sábado, 1 de maio de 2010

HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DO PAI

HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DO PAI

A Terra, o mundo que habitamos, faz parte de certo número de planetas e asteróides que seguem o sol em sua viagem. Ela só tem uma lua, enquanto Júpiter tem 16. Saturno possui 18 satélites, cujos movimentos produzem jogos de luzes e cores deslumbrantes. São ao todo, 61 satélites conhecidos em nosso sistema solar, e 9 planetas.

O sol é um milhão e trezentas mil vezes maior que a Terra. Apesar de toda essa grandiosidade, nosso sistema planetário não ocupa mais que um ponto minúsculo no Universo. Ele pertence a um conjunto estelar (galáxia) chamado Via-Láctea, onde existem mais de 40 bilhões de estrelas. A Via-Láctea é apenas um pequeno agrupamento de estrelas no espaço infinito. A Astronomia calcula hoje, em mais de 100 milhões, o número de galáxias que já podem ser vistas pelo ser humano. Não seria uma ingenuidade, supor que apenas a Terra é habitada por seres racionais ? Sabemos que o nosso planeta é um grão de areia no grande Universo; não tem nada de especial que lhe dê com exclusividade, o privilégio de ter vida. Apesar de toda essa grandiosidade do Universo, muitos cientistas ainda não acreditam existir vida em outros mundos.

Um cientista chamado Geofrey Marcy, formado em astrofísica, certo dia perguntou: - Há vida em outros mundos do universo? Existem outros mundos iguais ao nosso? Com o propósito de encontrar as respostas para essas perguntas, ele decidiu então procurar outros planetas. Uma noite, após o jantar, ele disse aos outros astrônomos que estava à procura de planetas. Na época, isso foi o bastante para ele virar motivo de chacota e piada no meio científico do qual fazia parte.

Em 1995, Marcy foi surpreendido pelos cientistas suíços, Michel Mayer e Didier Queluz, que, usando a mesma técnica de Marcy, descobriram o primeiro planeta extra-solar (fora do nosso sistema solar), ao redor de uma estrela semelhante ao nosso sol. Entretanto, os anos de estudos e os aperfeiçoamentos dos instrumentos usados por Marcy, logo o puseram à frente dos outros cientistas, pois em 1996, anunciou ele, a existência de dois outros planetas. Em 1999, ele descobriu uma estrela com oscilação tal que comprovou a existência de um planeta imenso em sua órbita. Comprovada a descoberta, a maioria da sociedade astro-físico, aceitou e lhe rendendo homenagens, o premiou com a nomeação de diretor do Centro de Estudos Planetários Integrativos, na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, formada por químicos, biólogos, geofísicos, astrônomos, que procuravam formas de vida, fora do nosso sistema solar. (Seleções abril/2000)

Emmanuel, no livro “O Consolador”, nos esclarece, na pergunta 71, dizendo: “No turbilhão do infinito, o sistema planetário centralizado no nosso sol, é excessivamente singelo, constituindo um aspecto muito pobre na criação”. No Evangelho de João, cap. XIV, vs. 1 a 3, vamos encontrar Jesus falando aos seus apóstolos, dizendo: “Não se turbe o vosso coração, credes em Deus, cedes também em mim. Há muitas moradas na casa do meu Pai, se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar lugar”. O Livro dos Espíritos também nos deixa esta questão bem clara, na pergunta 55 que Kardec faz: “São habitados os globos que se movem no espaço?” – Respondem os Espíritos Superiores: “Sim, e o ser humano está longe de ser, como supõe, o primeiro em inteligência, em bondade e perfeição”. Emmánuel nos ensina ainda com carinho: “Temos assim, no espaço incomensurável, mundos-berços e mundos-templos, mundos-oficinas e mundos-reformatórios, mundos-hospitais e mundos prisões”.

De acordo com Martins Peralta, no livro “O Pensamento de Emmánuel”, podemos conceituar de três maneiras a palavra “moradas” dita por Jesus: a- os mundos que formam o Universo, onde muitas humanidades realizam a marcha evolutiva; b- as diversas zonas espirituais, superiores e inferiores, além das fronteiras físicas, onde a vida palpita com a mesma intensidade das metrópoles humanas; c- os vários departamentos da mente, onde se demoram pensamentos e reações, dramas e tragédias, anseios e realidades do espírito. Entretanto, voltemos a nossa reflexão que trata especificamente dos vários mundos do planeta Terra e de sua destinação.

A cada do Pai é o Universo; as diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito, e oferecem, aos espíritos encarnados, moradas apropriadas ao seu adiantamento. Do ensinamento dado pelos Espíritos Superiores, resulta que os diversos mundos estão em condições muito diferentes uns dos outros, quanto ao grau de adiantamento ou de inferioridade de seus habitantes. Entre eles há os que seus habitantes são ainda inferiores aos da Terra, física e moralmente; outros estão no mesmo grau evolutivo. E outros lhe são mais ou menos superiores em todos os aspectos. Nos mundos inferiores, a existência é toda material as paixões reinam soberanamente, e a existência da moral é quase nula. Nos mundos intermediários, há mistura do bem e do mal; predominância de um ou de outro, segundo o grau de adiantamento. A Terra ainda pertence à categoria dos mundos de expiação e provas, e é por isso que o ser humano nela é alvo de tantas misérias.

Ao observarmos o panorama de nossa “morada” atual, vemos de um lado, violências, guerras, miséria, fome, destruição, egoísmo, orgulho, inveja e desamor; mas, em contra partida, vislumbramos o sol a nos aquecer, à noite a nos relaxar, as estrelas a brilhar, a solidariedade a florescer entre as pessoas, a mensagem de amor do Mestre a se expandir, o bem a se propagar... Vemos a Terra como um planeta de contrastes: o belo e o feio, o certo e o errado, o justo e o injusto, e nos perguntamos: Por que? Qual o papel da Terra? Qual o papel do ser humano?

A Terra em si é boa, é bela, é dadivosa. Percebemos então que só aparecem os contrastes, quando o ser humano surge na Terra, usando do seu livre arbítrio e fazendo escolhas erradas. O mal não é do mundo, mas das criaturas que o habitam. A Terra sempre foi e será boa, pois até dos charcos brotam os lírios, dos espinheiros surgem rosas... Os diversos mundos estão em condições diferentes uns dos outros. Considerando a classificação relativa dos mundos, dada por Allan Kardec no livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, o nosso orbe é um mundo intermediário, onde se confundem o bem e o mal, predominando ainda o mal. É um planeta habitado por pessoas que possuem em seu íntimo, muitos males, em detrimento dos sentimentos nobres. O ser humano aqui na Terra, dado o seu atraso espiritual, está sujeito a muitos sofrimentos e dores, colheita do que já fez nesta e em existências anteriores, mas também se encontra em condições de melhorar alcançar e usufruir coisas boas. São esses contrastes que o fazem evoluir.

Jesus, o Mestre Amado, foi coroado de espinhos; porém sabemos ser Ele, merecedor da coroa dos justos. Mostrou-nos assim, que ainda necessitamos do sofrimento para alcançarmos à luz e a paz. No nosso mundo o ser humano precisa do mal para sentir o que é o bem. Precisa da noite para admirar a luz do sol; precisa da doença para poder apreciar a saúde; nos mundos superiores, esses contrastes não são necessários; a eterna luz a eterna serenidade da alma, proporcionam uma eterna alegria que não são perturbadas, nem pelas angústias da existência material, nem pelo contato com os maus, que ali não têm acesso. O monge Agostinho dizia que: “no encontro das dificuldades, é que desenvolvemos as qualidades e a inteligência. E é assim que Deus, em sua bondade, faz que o próprio resgate redunde em proveito do progresso do Espírito”.

A Terra é a escola onde aprendemos a Lei de Deus; onde resgatamos os débitos, onde prestamos provas, a fim de passarmos de uma etapa para outra. É uma grande escola a que todos os alunos têm acesso, e à sua disposição, professores para ajudarem na realização do aprendizado. A Terra não é uma penitenciária; é uma escola e um hospital de almas. Na escola se ensina no hospital se cura. Na Terra aprendemos o bem, curando o mal. Na análise sobre o seu papel, devemos lembrar que aqui não se encontra toda a humanidade universal, mas apenas a humanidade terrena, difícil, rebelde e ainda atrasada. É fácil entender porque encontramos na Terra, ainda tanto egoísmo, orgulho, vaidade, ambição, violência e crimes.

Como conhecer a vida num mundo de provas e expiações? – perguntou um jovem que assistia a uma reunião de estudos do Evangelho. O expositor em resposta, limitou-se a pedir a atenção do jovem para o noticiário dos jornais, das emissoras de rádios e televisões. Quais as notícias, boas ou ruins? – E completou: “Logo verificamos que a Terra, em verdade, ainda é um mundo onde os que aqui vivem, passam por provas e expiações necessárias para se despojarem das imperfeições que ainda os impedem de conviver com humildade e fraternidade, com bondade e tolerância, praticando o bem e o amor ao próximo”.

A grande maioria dos que se encontram na Terra, pediu nova oportunidade para reencarnar, a fim de se submeter a novas provas e vencer as más tendências e inclinações, os maus costumes e os vícios, enfrentando algumas vezes dolorosas expiações. Esquecidos, porém, dos compromissos e das promessas de recuperação, deixam-se levar pelos prazeres que o mundo oferece. Tudo isso ainda acontece pela falta de esclarecimento, de compreensão, o que muitos têm a felicidade de alcançar, através do estudo e da vivência dos princípios evangélicos. Ao estudar o Evangelho e conhecer os ensinos da Doutrina dos Espíritos, nossa consciência desperta, e conseguimos fortalecer a nossa fé, praticando boas obras. Existem milhares de mundos mais evoluídos, mais felizes, esperando por nós; mas só deixaremos a Terra para ingressar num mundo melhor, ou só transformaremos a Terra, quando estivermos curados de nossas enfermidades morais.

São tantas e tantas moradas do Pai, espalhadas pelo Universo, Mundos de Regeneração, onde os seus habitantes estão aptos para viverem melhor e aspirando por mundos ainda mais evoluídos. Esta é a destinação do nosso mundo, ao passar pela renovação de seus habitantes que vêm se processando lentamente, apesar de todos os problemas e dificuldades por que passa a presente humanidade. A responsabilidade dos cristãos espíritas é muito grande, porque conhecendo os ensinamentos de Jesus, devem aprimorar-se na prática da caridade em todos os sentidos. Só assim estaremos perto de alcançar, depois do estágio na Terra, a ventura de vivermos em um mundo de regeneração.

O progresso sendo uma das leis da Natureza, todos os seres da Criação a ele estão submetidos pela bondade de Deus que quer que tudo engrandeça e evolua. Assim, a Terra seguindo essa lei, já esteve material e moralmente num estado inferior ao que está hoje e dentro de mais algum tempo, atingirá um grau mais elevado. Está ela passando por um período de transformações, em que seus habitantes serão testados para aferição dos seus valores, e como os renitentes no mal serão exilados para outros mundos inferiores, passará da condição de mundo expiatório, para mundo de regeneração, onde as pessoas serão felizes, em virtude da Lei de Deus que passará a nela reinar.

“Não se turbe o vosso coração. Crede em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa do meu Pai; se assim não fosse, eu já vos teria dito, porque eu me vou, para vos preparar lugar e depois que eu tenha ido e que vos tenha preparado o lugar, eu voltarei e vos retomarei para mim, a fim de que lá onde eu estiver aí estejais também”.



Façamos por merecer a nossa morada feliz no Mundo de Regeneração que se aproxima, ou na Espiritualidade, para onde iremos um dia...




Bibliografia:
Revista “Seleções”
“Livro dos Espíritos”
“Evangelho Segundo o Espiritismo”



Jc.
02/07/1997