domingo, 8 de junho de 2014

O ESTUPRO E O ABORTO




  Antes de apresentar esta exposição, consultamos o dicionário para sabermos o que define: Estupro – Conjunção carnal forçada; relação sexual alcançada por meio de violência, praticada tanto dentro dos lares como em todos os demais lugares.

Não há nada mais lamentável e traumatizador do que a dor de uma jovem ou uma mulher, vítima de um estupro. Mais há o que possa agravar o estupro que é a gravidez. No Brasil, centenas de pessoas de várias idades são estupradas a cada ano e convivem semanas com o pesadelo de poder estar gerando o filho de um criminoso. O estupro é praticado nos lares, entre esposos, companheiros; entre pais que seviciam seus filhos e filhas, e também nas ruas, principalmente nos lugares ermos, desertos e isolados. O método recomendado pelo Ministério da Saúde, para impedir a gravidez, é o que chamam de “pílula do dia seguinte”.  Este anticoncepcional oral é encontrado em qualquer farmácia. A diferença é a dosagem: em vez de uma pílula por dia, deve ser tomado de quatro a oito comprimidos, em duas doses, num intervalo de doze horas. Se ingerido até 48 horas após a relação sexual, o método consegue evitar a gravidez em 80% dos casos de estupro. A ética médica, quanto à questão do estupro e do aborto, é diferente em cada país.

Sabemos que o livre arbítrio é o maior patrimônio que nós, espíritos encarnados, temos alcançado, nesta faixa evolutiva em que nos encontramos. Livre arbítrio que não legaliza atitudes, mas cria oportunidades para que as pessoas se responsabilizem e decidam pelas consequências de seus atos passados e presentes. Outra questão que devemos estabelecer é aquela de maior ou menor repercussão dos nossos atos perante a Lei Divina, em função do nível de esclarecimentos que possuímos. Importante também é salientar que não há atos perversos que tenham sido planejados pela espiritualidade superior. Seria de uma ignorância sem limites, a idéia de que alguém deve reencarnar a fim de ser estuprado. A concepção de um Deus punidor, vingativo, não cabe mais na consciência dos religiosos esclarecidos sobre a vida espiritual. Deus é a fonte inesgotável de Amor. É a Lei maior de justiça e bondade que atua e coordena as leis naturais que se harmonizam.

Como então conceber a violência física?  Como enquadrar a presença divina em todas as situações e sofrimentos com que convivemos?  Deus estaria ausente nestas circunstâncias, ou estaria presente? –   Para muitas pessoas, se estivesse presente, já seria motivo para não crer na Sua existência, ou na Sua infinita justiça e bondade. O problema é que cada um de nós ao reencarnar, traz todo seu passado impresso no seu espírito. Os progressos são aquisições alcançadas e os débitos contraídos são imperfeições das múltiplas existências, do espírito. Assim também é com a vítima do estupro. O espírito da jovem que hoje se apresenta de forma normal, traz do seu passado, profundas marcas de atitudes prejudiciais a outros irmãos, gravadas em seu espírito. Algumas mulheres de hoje, participaram de emboscadas em existências anteriores, algumas, como homens, visando atingir de maneira dolorosa, a intimidade sexual de outras pessoas. Outras foram executoras diretas, pela autoridade de que eram investidas, de crimes nessa área. No filme “A Torre do Prazer”, é narrada a história de uma rainha que mandava alguns subordinados saírem pela cidade a procura de belos jovens, para convidá-los a uma orgia de prazer, sem que lhes custasse nada e eles eram conduzidos a um castelo, onde a rainha e suas damas de companhia, seduziam os jovens e depois de uma noite de atos sexuais, e, para não serem elas desmascaradas, os jovens eram levados pelos subordinados e mortos em seguida.  Muitas e muitas vezes, assim aconteceu, até que...  Enfim, são múltiplas as situações geradoras de desarmonia energética e espiritual que agora pulsa nos arquivos vibratórios da vítima em questão, na atualidade.

Pela lei universal da sintonia de vibrações, embora aparentemente a mulher não traduza os arquivos do passado, poderá em dado momento, ser atraída para uma circunstância similar àquela que participou em outra existência. É claro que o trabalho constante da família, em termos de educação, evangelização e amor, e o esforço pessoal da criatura somado ao incansável labor dos protetores espirituais, poderá afastar a situação a que está sujeita. Não existe fatalidade. Existe apenas um débito a ser resgatado e a predisposição, dependendo do maior ou menor envolvimento no processo. Existem também os familiares que sofrerão em diferentes graus, as repercussões do crime em questão; são agora novos personagens na existência atual, mas encenaram a mesma situação em existências passadas.

O agressor, que muitas das vezes surpreende pela escolha da vítima, na realidade, em seu desequilíbrio patológico, entrou em sintonia com a vítima de hoje, devido nela existir algo que tem ressonâncias com sua enfermidade psíquica no presente, com reflexos dolorosos no passado. Sem que saiba a causa, ele é atraído pela vibração dela, e ela se não tiver méritos, sofrerá a ação do agressor.    Se já tivermos praticado ou participado no passado, de um estupro, nos resta no presente, abrir nosso coração para a caridade, o amor ao próximo, à postura moral, para reduzirmos o impacto da energia negativa que movimentamos no passado, e que poderá nos livrar na presente existência.

A lei da gravidade existe e comprovamos ao jogar uma pedra para o alto e se ficarmos aguardando seu impacto debaixo da linha de queda, fatalmente seremos atingidos. Esse fato não é uma punição Divina; é a lei da gravidade que cumpre automaticamente sua função. O mesmo ocorre com a lei de “ação e reação”, de causa e efeito, de plantação e colheita.

Ocorrida à violência (estupro), a gravidez pode se apresentar como surpresa desagradável.  Como orientar a vítima?  - Identificados os dois protagonistas da gravidez, falemos então da entidade (espírito) que vai reencarnar. Em certas ocasiões, o ser que mergulha na carne, é alguém que vibra na mesma faixa de desequilíbrio. Um espírito que pelo ódio se aproxima da mulher de hoje, pedindo-lhe contas pelos sofrimentos do passado, que ela lhe causara. O processo obsessivo que estava adormecido, agora adere ao físico materno. Apesar dessa inimizade existente, a Lei Divina aproveita para adormecê-lo. Acordará embalado pelos braços de sua antiga algoz, que aprenderá a perdoar e até a amar, em função da sua qualidade de mãe e do esquecimento do passado. Em hipótese alguma o estupro foi programado nem ele se justificaria em qualquer circunstância. No entanto, ocorrido o crime, a espiritualidade sempre fará o máximo para que do mal, ser possível resultar algum bem.

Ninguém neste mundo é mãe, pai, filho ou irmão de outrem por causalidade; há sempre um mecanismo sábio da Lei Divina, que visa corrigir e atenuar sofrimentos passados. Aqueles que nascem em semelhantes condições, jamais devem perder a noção de que são mantidos pelas suas próprias imperfeições. Há também espíritos afins e benfeitores que visando amparar a futura mãe, aceitam reencarnar na situação surgida.  A vítima do estupro poderá ter ao seu lado, alguém que poderá vir a ser o seu arrimo e consolo na velhice. Espíritos cheios de amor, com projetos de dedicação e amparo, aproveitam a oportunidade para renascerem como filho nessas situações.

Como ilustração, conto o ocorrido com uma família que tinha uma filha, nascida bonita, porém com as faculdades anormais e sem fala.  Certo dia foi contratado um pedreiro para fazer um serviço na casa. Ele observou a moça e em dado momento em que estava ela sozinha, ele se aproveitou da inocência da moça, estuprando-a. Passados alguns meses, os pais constatando o ocorrido, trataram logo de providenciar o aborto. Ela, entretanto, num lampejo de clarividência, cruzando os braços sobre o peito como a expressar amor, e apontando para a barriga, fez sinal de que não concordava com o ato criminoso. Levada ao consultório do obstetra fugiu para não ser submetida ao aborto. Os seus pais consternados deixaram à criança nascer. Passados muitos anos, o filho formado em Física, único brasileiro trabalhando na Nasa, tinha levado sua mãe para morar e fazer tratamento nos melhores especialistas da América do Norte. Se ele não tivesse nascido, quem a teria amparado após a morte dos pais?  – Eis um exemplo de como a Justiça Divina sempre faz, para que um mal seja possível resultar um bem.

A Humanidade se divide na hora de definir em qual momento a existência tem início. Seria na concepção ou seria depois?  Em torno desta divergência, grupos pró e contra a legalidade do aborto, levantam suas bandeiras, levados pelos seus respectivos interesses, havendo também posições diferentes nas diversas correntes políticas e nos postulados morais e religiosos das diversas religiões.

O Brasil é o país mais cristão do mundo. A sua população é distribuída entre católicos, protestantes, espíritas, umbandistas, etc. No entanto, carrega um troféu nada agradável, frontalmente contrário aos princípios cristãos: É o campeão mundial do aborto; onde a taxa de interrupção, supera a taxa de nascimentos.  E ainda, cerca de 30% dos leitos hospitalares reservados à Ginecologia e Obstetrícia, são ocupados por pacientes sofrendo conseqüências de abortos provocados. Embora haja mulheres de todas as idades, a maioria, entretanto, é de adolescentes, despreparadas para assumir a maternidade, ou apavoradas com a reação dos pais. Esta situação fez surgir no país, grupos dispostos a legalizar o aborto; torná-lo fácil, acessível e juridicamente aceito, apesar de ser uma barbárie e um crime cometido perante a Lei Divina. O Congresso do Brasil  não parece ter noção do que seja o mais condenável, pois aprova a Lei da Palmada, condenando uma pessoa que dá uma palmada numa criança, que fica sujeita às penalidades da lei, e quer aprovar o assassinato de uma criança, indefesa, ainda no ventre, ao liberar e legalizar o aborto.

Os argumentos são os mais variados: a mulher tem o direito sobre seu corpo; as condições econômicas para criar um filho; problemas de má formação fetal; gravidez indesejável; violência sexual contra a mulher; rejeição da filha pelo pai e, as más condições em que são realizados os abortos clandestinos. A ciência, ainda tímida, explica que o zigoto, formado pelo espermatozóide e o óvulo, já é um ser humano dotada de vida. O feto não é apenas uma massa celular viva, mas um ente autônomo que já depende da alimentação materna. Especialistas em genética, afirmam que a existência começa na fecundação quando os 23 cromossomos masculinos se juntam com os 23 cromossomos femininos, todos os dados genéticos que definem o novo ser humano já estão presentes. Daí para á frente, qualquer método empregado para destruí-lo, é um assassinato. Existe ato mais vil do que o praticado contra um entezinho que não tem as mínimas condições de se defender?

O mais elementar direito humano é o de nascer, de existir... Os outros direitos – saúde, educação, liberdade, trabalho, justiça, cidadania – só têm sentido se houver o ser humano para desfrutá-los. Negar, portanto, o direito à vida terrena é negar todos os outros direitos. Num ponto, Ciência e Religiões já caminham juntas; o aborto pode ser aceito, se a gravidez oferecer risco à existência da mãe. Neste caso, é preciso optar pelo ser que existe há mais tempo, e que se encontra em plena tarefa evolutiva. Vale ressaltar que, nem mesmo sendo estupro, o aborto é aceito, pelas questões acima mencionadas e pela existência já comprovada do feto.

Mas, muitas das vezes, a gestante pressionada pelos familiares, concorda por interromper a gravidez indesejada. Não devemos jamais julgar uma mãe que aborta, odeia e/ou abandona um filho. Não sabemos o que houve nas outras existências. Temos, porém, a obrigação de lembrar sempre que ao violarmos as Leis Divinas ninguém ficará impune.  Muitos que falam sobre o aborto e aqueles que aconselham esse ato, jamais tiveram a oportunidade de assistir a uma execução do mesmo. Em muitos paises em que o código permite até o 5º mês de gravidez, o aborto, nos casos de estupro, observa-se um quadro tétrico. Fetos, às vezes retirados por cesariana, são colocados sobre bandejas, onde pela imaturidade pulmonar, respiram irregularmente, até a morte. Outros restos de fetos, ainda pulsando, são colocados no lixo. A gestante que é submetida à violência do aborto e o espírito sofrem intensamente nesse processo, conforme o grau de maturidade espiritual, e aumenta ainda a dolorosamente situação expiatória da família.

 A eliminação da gravidez através do aborto provocado irá anular o laborioso auxílio que, o espírito protetor que iria encarnar, lamentará ter perdido. A interrupção da gestação, mesmo decorrente da violência de um estupro, é sempre uma atitude arbitrária e um crime, maior até mesmo, do que o sofrido pela mulher, pois a criança que está no ventre, desde o instante da fertilização, já é um ser vivente e não apenas um pedaço do corpo da mãe, pedaço esse que ela poderia descartar a seu bel-prazer. Esse é um delito muito mais hediondo porque o nenê não tem as mínimas condições de defesa. Há sempre crime, quando se transgride as Leis de Deus.  Pela Lei Divina, sabemos que o espírito reencarnante não deve receber a agressão arbitrária, em virtude da violência sofrida pela mulher; violência essa que necessita ser substituída por um ato de amor, a um entezinho que, muitas das vezes, precisa uma oportunidade de ajudar e evoluir.

Se a mulher for emocionalmente incapaz de atender aos requisitos da maternidade, poderá ser estudada a adoção por pessoas de vínculos próximos, amparando a criança, como uma solução indicada. Se, entretanto, não houver as possibilidades psíquicas aceitáveis de recepção por parte dos familiares, deverá ser encaminhada à adoção, para aqueles que receberão a criança, com o amor necessário ao seu processo de evolução espiritual. Existem muitos casais que são impossibilitados de terem filhos, com desejos e ansiosos por adotarem uma criança, que lhes proporcione a alegria no lar e uma existência feliz.

O tempo, o grande remédio para todos os males, em todas as épocas, se encarregará de cicatrizar os ferimentos do corpo e os sofrimentos da alma da mulher que passou por essa situação lamentável. É possível que alguma mulher em nosso redor, haja praticado o aborto sem conhecer-lhe as conseqüências; porém se já acordou para a responsabilidade quanto a isso, deve esforçar-se para transformar o próprio arrependimento, em socorro a outras crianças infelizes, carentes e desamparadas.

Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe, perguntará Deus: “Que fizestes do filho ou da filha confiada à vossa guarda?”.

Que a Paz e a Luz do Senhor, esteja em nosso coração e ilumine a nossa  consciência...


Bibliografia:
Livro “Gestação”
Revista “Veja”
Ricardo de Bernardi
+ acréscimos e modificações.


Jc.
S.Luis, 21/12/2001
Refeito em 29/12/2012 e 9/6/2014