O que é transformação íntima? – É um processo contínuo de autoanálise, de conhecimento de nossa intimidade espiritual, libertando-nos de nossas imperfeições, e permitindo-nos atingir o domínio de nós mesmos. O que podemos fazer para nos transformar intimamente? - Podemos e devemos substituir nossos defeitos como o egoísmo, o orgulho, a inveja, o ciúme, a agressividade, a maledicência e a intolerância, por virtudes tais como: a humildade, a caridade, a resignação, a sensatez, a generosidade, a tolerância, o perdão, a fraternidade. Quanto tempo poderá levar para que tais mudanças ocorram? - O tempo não importa; o que importa é o esforço contínuo que se faz para atingir a transformação íntima, conforme declara Allan Kardec, no “Evangelho Segundo o Espiritismo”, quando diz: “Reconhece-se o verdadeiro espírita, pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar as suas más inclinações”.
Não se trata de esforço físico, mas de um
empenho de continuidade na transformação de nós mesmos. Deve haver persistência
e a este propósito chamamos: esforço. Em
outras palavras não é bom sintoma abandonar uma atividade ou desviar a energia
para outro rumo, ao primeiro sinal de dificuldade. Mesmo que no dia a dia você
tenha a impressão de que não houve nenhuma mudança, não deve desanimar nem
abandonar o propósito de transformação. Esse esforço é para a existência toda.
Estudar o Evangelho de Jesus, ouvir sugestões
de pessoas mais experientes, assistir palestras, ler artigos e livros que
tratem sobre esse assunto nos levará a conhecer ainda mais, e assim nos
auxiliar na identificação dos nossos defeitos, que nos afetam em cada situação
da existência, possibilitando-nos aprender aos poucos, a prática das virtudes
que irão substituir nossas imperfeições. Como posso fazer isso? – O conhecer a
si mesmo, deve ser o primeiro passo para a transformação íntima.
Agostinho, em resposta à questão 919 de “O
Livro dos Espíritos”, nos oferece uma excelente receita para isso, ao dizer:
“Quando estiveres indeciso sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a
qualificarieis se praticada por outra pessoa. Se a censurais, não a podeis ter
por legítima quando for o seu autor, pois que Deus não usa de duas medidas na
aplicação da Sua justiça. Pergunte a sua consciência, aquele que se sinta
possuído do desejo sério de se melhorar a fim de extirpar de si os seus
pendores negativos, como de um jardim se arranca as ervas daninhas”.
Dê um balanço no seu dia moral para avaliar
suas perdas e lucros. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em
paz e aguardar sem receio o despertar de um novo dia. “Não é justo que se
gastem alguns minutos para a conquista da felicidade eterna? Não trabalhais
todos os dias com o fito de juntar haveres que vos garantam repouso na velhice?
Esse objetivo não vos faz suportar fadigas e privações temporárias? Sei haver muitos que dizem ser positivo o
presente e incerto o futuro. Ora, esta é exatamente a idéia que estamos
tentando eliminar de vosso íntimo, visto que desejamos fazer que compreendais
esse futuro, de modo a não restar dúvida em vossa alma”.
Temos a tendência natural de sempre
justificar nossos defeitos. São artimanhas e tramas inconscientes. Procuremos
conhecer a fundo esses defeitos em suas particularidades, e como eles nos
afetam, localizando as ocasiões em que estamos mais vulneráveis à sua
manifestação. Na verdade, bem poucas têm
sido as pessoas ocupadas em trabalhar essa dimensão da personalidade, qual seja
a do altruísmo, tornando-se úteis à dinâmica da existência. Nas atividades
cotidianas, essas pessoas egoístas se aproveitam de todas as chances possíveis
para driblarem os outros, tendo a sensação de serem mais astutos, mais vivos,
mais sabidos, dando vazão ao íntimo doentio.
Precisando enfrentar as filas, desse ou daquele
tipo, para serem atendidos á seu tempo, tratam de descobrir pessoas conhecidas,
localizadas à frente, que lhes facilite passar para posições privilegiadas,
quando não invadem abusivamente, elas mesmas, o espaço dos que aguardam pacientemente.
Crêem-se mais apressadas ou com mais compromissos que os demais. Para o
egoísta, tanto faz a fila, o que deseja é passar à frente dos outros, porque
lhe impacienta a espera ou já é viciado nessa atitude.
Os males do caráter, desenvolvidos e alicerçados
no egoísmo não há limites. Nas conduções populares, o egoísta sempre acomodado
vê pessoas idosas, mulheres gestantes, criaturas enfermas, viajando em pé, com
sacrifícios, e sem qualquer sensibilização continua sentado, indiferentes, às
vezes, até nos lugares reservados para essas pessoas. Em outros casos, vemos
crianças sentadas ao lado dos pais que acompanham tudo, fazendo de conta que
não estão vendo ou entendendo o que se passa. Noutras ocasiões, vemos a disputa
que se realiza por entrar ou sair primeiro, provocando até acidentes. A marca
do egoísmo mostra-se por toda parte, entre as mais diversas personalidades.
Procuremos então nos afastar desses
procedimentos e buscar meios para substituí-los em nosso comportamento. Como
exemplo: Se nos encontrarmos em algum coletivo, valendo-nos do vigor da nossa
mocidade, não esperemos que nos solicitem. Ofereçamos o nosso assento para qualquer
um irmão que dele necessite, idoso, deficiente, mulher grávida, ou com criança,
demonstrando os valores que nos ilumina o íntimo. Isso é tão pouca coisa a
fazer.
Benjamim Franklin em sua autobiografia dá
algumas sugestões: “Não fale sem proveito para os outros ou para si mesmo;
tenha um lugar para cada coisa, e cada trabalho tenha seu tempo certo. Não
perca tempo, esteja sempre ocupado em algo útil; não use de artifícios
enganosos e fale de maneira justa e honesta. A ninguém prejudique por mau juízo
ou pela omissão de benefício que é seu dever. Seja humilde imitando Sócrates e
Jesus”.
Por que caímos? – Um ponto importante
é que vamos precisar contar com
as quedas até que cresçamos
espiritualmente; afinal somos como crianças aprendendo a andar, e são as quedas
que fortalecem nossa vontade e nos ensina a ter persistência. Por meio das
quedas, podemos aperfeiçoar o modo de evitá-las. Mas se caímos porque nos
faltas à vontade de acertar, estaremos de queda em queda nos enfraquecendo. A
criança aprende a andar porque está determinada a isso. Então sigamos seu
exemplo e levantemo-nos logo e sigamos em frente, sem esmorecimento, na firme
determinação de não mais errarmos.
A cada novo dia de nossa existência, antes de
iniciar qualquer ação, façamos o exercício de nos perguntar sempre: Isto que vou fazer agora, seria bem aceito
por Deus e pela minha consciência? Se
for positivo o procedimento é correto; se não for, devemos cancelar
imediatamente o que iríamos fazer e não pensar mais no assunto. Aqueles que
todas as noites recordassem todas as ações que praticara durante o dia, e
avaliasse o bem ou o mal que houvesse feito, rogando a Deus e ao seu protetor
espiritual que o orientasse, grande força conseguiria para se aperfeiçoar,
porque Deus o assistiria. Perguntai ainda mais: Se Deus o chamasse nesse
momento, teria algo a temer, ao entrar no mundo dos Espíritos, onde nada pode
ser ocultado? – As respostas nos darão o descanso para a nossa consciência, ou
a indicação de que precisamos melhorar e evitar o mal proceder.
A autoanálise permite que alinhemos as nossas
ações e pensamentos na direção das correções que necessitamos realizar, para
ajustarmos os nossos atos com os ensinamentos de Jesus, tanto com relação a
Deus como em relação ao nosso próximo. Através do esforço e exercícios
repetidos em direção às boas causas, construiremos em nós, o próprio bem. Este
processo é árduo; assim necessitamos de muita força de vontade, determinação,
perseverança e coragem para o realizarmos. Deus assiste e auxilia sempre, mas
precisamos fazer a nossa parte, se desejamos verdadeiramente melhorar.
Todos nós somos chamados a servir e todos os
instrumentos de trabalho no mundo, concretizam os ideais superiores, as
aspirações de serviço e os impulsos nobres da alma. Ninguém suponha que,
perante Deus, os grandes homens sejam somente aqueles que usam a autoridade.
Quando os políticos orientam e governam, é o tecelão quem lhes fabrica o
agasalho do corpo. Se os juizes se congregam nas mesas de justiça, são os
lavradores quem lhes garantem o alimento. Cada trabalhador, em sua
especialidade, seja honrado pela cota de bem que produza e permaneça convencido
de que a maior homenagem que podemos prestar ao Criador é a correta execução do
nosso dever, onde estivermos em atividade.
A humanidade continuará ainda por algum tempo
como é agora, mas nós, que já estamos dispostos às mudanças de atitudes, que já
sentimos o amor ensinado pela Doutrina dos Espíritos, que já estamos
conscientes da realização das tarefas
para a nossa evolução espiritual, que já compreendemos as palavras e os
ensinamentos de nosso Mestre Amado Jesus, podemos então fazer a nossa pequena
parte, vivendo a solidariedade no mais alto grau, que é a Caridade, e
realizando a transformação do nosso íntimo, fazendo a Alquimia moderna de transformar
chumbo em ouro, melhor dizendo, o mal no Bem.
Com toda razão, assinala Amaral Camargo
quando diz que “a transgressão da Lei de Deus, trás em seu bojo a própria
punição, com as suas conseqüências naturais e inevitáveis. O crime e a punição
brotam de um só ponto. Causa e efeito, meios e fins, semente e fruto, não podem
ser separados, pois o efeito já floresce na causa, o fim preexiste nos meios e
o fruto na semente”. Como reação retificadora ao abuso ou afronta às Leis
Divinas, é que os mestres orientais consideram como a Lei do Carma, ou da
Justiça Superior às palavras da sabedoria popular que diz: “Quem semeia ventos,
colhe tempestades” e “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, colhendo
assim o que houver semeado.
Tratemos, pois, de avaliar como estamos
procedendo na atual existência, porque hoje, estamos colhendo o que plantamos
no passado, e estamos plantando hoje, o que colheremos no futuro. Se ainda
temos a nossa consciência a nos acusar, precisamos imediatamente fazer uma
retificação do nosso proceder, a fim de não sofrermos no amanhã.
Como máximas de bem viver, adote ser, HUMILDE
como Francisco de Assis; SÁBIO como Mahatma Gandhi; VALENTE como Paulo de
Tarso; LÚCIDO como Allan Kardec, e pleno de AMOR, como foi Jesus, o Mestre
Amado que ensinou, exemplificou, amparou e amou todos os seus irmãos em
humanidade...
Avalie-se, procurando melhorar a si próprio e
ao mundo em redor, e, através da transformação interior faça o seu progresso
espiritual. Não custa nada fazer isso; só é preciso ter boa vontade e querer...
Bibliografia:
“O Livro dos Espíritos”
Benjamin Franklin
Amaral Camargo
Livro “Alvorada Cristã”
+ Pequenas modificações
Jc.
S.Luis, 21/01/2009
Refeito em 10/05/2017
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