Vários são os
patrimônios adquiridos e usados pelo ser humano na presente existência terrena.
Nesta exposição vamos conhecer e
analisar muitos deles e suas finalidades.
PATRIMÔNIO MATERIAL São todos os bens da Terra que pertencem a
Deus que os criou e os concede aos seres humanos, de acordo com Sua vontade.
Nada do que é para uso do corpo pertence ao ser humano. Ele é apenas o
usufrutuário desses bens terrenos, isto é, tem apenas a posse e o uso por algum
tempo, de vez que não trouxe quando chegou ao mundo, nem levará quando partir
da Terra. Esse patrimônio material compreende os bens móveis e bens imóveis,
que servem ao ser humano durante sua existência, podendo apenas além do uso,
transmitir a posse a outras pessoas. Os bens móveis (que se podem mover)
compreendem, inicialmente, o corpo físico, depois, as roupas, calçados, água,
alimentos, berço, guarda-roupas, camas, fogão, geladeiras, televisão, veículos,
dinheiro, etc., como também os animais, plantas,
etc. Fazem parte ainda deste patrimônio, o ar que respiramos, a luz do sol, a
chuva que possibilitam a existência terrena.
Os bens imóveis são representados por terras, terrenos, sítios,
fazendas, casas, apartamentos, etc. A posse dos bens terrenos se dá por meio de
herança, doações, trabalho honesto e desonesto, sorteios, prêmios, etc.
PATRIMÔNIO CULTURAL A cultura é o
conhecimento diversificado. Ela é adquirida primeiramente no aprendizado do
lar, nas escolas, nas bibliotecas, em qualquer lugar, onde os conhecimentos são
transmitidos pelos adultos às crianças e adolescentes, e até mesmo aos idosos,
visto que durante a nossa existência estamos sempre aprendendo e assimilando
conhecimentos que aumentam a nossa cultura. Ela é adquirida também na leitura
dos livros, jornais, pelos acontecimentos e fatos transmitidos pelas rádios,
televisões e internet, e ainda, pelos conhecimentos adquiridos por nós mesmos
durante a existência. Exemplos: O saber da existência de outros povos e nações;
de vulcões na Europa; oceanos e continentes; a existência de ursos polares e
esquimós nas regiões cobertas pelo gelo, tudo isso é cultura.
Existe o conhecimento
que é transmitido, quando nos dizem que a
semente colocada sob
a terra germina, aparece e se transforma em planta ou árvore; que a chama de
uma vela ou de um isqueiro queima; então partimos para o conhecimento adquirido, que é conseguido pela comprovação pela
experimentação e vivência do que nos foi transmitido. Comprovamos que a semente
germinou e apareceu como um pequeno broto, e colocando o dedo na chama da vela
ou do isqueiro sentimos o calor ou a queimadura. Da-se então a fusão dos
conhecimentos transmitidos e os adquiridos que irão valorizar
mais a nossa cultura. Esse patrimônio cultural nos permite saber a diferença
entre o certo e o errado, o justo e o injusto, o bem e o mal.
PATRIMÔNIO MORAL A moralidade vem progredindo mais lentamente
através dos tempos, juntamente com os conhecimentos. A moral ensina por Moisés,
apropriada aos povos semi selvagens, do “olho por olho”, foi completamente
renovada por Jesus, iniciador da moral mais pura e mais sublime de todos os
tempos. “Amemo-nos uns aos outros, e façamos aos outros, o que queiramos para
nós”. Nestas duas máximas ensinadas por Jesus, está o mais importante
patrimônio que o ser humano pode conquistar. O amor e a caridade praticados no
dia-a-dia aumenta o patrimônio moral e deve ser a aquisição mais importante
para nós, espíritos em jornada de evolução na Terra. Entretanto, é muito
difícil se por em prática, em virtude ainda do pouco progresso alcançado pelo
ser humano. Um dia, porém chegaremos lá, com certeza, pois esta é a nossa
destinação.
O amor ensinado por
Jesus está sintetizado nas máximas: “Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao
próximo como a nós mesmos”. O Espírito de Verdade, em mensagem constante no
“Evangelho Segundo o Espiritismo”, nos convoca a honrar esse preceito quando
diz: “Espíritas! amai-vos”. Feliz é aquele que ama com muito fervor seus
irmãos! Jesus querendo gravar na memória
das pessoas o amor e a caridade, narra á parábola do “Bom Samaritano”. (Marcos, Cap.X vrs. 25 a 37. )
A caridade moral
consiste na tolerância em se suportar uns aos outros; em não revidar o mal que
nos desejam; em perdoar ou desculpar as ofensas; em amparar com nossas preces,
os irmãos em desespero, obsessão e sofrimentos. A caridade moral é uma
expressão do amor e, sem ela, não há fé, não há esperança num futuro melhor,
nem moral que nos guie e eleve. O patrimônio moral das pessoas está gravado na
alma, e são partes integrantes: A inteligência, os conhecimentos e as
qualidades elevadas que levamos conosco para o mundo real, que é o espiritual.
Considerando a brevidade da existência terrena, devemos consagrar o maior tempo
possível, a aperfeiçoar a nossa moral que é patrimônio nosso para toda a
eternidade, a fim de podermos com satisfação, nos despedir da Terra, quando
partirmos, em melhores condições de evolução, do que quando aqui chegamos.
PATRIMÔNIO SAUDÁVEL ou Intermediário é
representado pela boa saúde que proporcionamos ao nosso corpo; pela alegria dos
bons momentos; pelo bem-estar contentando-se com o necessário; pela paz de
consciência sem atos desabonadores e infelizes; pela felicidade como
conseqüência da nossa moralidade na vivência dos preceitos evangélicos; pela
satisfação com a nossa existência que, mesmo difícil e problemática, está nos
proporcionando o progresso espiritual,
PATRIMÔNIO
ESPIRITUAL É representado pela nossa evolução, em virtude
do progresso moral alcançado, na vivência da prática do amor e da caridade; no
exercício da paciência, da humildade, da tolerância, da resignação, da
fraternidade e do nosso trabalho em nosso benefício, dos nossos entes queridos
e também dos nossos semelhantes, sejam eles, parentes, amigos, desconhecidos, inimigos,
todos nossos irmãos perante Deus que nos criou a todos.
A PROVA DO PATRIMÔNIO Qual é pois, o melhor emprego da fortuna? –
Aquele que está animado do amor ao próximo, tem uma linha de conduta e emprega
sua fortuna em empreendimentos, de maneira a proporcionar trabalho e benefícios
para muitos, seguindo a orientação de Jesus. Esse benfeitor será abençoado na
Terra, e quando deixá-la, será recebido pelo Senhor, como o servo bom e fiel da
“parábola dos talentos”. Devemos, entretanto, pensar em possuir os bens
infinitamente mais preciosos que os da Terra, e, esse pensamento nos ajudará a
nos desapegar dos bens em que somos apenas usuários. Aquele que se apega
demasiadamente aos bens terrenos, mais sofre quando tiver que se separar deles,
e é igual a uma criança que só vê o momento presente; e o que usa os bens
terrenos e não se prende a eles egoisticamente, é o que vê os bens mais
importantes que permanecerão eternamente.
Nos Evangelhos, temos
dois exemplos de homens mencionados como possuidores de riqueza. O primeiro,
encontramos na parábola do “Rico e de Lázaro”. Esse rico foi um esbanjador,
além de egoísta e insensível ao sofrimento e necessidades do seu próximo. O
segundo chamado Zaqueu o publicano, onde Jesus se hospedou com todos os seus
apóstolos, representa o oposto do primeiro, por ser um homem bom, ao repartir
metade de sua fortuna com os pobres, conforme prometera a Jesus. Por outro
lado, esbanjar a fortuna não é sinal de desapego nem de desprendimento dos bens
terrenos; é o atestado de um ser irresponsável e indiferente que negligencia os
bens colocados por Deus à sua disposição.
Deus não ordenou que
o ser humano desfaça-se do que possui, para se reduzir a uma mendicância
voluntária, tornando-se uma carga a mais para a sociedade. Os que assim fazem,
é porque querem se isentar das responsabilidades que o possuidor da fortuna tem
perante a justiça divina, se não agir bem. A propósito, narro aqui uma pequena
história, cujo título é: “O Valor do que se tem”. – Vamos a ela: “O dono de um comércio, proprietário de um pequeno sítio e
amigo do poeta Olavo Bilac, abordou-o na rua e lhe disse: - Senhor Bilac. Estou
querendo vender o meu sítio que o senhor bem conhece. Será que o senhor poderia
redigir um anúncio para eu publicar no jornal? – Olavo Bilac prontamente pegou
uma folha de papel e caneta e logo
começou a escrever: “Vende-se uma encantadora propriedade, onde cantam os
pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortado por cristalinas e
murmurantes águas de um lindo ribeirão, a casa, é banhada pelo sol nascente, oferece a sombra
tranqüila de longas tardes na varanda.”
Feito o texto, entregou ao amigo e se foi.
Meses depois o poeta
encontra o amigo na rua e lhe pergunta se havia vendido o sítio. O amigo lhe
respondeu: “Nem pensei mais nisso” disse ele. Quando li o anúncio é que percebi
a maravilha que tinha e não me dava conta, eu resolvi mantê-la. Moral da
história: Às vezes não descobrimos as coisas boas que temos conosco e vamos
longe, atrás da miragem de falsos tesouros. Valorize, portanto, o que você tem;
a família, os amigos, os que estão perto de você, o seu emprego, a casa onde
reside, o sorriso de uma criança, a
cidade onde mora e o conhecimento que adquiriu.
DESPRENDEIMENTO DO
PATRIMÔNIO Como vivemos na Terra e os seus bens precisamos
utilizar, relembremos o que Jesus disse ao jovem que o interrogou sobre os
meios de ganhar a vida eterna: “Desfazei-vos de todos os vossos bens e
segui-me”. Com essa resposta Jesus não quis estabelecer como princípio, que
cada um deve se desfazer daquilo que possui, e que a salvação tem esse preço. O
que Ele queria com a sua resposta, era demonstrar que o apego demasiado aos
bens terrenos é um forte obstáculo à evolução espiritual. Esse jovem, como
muitas outras pessoas, se acreditava quites com a Lei de Deus, porque tinha
cumprido certos mandamentos; porém recua diante da idéia de desfazer-se de seus
bens; seu desejo de obter a vida eterna, não ia até esse sacrifício,
julgando-se dono dos bens terrenos que estavam em suas mãos. A proposta que
Jesus lhe fez, era uma prova decisiva para por a descoberto o fundo do seu
coração; ele podia ser um homem honesto, segundo o mundo, não fazer mal a
ninguém, não ser orgulhoso, honrar pai e mãe; mas não tinha a verdadeira
caridade, porque sua virtude não ia até a
renúncia, a abnegação...
Se a riqueza fosse um
obstáculo à salvação daqueles que a possuem, o Pai Celestial que a concede
teria colocado nas mãos dos seus filhos um instrumento de perdição, pensamento
esse inconcebível e sem razão. A fortuna é uma prova muito difícil, mais
perigosa que a miséria pelas tentações que proporciona, provocando tal vertigem
que se vê frequentemente, aquele que passa da pobreza para a fortuna, esquecer
depressa a sua primeira condição e aqueles que o ajudaram e a família, tornando-se
egoísta e insensível. Se a riqueza provoca sentimentos negativos em muitos, é
preciso saber que não é ela, mas o ser humano que dela faz mau uso e abusa
também dos demais dons que Deus põe a disposição para o seu progresso
espiritual.
O patrimônio mais
importante da nossa existência é aquele que, quando adquirido nunca mais o
perdemos, mesmo depois de deixarmos o mundo. Ele é constituído dos
conhecimentos, da moralidade e das virtudes que vamos conquistando a cada dia a
cada mês, a cada ano e até a cada existência terrena. Esse patrimônio ninguém
pode nos tirar; podem nos tirar tudo o que seja de bens materiais, podem até
nos tirar a existência terrena, mas o nosso patrimônio intelectual, moral e as
nossas virtudes, que são aquisições do espírito, não são alienáveis, nem podem
ser transferidos e muito menos roubados. Esse é o nosso patrimônio real,
relegado por muitos ao esquecimento, em virtude das riquezas terrenas
transitórias, que julgam possuir, quando na verdade são apenas usuários por
bondade de Deus.
Após toda esta
exposição sobre os patrimônios, material, cultural, moral, saudável e
espiritual; sobre a prova do patrimônio terreno e sobre o desprendimento do
patrimônio material, chegamos à conclusão de que o único patrimônio que nos
acompanhará na nossa trajetória através dos séculos e milênios, nas muitas
moradas que ainda iremos habitar no Universo, é exatamente o patrimônio
imperecível das aquisições espirituais, para a nossa evolução, rumo ao reino de
Bondade e Amor.
Trabalhemos,
portanto, sabendo que vamos visar o nosso bem e também o bem da humanidade.
Acumulemos as riquezas do espírito, constituídas dos benefícios que prestarmos
aos nossos semelhantes, na certeza de que viveremos por toda a Eternidade, sob
as bênçãos do nosso Pai Criador...
Bibliografia:
Livro “Novo
Testamento”
“
“Evangelho Segundo o Espiritismo”
+ Acréscimos e
modificações.
Jc.
São Luís, 11/2/2004
Refeito em 29/01/2019