domingo, 2 de outubro de 2016

A PORTA MAIS LARGA DO MUNDO





  Conta-se que um dia um homem parou na frente de pequeno bar, tirou do bolso um metro, mediu a porta e falou em voz alta: “Dois metros de altura por oitenta centímetros de largura”. Admirado, mediu-a de novo. Como se duvidasse das medidas que obteve, mediu-a pela terceira vez. E assim tornou a medi-la outras vezes.
Curiosas, as pessoas que por ali passavam começaram a parar e observar. Primeiro um pequeno grupo, depois um grupo maior, por fim uma multidão. Voltando-se para os curiosos o homem exclamou, visivelmente impressionado: “Parece mentira! Esta porta mede apenas dois metros de altura e oitenta centímetros de largura, no entanto, por ela passou todo o meu dinheiro, meu carro, meus móveis, minha casa e o pão dos meus filhos. E não foram só os bens materiais; por ela passaram também a minha saúde, passaram as esperanças de minha esposa, passou toda a felicidade do nosso lar.
Além disso, passou também a minha dignidade, a minha honra, os meus sonhos e os meus planos. Sim senhores, todos os meus planos de construir uma família feliz, passaram por esta porta, dia após dia... gole após gole. Hoje eu não tenho mais nada... Nem família, nem saúde, nem esperança. Mas quando passo pela frente desta porta, ainda ouço o convite daquela que é a responsável  pela minha desgraça... Ela ainda me chama insistentemente... dizendo:  Só mais um trago! Só hoje! Uma dose apenas!
Ainda escuto suas sugestões em tom de estímulo: “Você bebe socialmente, lembra-se!”  Sim, essa era a senha. Essa era a isca. Esse era o engodo. E mais uma vez eu caia na armadilha, dizendo comigo mesmo: “Quando eu quiser, eu paro”. Isso é o que muitas pessoas que bebem  pensam, mas só pensam... Eu comecei com um cálice, mas hoje, a bebida me dominou por completo. Hoje eu sou um trapo humano... E a bebida, bem, a bebida continua  fazendo as suas desprevenidas vítimas      . Por isto é que eu lhes digo senhores: “Esta é porta mais larga do mundo! Ela tem enganado muitas pessoas... ela é a porta da perdição!”
Por esta porta, que pode ser chamada a porta do vício, de aparência tão estreita, pode passar tudo o que se tem de mais caro neste mundo. Hoje eu sei dos malefícios do álcool, mas muitas pessoas ainda não sabem, ou pensam que sabem e fingem que não, para não admitirem que estão sob o jugo da bebida.
E o que é pior, possuem esse maldito veneno, destruidor de vidas, dentro do próprio lar, à disposição, como um convite para os seus filhos. Se os senhores soubessem o inferno que é ter a vida destruída por esse vício, certamente passariam longe dele e protegeriam sua família contra suas ameaças.
Visivelmente amargurado, aquele homem se afastou, a passos lentos e trôpegos, deixando a cada uma das pessoas que o ouviram, motivos de profundas meditações...
Este pequeno drama nos convida a evitar o consumo de álcool. Se ele pode ser usado como remédio quando em pequenas doses, ele traz malefícios incalculáveis, se nos leva ao abuso. Se você já é usuário, para não ficar dependente, pare, enquanto é tempo, porque qualquer vício escraviza e transforma a pessoa num farrapo humano.
Não se vincule aos chamados “aperitivos sociais” por parecer-lhe uma postura social, mas que conduz aos lamentáveis processos de alcoolismo que se iniciam em pequenas doses, para culminar em cárcere moral, quando não em hospital psiquiátrico.  Uma existência sadia torna-se ditosa abençoada e prolongada, a benefício daquele que assim a preserva. Diga não ao álcool, mesmo que seja em alguma cerimônia social, onde começa geralmente esse vício destruidor das famílias.


Fontes:
“Minuto de Sabedoria”
Autor: Carlos Torres Pastorino
“Vida Feliz”
Autora: Joanna de Ângelis
“Seara Espírita” – n  139
Autor Desconhecido
 + Pequenas modificações.

Jc.
São Luís, 21/8/2016

TEMOS QUE REINVENTAR A INSTRUÇÃO





  Dados recentes do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) indicam que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) avançou no Brasil. Porém, entre os três itens analisados – longevidade, renda e instrução – o que menos cresceu foi o último. Ainda é um grande desafio qualificar o ensino público e garantir que os alunos aprendam, após anos de escola. Em outubro, quando comemoramos o dia dos professores(as), acreditamos ser uma oportunidade de refletir sobre as mudanças necessárias à instrução e sobre a importância de valorizar os professores(as). E para isso, fizemos alguns questionamentos ao professor  Pedro Demo, da Universidade de Brasília.
a- Como está a instrução no Brasil, comparada a de outros países?
R- Infelizmente, na comparação internacional nós temos uma imagem muito deficitária. Nossos dados nos aproximam de certa forma mais da África. No IDH estamos no 85º lugar, sendo um dos mais baixos da América Latina. Temos tido muita dificuldade de melhorar, porque a nossa escola pública, que abriga 95% dos alunos no Ensino Fundamental, é assim como uma coisa de pobre para pobre. O Brasil não está cuidando do professor. Aqui, o professor  é uma das piores profissões que a sociedade oferece. O piso salarial é completamente inaceitável. Todas as grandes mudanças que se fizeram, por exemplo, nos países asiáticos – Japão, Coréia e Singapura – que disputam o melhor lugar no mundo em termos de desempenho, começaram pelo professor. Eles montaram uma bela carreira, atrativa, que pega as melhores cabeças da sociedade. Podemos ver, na cara deles, que valeu a pena, enquanto aqui, nós não conseguimos avançar.
b- Mas tivemos avanços, sobretudo na questão da avaliação.
R- Sim, criamos alguns sistemas de avaliação, mas que mostram que nós estamos indo muito devagar. Nós temos um sistema  de ensino que não consegue progredir. Ele é feito para dar aula e não é feito para o aluno aprender. Nós temos muitas aulas; aulas de tudo que é jeito, mas não é voltada e nem satisfaz a aprendizagem do aluno, em virtude da grande maioria de matérias.
c-  Existe uma movimentação da sociedade por mais investimentos na instrução. Isso pode resolver?
R-  Isso também é angustiante porque todo mundo quer que seja
destinado mais dinheiro para a instrução, mas muitas vezes, ele é   jogado fora. Não adianta investir na escola que temos hoje, porque é uma escola onde não se aprende. Precisamos recomeçar como os Tigres Asiáticos, reinventando o professor e reinventando a escola. Aí sim, vale a pena pedir 10% do orçamento e será um grande investimento. O que favorece o desenvolvimento de um país é uma população bem qualificada, que nós não temos. Para  termos uma ideia, o movimento “Tudo pela Instrução”, apresentou um dado de que, chegando ao fim do Ensino Médio, só 10% sabiam Matemática. Isto significa 12 anos de estudo para 10% de uma matéria essencial. É um país que não se desenvolve e quer fazer parte do Primeiro Mundo.
d-  As diversidades regionais do nosso país não são um agravante para os nossos problemas?
R-  Isso complica sim, porque é um país muito diverso e precisa de muitos esforços diversificados, além de consumir também muitos recursos.  Isso não é um problema de outro mundo, porque outros países grandes superaram essa dificuldade. O problema maior é nosso sistema de ensino. Existem dados que mostram que quando se aumentam as aulas e as matérias, os alunos, em geral, aprendem menos. O aluno não vai para a escola para escutar.  Ele vai para escrever, para produzir, para fazer o seu conhecimento. Ele não quer ficar como um ouvinte a copiar as coisas. Todos sabem que isso está errado, mas continuam insistindo nisso.
e-  Que modelos existem no mundo que deveríamos seguir?
R-  Penso que todo país, de certa maneira, precisa inventar a sua proposta. Nós não podemos ficar apenas copiando. Por exemplo:  Singapura teve muito êxito. Á 30 anos atrás, ela não era nada e agora tem um dos melhores desempenhos do mundo. O que se pode aprender é que Singapura fez uma proposta própria. Foi valorizado o professor e optaram por uma escola onde o aluno realmente aprende. Eles abandonaram a ideia do ensino e só ficaram com a aprendizagem. O que temos aqui de sobra na escola são aulas, e o que tem de menos é a aprendizagem.
f-  O que significa ensino e o que significa aprendizagem?
R-  O ensino tem muito de adestramento. Nem a cidadania aparece. A aprendizagem é uma ação mais centrada no aluno. Sabemos que o aluno aprende bem quando o professor aprendeu bem e motiva bem. Na verdade, é um movimento que o professor(a)  motiva  fora, 
mas precisa acontecer dentro, na cabeça do aluno e da sociedade. Essa virada é muito importante, pois teria que mudar muito a formação original. O bom professor(a) é aquele que ganha bem, sabe pesquisar, sabe produzir, tem bom texto próprio e é um protagonista da sociedade do conhecimento.
g-  E o currículo?
R-  O currículo é uma organização oficial dos conteúdos que imaginamos necessário para cada ano. Há uma tendência atual para reduzir a carga curricular. Por exemplo, no Japão, para o estudo da Matemática é adotado dez tópicos, mas fazem bem os dez. Eles fazem gincana e muita competição sobre a Matemática, enquanto o  Brasil  adota 40 ou 50 tópicos.  Entopem os alunos e no final eles pouco aprendem. A Matemática no Brasil ainda é um horror e querem entrar para o Primeiro Mundo, sem Matemática?
h-  Mas nós estamos seguindo alguns modelos?
R-  O nosso modelo é: Na escola se faz treinamento, mas não aprendizado, não formação, porque o aluno fica escutando aula, tomando nota e fazendo provinha, e isso servia para o século passado, mas não para o século futuro. Estamos muito distante das novas tecnologias, e há uma grande resistência da pedagogia e do governo, insistindo que os cursos têm que ser presenciais. A nova tecnologia está aí e todo mundo precisa se familiarizar com o computador e Internet, sobretudo as crianças que vão viver nesse mundo. Nós erramos, achando que colocar o computador na escola resolve. A primeira inclusão tem que ser do professor(a), porque ele é que tem de decidir o que fazer e evitar os riscos que o mesmo possa trazer para a criança. Toda mudança na escola com alguma profundidade tem que passar pelo professor(a).
I-  Fala-se em autoria. O que significa isso?
R-  A questão da autoria está em moda no mundo porque recebeu um empurrão das novas tecnologias e está baseada na produção de conteúdo próprio. O importante é aprender a fazer texto próprio, é construir suas coisas e não ficar escutando aula, copiando, repassando. Não adianta estar numa escola onde o aluno não é convidado a fazer a sua produção, onde participa apenas para escutar e fazer provinha. Nós estamos na contramão  da história e ficando para trás, e a dificuldade que temos hoje de crescimento da economia já é um reflexo dessa situação.
O que diz o governo sobre a reforma do Ensino Médio.
1-  Propõe modificações estruturais, como a reforma da carga horária, redução  do número de disciplinas e mudança nos currículos. O governo alega que as mudanças tiveram como base as metas de qualidade do ensino médio, que estão abaixo do ideal e também como uma forma de combater a evasão escolar.
2-    Ampliar a carga horária de aulas que hoje é de 800 horas, para 1.400 horas;
3-    Que a partir da metade do segundo ano do ensino médio, o aluno terá a possibilidade de escolher quais as matérias quer estudar, conforme seu interesse e visando seu objetivo profissional;
4-    O governo chegou ainda a divulgar que excluiria  do currículo obrigatório, disciplinas como Artes, Sociologia, Filosofia e Educação Física, mas depois afirmou em nota, que o texto da Medida Provisória estava errado.
5-    Do que a Base Nacional definir, todas elas serão obrigatórias na parte da Base Nacional Comum: Artes, Educação Física, Português, Matemática, Física e Química. Ela será obrigatória a todos. A diferença é que quando for feita as ênfases, pode ser colocado somente os alunos que tenham interesse em seguir naquela área. Vamos inclusive, privilegiar professores e alunos com a opção do aprofundamento.
6-    Segundo o governo não é obrigatório iniciar as mudanças em 2017 e nem há um prazo definido, e as redes estaduais é que vão definir de que forma e quando vão incorporar o novo modelo proposto. Ainda de acordo com o Ministro, até o fim de 2018, será investido R$- 1,5 bilhão no ensino para dobrar o número de alunos em escolas de tempo integral, para chegar a 500 mil novos estudantes.
Comentários:
O senador Cristovam Buarque, concorda com as alterações no currículo, (vide negrito), entretanto, faz um alerta de que não adianta mudar os currículos; deve haver uma reestruturação e modernização das escolas, como por exemplo: Investimentos em tecnologias e acesso à Internet no dia a dia do estudante.
Para a senadora Fátima Bezerra, vice-presidente da Comissão de Educação, é “totalmente inoportuno tratar de um tema desse porte, via Medida Provisória. Isso é um desrespeito aos professores, aos estudantes e a sociedade, porque nós precisamos enfrentar as estruturas no campo da educação pública, no ensino médio, através do debate com a sociedade, que envolva os estudantes, suas famílias, os professores(as) e os especialistas.”
A presidente do “Movimento Todos pela Educação”, Priscila Cruz, disse na Câmara dos Deputados, que um dos maiores erros históricos do Brasil, foi não ter colocado a educação (instrução) como prioridade e parte integrante do desenvolvimento do país...
Meu comentário: Observei que o governo ao tratar das mudanças  no ensino, comentou as aulas, os currículos, a carga horária, redução no número das disciplinas e mudanças nos currículos, ampliação da carga horária, e diz que vai privilegiar os professores(as) e os alunos com a opção do aprofundamento, mas esqueceu de tratar de outros itens, como:
a-  Como ficariam os professores das matérias que foram extintas;
b-  Por que os governos ao exigir  tanto dos professores e culpá-los pelas deficiências e o fracasso do ensino, esquecem de criar meios para a melhoria do ensino tornando viável as escolas e mantendo os materiais didáticos e tecnológicos atualizados, para o melhor desempenho do ensino aos alunos;
c-  Por que a maioria das escolas estão em péssimas condições; algumas com as instalações completamente destruídas, outras sem as mínimas condições de funcionamento, muitas escolas sem professores, e outras escolas onde os professores sofrem agressões verbais e físicas, fatores esses que vem ocasionando o desestímulo da profissão e a evasão dos alunos;
d-  A profissão de professor(a) é tão desprestigiada e desvalorizada  que está ocasiona a falta dos profissionais nas escolas, principalmente por ser considerado o “bode expiatório” do ensino, e ainda pelo baixo salário oferecido que; somente atrai quem está procurando o primeiro emprego, é que se candidata a exercer essa profissão.
e-  Por que o setor educacional não cria um projeto pedagógico  que venha sempre capacitando os professores(as) através da formação continuada e dando-lhes a estabilidade financeira,   para que eles possam dedicar-se ainda mais ao seu trabalho, de esclarecer e iluminar  as mentes dos seus alunos, para melhorar o IDH do país.
f-  O aluno atualmente é obrigado a carregar um grande peso de livros e outros objetos, para promover o seu estudo, ficando as vezes completamente aturdido com tantas matérias que não consegue absorvê-las, e em grande parte, fica desestimulado a continuar os estudos.
g-  A minha esposa é formada em Pedagogia, em nível superior, com mais de 35 anos de atividades na área do ensino, e seu salário atual é de R$-1.637,50 mensal, com mais uns adicionais. Em virtude disso, ela faz jornada extra de trabalho, em outra escola, para melhorar o seu rendimento. A minha cunhada que é formada em Letras, com nível superior, também está na mesma situação, tendo que fazer dobrada para melhorar seu salário. Assim como elas, existem milhares de outros professores que fazem da mesma maneira, para melhorar o salário que todos sabem é irrisório para os profissionais do ensino, assim como para os enfermeiros(as), duas classes trabalhadoras que são essenciais para o país.

Fontes:
Revista “Mundo Jovem” – nº 441
Comentários
Página do Governo, na Internet
Meu comentário
Diversas modificações.


Jc.
São Luís, 26/9/2016