A
palavra umbanda deriva-se de m’banda, que em língua quimbundo (língua nacional
de Angola), significa “sacerdote” ou “curandeiro”. Apesar do desenvolvimento
nas classes mais humildes, a Umbanda tem um registro histórico de seu
nascimento, que se confunde com o de Zélio Fernandes de Morais (1891-1975),
natural de Niterói, na época, capital do estado do Rio de Janeiro.
Aos
dezessete anos de idade, acometido de estranha paralisia que desafiava os
médicos, em virtude de ter, por vezes, postura de um velho que dizia coisas
incompreensíveis. Ele foi examinado por um médico que aconselhou à família
levá-lo a um padre, mas foi levado a um Centro Espírita. Ali. Zélio foi
convidado a se sentar à mesa da sessão mediúnica, sendo logo tomado por uma
força sobrenatural, que diz: -- Aqui está
falando uma flor! Em seguida ele se
levantou e foi ao jardim do Centro, colhe uma flor do jardim e deposita-a á
mesa. Outros médiuns participantes da sessão começaram a incorporar espíritos
que se intitulavam pretos velhos, escravos e índios.
Naquele
Centro Espírita, até então, só incorporavam espíritos “evoluídos”, de doutores,
intelectuais, pensadores, etc., esses espíritos eram considerados atrasados e
deviam ser evitados. Estabeleceu-se então uma contenda entre “entidades” que se
comunicavam sobre o que é realmente um espírito atrasado ou não. Foi então que o Espírito que havia
incorporado em Zélio se revelou como o Caboclo das Setes Flechas – o senhor dos
caminhos, que desapontado com o preconceito cultural e racial ali
dominante, anunciou que criaria uma nova religião onde os pretos velhos, os
negros escravos e os índios considerados
Espíritos atrasados, poderiam se manifestar e passar à humanidade seus
conhecimentos.
Isso
aconteceu exatamente no dia 16 de novembro de 1908, ás 20 horas, ao se
manifestar novamente o caboclo em Zélio, e anunciou a criação de uma nova
religião. Em nome desse Espírito, Zélio curado, com a ajuda de um pequeno grupo
crente, passou a realizar curas e logo fundou o primeiro templo dedicado ao
culto, com o nome de “Tenda de Umbanda Nossa
Senhora da Piedade”, registrada em cartório em 1908. A Umbanda combina
elementos da filosofia Espírita, elementos do Candomblé, dos vários cultos
afro-brasileiros, do cristianismo, do catolicismo, das tradições indígenas, sem
a prática de sacrifícios, e, modernamente, conhecimentos de cultos esotéricos.
Ela foi confundida durante algum tempo com a “macumba carioca” e a “Quimbanda”.
Os
principais Orixás considerados santos e associados as forças da Natureza, são:
Iansã, Nanã, Obaluaiê, Ogum, Omulu,
Oxalá, Oxossi, Oxum, Olorum (Deus), Xangô, Yemanjá. Os Caboclos são os
Espíritos dos índios; os Pretos Velhos são os Espíritos dos escravos trazidos
da África e os Erês são os Espíritos das crianças.
As
reuniões são praticadas em locais denominados de “casa”, “terreiro” ou
“barracão”, onde recebem as pessoas sem qualquer discriminação e a ritualística
de abertura é composta de danças para os Orixás ao som de atabaques e tambores
e cânticos chamados de pontos cantados, tendo os médiuns vestimentas especiais
e no altar, as imagens dos santos católicos, velas e defumação de ervas e
orações. O guia chefe chama os médiuns que formam uma roda para receberem as
entidades (incorporação dos Espíritos) onde são realizadas as consultas,
aplicados os passes e realizadas as curas, com banhos de ervas e ainda a queima de incenso, para resolver os
problemas das pessoas assistidas, tendo em vista a prática voltada para a
caridade.
A
Lei nº 11.635 de 27/12/2007, instituiu o “Dia Nacional de Combate ao
Preconceito Religioso”, que passou a proteger as religiões de matrizes
africanas, para evitar que alguns fiéis das igrejas neopentecostais
continuassem a fazer ataques à Umbanda.
Fonte:
Jornal “O Imortal” –
julho de 2018
Internet – Umbanda
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São Luís, 1/8/2018