Se nós nos detivermos a examinar as múltiplas dificuldades que impedem nosso crescimento espiritual para Deus, com sinceridade, verificaremos que as dificuldades se apoiam no comodismo.
O comodismo, que é a
expressão infeliz do egoísmo e da preguiça, tem gerado inúmeros prejuízos para
o nosso processo evolutivo. Joanna de Ângelis, no livro Conflitos existenciais, aponta
a preguiça como um dos conflitos a infelicitar a criatura humana, a se
expressar como “propensão para a inatividade, para não trabalhar, também
conhecida como lentidão para executar qualquer tarefa, ainda caracteriza também
como negligência, moleza, tardança”, sendo dessa forma, desvio de conduta.
Sem dúvida, uma das maiores
lamentações dos Espíritos, após a morte física, diz respeito ao mau uso do
tempo, por terem deixado de realizar aprendizado, tarefas e boas ações que
contribuiriam para a conquista da própria felicidade.
Thereza de Brito enfatiza:
Por meio do comodismo, muitos dos seres estacionam na romagem terrena, quando
tanto temos a realizar, conscientes do pouco tempo de que dispomos no mundo,
embora esse tempo humano, se bem administrado, torne-se suficiente para os
labores que nos cabe efetuar. Joanna de Ângelis diz que essa conduta enfermiça
lentamente nos vai fragilizando, abrindo campo para as ideias perturbadoras que
poderão se converter em pessimismo, desinteresse, tédio, vazio existencial,
depressão, culminando em condutas de autodestruição, tais como o suicídio direto
e os vícios que prejudicam a saúde física e mental.
Sabemos ainda, que o
comodismo, por lei de afinidade, atrairá Espíritos ociosos, que tentarão
ampliar os efeitos negativos da conduta enfermiça, inspirando desânimo, apatia,
preguiça e sono. Há inúmeras justificativas para o comodismo: muitos têm o
hábito de postergar tudo para o futuro, pensando que no amanhã as coisas
estarão melhores; outros, por serem jovens, acreditam que podem adiar os compromissos
nobres e a tarefa de espiritualização; outros mais, no entanto, pelo fato de
serem idosos, acham que é tarde demais para qualquer realização pessoal.
Não sabemos quando
regressaremos para a pátria espiritual, de forma que qualquer adiamento das conquistas
espirituais, seja por comodismo ou por ignorância, constitui-se de grave falta,
uma vez que os compromissos protelados poderão gerar pesados débitos e
pendências para o Espírito, nas reencarnações seguintes, sobretudo por termos
aprendido com a Doutrina dos Espíritos que lamentaremos os males causados e o
bem que deixamos de fazer a nós mesmos e ao nosso próximo.
Lembra-nos ainda Thereza de
Brito, que muitos religiosos também se paralisam no comodismo, porque se julgam
salvos para sempre; entretanto enfatiza-se que Jesus não endossou tal conceito
e nos ensinou que a cada um será dado
segundo as suas obras. Aliás, essa imperfeição moral pode se manifestar de
duas formas: há aqueles que nada realizam ou produzem o mínimo no campo das
conquistas espirituais, e há as pessoas que as realizam, mas que poderiam ousar
muito mais na área do bem.
Há pessoas que se limitam a
frequentar um templo religioso apenas para ouvir o Evangelho, outras para
receber um benefício, sem se preocuparem
com uma melhor instrução no campo doutrinário, pouco se empenhando para domar
as más inclinações e conquistar as virtudes. São os efeitos do comodismo. Há
também aqueles que superaram o desânimo circunstancial e dedicam-se com fervor
aos compromissos doutrinários e assistenciais, sem descuidar das lides
familiares e profissionais. Esses, raramente desistirão dos seus compromissos
assumidos e procurarão se qualificar sempre, através do estudo para executar as
tarefas com responsabilidade. São aqueles que, no campo do bem, procuram sempre
ser mais úteis sem tempo para a preguiça, e colherão os bons frutos porque
superaram o grande obstáculo que é o comodismo.
Jesus disse que o Pai
trabalha e que Ele também sempre estará a serviço do amor; portanto não
negligenciemos os tesouros do corpo
físico e das horas, realizando sempre o serviço do bem que beneficia a nós
mesmos e aos nossos próximos...
Fonte:
Alessandro
Viana V. de Paula
Revista
“Reformador” – 03/2014
+
Pequenas modificações.
Jc.
30/3/2014