sábado, 30 de novembro de 2013

HIV - Os tabus que ainda amarram os testes




 
A doença é séria e, apesar dos avanços recentes, permanece ligado a preconceitos. O exame é fácil, rápido e indolor, mas quase ninguém faz. Entenda as barreiras a essa arma decisiva no controle da aids.

O ano de 1983, foi um ano marcado pela explosão mundial do número de casos de aids, a doença causada pelo vírus da imunodeficiência humana, o HIV. “Naquela época, receber o diagnóstico parecia ser uma sentença de morte”, lembra o psicólogo Esdras Vasconcelos, professor da Universidade de São Paulo. Ele que acompanhou a doença desde os primeiros casos no Brasil, se recorda do impacto no imaginário provocado pela infecção nos anos de 1980 a 1990. “O estigma era tão forte que muitas pessoas morreram não pela deterioração do sistema imunológico, mas pelo medo de enfrentar o problema”, afirma.

Passados muitos anos, diversos preconceitos ainda persistem e atrapalham os esforços que visam descobrir o HIV o mais cedo possível. Dados do Ministério da Saúde calculam que, atualmente, 530 mil brasileiros são soropositivos. Desses, 135 mil nunca realizaram um teste e, portanto, não sabem que estão infectados, e a doença leva uma média de seis a sete anos para dar sintomas. Por isso, “o diagnóstico precoce seguido do tratamento diminui consideravelmente a agressão do vírus ao corpo humano”, afirma o médico Caio Rosenthal, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.

A quantidade de exames realizados no Brasil aumentou, passando de 3,3 milhões em 2005 para 6,3 milhões em 2011. “Mas necessitamos que esse número cresça cada vez mais”, ressalta o infectologista Fábio Mesquita, diretor do Departamento de DST, do Ministério da Saúde. O grande impedimento para que os testes não se popularizem aqui, ainda parece ser o temor diante do vírus. Um levantamento do Emílio Ribas revelou o seguinte: 20% dos indivíduos que fazem o exame não voltam para pegar o resultado. “Há um temor da morte, do sofrimento físico e emocional e, sobretudo, do preconceito que relaciona a doença à promiscuidade e ao uso de drogas ilícitas”, afirma o urologista Sylvio Quadros, chefe do Departamento de DST da Sociedade de Urologia. Mas os tabus não param por aí...

Muitas vezes, o receio de que o paciente fique ofendido com um pedido, impossibilita que diversos casos da infecção sejam detectados. “Essa questão dos médicos está cada vez mais superada, até porque grande parte tem a consciência de que o teste é relevante”, afirma o infectologista Aloísio Cotrim, do Comitê de retrovírus  HIV/HTLV, da Sociedade  Brasileira de Infectologia.

Obviamente, um exame de anti-HIV  não pode servir para bloquear a contratação de um soropositivo ou para demitir um funcionário; o diagnóstico, inclusive, é proibido na consulta admissional. Mas os estigmas ainda permanecem: 20% chegam a perder o emprego depois de o teste acusar a presença do vírus.

 O coquetel antirretroviral, conjunto de fármacos tomados pelo resto da existência, evoluiu tanto que a aids já é considerada hoje uma doença crônica. Da para viver bem com o problema, mas não há como resolvê-lo de vez. Enquanto os tratamentos de cura ficam na manipulação genética ou em drogas mais eficientes, existe um modo bem simples e eficaz de desatar os nós do HIV: a informação sem tabus. Seja para o diagnóstico, seja para a prevenção.

O que fazer após uma situação de risco? – Se você fez sexo sem camisinha e está muito preocupado, não adianta sair correndo. A recomendação é aguardar até três semanas para se submeter ao exame. Esse é o tempo que o sistema imune leva para criar anticorpos contra o HIV. Mas, se o risco de infecção for alto, procure o serviço de saúde em até 72 horas. “A prescrição de drogas nesse período pode evitar que o vírus invada as células de defesa”, diz o infectologista Gabriel Cuba, do Hospital 9 de Julho, em São Paulo.

Onde eu possa fazer os exames? – Os testes Anti-HIV estão disponíveis no Sistema Único de Saúde e nos Centros de Testagem e Aconselhamento, em todo o país. Esses locais disponibilizam um serviço psicológico tanto antes quanto depois do diagnóstico. “O apoio de psicólogos e assistentes sociais é muito essencial, principalmente para passar informações corretas e confiáveis sobre a doença”, afirma o médico Caio Rosenthal, do Instituto de Infectologia Emilio Ribas, de São Paulo. Para você saber o posto mais perto de sua casa, acesse o “site” do Ministério da Saúde ou ligue para o número 156.

O vírus rastreado – Os métodos de diagnóstico foram criados em 1985 e evoluíram muito, pois já estamos na quarta geração.

Elisa – Foi um dos primeiros a ser lançado, na década de 1980. Ele flagra os anticorpos produzidos pelo sistema imune no combate ao vírus do HIV. Era preciso retirar uma amostra de sangue e esperar alguns dias para saber se deu positivo ou negativo. “Ele tem 99,7% de sensibilidade e uma possibilidade mínima de erro”, afirma Celso Granato, assessor médico do Fleury Medicina e Saúde.

Western Blot – “Se o exame der positivo, é necessário pedir um teste confirmatório, que costume ser o Western Blot”, relata a infectologista Maria Lavínea Figueiredo, do Delboni Auriemo Medicina Diagnóstica. Por ser mais caro, só é indicado para as situações em que o risco de soro positividade  é elevado. Seu nível de acurácia é ainda maior que o do Elisa. A resposta demora porque o sangue passa por análise de laboratório.

Testes rápidos – Basta furar o dedo e colher uma gotinha do sangue, que é colocado numa fita reagente. O resultado sai em 20 minutos, uma estratégia promissora para aqueles que não têm coragem de voltar para pegar o resultado. “Se der positivo, o paciente é encaminhado para tratamento no sistema público de saúde”, explica a psicóloga Judit Lia Busanello, diretora do Centro de Referência e Tratamento em DST/Aids, em São Paulo.

Exame de saliva – Ele pode ser comprado em farmácias e revela em minutos se o vírus está presente. Aprovado nos Estados Unidos deve chegar ao mercado brasileiro em janeiro ou fevereiro de 2014, informa o Ministério de Saúde. A preocupação dos médicos é saber como vai ficar a estrutura emocional das pessoas que descobrirem, por esse método, um resultado positivo, sozinhas, sem o suporte de um especialista.

Veja também o artigo: “As doenças sexualmente transmissíveis”.

Fonte:

André Biernath

Revista Saúde é Vital – 11/2013

Pequenas supressões e modificações

Jc.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

AS DORES E AS DOENÇAS




  
AS  DORES

Dor é a sensação desagradável ou penosa que se segue à lesão (traumática, inflamatória, degenerativa, etc.) de alguma parte do organismo. A dor é um sintoma bastante comum em doenças de praticamente todos os órgãos, aparelhos e sistemas orgânicos. Os estímulos que vão produzir a sensação de dor podem provir das vísceras ou da periferia do corpo (pele, músculos, periósteo e articulações), caminham até a ponta posterior da medula espinhal, sobem pelo feixe espinotalâmico, alcançam o tálamo e, finalmente, o córtex do cérebro. A dor pode ser sentida no próprio local da zona afeta ou em pontos distantes desta (dor referida).

Existem cerca de 150 tipos de dores de cabeça (Cefaleia) catalogadas por especialistas, mas apenas uma delas é recorrente em cerca de 80% dos casos relatados por pacientes: a cefaleia tensional, causada por tensões do dia a dia, mais conhecida como estresse. O primeiro a sentir as consequências de que algo não vai bem é o corpo. As manifestações se dão das formas mais variadas. Sintomas mais frequentes: 1- Pescoço, nuca e ombros duros; 2- Dor de cabeça, que pode durar 30 minutos a sete dias; 3- Dor leve e moderada nos dois lados da cabeça; 4- Sensação de que a cabeça está sendo espremida; 5-A dor não vem sempre acompanhada de náuseas ou enjoos.

A dor de cabeça pode ser causada por doenças locais, como sinusite, abscesso dentário, doenças oculares, inflamações das meninges, e doenças sistêmicas ou gerais, como a febre, hipertensão, nefrite, policitemia. A enxaqueca é uma dor de cabeça de origem vascular, que ataca mais um lado da cabeça (hemicrania) e se faz acompanhar habitualmente de distúrbios visuais e digestivos. Quando a pessoa está prestes a sofrer uma crise de enxaqueca, ela pressente uma áurea e ás vezes sente enjoos, tontura e enxerga pontinhos brancos brilhando. Geralmente, nas crises, evita o sol, a claridade e o barulho, que lhes agravam o sofrer.

O peso das preocupações, o nervosismo e a irritabilidade se manifestam em locais como ombros, pescoço e nuca. A musculatura dessa região pode dar origem ao que se conhece por dor de cabeça tensional. Outros fatores podem colaborar para o aparecimento da cefaleia tensional, como sedentarismo, vícios de postura – ficar muito tempo na frente do computador ou de jogos eletrônicos – problemas na circulação temporo-mandibular e situações externas, como variações de temperaturas e forte umidade do ar.

Como reconhecê-la?  “Na cefaleia tensional, a dor de cabeça costuma surgir como um aperto ou pressão, de intensidade fraca a moderada, normalmente, aparece nos dois lados da cabeça e não costuma vir acompanhada de enjoo e intolerância à claridade”, explica o neurologista Douglas Kazutoshi Sato.

Ante um enfermo que apresente dor, o médico procura investigar, em minucioso interrogatório, para um bom diagnóstico, as seguintes características do sintoma: 1- o tipo de dor, isto é, se é uma dor real? aguda? surda? cólica?; 2- sua localização; 3- sua irradiação; 4- duração da crise e duração total; 5- seu modo de aparecer, isto é, se foi súbito, se foi de dia ou de noite, se foi intermitente ou constante; 6- quais os fatores que agravam ou aliviam a dor, entre emoções, alimentos, micção, evacuação, tosse, espirro, respiração profunda, movimentação em certa posição do corpo, menstruação, alterações do tempo; 7- que sintomas ocorreram em associação com a dor. 

A dor é apenas o sintoma de alguma doença. O tratamento da dor consiste basicamente em eliminar-se a causa. Ao lado disso, pode-se fazer o tratamento sintomático da própria dor por vários meios, como: o repouso, o calor (mediante sacos de água quente), compressas quentes, lâmpadas infravermelhas; outras vezes, se faz necessário o frio (bolsa de gelo e compressas frias); medicamentos como: aspirina, fenacetina, codeína, metadone, clorpromazina e anestésicos, são recomendados nos casos.

Geralmente são indicados para tratar a cefaleia tensional, analgésicos em menores doses, associados com relaxante muscular e cafeína. É possível ainda evitar que a dor dê sinais adotando alguns hábitos saudáveis que ajudam a driblar o estresse. Praticar exercícios físicos regularmente, ginástica para alongar e relaxar os músculos e ioga pode ser alternativas eficazes de prevenção.

Existem também outras dores conhecidas: dor cardíaca; dor torácica, dor abdominal, dor vascular, dor causada pelos cálculos renais e pela próstata inflamada que privam a saída da urina da bexiga, que é das mais sofridas nos homens, dores do parto que é sofrida pelas mulheres e outras dores, como: cólicas, dor de dente, dor de ouvido, dor de garganta, etc., que acometem o ser humano, causando muitos sofrimentos cada uma delas, necessitando de um diagnóstico e de remédios para saná-las...

 

AS  DOENÇAS

Em geral, não estamos preparados para lidar com nossas doenças e nem com as das outras pessoas. A doença é também uma tarefa espiritual e não apenas física. Refletir sobre o papel espiritual que a doença representa nos ajuda a conhecer melhor o próprio corpo e a conviver conosco mesmo com mais prudência e consciência. Uma doença pode ser uma oportunidade da pessoa se voltar mais para Deus e permanecer em sua presença o tempo que for necessário. A doença pode ser utilizada por Deus que quer nos tocar e mostrar sua misericórdia e seu amor.

Não é necessário procurar em cada doença onde pecamos ou o que fizemos de errado, pois, o sentimento de culpa e autopunição não ajuda em nada. A crueldade para consigo mesmo causa um desastre e só dificulta o processo de recuperação. Antes de tentarmos ser perfeitos, devemos ser misericordiosos conosco mesmos. A nossa saúde física requer cuidado com nossos pensamentos e sentimentos. A maneira como expressamos o amor à nossa própria pessoa revela a força interior e a vitalidade da nossa vida espiritual. Em momentos de doença, precisamos exercitar o amor e a aceitação para nossa realidade. Quem compreende sua existência como dádiva de Deus procura servir a Deus com amor também na doença. A pessoa tensa e agitada, demonstra que algo não está bem em sua vida espiritual, que deve ser elevada para manter o corpo saudável. A oração com atenção ajuda ao próprio corpo. Trata-se de perceber o que Deus quer nos comunicar através dos sintomas e das reações do corpo. Nunca podemos negar nossa fragilidade. Somente quando a pessoa se humilda a Deus de corpo e alma, a sua luz pode curar a pessoa como um todo. A fé tem uma dimensão terapêutica, e o exame de consciência é um encontro com Deus, não um peso de culpa por algo errado.

Vida espiritual elevada significa existência saudável para o corpo e a alma. A alegria fortalece o Espírito e o corpo, enquanto que o desânimo é um dos maiores obstáculos da saúde. De uma crise existencial emerge também a tristeza, deixando a pessoa irritada, com lamúrias e constantes reclamações, destruindo o que há de mais precioso dentro de nós, que é nossa paz interior. Muitas doenças são ocasionadas de mágoas não superadas ou mesmo falta de perdão. Nossa existência é sempre medida pelo amor que gera uma nova relação com Deus e com as demais pessoas, pois, o amor é a saúde da alma. A luz de Deus pode transformar e santificar o mundo através de um corpo doente, por vezes até com maior intensidade do que um corpo sadio, e aí, temos o exemplo de Jerônimo Mendonça e outros mais.

A doença é um convite para dar mais atenção ao próprio corpo e assim perceber o que passou despercebido em nós. Ela nos passa uma mensagem importante sobre nossa verdadeira condição, sendo um sinal para nos alertar sobre o nosso autoconhecimento e a revisão da existência. Assim, o ser humano acha que foi formado para ser forte e prepotente. Ele quer dominar o Universo com sua força e conhecimento. A doença o faz descer do seu pedestal e o coloca em outra dimensão da existência. Está na hora de lidar com a fragilidade, e aceitar a nova realidade, pode ser um novo começo de vida e uma nova forma de viver, pois fomos “feito de barro”. Na doença, somos o que somos; as máscaras caem por terra. Mas a doença pode nos ajudar; senti-la significa reconciliar-se com a própria existência. Não se trata de se livrar o mais rápido possível da doença, mas, antes de tudo, de compreendê-la. A aceitação da nossa fragilidade requer humildade e paciência conosco mesmos.

Ninguém está livre de uma doença; essa é a realidade. A saúde representa mais do que ter um corpo sadio; ela requer um estilo de vida saudável. Ela supõe uma relação harmoniosa consigo mesmo, com os outros e a natureza. Não podemos considerar uma doença simplesmente como uma inimiga, mas como algo que faz parte da natureza humana, que pode nos ensinar algo, que até então não era possível compreender. É através da doença que o corpo está informando a sua real condição de vida. Uma doença pode mudar nossa atitude e nosso comportamento, pode também nos trazer uma existência mais humana e dedicada. É um tempo de aceitar os limites, mas também as grandezas e valores espirituais da existência. A doença nos desafia a olhar com mais atenção a quem está ao nosso redor e nossa sensibilidade aflora com mais força nesse período. É preciso paciência e tempo para que a pessoa perceba o que está se escondendo por trás da doença. Não querer aceitar a doença significa não aceitar a condição humana.  A doença é sempre um momento de crise, mas ela nos permite organizar a existência de nova maneira. A doença e a saúde caminham lado a lado, pois são as duas condições humanas. Quem conheceu a doença, valoriza mais a saúde.

Para ter uma existência saudável, a pessoa deve levar em conta não apenas o seu corpo, mas também o ambiente em que vive e trabalha, e, sobretudo, o ambiente que frequenta e as relações de amizade que cultiva. O nosso lar, o nosso ambiente de trabalho, também pode nos adoecer ou curar. Também nosso modo de comer tem influência em nossa saúde, no adoecimento e na mortalidade como em nossa vida espiritual. É preciso a medida certa no trato com o comer e o beber, com o trabalho e o descanso, com o sono e a vigília. A existência saudável e a vida espiritual caminham juntas. O que se aplica para a existência, em termos de saúde, vale também para a vida espiritual...

Jesus nos consolou dizendo: “Bem-aventurados os aflitos”, nos convocando a resignação aos desígnios de Deus, para nossa felicidade futura.

 

 

 

 

Fontes:

Revista “Época”  nº 796

Enciclopédia Barsa

+ Acréscimos

 

Encarte da Revista “Mundo Jovem” – nº 24

Agenor Girardi

+ supressões, modificações e acréscimos.

 

Jc

São Luís, 09/099/2013