Antes de apresentar esta exposição, consultamos o dicionário para sabermos o que define: Estupro – Conjunção carnal forçada; relação sexual alcançada por meio de violência, praticada tanto dentro dos lares como em todos os demais lugares.
Não há nada mais lamentável e traumatizador
do que a dor de uma jovem ou uma mulher, vítima de um estupro. Mais há o que
possa agravar o estupro que é a gravidez. No Brasil, centenas de pessoas de
várias idades são estupradas a cada ano e convivem semanas com o pesadelo de
poder estar gerando o filho de um criminoso. O estupro é praticado nos lares,
entre esposos, companheiros; entre pais que seviciam seus filhos e filhas, e
também nas ruas, principalmente nos lugares ermos, desertos e isolados. O
método recomendado pelo Ministério da Saúde, para impedir a gravidez, é o que
chamam de “pílula do dia seguinte”. Este
anticoncepcional oral é encontrado em qualquer farmácia. A diferença é a
dosagem: em vez de uma pílula por dia, deve ser tomado de quatro a oito
comprimidos, em duas doses, num intervalo de doze horas. Se ingerido até 48
horas após a relação sexual, o método consegue evitar a gravidez em 80% dos
casos de estupro. A ética médica, quanto à questão do estupro e do aborto, é
diferente em cada país.
Sabemos que o livre arbítrio é o maior
patrimônio que nós, espíritos encarnados, temos alcançado, nesta faixa
evolutiva em que nos encontramos. Livre arbítrio que não legaliza atitudes, mas
cria oportunidades para que as pessoas se responsabilizem e decidam pelas consequências
de seus atos passados e presentes. Outra questão que devemos estabelecer é
aquela de maior ou menor repercussão dos nossos atos perante a Lei Divina, em
função do nível de esclarecimentos que possuímos. Importante também é salientar
que não há atos perversos que tenham sido planejados pela espiritualidade
superior. Seria de uma ignorância sem limites, a idéia de que alguém deve
reencarnar a fim de ser estuprado. A concepção de um Deus punidor, vingativo,
não cabe mais na consciência dos religiosos esclarecidos sobre a vida
espiritual. Deus é a fonte inesgotável de Amor. É a Lei maior de justiça e
bondade que atua e coordena as leis naturais que se harmonizam.
Como então conceber a violência física? Como enquadrar a presença divina em todas as
situações e sofrimentos com que convivemos?
Deus estaria ausente nestas circunstâncias, ou estaria presente? – Para muitas pessoas, se estivesse presente,
já seria motivo para não crer na Sua existência, ou na Sua infinita justiça e
bondade. O problema é que cada um de nós ao reencarnar, traz todo seu passado
impresso no seu espírito. Os progressos são aquisições alcançadas e os débitos
contraídos são imperfeições das múltiplas existências, do espírito. Assim
também é com a vítima do estupro. O espírito da jovem que hoje se apresenta de
forma normal, traz do seu passado, profundas marcas de atitudes prejudiciais a outros
irmãos, gravadas em seu espírito. Algumas mulheres de hoje, participaram de
emboscadas em existências anteriores, algumas, como homens, visando atingir de
maneira dolorosa, a intimidade sexual de outras pessoas. Outras foram
executoras diretas, pela autoridade de que eram investidas, de crimes nessa
área. No filme “A Torre do Prazer”, é narrada a história de uma rainha que
mandava alguns subordinados saírem pela cidade a procura de belos jovens, para
convidá-los a uma orgia de prazer, sem que lhes custasse nada e eles eram
conduzidos a um castelo, onde a rainha e suas damas de companhia, seduziam os
jovens e depois de uma noite de atos sexuais, e, para não serem elas
desmascaradas, os jovens eram levados pelos subordinados e mortos em seguida. Muitas e muitas vezes,
assim aconteceu, até que... Enfim, são
múltiplas as situações geradoras de desarmonia energética e espiritual que
agora pulsa nos arquivos vibratórios da vítima em questão, na atualidade.
Pela lei universal da sintonia de vibrações,
embora aparentemente a mulher não traduza os arquivos do passado, poderá em
dado momento, ser atraída para uma circunstância similar àquela que participou
em outra existência. É claro que o trabalho constante da família, em termos de
educação, evangelização e amor, e o esforço pessoal da criatura somado ao
incansável labor dos protetores espirituais, poderá afastar a situação a que
está sujeita. Não existe fatalidade. Existe apenas um débito a ser resgatado e
a predisposição, dependendo do maior ou menor envolvimento no processo. Existem
também os familiares que sofrerão em diferentes graus, as repercussões do crime
em questão; são agora novos personagens na existência atual, mas encenaram a
mesma situação em existências passadas.
O agressor, que muitas das vezes surpreende
pela escolha da vítima, na realidade, em seu desequilíbrio patológico, entrou
em sintonia com a vítima de hoje, devido nela existir algo que tem ressonâncias
com sua enfermidade psíquica no presente, com reflexos dolorosos no passado. Sem
que saiba a causa, ele é atraído pela vibração dela, e ela se não tiver
méritos, sofrerá a ação do agressor. Se
já tivermos praticado ou participado no passado, de um estupro, nos resta no
presente, abrir nosso coração para a caridade, o amor ao próximo, à postura
moral, para reduzirmos o impacto da energia negativa que movimentamos no
passado, e que poderá nos livrar na presente existência.
A lei da gravidade existe e comprovamos ao
jogar uma pedra para o alto e se ficarmos aguardando seu impacto debaixo da
linha de queda, fatalmente seremos atingidos. Esse fato não é uma punição
Divina; é a lei da gravidade que cumpre automaticamente sua função. O mesmo
ocorre com a lei de “ação e reação”, de causa e efeito, de plantação e
colheita.
Ocorrida à violência (estupro), a gravidez
pode se apresentar como surpresa desagradável.
Como orientar a vítima? -
Identificados os dois protagonistas da gravidez, falemos então da entidade (espírito)
que vai reencarnar. Em certas ocasiões, o ser que mergulha na carne, é alguém
que vibra na mesma faixa de desequilíbrio. Um espírito que pelo ódio se
aproxima da mulher de hoje, pedindo-lhe contas pelos sofrimentos do passado,
que ela lhe causara. O processo obsessivo que estava adormecido, agora adere ao
físico materno. Apesar dessa inimizade existente, a Lei Divina aproveita para
adormecê-lo. Acordará embalado pelos braços de sua antiga algoz, que aprenderá
a perdoar e até a amar, em função da sua qualidade de mãe e do esquecimento do
passado. Em hipótese alguma o estupro foi programado nem ele se justificaria em
qualquer circunstância. No entanto, ocorrido o crime, a espiritualidade sempre
fará o máximo para que do mal, ser possível resultar algum bem.
Ninguém neste mundo é mãe, pai, filho ou
irmão de outrem por causalidade; há sempre um mecanismo sábio da Lei Divina,
que visa corrigir e atenuar sofrimentos passados. Aqueles que nascem em
semelhantes condições, jamais devem perder a noção de que são mantidos pelas
suas próprias imperfeições. Há também espíritos afins e benfeitores que visando
amparar a futura mãe, aceitam reencarnar na situação surgida. A vítima do estupro poderá ter ao seu lado,
alguém que poderá vir a ser o seu arrimo e consolo na velhice. Espíritos cheios
de amor, com projetos de dedicação e amparo, aproveitam a oportunidade para
renascerem como filho nessas situações.
Como ilustração, conto o ocorrido com uma
família que tinha uma filha, nascida bonita, porém com as faculdades anormais e
sem fala. Certo dia foi contratado um
pedreiro para fazer um serviço na casa. Ele observou a moça e em dado momento
em que estava ela sozinha, ele se aproveitou da inocência da moça,
estuprando-a. Passados alguns meses, os pais constatando o ocorrido, trataram
logo de providenciar o aborto. Ela, entretanto, num lampejo de clarividência,
cruzando os braços sobre o peito como a expressar amor, e apontando para a barriga,
fez sinal de que não concordava com o ato criminoso. Levada ao consultório do
obstetra fugiu para não ser submetida ao aborto. Os seus pais consternados
deixaram à criança nascer. Passados muitos anos, o filho formado em Física,
único brasileiro trabalhando na Nasa, tinha levado sua mãe para morar e fazer
tratamento nos melhores especialistas da América do Norte. Se ele não tivesse
nascido, quem a teria amparado após a morte dos pais? – Eis um exemplo de como a Justiça Divina
sempre faz, para que um mal seja possível resultar um bem.
A Humanidade se divide na hora de definir em
qual momento a existência tem início. Seria na concepção ou seria depois? Em torno desta divergência, grupos pró e
contra a legalidade do aborto, levantam suas bandeiras, levados pelos seus
respectivos interesses, havendo também posições diferentes nas diversas
correntes políticas e nos postulados morais e religiosos das diversas
religiões.
O Brasil é o país mais cristão do mundo. A
sua população é distribuída entre católicos, protestantes, espíritas,
umbandistas, etc. No entanto, carrega um troféu nada agradável, frontalmente
contrário aos princípios cristãos: É o campeão mundial do aborto; onde a taxa
de interrupção, supera a taxa de nascimentos. E ainda, cerca de 30% dos leitos hospitalares
reservados à Ginecologia e Obstetrícia, são ocupados por pacientes sofrendo
conseqüências de abortos provocados. Embora haja mulheres de todas as idades, a
maioria, entretanto, é de adolescentes, despreparadas para assumir a
maternidade, ou apavoradas com a reação dos pais. Esta situação fez surgir no
país, grupos dispostos a legalizar o aborto; torná-lo fácil, acessível e
juridicamente aceito, apesar de ser uma barbárie e um crime cometido perante a
Lei Divina. O Congresso do Brasil não parece
ter noção do que seja o mais condenável, pois aprova a Lei da Palmada,
condenando uma pessoa que dá uma palmada numa criança, que fica sujeita às
penalidades da lei, e quer aprovar o assassinato de uma criança, indefesa,
ainda no ventre, ao liberar e legalizar o aborto.
Os argumentos são os mais variados: a mulher
tem o direito sobre seu corpo; as condições econômicas para criar um filho;
problemas de má formação fetal; gravidez indesejável; violência sexual contra a
mulher; rejeição da filha pelo pai e, as más condições em que são realizados os
abortos clandestinos. A ciência, ainda tímida, explica que o zigoto, formado
pelo espermatozóide e o óvulo, já é um ser humano dotada de vida. O feto não é
apenas uma massa celular viva, mas um ente autônomo que já depende da
alimentação materna. Especialistas em genética, afirmam que a existência começa
na fecundação quando os 23 cromossomos masculinos se juntam com os 23
cromossomos femininos, todos os dados genéticos que definem o novo ser humano
já estão presentes. Daí para á frente, qualquer método empregado para
destruí-lo, é um assassinato. Existe ato mais vil do que o praticado contra um
entezinho que não tem as mínimas condições de se defender?
O mais elementar direito humano é o de
nascer, de existir... Os outros direitos – saúde, educação, liberdade,
trabalho, justiça, cidadania – só têm sentido se houver o ser humano para
desfrutá-los. Negar, portanto, o direito à vida terrena é negar todos os outros
direitos. Num ponto, Ciência e Religiões já caminham juntas; o aborto pode ser
aceito, se a gravidez oferecer risco à existência da mãe. Neste caso, é preciso
optar pelo ser que existe há mais tempo, e que se encontra em plena tarefa
evolutiva. Vale ressaltar que, nem mesmo sendo estupro, o aborto é aceito,
pelas questões acima mencionadas e pela existência já comprovada do feto.
Mas, muitas das vezes, a gestante pressionada
pelos familiares, concorda por interromper a gravidez indesejada. Não devemos
jamais julgar uma mãe que aborta, odeia e/ou abandona um filho. Não sabemos o
que houve nas outras existências. Temos, porém, a obrigação de lembrar sempre
que ao violarmos as Leis Divinas ninguém ficará impune. Muitos que falam sobre o aborto e aqueles que
aconselham esse ato, jamais tiveram a oportunidade de assistir a uma execução
do mesmo. Em muitos paises em que o código permite até o 5º mês de gravidez, o
aborto, nos casos de estupro, observa-se um quadro tétrico. Fetos, às vezes
retirados por cesariana, são colocados sobre bandejas, onde pela imaturidade
pulmonar, respiram irregularmente, até a morte. Outros restos de fetos, ainda
pulsando, são colocados no lixo. A gestante que é submetida à violência do
aborto e o espírito sofrem intensamente nesse processo, conforme o grau de
maturidade espiritual, e aumenta ainda a dolorosamente situação expiatória da
família.
A
eliminação da gravidez através do aborto provocado irá anular o laborioso
auxílio que, o espírito protetor que iria encarnar, lamentará ter perdido. A
interrupção da gestação, mesmo decorrente da violência de um estupro, é sempre
uma atitude arbitrária e um crime, maior até mesmo, do que o sofrido pela
mulher, pois a criança que está no ventre, desde o instante da fertilização, já
é um ser vivente e não apenas um pedaço do corpo da mãe, pedaço esse que ela
poderia descartar a seu bel-prazer. Esse é um delito muito mais hediondo porque
o nenê não tem as mínimas condições de defesa. Há sempre crime, quando se
transgride as Leis de Deus. Pela Lei
Divina, sabemos que o espírito reencarnante não deve receber a agressão
arbitrária, em virtude da violência sofrida pela mulher; violência essa que
necessita ser substituída por um ato de amor, a um entezinho que, muitas das
vezes, precisa uma oportunidade de ajudar e evoluir.
Se a mulher for emocionalmente incapaz de
atender aos requisitos da maternidade, poderá ser estudada a adoção por pessoas
de vínculos próximos, amparando a criança, como uma solução indicada. Se,
entretanto, não houver as possibilidades psíquicas aceitáveis de recepção por
parte dos familiares, deverá ser encaminhada à adoção, para aqueles que
receberão a criança, com o amor necessário ao seu processo de evolução
espiritual. Existem muitos casais que são impossibilitados de terem filhos, com
desejos e ansiosos por adotarem uma criança, que lhes proporcione a alegria no
lar e uma existência feliz.
O tempo, o grande remédio para todos os
males, em todas as épocas, se encarregará de cicatrizar os ferimentos do corpo
e os sofrimentos da alma da mulher que passou por essa situação lamentável. É
possível que alguma mulher em nosso redor, haja praticado o aborto sem
conhecer-lhe as conseqüências; porém se já acordou para a responsabilidade
quanto a isso, deve esforçar-se para transformar o próprio arrependimento, em
socorro a outras crianças infelizes, carentes e desamparadas.
Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe,
perguntará Deus: “Que fizestes do filho ou da filha confiada à vossa guarda?”.
Que a Paz e a Luz do Senhor, esteja em nosso
coração e ilumine a nossa consciência...
Bibliografia:
Livro “Gestação”
Revista “Veja”
Ricardo de Bernardi
+ acréscimos e modificações.
Jc.
S.Luis, 21/12/2001
Refeito em 29/12/2012 e 9/6/2014