quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

CHEGANDO A CASA ESPÍRITA


 
  V                             
 CHEGANDO À CASA ESPÍRITA
  Autor: Américo  Canhoto

Neste artigo, esclarecemos sobre:

Assistência espiritual       
 Natureza dos médiuns
 O que é o Espiritismo
 Existências passadas         
 Vida além da morte       
 Provas e expiações          
 Origem das aflições
 O que é reencarnação
 Quem fui?   Quem sou?

Chegamos a Casa Espírita, ansiosos, respeitosos, esperançosos. Certamente a maioria das pessoas quando chega à Casa Espírita, acredita que seus problemas serão resolvidos de forma mística, milagrosa, sobrenatural. Nem imaginam o quanto é difícil formar tarefeiros que possam ajudar e quantos anos de esforços de muitas pessoas são também necessários para mantê-los firmes e motivados na tarefa.

Ao chegar, admiramos as pessoas que circulam por ali na condição de trabalhadores da casa, com tanta desenvoltura, como se fossem médiuns. Engano nosso. A maior parte deles é simplesmente como nós. Se não são médiuns, o que será que os leva a tornarem-se tarefeiros da casa espírita?  A resposta é simples: Depois de um tempo (cada um a seu tempo), sentimos necessidade de retribuir os benefícios que de uma forma ou outra, recebemos quando buscamos a ajuda da espiritualidade.Outra finalidade deste artigo é auxiliar o leitor a utilizar-se dos benefícios da casa espírita com mais eficiência. Apontaremos ainda de forma simples os acontecimentos mais comuns que nos levam a procurar auxílio espiritual (ao longo do tempo essas informações poderão ser complementadas com leitura, estudo e palestras).  Cada pessoa vem impulsionada por motivos semelhantes embora distintos:  1- Problemas de saúde; quem não os tem de uma forma ou de outra?  2- Problemas financeiros; sejam eles de pequeno ou de grande porte. 3- Problemas familiares. 4- Desemprego. 5- Dificuldades no trabalho. 6- Ansiedade. 7- Medo.  8-Angústia. 9- Depressão leve ou aguda. 10- Traição. 11- Abandono. 12- Obsessão.

A maior parte das pessoas é encaminhada pela dor; alguns chegam movidos pelo interesse em aprender e vários por simples curiosidade. Mas sempre chegam por indicação de alguém que freqüenta ou freqüentou uma casa espírita. Para conhecimentos de todos, esboçaremos um ligeiro resumo da Doutrina dos Espíritos, por meio de perguntas que imaginamos sejam feitas por boa parte dos que chegam seguido de respostas rápidas e simples que, com o tempo devem ser complementadas com a leitura das Obras Básicas de Allan Kardec.

Esperamos também contribuir para que as orientações sejam mais proveitosas para quantos estejam necessitados de ajuda, já sabendo o que pode esperar de auxílio da casa e dos Espíritos Protetores. Bem-vindos à Casa Espírita ou aos conhecimentos proporcionados pelo Espiritismo.
                                                           
INÍCIO

“Conheço um Centro Espírita que pode te ajudar!”
Talvez você já tenha ouvida esta informação de alguém. É mais que uma informação, é um amoroso convite para que vivamos sob as leis que o Mestre Jesus nos apresenta no Evangelho: Amor, fraternidade, caridade. O belo caminho que Ele nos descortina e por meio do qual nos guia, se quisermos segui-lo na caminhada de volta ao Pai Celestial. Os desconhecidos, os amigos e até os nossos familiares nos convidam, mas a verdade quem nos conduz à Casa Espírita são os Espíritos fraternos (nossos guias protetores), que agem intuindo essas pessoas para que renovem o chamado; atendê-lo é que depende de cada um. Alguns até aceitam, mas assim que melhoram das suas aflições, logo se afastam.  A dor é renovadora ao colaborar na transformação íntima e nos procedimentos, que breve conduz a um alívio e, depois, à tão sonhada cura física e à renovação moral. Nossa chegada à Casa Espírita é uma nova oportunidade para que reafirmemos o nosso compromisso com a causa do bem. Isto não quer dizer que sejamos criaturas más.  O problema é que estamos tão centrados nos interesses do dia-a-dia que nos esquecemos dos nossos compromissos espirituais assumidos anteriormente, a presente existência.

É lógico que ainda enfrentamos sérios impedimentos para atender ao chamado da espiritualidade. Mas nossos amigos da espiritualidade são incansáveis e nos convidam  tantas vezes quantas sejam necessárias, a comparecer à Casa Espírita, para aliviar nossas dores, pela compreensão das razões que nos levam ao sofrimento. Os benfeitores espirituais trabalham muito para nos despertar para as leis divinas que cumpridas, nos libertarão, para exercitarmos o amor e a caridade e sem esperar recompensa ou retribuição, exceto nossa paz e felicidade.

BEM-VINDOS

Bem-vindos aqueles que atenderam ao convite. Comecem desde já a exercitar o perdão, porque os trabalhadores espíritas são pessoas tão problemáticas e imperfeitas quanto às outras. Por favor, sejam pacientes. Irmãos, aqueles que os recebem lutam com dificuldades como as de todos nós: doenças do corpo e da alma, problemas no lar, no emprego, falta de dinheiro, angústias, frustrações, etc... Compartilhem do ambiente espiritual da casa como irmãos que afinal somos perante o Pai. Sintam-se em casa...

A CASA ESPÍRITA

É um Centro, uma associação, um grupo de estudos, uma escola, um abrigo e um hospital. Quando entramos em uma Casa Espírita, não sabemos o que esperar nem o que ou quem encontrar. È normal que ao despertarmos para a necessidade de buscar a Deus seguindo os passos de Jesus o sentimento de esperança nos encha o coração de expectativas que correm o risco de se transformarem em frustrações.

O que é uma Casa Espírita? -  No sentido de assistência espiritual, é um local onde se reúnem encarnados e desencarnados com a finalidade de consolar, socorrer, instruir e evangelizar. No contexto social, é uma associação sem fins lucrativos, que eventualmente mantém grupos de assistência social, como: creches, escolas, asilos, hospitais, cursos, amparo a crianças e a idosos necessitados, etc. O local onde funciona pode ser próprio, alugado ou emprestado.
Tenho que pagar alguma coisa?  -  Seguindo os ensinamentos de Jesus, “Daí de graça o que de graça recebeis” (Mat.10:8), nada é cobrado pela assistência espiritual prestada na casa espírita. Os Espíritos Benfeitores que assistem os médiuns e inspiram seus colaboradores nada exigem, gratificando-se com o bem-estar e o progresso alcançado pelos freqüentadores.

Como a casa espírita se mantém?  - As necessidades financeiras da Casa Espírita são supridas basicamente de duas formas:  a- Contribuição mensal dos associados, e doações voluntárias; há também a venda de livros, etc.

Como se formam as Casas Espíritas?  - A organização espírita é apoiada pela espiritualidade. Seu desenvolvimento, porém, depende dos encarnados. Duas ou mais pessoas com propósitos definidos de fazer o bem, se reúnem e fundam a entidade, para trabalharem em favor da humanidade e do desenvolvimento moral das pessoas.

Quem são os trabalhadores da Casa Espírita? -  No plano espiritual, os Espíritos  Superiores, que assumem a missão de amparar a instituição; no plano material, os trabalhadores são pessoas voluntárias que se propõem a uma tarefa que irá ajudar outras pessoas que necessitam de ajuda espiritual.

Todo trabalhador da Casa Espírita é médium? -  Nem todas as tarefas que se realizam na casa espírita, necessitam de percepções mediúnicas (médiuns). Há as pessoas que fazem palestras, os que cuidam da biblioteca, o tesoureiro, as pessoas que varrem e limpam  o salão e os que fazem outros serviços, necessitam apenas de boa vontade e disposição.

A DOUTRINA ESPÍRITA

Não foi Allan Kardec o criador nem o inventor do Espiritismo. Ele recebeu da espiritualidade a incumbência de organizar as informações ditadas de forma espontânea por vários Espíritos, que se manifestaram em diversos lugares do mundo, por intermédio de muitos e diferentes médiuns; por isso o Espiritismo, nome dado por Kardec, é também conhecido e mais apropriado chamá-la de: Doutrina dos Espíritos.

O Livro dos Espíritos apresenta-nos a filosofia da doutrina com perguntas feitas por Kardec e respostas dos Espíritos Superiores.  O Livro dos Médiuns mostra-nos a interatividade entre encarnados e os desencarnados.  O Evangelho Segundo o Espiritismo oferece-nos de forma prática e simples a explicação de toda a moral cristã. O livro, A Gênese, oferece-nos a idéia de como foi á criação do mundo e explica os milagres de Jesus. O livro, O Céu e o Inferno, contem às explicações religiosas sobre os planos superiores e inferiores.  Recomendamos a todos os que desejam conhecer a Doutrina dos Espíritos, que estudem as cinco Obras Básicas de Allan Kardec, iniciando pelo Evangelho.

QUEM SOMOS E O QUE FAZEMOS AQUI ?

Somos espíritos em jornada de evolução. Uma criança que acaba de nascer pode ser um espírito mais evoluído do que seus pais, ou tão problemático e devedor à justiça divina quanto eles. A criança manifesta seus impulsos e tendências desde o princípio da gravidez, e é uma pena que esqueçamos essa verdade na hora de educar nossos filhos, pois de certa forma a reforma íntima começa no berço. Nessa dimensão da existência, na condição de encarnados, aprimoramos nossa moral e desenvolvemos a inteligência e a criatividade sob o amparo das leis.  Há classes privilegiadas de seres humanos?  Não, a igualdade entre os espíritos é total, sejam brancos, negros, índios, ricos, pobres, bonitos ou não. Temos todos, o mesmo potencial a ser desenvolvido em todos os sentidos. As diferenças que existem entre uns e outros, explicam-se; é que após existência e mais existência cada qual desenvolveu mais qualidades ou menos, segundo sua vontade e conforme as possibilidades e oportunidades que se propôs a aproveitar. Como exemplo, podemos citar a forma pela de alguns rejeitarem as chances de se instruírem: seus pais esforçam-se para lhes oferecer a melhor escola, cursos de língua e outros, mas eles se recusam a estudar. Na próxima encarnação é possível que sejam daqueles que reclamam da falta de condições e oportunidades de instrução e formação profissional. Enfim, cada qual aproveita as chances oferecidas conforme seu livre-arbítrio. Aqueles que não quiseram aproveitar, quando chegarem ao plano espiritual vão lamentar, e na próxima existência as oportunidades serão mais difíceis.

O QUE É REENCARNAÇÃO?

Reencarnação é renascer; nascemos e morremos (melhor dizendo: libertamo-nos do corpo físico), e renascemos incontáveis vezes segundo nossas necessidades de evolução. Não há limites de encarnações para a evolução do espírito. O progresso que é uma Lei Divina, é contínuo, seja aqui na Terra, na espiritualidade ou em outros mundos. De tempos em tempos, para ajustar-se ao progresso, há expurgos de espíritos nos vários mundos que se espalham pelo Universo, como disse Jesus: “Há muitas moradas na casa de meu Pai...” Espíritos que não alcançaram a condição necessária, são remanejados para outros mundos. Para entender melhor o assunto, recomendamos a leitura do livro “A Caminho da Luz”.

QUEM SOU?

Igual a todos, cada um de nós é um espírito que já viveu muitas existências, com muitas experiências, tanto boas como más. A necessidade de estar aqui sinaliza que, ao longo desse processo, continuamos em débito com as leis divinas. Ao renascer (reencarnar) trazemos nosso projeto a ser desenvolvido durante a existência, conforme nossas escolhas e experiências anteriores. Parte desse projeto é simples resultado de escolhas anteriores mal resolvidas ou que exigem reparação, algo mais ou menos compulsório. A outra parte do nosso projeto pode ser escolha voluntária que faremos durante a existência, para desenvolver qualidades e nos aprimorarmos. Sempre estamos recebendo ajuda dos nossos guias espirituais para termos êxito na nossa missão.

 PORQUE ESQUECEMOS AS EXISTÊNCIAS PASSADAS?

Esquecer o passado é uma bênção de Deus. Se nos lembrássemos, sofreríamos inutilmente com essas recordações; o sentimento de culpa ou o remorso retardaria nosso progresso. A Doutrina dos Espíritos ajuda-nos a ser práticos e nos concentrar nas tarefas, que nos são apresentadas sob a Lei de Causa e Efeito. Ontem é um tempo que não existe mais e o amanhã é um tempo que ainda não existe, uma ilusão. A realidade é o presente e nele devemos concentrar toda nossa atenção, vigiando, orando, e praticando boas ações.

QUEM FUI EM EXISTÊNCIAS ANTERIORES?

Secretamente temos o desejo de saber quem fomos, nas existências passadas. Saber quem fomos poderá ser muito difícil e muitas vezes não é nada interessante descobrir. Entretanto, conhecer nossa personalidade da última existência é muito fácil. Para começar, devo responder a estas perguntas: Quem sou atualmente?  O que sei a respeito do que sou hoje?  Como penso, sinto e me comporto atualmente? Infelizmente, quase sempre não há pessoa mais desconhecida para nós do que nós mesmos. Analisando estas perguntas e as respostas que daremos, saberemos com é nossa personalidade. Se pudéssemos saber, será que gostaríamos de ter sido um dos que votaram a favor de soltarem a Barrabás e crucificarem a Jesus? - Se pudéssemos saber, será que gostaríamos de ter sido um dos que tocaram fogo no corpo do sacerdote Jan Huss, que defendia a pureza do Cristianismo? – Será que se pudéssemos saber gostaríamos de ter sido um dos algozes que torturou e queimou na fogueira a Joana D’arc?  Vamos deixar o passado e viver o presente da melhor maneira, para nós e os nossos semelhantes.

 Somos pessoas de bem... mais, ou menos,  ou ainda estamos precisando de muitas e muitas outras encarnações para fazer o nosso progresso e chegar até próximo a Jesus? 



Jc.
S.Luis, 17/12/2009


OBS:  Fizemos algumas supressões, inclusões e modificações
que não prejudicaram o conjunto. Que nos desculpe o autor.
          
                                                                

PANDEMIA DEPRESSIVA




                           PANDEMIA  DEPRESSIVA
No momento em que as conquistas libertadoras da inteligência alcançam elevados índices de superior tecnologia e de grandiosa compreensão científica em torno da vida e das suas complexidades, assim como do macro e do microcosmo, os desvarios da emoção fazem-se assinalar por angústias devastadoras, nas existências vazias de significado.
Paradoxalmente, nunca houve tanto conforto, tantas concessões ao prazer, ao poder, ao trabalho e ao repouso, à alimentação bem balanceada, aos relacionamentos sexuais, às comunicações e recreação, apresentando-se, ao mesmo tempo, aflições incontáveis, graves transtornos de comportamento, alienações mentais que se expressam de maneira sutil ou vigorosa, ceifando o encantamento e a alegria das criaturas humanas.
Uma onda volumosa de desespero, silencioso em alguns momentos e noutros gritante, toma conta da sociedade terrestre, dizimando as belas florações da esperança e atirando as pessoas desavisadas aos fundos dos poços do desinteresse pela existência e pelas lutas renovadoras... A aquisição de tudo quanto parece constituir meta, vitória existencial, subitamente cede lugar ao tédio, ao amolecimento da vontade, ao desânimo, com indescritíveis prejuízos para a sociedade.
A princípio, apresenta-se em forma de tristeza pertinaz que se faz acompanhar por um séquito de ferrenhos adversários da paz, exaltando as emoções ou amortecendo-as, anulando os interesses pela permanência dos objetivos essenciais, dando lugar à melancolia, que se instala pernicioso, convertendo-se em grave depressão.
O ser humano deve alcançar os patamares superiores do conhecimento e do amor, vivenciando a sabedoria, numa síntese harmônica de conquistas da inteligência e do sentimento,  mas as aspirações exageradas,  a movimentação contínua, resultam  em ansiedade, desgastando as energias,  dando lugar ao nervosismo e ao desfalecimento das forças, fragilizando a pessoa. De certo modo, as ocorrências psicossociais, tais como a desintegração da família, a perda das tradições, a solidão no grupo social, contribuem para o aumento dos distúrbios da emoção e de transtornos psíquicos  mais severos. Embora esses fatores também ocorram nas famílias ajustadas, nos grupos harmônicos, nas sociedades equilibradas, mais se manifestam quando esses valores são desprezados.
Inegavelmente, o ser humano encontra-se enfermo, às vezes em transitório estado de bem-estar que cede lugar a sucessivos desequilíbrios, quando surgem ocorrências predisponentes ou preponderantes para o surgimento das distonias... Sem desconsiderarmos as causas endógenas, que são propiciadas pelo Espírito desde o momento da sua reencarnação, como as perdas e o medo facultam abrir-se o leque imenso da psicopatia depressiva nefasta.
As estatísticas alarmantes dos suicídios encontram sua gênese, quase sempre, na depressão, desencadeada por circunstâncias aleatórias... Sem objetivos bem delineados e sem segurança íntima que proporcionam o equilíbrio real, o ser humano desfalece e deixa-se arrastar pela virose perversa e destrutiva. A depressão é doença do espírito e é o espírito que deve ser tratado. Depressão significa puxar para baixo, obrigando o Espírito a refugiar-se nas reflexões internas, a refazer observações, a percorrer novos caminhos.
Convidado o ser humano para as conquistas materiais, quase todas as suas aspirações cingem-se ao adquiri, ao ter, ao aparecer... É nesse momento que ocorre o fenômeno da melancolia, em razão do vazio que as conquistas externas proporcionam ao ser humano que não sente preenchido de objetivos reais o seu interior, sendo então conduzido à meditação profunda, de cujo abismo poderá sair renovado. Todo aquele que atravessa essa fase natural da existência física, mantendo-se lúcido e resolvido a esquadrinhar o abismo   das  reflexões   melancólicas,  consegue   superar   as sombras  e  alcançar  a claridade  do dia  de paz e  de alegria.
Lamentavelmente, o enfermo entrega-se à lamúria e ao autoabandono, passando a cultivar a autocompaixão e a revolta em relação aos demais que tem em conta de saudáveis, considerando-os imerecidamente privilegiados. Permitindo-se a autocomiseração, pensa apenas em fugir, desistindo da luta, em razão dos conflitos que o assenhoreiam e do desencanto que o domina. A existência impõe esforços que devem ser aplicados a benefício das conquistas desafiadoras, que aguardam aqueles que as desejam alcançarem.          Quem se detém na marcha, assinalando dificuldades, ou se recusa à tenacidade do trabalho, perde-se pelo caminho da evolução.
Aplicar o tempo no pessimismo, nas conjecturas deprimentes, é maneira de ampliar o quadro de angústia, malbaratando a oportunidade de libertar-se da injunção penosa em que transita. Todas as pessoas experimentam dificuldades e lutas, sofrem tristezas e desencantos, negando-se alguns a permanecer nesse estado de aflição injustificável. Quando ocorre a aceitação passiva da dificuldade e a submissão aos fenômenos internos que afligem o enfermo necessita da assistência médica, não apenas de natureza psiquiátrica, mas também do auxílio psicológico e espiritual, a fim de sair da modorra, de arrebentar as algemas constritoras da emoção enfermiça.
A depressão pode ser superada, caso o paciente opte pela luta e a ela se entregue com afinco. A concentração mental nos ideais do bem lentamente preenche o vazio existencial, estimulando os neurônios às sinapses, restabelecendo o ritmo e a produção dos neuropeptídios responsáveis pela alegria e dinâmica da existência. Nesse comenos, a oração deve ser transformada em hábito de reflexão, utilizando-a com frequência, de modo que possa sintonizar com as fontes do bem, de onde procedem as energias saudáveis e renovadoras.
Qualquer atividade, mesmo que constituindo um grande esforço, levando à transpiração, constitui também eficiente procedimento  terapêutico, ao  lado de  exercícios físicos, tais
como a ginástica, a natação, as caminhadas... É indispensável que o enfermo realize a parte que lhe diz respeito, desse modo cooperando para o próprio restabelecimento. Na raiz do transtorno depressivo, existe sempre uma psicogênese de natureza espiritual de caráter obsessivo, resultante da infeliz conduta anterior da atual vítima, razão pela qual as psicoterapias do amor, da prece, da caridade, da paciência e da resignação tornam-se indispensáveis.
Quando sintas o desânimo agravar-se no teu currículo de ações; quando for vítima de contínuos episódios de insônia com pensamentos conflitivos; quando experimentares indiferença afetiva em relação às pessoas queridas; quando o mau humor em forma de destemia passe a caracterizar-te; quando a irritação ou o desejo de isolamento social comecem a dominar-te; tem muito cuidado, pois que estás em processo depressivo.
Atenta para a renovação interior busca o auxílio espiritual e o especializado, não te afastando do Psicoterapeuta sublime, porque estás caminhando pela noite escura, a que se refere o discípulo João da Cruz...  Liberta-te da sombra morbosa e inunda-te da luz do sol da alegria, rumando na direção da saúde que te aguarda.
Nasceste para conquistar o infinito, e isso depende exclusivamente de ti.
Veja também o artigo:  “A  Depressão”

Bibliografia
Joanna de Ângelis, no                                                                         livro “Entrega-te a Deus”                                                                        + pequenas modificações.

Jc.                                                                                                        S.Luis, 11/7/2012

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

QUEM AJUDA OS OUTROS, SE AJUDA

QUEM AJUDA OS OUTROS SE AJUDA

Doar é um ato de amor e faz bem à saúde. Esta frase, que mais parece um dito popular, é na realidade, a conclusão a que chegou um estudo recente, realizado por pesquisadores brasileiros e norte-americanos. Exames feitos no Instituto Nacional de Saúde de Bethesda, nos Estados Unidos, em voluntários, usando um equipamento que faz uma ressonância magnética, permitiu saber a reação do cérebro no exato instante em que alguém se mostra disposto a ajudar uma causa nobre. Durante os testes, foram feitas aos voluntários, perguntas do tipo: “Você doaria seu dinheiro às entidades que trabalham pela paz?” ou “Você doaria seu dinheiro para entidades que cuidam de crianças?” Os pesquisadores observaram que toda vez que a pessoa respondia sim, duas áreas próximas ao tronco cerebral apresentavam mais atividades que as outras, justamente onde se dá a fabricação da dopamina, uma substância ligada à sensação do prazer. A pesquisa chegou ainda a outra conclusão que vai deixar muita gente surpresas: que essa satisfação não se associava ao fato de se ganhar dinheiro, mas somente à satisfação de se ajudar uma causa nobre ou de se doar por alguém.

“As decisões de doar foram relacionadas à sensação de compaixão e de admiração. São as duas emoções morais relacionadas a esse ato de se sacrificar para doar por uma causa nobre, por um princípio, por uma boa ação” – explicou o neurocientista Jorge Moll Neto, que concedeu entrevista ao programa “Fantástico” da TV-Globo, realizado em 24 de dezembro de 2006.

No livro “Para uma vida melhor na Terra”, a benfeitora espiritual Rosângela, pela psicografia de José Raul Teixeira, fala sobre a importância do amor na existência, dizendo: ”Se tiveres um pouco de atenção e olhares em torno de ti, encontrarás variadas maneiras de vidas que se reportam ao amor do nosso Criador, em cada movimento. A natureza está sempre oferecendo valores à vida, em homenagem ao Pai Celestial, enquanto também se enriquece de luz, de cores e de harmonia. Se de longe vires um canteiro, onde existam flores, alcançarás somente os matizes multicolores das corolas; porém se te aproximares, sentirás que quando beijada pela brisa, as flores exalam perfumes, dando um pouco mais na beleza terrena. Se olhares a exuberante queda d’agua que despenca da montanha, observarás apenas um soberbo espetáculo de força e vigor. Mas, se te acercares dela, verás um risonho arco-íris que se desenha sobre as gotículas suspensas no ar, a fim de que, ao refletir os matizes da luz, possa ofertar um pouco mais em favor da beleza terrena. Se contemplas ao longe, a neve que inspira friagem e desolação, na branca vastidão do inverno, e se te achegares mais perto, descobrirás as miríades de cristais a refletir os raios do Sol, como pequeninos brilhantes pingentes, no anseio de cooperar um pouco mais no embelezamento do mundo”.

“Se olhares o velho tronco de árvore, apodrecido pelo tempo e abandonado, terás à frente dos olhos apenas um poleiro de múltiplas aves. Entretanto, se te avizinhares, descobrirás um ninho aconchegante e bem arranjado que abriga os filhotes que piam ensaiando o canto do futuro, a fim de tornar mais belas as paisagens terrenas. Se, por entre ameaçadores zumbidos, o enxame de abelhas que se agita te deixa temeroso, não consegues te dar conta do que ocorre de fato. Ao te aproximares, encontrarás uma sociedade organizada, com os trabalhos devidamente distribuídos, sob ordem e obediência, produzindo o mel para quem os necessite, homens e animais, de modo á dar um pouco mais para o bem estar do mundo. Enfim, para onde voltares os olhos, perceberás sempre o louvor que se estabelece com a natureza, dirigido ao nosso Pai Criador. Deus quer que ames e que ofereças um pouco mais de ti à vida. Não te furtes desse destino; não te negues a atender a esse anseio que o Pai Celestial espera de ti. Busca aprender sempre mais, a fim de mais te libertares das cadeias do egoísmo; trabalha com afinco e alegria, para te tornares afinado instrumento nas mãos do Senhor, e ama, porque foste feito a Sua semelhança e porque não deves mais deter o vôo que te fará alcançar o teu destino de felicidade, cujos fundamentos estão na ajuda aos teus semelhantes.”

O Prêmio Nobel da Paz de 2006 foi concedido ao Banco Rural de Bangladesh, na pessoa do seu fundador, o economista Muhamad Yunus, por criar uma rede de microcrédito para os mais pobres, sem qualquer garantia financeira. O Comitê Norueguês da Fundação Nobel, ao anunciar o prêmio, declarou: “A paz duradoura não pode ser alcançada a menos que grandes grupos da população encontrem meios de sair da pobreza”. Esse sistema de microcrédito criado por Yunus, já foi copiado por mais de 100 países, inclusive os Estados Unidos. O prêmio concedido ao bengalês trás a baila a questão da promoção social, prática que não é o assistencialismo – mera doação de bens, sem maiores compromissos com o indivíduo na sociedade. Yunus que é chamado também de “Banqueiro dos pobres”, não dá esmolas, mas ajuda os pobres a ajudarem a si mesmos, proporcionando-lhes o ensejo de iniciar seus próprios investimentos, por menores que sejam. Desse modo incorpora à economia os chamados excluídos sociais, por meio da criação de oportunidades de trabalho...

Algumas pessoas vivem sem despertar suas potencialidades, passando necessidades em função da preguiça e até mesmo por comodismo. Lembramos uma história que ilustra bem esta situação: “Existia uma família que morava em um sítio, em condições de extrema miséria. O panorama era desolador: um casebre em ruína, o matagal cobrindo toda a área, e em cada rosto as marcas do sofrimento. Sobrevivia essa família apenas do leite fornecido por uma vaca. Uma parte era consumida e a outra era vendida. Os vizinhos se compadeciam do sofrimento dessa família e falavam: - Ainda bem que Deus os favoreceu com a vaquinha, pois se não fosse ela, como sobreviveriam? Os dias se sucediam e nada mudava naquele sítio. Porém, num certo dia aconteceu o inesperado – a vaquinha morreu. Diante da situação, apenas uma solução se apresentava para a família, não morrer de fome – trabalhar. Todos então foram à luta; limparam a terra e começaram a plantar. Passado algum tempo, o panorama era outro. Começaram a colher a safra, a casa de taipa deu lugar a uma casa de alvenaria, em vez de uma vaquinha, agora tinham uma vacaria e em cada rosto notava-se a satisfação... Diferente do que parecia uma tragédia, a perda da vaquinha foi a solução para quebrar a preguiça e o comodismo e despertar as potencialidades adormecidas naquela família...”

Todos nós temos os recursos necessários para vencer as crises que a existência nos proporciona. Não devemos permitir que o medo, a preguiça, a acomodação ou mesmo a revolta nos roube a oportunidade de crescimento.

Pelos ensinos dos Espíritos Superiores, pode-se dizer que “promover o ser humano é, acima de tudo, oferecer-lhe condições para superar a situação de penúria sócio-econômica, moral e espiritual em que se encontra. Fazê-lo sentir-se Espírito livre e responsável pelo seu destino é descortinar-lhe as possibilidades que traz adormecidas, em seu interior e que precisam ser trabalhadas por meio do próprio esforço nas experiências do dia-a-dia, a fim de que adquira o de que necessita, não só em termos materiais, mas principalmente, espirituais”. Na visão espírita, a promoção social possui abrangência maior, uma vez que se baseia no verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus, ao recomendar-nos “O amai-vos uns aos outros”, postura a adotar perante o ser em situação de carência, fraternidade, simpatia e respeito, buscando ver nele um irmão em Cristo, para que ele se ligue também a nós pelos laços da amizade.

É nesse sentido que se expressa Allan Kardec: “Amar o próximo como a si mesmo, é fazer aos outros, o que quereríamos que os outros fizessem a nós”; é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do ser humano para com seu próximo, principalmente, aquele que está mais próximo de nós, na família. A prática dessas máximas tende à destruição do egoísmo ainda tão presente no mundo em que vivemos...

O governo brasileiro, através da Lei nº. 5063 de 4 de julho de l966, instituiu o “Dia da Caridade”, a ser comemorado anualmente no dia l9 de julho, com o objetivo de difundir e incentivar a todos, a prática da solidariedade entre os brasileiros e os demais povos aqui domiciliados. A Lei estabelece no Artigo 2º o seguinte: “A organização das comemorações ficará a cargo dos Ministérios da Saúde, Educação e Cultura, constando obrigatoriamente de visitas a hospitais, casas de misericórdia, asilos, orfanatos, creches, presídios e a todos os demais lugares onde a necessidade e a dor se façam sentir.” É bem verdade que a Caridade não se tornará, num passe de mágica, uma instituição nacional só porque o Governo estabeleceu mais um dia no calendário das datas comemorativas do país. Mas o dia l9 de julho representa o reconhecimento oficial da sublimidade contida nos ensinos de Jesus, e bem pode se constituir no marco de uma nova era de entendimento e de boa vontade entre as pessoas. 

Sabemos bem que, esmola, filantropia e Caridade, são três coisas distintas. A esmola é uma doação material, geralmente passageira, sem compromisso com as causas que levaram a pessoa a esmolar. A filantropia, que está associada a um processo de doação, ajuda a pessoa a alcançar outro nível da sua situação de miséria. Portanto, esmola é pura doação; filantropia é promoção, maneira de melhorar o ser humano, dando-lhe outra condição. Já a Caridade é mais de ordem espiritual. Pode ela valer-se de situações materiais como a esmola e a filantropia. A Caridade, porém, é benevolência, é bondade, é indulgência, é amor, um conjunto de sentimentos que brotam do íntimo, irradiando e envolvendo as pessoas e seres, objetos da ação. Para dar esmola ou fazer filantropia, necessitamos de recursos materiais, mas, para fazer a Caridade, precisamos abrir e permitir que nossos sentimentos nobres atuem em favor do nosso próximo. 

Jesus que nasceu pobre e assim viveu que não tinha sequer uma pedra onde repousar a cabeça, como afirmou certa vez, foi o primeiro a praticar a Caridade, que passou a partir daí, a ser definida como uma forma de amor ao próximo, não mais como simples ajuda. Ele a exemplificou, distribuindo á Caridade a justos e injustos, bons e maus, pecadores e publicanos; curou cegos, aleijados, paralíticos, doentes e leprosos... Vamos imitar o Mestre Amado, contribuindo com nossa parcela, para a melhora dos necessitados e sofredores. Um olhar de ternura, um gesto de compreensão, uma palavra de esperança, um abraço de irmão, uma prece fervorosa, um pão repartido, um remédio, uma roupa sem uso, uma contribuição dada com carinho e um pouco de nós mesmos, faz bem ao nosso próximo... mas faz bem primeiro a nós mesmos... Experimente assim fazer e verá.

Recordemos Jesus quando disse: “Vinde, vós que fostes benditos por meu Pai; possuí o reino que vos foi preparado; porque eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; tive necessidade de abrigo e me abrigastes; estive nu e me vestistes, estive doente, e me fostes visitar; estive preso e viestes me ver...” – “Pois em verdade vos digo; quantas vezes o fizestes, a um destes mais pequeninos necessitados e sofredores, que são meus irmãos, foi a mim mesmo que o fizestes...”

A verdade é que nós seres humanos estamos quase sempre a pedir, mas bem poucas vezes nos lembramos de ajudar, de dar a quem precisa. Devemos lembrar que a Caridade é a melhor maneira de nos aproximarmos de Deus. Procuremos imitar as ações de desprendimento e de caridade de Lins de Vasconcelos e muitos outros benfeitores da humanidade. Finalizando, recordo o apóstolo Tiago na sua Epístola, cap.4:l7 onde afirma: “Todo aquele que sabe fazer o bem e não o faz... será responsável pelo mal que resulte de não haver praticado o bem”. 

Sinta a alegria e a satisfação de fazer o bem; por outro lado, quando fazemos o mal, nos sentimos tristes, arrependidos e a nossa consciência fica a nos acusar e a nos alertar de que breve esse mal retornará maior até nós, pela lei de “Causa e Efeito” ou de “Ação e Reação”.

Que o Senhor nos ilumine para a prática do Bem...

Bibliografia:
“Para uma vida melhor na Terra”
“Novo Testamento”

Jc.
S.Luis, 19/02/2007.
Refeito em 21/01/2013