a que André Luiz
se refere no capítulo 12 do livro
“Nosso Lar”, obra mediúnica psicografada por Francisco Cândido Xavier.
Debatem-se
nas zonas umbralinas, Espíritos desesperados, infelizes, malfeitores e
vagabundos de várias categorias. Segundo André Luiz, cada Espírito ali
permanece o tempo que se faça necessário ao esgotamento dos resíduos mentais
negativos, mas seus habitantes separam-se dos encarnados tão somente por leis
vibratórias.
O
Umbral faz parte do campo magnético da Terra, o qual, segundo alguns autores,
estaria dividido em sete regiões, a saber:
1ª Umbral grosso; 2ª Umbral médio;
3º Umbral superior, que é onde fica a colônia “Nosso Lar”; 4ª Região de arte, da cultura e
da ciência; 5ª Região do amor fraterno universal; 6ª Região onde se definem as diretrizes do
planeta; e 7ª Abóbada estelar.
Quanto
ao termo Inferno, designa ele segundo a teologia católica, o lugar ou a situação pessoal em
que se encontram os que morreram em estado de pecados, expressão simbólica de
reprovação divina e privação definitiva da comunhão com Deus. Do Inferno, pois,
diz a Igreja Católica, ninguém escapa. Existem entre o Inferno descrito pelos
teólogos católicos e o inferno pagão, analogias. Ambos têm o fogo material por
base dos tormentos, como símbolo dos sofrimentos mais atrozes, e Deus,
sem piedade, ouve-lhes os gemidos por toda a eternidade. Se do Inferno proposto
pelo Catolicismo ninguém jamais poderá sair; a passagem pela região a que André
Luiz deu o nome de Umbral, seja rápida ou demorada, será sempre transitória.
Allan Kardec se refere ao assunto no cap. IV, itens 3 a 5, da 1ª Parte do livro
“O Céu e o Inferno”.
Por
que os Espíritos, ao deixarem o corpo material por força da desencarnação, se
sujeitam a enfrentar tais situações? A resposta a essa pergunta é de fácil
compreensão, como podemos conferir consultando o que, a respeito do assunto,
escreveu Cairbar Schutel no livro “A Vida no Outro Mundo”, publicado originalmente
em 1932, antes do surgimento das obras de Emmanuel e André Luiz.
Segundo
Cairbar, há no Outro Mundo, diversos planos de vida, e não poderia ser de outro
modo, porque os Espíritos, revestidos de seu corpo espiritual, não podem viver
num meio que não esteja de acordo com sua evolução, que vibra sempre ao ritmo
da elevação de cada um, em sabedoria e moralidade. Uma região inferior seria penosa
para um Espírito em progresso. Os círculos que envolvem a Terra se diferenciam
pela fluidez da matéria que os compõem, conforme explicado no livro “A Vida no Outro Mundo”.
Não
existe, como se vê, semelhança nenhuma entre ambos, salvo o remorso e o
sofrimento existente nos dois. O primeiro, (Inferno) consoante ensina a
teologia católica, é o destino final e definitivo do Espírito pecador, mesmo
que se arrependa, não terá outra oportunidade e jamais será perdoado por Deus. O segundo (Umbral), adotado e ensinado pela
Doutrina Espírita, nada mais é do que uma região de transição, de refazimento, de
readaptação, de preparo para uma situação melhor no futuro, rumo à perfeição,
meta que Deus assinalou para todos os seus filhos, sem exclusão de nenhum
deles. . .
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DOAÇÃO DE
ÓRGÃOS
Qual é o posicionamento da
Doutrina Espírita, no tocante a doação de órgãos?
É bom explicar,
inicialmente, que Allan Kardec não tratou do tema doação de órgãos, uma prática
impensável em sua época, e por esse motivo, não existe na Doutrina Espírita,
algo que nos fale sobre doação de órgãos para fins de transplante. Os autores
espirituais posteriores a Kardec, tanto os encarnados quanto os desencarnados,
jamais se manifestaram contra a doação para tal finalidade. De fato, quando surgiram na Terra os primeiros casos de transplantes de coração, houve quem
entendesse que doar um órgão
poderia constituir um erro, porque, ao fazê-lo, a pessoa estaria interferindo
no curso de uma prova que o beneficiário da doação teria de enfrentar. Essa
ideia, absolutamente equivocada, não durou muito tempo.
Chico Xavier, por exemplo,
respondendo a uma pergunta que lhe foi feita na época, afirmou peremptoriamente
que devemos, sim, doar os órgãos prestantes a quem deles necessita, do mesmo
modo que doamos uma roupa usada, um calçado, um objeto qualquer a uma pessoa
carente. O Dr. Jorge Andréa, conhecido autor e médico espírita, também se
posicionou na ocasião, afirmando que os transplantes tinham vindo para ficar e
que nenhuma religião tem o direito de opor obstáculo às conquistas da Ciência, sobretudo quando essas
conquistas prolongam a existência e ampliam as possibilidades de progresso da
criatura humana.
Devemos ser, e certamente o
somos, contrários, sim, às práticas que levam à morte, como o aborto e a
eutanásia, em todas as suas formas. Mas jamais poderíamos, em nome da Doutrina
Espírita, desaprovar as práticas que
valorizam a vida, como o é a doação de órgãos, cientes da importância que o
processo representa na existência de todos os que necessitam de um transplante.
. .
Fonte:
Jornal “O Imortal” de
10/2016
Autor: Astolfo de
Oliveira Filho
+ Algumas
modificações.
Jc.
São Luís, 17/10/2016