sábado, 12 de agosto de 2017

SENTINELAS DE LUZ





  Nas informações simbólicas da Bíblia conta-se em Gênesis: 1-3: Disse Deus: “Haja luz! e houve luz”. Assim para o planeta Terra em formação fez-se o Dia e a Noite.
Das trevas imensas sobre as quais a Bíblia faz ligeiro comentário, o ser humano iniciou a luta contra a escuridão. Usou, inicialmente, a tocha impregnada de resinas inflamáveis, depois as velas, os gases, a lamparina, o lampião por muito tempo, até que através de Edson e de muitas experiências, inventou a lâmpada elétrica.
De igual modo, nasceu a luz espiritual desenvolvida pelo próprio ser humano para a aquisição do conhecimento. Iniciou-se por meio da comunicação entre as criaturas por meios de sinais luminosos através das sombras, e começaram a esculpir na pedra os primeiros caracteres que lhes definiram a linguagem;  os mais inclinados à meditação inventaram letras e o modo de gravá-las, em seguida umas às outras, inventaram depois a escrita em rolos de papiros e não descansaram, até que Gutemberg criasse as frases vacilantes na imprensa que se incumbiu de reproduzir textos escritos para todos os povos, reclamando a dedicação de legiões de Espíritos interessados no conhecimento superior.
De etapa em etapa, o ser humano gastou séculos de esforço para alcançar o conhecimento, e daí, partir para as realizações da atualidade. O mesmo combate da luz com as trevas para que os seres humanos alcançassem as luzes da alma prossegue há milênios, para que cada um se expresse sobre a existência, criando critérios pessoais, nos alicerces do entendimento. E as sentinelas da luz estão em todos os lugares da Terra, promovendo a educação, o discernimento, a elevação e a competência, desde os chamados “comecinhos de vida das crianças”, às universidades em que as criaturas humanas se especializam em determinadas experiências, a que têm vocação, com as quais dignificam a luz espiritual. Eis porque todos esses empreendimentos demandam a união e cooperação de milhares de pessoas que trabalham a benefício dos que procuram aprender.
Assim, somos nós todos na Vida Maior, procurando o aperfeiçoamento de que necessitamos. Todas as conquistas humanas não aparecem por geração espontânea. Exigem esforço, atenção, perseverança, trabalho, repetição, vontade de auxiliar e devotamento ao próximo, nos quais milhões de pessoas e com o auxílio dos espíritos desencarnados, estão envolvidos na condição de aprendizes e instrutores, uns dos outros. Todos somos sentinelas da luz pela atividade que despendemos para que a luz da compreensão e da paz se estabeleça no mundo.
Em síntese, queremos dizer que toda criatura humana que aspira a sublimação de si mesmo, precisa confiar em Deus e trabalhar. Enquanto buscais a revelação da verdade, em nossa companhia, procuramos convosco o auxílio fraterno para fazer muito mais luz, no engrandecimento comum. A Doutrina dos Espíritos não traz apenas o adocicado conteúdo da consolação particular, no estímulo ao bem, mas acentuando o socorro celeste à personalidade humana. Abre-nos infinita esfera de serviços, em cujas atividades não podemos prescindir do apoio no crescimento e na renovação.
Nos alicerces do edifício doutrinário espírita, compreendíamos a curiosidade e o deslumbramento  acima da responsabilidade e do dever, mas agora que já passamos o primeiro centenário da Codificação Espírita, precisamos reconhecer a necessidade de introspecção a fim de não perdermos de vista os sagrados objetivos que nos reúnem.  A superstição levantou fortaleza de sombras, os dogmas cristalizaram os impulsos embrionários da fé, e a indiferença congelou preciosas oportunidades de desenvolvimento e elevação, em toda parte. É indispensável que nosso espírito de fraternidade se manifeste e restabeleça através do amor restaurando os caminhos da fé por meio das  obras edificantes.
Não há tarefas menores; todas são grandes pela essência divina. O fio d’agua que flui da vertente regenera o deserto de vasta extensão. Um gesto humilde sempre opera milagre de solidariedade. Uma simples palavra pode apagar o incêndio emotivo, prestes a converter-se em pesadelo. Em todos os lugares precisamos solucionar problemas, corrigir deficiências e restaurar as bases simples da existência.  Por isso mesmo, precisamos fazer a renovação mental do mundo, sob a máxima do “amai-vos uns aos outros”, seguindo os padrões do Mestre. Por enquanto, nem todos entenderão a mensagem. Muitos ainda dormem anestesiados nos templos de pedra e outros narcotizados  pela ignorância, concentrando-se nas vantagens materiais do mundo, esquecidos da própria alma.
Colaborar com Jesus é o nosso dever essencial, plasmando o Evangelho nos pensamentos, nas palavras e atos da nossa existência, em todos os recantos de nossa marcha para á frente, para que a Doutrina Espírita não se faça mero mostruário de verbalismo fascinante. Reduzi-la a mecanismo de simples investigação ou a um floreado literário seria como transformar o movimento de benditas ideias e realizações edificantes num parque de êxtase inoperante ou de um personalismo ocioso e improdutivo.
Resta-nos, pois, rogar a Jesus que nos ensine atingir convicções sadias e a clarear os nossos ideais, a fim de que não estejamos tão somente a crer e a confortar-nos, mas também a servir incessantemente na edificação do iluminado e eterno Reino do Amor...

Fonte:
Livro: “Sentinelas da Luz”
Autoria: Espírito Emmanuel
Psicografia de Chico Xavier.
+ Pequenas modificações.

Jc.
São Luís, 21/6/2017

AVALIE-SE E SE TRANSFORME





  O que é transformação íntima? – É um processo contínuo de autoanálise, de conhecimento de nossa intimidade espiritual, libertando-nos de nossas imperfeições, e permitindo-nos atingir o domínio de nós mesmos. O que podemos fazer para nos transformar intimamente?  - Podemos e devemos substituir nossos defeitos como o egoísmo, o orgulho, a inveja, o ciúme, a agressividade, a maledicência e a intolerância, por virtudes tais como: a humildade, a caridade, a resignação, a sensatez, a generosidade, a tolerância, o perdão, a fraternidade. Quanto tempo poderá levar para que tais mudanças ocorram?  - O tempo não importa; o que importa é o esforço contínuo que se faz para atingir a transformação íntima, conforme declara Allan Kardec, no “Evangelho Segundo o Espiritismo”, quando diz: “Reconhece-se o verdadeiro espírita, pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar as suas más inclinações”.

Não se trata de esforço físico, mas de um empenho de continuidade na transformação de nós mesmos. Deve haver persistência e a este propósito chamamos: esforço.  Em outras palavras não é bom sintoma abandonar uma atividade ou desviar a energia para outro rumo, ao primeiro sinal de dificuldade. Mesmo que no dia a dia você tenha a impressão de que não houve nenhuma mudança, não deve desanimar nem abandonar o propósito de transformação. Esse esforço é para a existência toda.

Estudar o Evangelho de Jesus, ouvir sugestões de pessoas mais experientes, assistir palestras, ler artigos e livros que tratem sobre esse assunto nos levará a conhecer ainda mais, e assim nos auxiliar na identificação dos nossos defeitos, que nos afetam em cada situação da existência, possibilitando-nos aprender aos poucos, a prática das virtudes que irão substituir nossas imperfeições. Como posso fazer isso? – O conhecer a si mesmo, deve ser o primeiro passo para a transformação íntima.

Agostinho, em resposta à questão 919 de “O Livro dos Espíritos”, nos oferece uma excelente receita para isso, ao dizer: “Quando estiveres indeciso sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificarieis se praticada por outra pessoa. Se a censurais, não a podeis ter por legítima quando for o seu autor, pois que Deus não usa de duas medidas na aplicação da Sua justiça. Pergunte a sua consciência, aquele que se sinta possuído do desejo sério de se melhorar a fim de extirpar de si os seus pendores negativos, como de um jardim se arranca as ervas daninhas”.

Dê um balanço no seu dia moral para avaliar suas perdas e lucros. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar de um novo dia. “Não é justo que se gastem alguns minutos para a conquista da felicidade eterna? Não trabalhais todos os dias com o fito de juntar haveres que vos garantam repouso na velhice? Esse objetivo não vos faz suportar fadigas e privações temporárias?  Sei haver muitos que dizem ser positivo o presente e incerto o futuro. Ora, esta é exatamente a idéia que estamos tentando eliminar de vosso íntimo, visto que desejamos fazer que compreendais esse futuro, de modo a não restar dúvida em vossa alma”.

Temos a tendência natural de sempre justificar nossos defeitos. São artimanhas e tramas inconscientes. Procuremos conhecer a fundo esses defeitos em suas particularidades, e como eles nos afetam, localizando as ocasiões em que estamos mais vulneráveis à sua manifestação.  Na verdade, bem poucas têm sido as pessoas ocupadas em trabalhar essa dimensão da personalidade, qual seja a do altruísmo, tornando-se úteis à dinâmica da existência. Nas atividades cotidianas, essas pessoas egoístas se aproveitam de todas as chances possíveis para driblarem os outros, tendo a sensação de serem mais astutos, mais vivos, mais sabidos, dando vazão ao íntimo doentio.

Precisando enfrentar as filas, desse ou daquele tipo, para serem atendidos á seu tempo, tratam de descobrir pessoas conhecidas, localizadas à frente, que lhes facilite passar para posições privilegiadas, quando não invadem abusivamente, elas mesmas, o espaço dos que aguardam pacientemente. Crêem-se mais apressadas ou com mais compromissos que os demais. Para o egoísta, tanto faz a fila, o que deseja é passar à frente dos outros, porque lhe impacienta a espera ou já é viciado nessa atitude.

Os males do caráter, desenvolvidos e alicerçados no egoísmo não há limites. Nas conduções populares, o egoísta sempre acomodado vê pessoas idosas, mulheres gestantes, criaturas enfermas, viajando em pé, com sacrifícios, e sem qualquer sensibilização continua sentado, indiferentes, às vezes, até nos lugares reservados para essas pessoas. Em outros casos, vemos crianças sentadas ao lado dos pais que acompanham tudo, fazendo de conta que não estão vendo ou entendendo o que se passa. Noutras ocasiões, vemos a disputa que se realiza por entrar ou sair primeiro, provocando até acidentes. A marca do egoísmo mostra-se por toda parte, entre as mais diversas personalidades.

Procuremos então nos afastar desses procedimentos e buscar meios para substituí-los em nosso comportamento. Como exemplo: Se nos encontrarmos em algum coletivo, valendo-nos do vigor da nossa mocidade, não esperemos que nos solicitem. Ofereçamos o nosso assento para qualquer um irmão que dele necessite, idoso, deficiente, mulher grávida, ou com criança, demonstrando os valores que nos ilumina o íntimo. Isso é tão pouca coisa a fazer.

Benjamim Franklin em sua autobiografia dá algumas sugestões: “Não fale sem proveito para os outros ou para si mesmo; tenha um lugar para cada coisa, e cada trabalho tenha seu tempo certo. Não perca tempo, esteja sempre ocupado em algo útil; não use de artifícios enganosos e fale de maneira justa e honesta. A ninguém prejudique por mau juízo ou pela omissão de benefício que é seu dever. Seja humilde imitando Sócrates e Jesus”.

Por  que  caímos? –  Um  ponto  importante  é  que vamos precisar  contar  com  as quedas    até  que   cresçamos   espiritualmente;   afinal   somos   como   crianças aprendendo a andar, e são as quedas que fortalecem nossa vontade e nos ensina a ter persistência. Por meio das quedas, podemos aperfeiçoar o modo de evitá-las. Mas se caímos porque nos faltas à vontade de acertar, estaremos de queda em queda nos enfraquecendo. A criança aprende a andar porque está determinada a isso. Então sigamos seu exemplo e levantemo-nos logo e sigamos em frente, sem esmorecimento, na firme determinação de não mais errarmos.

A cada novo dia de nossa existência, antes de iniciar qualquer ação, façamos o exercício de nos perguntar sempre:  Isto que vou fazer agora, seria bem aceito por Deus e pela minha consciência?  Se for positivo o procedimento é correto; se não for, devemos cancelar imediatamente o que iríamos fazer e não pensar mais no assunto. Aqueles que todas as noites recordassem todas as ações que praticara durante o dia, e avaliasse o bem ou o mal que houvesse feito, rogando a Deus e ao seu protetor espiritual que o orientasse, grande força conseguiria para se aperfeiçoar, porque Deus o assistiria. Perguntai ainda mais: Se Deus o chamasse nesse momento, teria algo a temer, ao entrar no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado? – As respostas nos darão o descanso para a nossa consciência, ou a indicação de que precisamos melhorar e evitar o mal proceder.

A autoanálise permite que alinhemos as nossas ações e pensamentos na direção das correções que necessitamos realizar, para ajustarmos os nossos atos com os ensinamentos de Jesus, tanto com relação a Deus como em relação ao nosso próximo. Através do esforço e exercícios repetidos em direção às boas causas, construiremos em nós, o próprio bem. Este processo é árduo; assim necessitamos de muita força de vontade, determinação, perseverança e coragem para o realizarmos. Deus assiste e auxilia sempre, mas precisamos fazer a nossa parte, se desejamos verdadeiramente melhorar.

Todos nós somos chamados a servir e todos os instrumentos de trabalho no mundo, concretizam os ideais superiores, as aspirações de serviço e os impulsos nobres da alma. Ninguém suponha que, perante Deus, os grandes homens sejam somente aqueles que usam a autoridade. Quando os políticos orientam e governam, é o tecelão quem lhes fabrica o agasalho do corpo. Se os juizes se congregam nas mesas de justiça, são os lavradores quem lhes garantem o alimento. Cada trabalhador, em sua especialidade, seja honrado pela cota de bem que produza e permaneça convencido de que a maior homenagem que podemos prestar ao Criador é a correta execução do nosso dever, onde estivermos em atividade.

A humanidade continuará ainda por algum tempo como é agora, mas nós, que já estamos dispostos às mudanças de atitudes, que já sentimos o amor ensinado pela Doutrina dos Espíritos, que já estamos conscientes da realização das  tarefas para a nossa evolução espiritual, que já compreendemos as palavras e os ensinamentos de nosso Mestre Amado Jesus, podemos então fazer a nossa pequena parte, vivendo a solidariedade no mais alto grau, que é a Caridade, e realizando  a  transformação  do  nosso  íntimo,  fazendo a Alquimia moderna de transformar chumbo em ouro, melhor dizendo, o mal no Bem.

Com toda razão, assinala Amaral Camargo quando diz que “a transgressão da Lei de Deus, trás em seu bojo a própria punição, com as suas conseqüências naturais e inevitáveis. O crime e a punição brotam de um só ponto. Causa e efeito, meios e fins, semente e fruto, não podem ser separados, pois o efeito já floresce na causa, o fim preexiste nos meios e o fruto na semente”. Como reação retificadora ao abuso ou afronta às Leis Divinas, é que os mestres orientais consideram como a Lei do Carma, ou da Justiça Superior às palavras da sabedoria popular que diz: “Quem semeia ventos, colhe tempestades” e “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, colhendo assim o que houver semeado.

Tratemos, pois, de avaliar como estamos procedendo na atual existência, porque hoje, estamos colhendo o que plantamos no passado, e estamos plantando hoje, o que colheremos no futuro. Se ainda temos a nossa consciência a nos acusar, precisamos imediatamente fazer uma retificação do nosso proceder, a fim de não sofrermos no amanhã.

Como máximas de bem viver, adote ser, HUMILDE como Francisco de Assis; SÁBIO como Mahatma Gandhi; VALENTE como Paulo de Tarso; LÚCIDO como Allan Kardec, e pleno de AMOR, como foi Jesus, o Mestre Amado que ensinou, exemplificou, amparou e amou todos os seus irmãos em humanidade...

Avalie-se, procurando melhorar a si próprio e ao mundo em redor, e, através da transformação interior faça o seu progresso espiritual. Não custa nada fazer isso; só é preciso ter boa vontade e querer...




Bibliografia:
“O Livro dos Espíritos”
Benjamin Franklin
Amaral Camargo
Livro “Alvorada Cristã”
+ Pequenas modificações


Jc.
S.Luis, 21/01/2009
Refeito em 10/05/2017