quinta-feira, 22 de março de 2012

LÁZARO LUIS ZAMENHOF E O ESPERANTO

LÁZARO LUIS ZAMENHOF E O ESPERANTO

Zamenhof nasceu em Bialystok, na Polônia Russa, em 15 de dezembro de 1859. Era filho de Rosália e Marcos Zamenhof , professor de geografia e línguas. Iniciou em sua cidade natal o curso ginasial em 1869, mas adoeceu gravemente e teve de interromper os estudos, recomeçando em 1870, mas os pais tiveram que transferi-lo para Varsóvia em 1873, e ele ingressou no ginásio filosófico, onde sempre ocupou o primeiro lugar.

O menino revelou-se uma criança pensativa e muito inteligente. O seu pai notou nele grande interesse em relação a idiomas e começou desde cedo, a dar-lhe lições e a exercitá-lo em línguas, percebendo que o aprendizado se fazia com muita facilidade. Na 5ª série, começou a estudar o inglês e ainda muito jovem, estudou o francês e o alemão. Iniciando o ginásio, passou a estudar fervorosamente as línguas latina e grega, examinando a possibilidade de uma delas se constituir em língua internacional. Todavia, até a língua latina era difícil e cheia de antigas e inúteis formas. Assim, Zamenhof aprendeu a falar bem russo, polonês e alemão, além de ler com facilidade o latim, o hebraico e o francês; conhecia, embora menos, o grego, o inglês, italiano e algumas outras línguas. Nessa cidade (Varsóvia), eram quatro comunidades, 4 religiões, 4 alfabetos e 4 ódios, e o menino sofreu dolorosamente, pois o simples fato de alguém exprimir-se, já lhe conferia um rótulo, pelo qual iria receber solidariedade ou desprezo.

Assim, ele começou a sonhar e a idealizar uma língua mais simples, mais conveniente, para o uso atual. Ela deveria ser de aprendizagem rápida e acessível também ao povo e não apenas aos letrados. O fundamento dessa língua sonhada deveria ser a simplicidade e a lógica. Ao concluir os estudos em 1879, transferiu-se para Moscou, onde se matriculou na faculdade de medicina. Antes, porém, o jovem Zamenhof teve de prometer ao seu pai que abandonaria a idéia da língua internacional, pelo menos provisoriamente, até terminar o curso de medicina, e teve de entregar ao seu pai, os cadernos que continham os originais do que ele já produzira. Seus pais não puderam mantê-lo em Moscou e fizeram-no regressar a Varsóvia, onde concluiu a faculdade, quando já estava com 22 anos de idade.

Durante sua permanência na faculdade, seu pai “prudente e rigoroso”, por amor ao seu filho, temendo por seu futuro, queimou todos os manuscritos que ele lhe confiara sobre a língua internacional. Tão logo voltou a casa paterna, procurou por seus manuscritos e, não os encontrando, perguntou à mãe por eles. A resposta materna foram apenas lágrimas e silêncio. Ele então adivinhou tudo. Procurou o pai e pediu-lhe para desfazer a promessa, pois queria dar continuidade ao seu grandioso trabalho. Tinha ele guardado na memória tudo o que continham os originais queimados, e fervorosamente refez tudo. Só depois de experimentos exaustivos e comprovações minuciosas com os estudos da gramática e vocabulários intensamente vividos e testados, foi que considerou pronta sua obra. Restava ainda um último detalhe: Como publicá-la, se sua situação financeira era
precária? De onde viriam os recursos? Um auxílio surgiu de onde ele menos esperava. Ao regressar a Varsóvia, conheceu Clara Silbernik, de Kovno. Seu futuro sogro, homem afeito à cultura, pai da senhorita Clara, com quem Lázaro acabaria casando-se, financiou totalmente a publicação da obra, saindo da oficina gráfica o primeiro livro, em 26 de julho de 1887.

Era uma gramática com as instruções em russo e chamava-se: “LINGVO INTERNACIA”, de autoria do “DOKTORO ESPERANTO”. Esse pseudônimo que na nova língua significava “DOUTOR QUE TEM ESPERANÇA”, com o decorrer do tempo, passou a ser usado por seus aprendizes, para denominar a própria língua: ESPERANTO. O livro que contou com o apoio do grande escritor russo, Leon Tolstoi, saiu inicialmente em russo, depois em polonês, francês, alemão e inglês, contendo um prefácio, o alfabeto, as 16 regras gramaticais, textos, poemas, o “Pai Nosso” e um vocabulário com 900 raízes. Como o êxito dele foi muito grande, no ano seguinte foi lançado o “Segundo Livro”, já todo escrito na Língua Internacional, que passou a se chamar ESPERANTO.

Em 1º de setembro de 1889, surgiu o primeiro número de “O Esperantista”, jornal de circulação mensal, mantendo ligados os simpatizantes do Esperanto de todo o mundo e dando-lhes notícias dos progressos do movimento esperantista internacional. Lázaro Zamenhof começou a receber dos leitores promessa de estudo da língua; cartas com estímulos e conselhos, e em outubro de 1889, saiu á primeira lista de endereços contendo os nomes de mil esperantistas de diversos países. Dois anos depois, já existiam 29 obras publicadas em Esperanto. O sucesso da Língua Internacional era muito grande, mas o Dr. Lázaro ainda não conseguira se firmar profissionalmente. Os seus dois primeiros filhos, Adão e Sofia, já tinham nascidos, as despesas eram grandes, o consultório estava sempre vazio e, se aparecia alguém, era tão pobre que não podia pagar. Espírito superior, ele era extremamente humanitário e solidário, cultivando a tolerância e era afável com todos, nunca perdendo uma oportunidade de ser caridoso.

No exercício da profissão agia sob o impulso do desprendimento, não obstante haver permanecido sempre pobre. Dos camponeses jamais exigia honorários, chegando às vezes a dar-lhes dinheiro e a pedir a fazendeiros ricos, auxílio para o socorro de sua clientela sem recursos. Em Boulogne-sur-mer, na França, por ocasião do 1º Congresso Mundial de Esperanto, compareceu, embora de crença judía, a uma missa do culto Católico. A uma fervorosa esperantista que lhe pediu um autógrafo, no recinto da Igreja, ele sussurrou-lhe: “Com muito prazer, minha senhora, mas eu lhe peço que seja em um outro lugar; aqui é um lugar santo”.

Os sofredores, particularmente aqueles que sofriam da cegueira, dedicavam uma grande veneração pelo bondoso oftalmologista de Varsóvia, ramo da Medicina em que Lázaro se especializou, e quando ele visitou Cambridge, para os festejos do 3º Congresso Mundial de Esperanto, encontrou-se com muitos cegos esperantistas provenientes de outros países, todos alojados numa mansão ás custas de outro grande pioneiro esperantista, Theófile Cart. Zamenhof cumprimentou a cada um, encorajando todos ao otimismo e recebeu ardorosos agradecimentos pelo idioma que lhes proporcionava uma claridade em seu mundo sem luz. Mas os cegos lhe pediram outro privilégio: queriam tocá-lo com as mãos e conhecer melhor aquele que nunca poderiam ver, e suas mãos que, de forma extraordinária traduzem pensamentos e emoções, tocaram respeitosamente o corpo pequeno e frágil, a barba, os óculos de lentes ovais e a cabeça calva do genial missionário polonês. Zamenhof, emocionado se lembrou durante a ocupação alemã, no ano de 1914, quando ele ficou muito abalado com a guerra mundial, pensando nas crianças judias cujos olhos foram vazados, na sua cidade natal de Bialystok.

Em Varsóvia, ele adquiriu uma doença cardíaca que foi se agravando e, no dia 14 de abril de 1917, com apenas 57 anos de idade, partiu para a pátria espiritual. No enterro do seu corpo, estiveram presentes os esperantistas de Varsóvia e de outros lugares e a população pobre do bairro judeu que ele tanto ajudou. Deixou sua esposa viúva e três filhos, todos mortos pelos nazistas em 1940. O seu corpo repousa no cemitério israelita de Varsóvia, juntamente com o de Clara, amor de toda sua existência e sua incansável colaboradora...

Deus escolheu Lázaro Luís Zamenhof e o designou como missionário, para criar um idioma que vai dar fim a “Torre de Babel”, existente ainda no mundo, criando a fraternidade entre os povos, e, irmanando todos, por meio de uma língua única, que será falada e compreendida futuramente por todos os habitantes da Terra. Atualmente ela é falada e usada como segunda língua em muitos países e já faz parte das línguas falada na Organização das Nações Unidas. Aqui no Brasil, ela é falada, ensinada e divulgada, principalmente nos meios espíritas e nos Congressos Espíritas que são realizados em várias partes do mundo, com a participação de muitos brasileiros.

Bibliografia:
Marinei Ferreira Rezende
Jornal “O Imortal” – 10/2007

Jc.
S.Luis, 20/4/2011

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€ 125 ANOS DO ESPERANTO


Por iniciativa da Universala Esperanto-Asocio– (Associação Universal Esperanto)
o movimento esperantista mundial está sendo convocado a uma participação intensa e fecunda na comemoração dos 125 anos de existência da Língua Internacional Neutra, criada pelo médico polonês Lázaro Luis Zamenhof, e lançada ao mundo em 26 de julho de 1887.
Um grupo especialmente formado para a condução das atividades, sob a direção
do nosso estimado amigo Renato Corsetti, ex-presidente da UEA e bem conhecido dos espíritas brasileiros, já propôs duas linhas de ação: 1ª Que as associações esperantistas nacionais instituam cursos na web, em suas respectivas línguas, sem prejuízo dos cursos presenciais existentes. Como auxílio valioso, o presidente da Internacia Ligo de Esperantistaj Instruistoj – ILEI (Liga Internacional dos Professores Esperantistas), Stefan MacGill, prepara novo texto para um curso de idioma na rede, o Kurso l25; 2ª Que as mencionadas associações criem um setor de informações aos veículos de comunicação de massa, cujo responsável possa colaborar com a UEA, nesse contexto, representada por Brian Barker, traduzindo, adaptando e divulgando os textos em seus respectivos países.

Dentre o material já elaborado pelo grupo da UEA, transcrevemos um texto com sucintas informações sobre o Esperanto e o movimento que o divulga, em tradução do francês: “O Esperanto, criado em 1887, pelo médico polonês Zamenhof, é a língua mais jovem do mundo e completará agora seus 125 anos de existência. Ela é uma língua internacional, de aprendizado relativamente fácil, já reconhecida e utilizada oficialmente em várias partes do mundo. Com seu uso considerável na Internet e no turismo, possui rica literatura original e traduzida, sendo também utilizada no teatro, no cinema e na música. Estações de rádio do Brasil, China, Cuba e do Vaticano transmitem regularmente em Esperanto, bem como a televisão chinesa disponibiliza muitos programas através da Internet.”

Apesar de existir á apenas 125 anos, o Esperanto figura atualmente entre as 100 línguas mais utilizadas dentre as 6.800 existentes no mundo inteiro, ocupando o 27º lugar na Wikipédia, ao mesmo tempo em que se constitui como língua de opção no Google, Skype e Facebook. É usada no cotidiano em nível mundial, com um crescimento acentuado de usuários na Europa, Ásia e África. A Associação Universal de Esperanto mantém relações de cooperação com a Organização das Nações Unidas, onde é emprega a língua, e com o Conselho Europeu. A utilização crescente do Esperanto é constatada pelas transmissões da televisão chinesa e nos anúncios publicitários de empresas britânicas, como a British Telecom. O governo britânico tem recrutado tradutores esperantófonos, para o ensino da língua nas Universidades. Entre os que usam a língua desde que nasceram, encontram-se a tetracampeã mundial de xadrez feminino, Susan Pólgar, o novo embaixador da Alemanha na Rússia, Ulrich Brandenburg, o prêmio Nobel de Medicina, Daniel Bovet, o financista George Soros, e muitos outros brasileiros que aprenderam á língua e a usam regularmente. Portanto, o Esperanto é uma língua que não vem para substituir outra qualquer, mas para servir como língua auxiliar na comunicação dos povos e que se expande cada vez mais.

A Federação Espírita Brasileira, que apóia o Esperanto desde 1909, de alguma forma já realiza o que é sugerido na ação proposta pelo grupo da UEA, pois mantém cursos gratuitos, presenciais, de Esperanto, desde 1912, atividade essa que se faz centenária no corrente ano. Quanto á web ela se limita a divulgar na Seção de Esperanto de seu Portal, os links de acesso aos diversos cursos existentes bem como os que venham a ser criados. No que diz respeito à informação, a FEB
realiza nas páginas da revista Reformador, seu órgão oficial, a divulgação em esperanto da Doutrina dos Espíritos, contribuindo assim, para o enriquecimento da literatura através de traduções de alto nível. Em 2012 a FEB realizará com início neste mês (março) cursos de Esperanto: Em Brasília; Básico e de Aperfeiçoamento aos sábados das 16 às l7,30 hrs. (Tel. 61-2101-6161); no Rio de Janeiro, Estudo da Doutrina as 2ª feiras, Básico 4ª e 5ª feiras e Aperfeiçoamento as 6ª feiras (Tel. 21-3078-4747).


Bibliografia:
Affonso Soares
Revista “Reformador”- 02/2012


Jc.
S.Luis, 20/3/2012