domingo, 15 de janeiro de 2017

INFERNO E UMBRAL, O MESMO? - DOAÇÃO DE ÓRGÃOS.




  Há no meio espírita quem entenda que seria válido abolir na literatura espírita a palavra Umbral e, em seu lugar, usar o termo Inferno.
Somente por total desconhecimento doutrinário, é que alguém  poderia fazer tal substituição.  O Umbral nada mais é que uma região espiritual de transição, a que André Luiz  se refere  no capítulo 12 do livro “Nosso Lar”, obra mediúnica psicografada por Francisco Cândido Xavier.
Debatem-se nas zonas umbralinas, Espíritos desesperados, infelizes, malfeitores e vagabundos de várias categorias. Segundo André Luiz, cada Espírito ali permanece o tempo que se faça necessário ao esgotamento dos resíduos mentais negativos, mas seus habitantes separam-se dos encarnados tão somente por leis vibratórias.
O Umbral faz parte do campo magnético da Terra, o qual, segundo alguns autores, estaria dividido em sete regiões, a saber:  1ª Umbral grosso; 2ª Umbral médio;  3º Umbral superior,  que é onde  fica  a  colônia  “Nosso Lar”; 4ª Região de arte, da cultura e da ciência;  5ª  Região do amor fraterno universal;  6ª Região onde se definem as diretrizes do planeta;  e 7ª  Abóbada estelar.
Quanto ao termo Inferno, designa ele segundo a teologia  católica, o lugar ou a situação pessoal em que se encontram os que morreram em estado de pecados, expressão simbólica de reprovação divina e privação definitiva da comunhão com Deus. Do Inferno, pois, diz a Igreja Católica, ninguém escapa. Existem entre o Inferno descrito pelos teólogos católicos e o inferno pagão, analogias. Ambos têm o fogo material por base dos tormentos, como símbolo dos sofrimentos mais atrozes,   e Deus, sem piedade, ouve-lhes os gemidos por toda a eternidade. Se do Inferno proposto pelo Catolicismo ninguém jamais poderá sair; a passagem pela região a que André Luiz deu o nome de Umbral, seja rápida ou demorada, será sempre transitória. Allan Kardec se refere ao assunto no cap. IV, itens 3 a 5, da 1ª Parte do livro “O Céu e o Inferno”.
Por que os Espíritos, ao deixarem o corpo material por força da desencarnação, se sujeitam a enfrentar tais situações? A resposta a essa pergunta é de fácil compreensão, como podemos conferir consultando o que, a respeito do assunto, escreveu Cairbar Schutel no livro “A Vida no Outro Mundo”, publicado originalmente em 1932, antes do surgimento das obras de Emmanuel e André Luiz.
Segundo Cairbar, há no Outro Mundo, diversos planos de vida, e não poderia ser de outro modo, porque os Espíritos, revestidos de seu corpo espiritual, não podem viver num meio que não esteja de acordo com sua evolução, que vibra sempre ao ritmo da elevação de cada um, em sabedoria e moralidade. Uma região inferior seria penosa para um Espírito em progresso. Os círculos que envolvem a Terra se diferenciam pela fluidez da matéria que os compõem, conforme explicado no livro  “A Vida no Outro Mundo”.
Não existe, como se vê, semelhança nenhuma entre ambos, salvo o remorso e o sofrimento existente nos dois. O primeiro, (Inferno) consoante ensina a teologia católica, é o destino final e definitivo do Espírito pecador, mesmo que se arrependa, não terá outra oportunidade e jamais será perdoado por Deus.  O segundo (Umbral), adotado e ensinado pela Doutrina Espírita, nada mais é do que uma região de transição, de refazimento, de readaptação, de preparo para uma situação melhor no futuro, rumo à perfeição, meta que Deus assinalou para todos os seus filhos, sem exclusão de nenhum deles. . .
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DOAÇÃO  DE  ÓRGÃOS

Qual é o posicionamento da Doutrina Espírita, no tocante a doação de órgãos?

É bom explicar, inicialmente, que Allan Kardec não tratou do tema doação de órgãos, uma prática impensável em sua época, e por esse motivo, não existe na Doutrina Espírita, algo que nos fale sobre doação de órgãos para fins de transplante. Os autores espirituais posteriores a Kardec, tanto os encarnados quanto os desencarnados, jamais se manifestaram contra a doação para tal finalidade.  De fato, quando surgiram na Terra os  primeiros casos de transplantes de coração,  houve quem
entendesse que doar um órgão poderia constituir um erro, porque, ao fazê-lo, a pessoa estaria interferindo no curso de uma prova que o beneficiário da doação teria de enfrentar. Essa ideia, absolutamente equivocada, não durou muito tempo.

Chico Xavier, por exemplo, respondendo a uma pergunta que lhe foi feita na época, afirmou peremptoriamente que devemos, sim, doar os órgãos prestantes a quem deles necessita, do mesmo modo que doamos uma roupa usada, um calçado, um objeto qualquer a uma pessoa carente. O Dr. Jorge Andréa, conhecido autor e médico espírita, também se posicionou na ocasião, afirmando que os transplantes tinham vindo para ficar e que nenhuma religião tem o direito de opor obstáculo às  conquistas da Ciência, sobretudo quando essas conquistas prolongam a existência e ampliam as possibilidades de progresso da criatura humana.

Devemos ser, e certamente o somos, contrários, sim, às práticas que levam à morte, como o aborto e a eutanásia, em todas as suas formas. Mas jamais poderíamos, em nome da Doutrina Espírita, desaprovar  as práticas que valorizam a vida, como o é a doação de órgãos, cientes da importância que o processo representa na existência de todos os que necessitam de um transplante. . .


Fonte:
Jornal “O Imortal” de 10/2016
Autor: Astolfo de Oliveira Filho         
+ Algumas modificações.

Jc.
São Luís, 17/10/2016