A
humanidade depende cada dia mais de energia, mas a produção da energia tem tudo
a ver com o aquecimento global do planeta. E o aquecimento se não for
controlado ou evitado, pode levar à impossibilidade da existência humana na
Terra.
É
urgente se questionar: será que a humanidade precisa mesmo de toda a energia
que consome para viver e ser feliz? Uma realidade precisa ficar clara: a
humanidade não precisa de tudo que as empresas capitalistas produzem. É o
marketing que cria as necessidades ilusórias. É possível reduzir muito a
quantidade de energia suja, consumida, e suprir com energia limpa, sem
prejudicar a vida das pessoas.
Partindo
dessa possibilidade, e sendo necessidade imperiosa rever o consumo de energia, vem à tona a
questão: a energia realmente necessária pode ser produzida de forma limpa, sem
a emissão de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso na atmosfera, como se
dá com o uso do carvão, do petróleo, do gás e das águas das grandes represas, agravando o problema do planeta.
Ponto
de partida: não há nenhuma energia totalmente limpa – a não ser a que o sol e
os ventos oferecem naturalmente, sem intervenção humana. Toda geração de
energia, atualmente, implica extração de materiais da natureza, sua queima
industrial, transformando-os em diferentes fontes de energia. Mas há
possibilidade de escolha entre as fontes, assim como é possível tornar mais
eficientes e diminuir os efeitos dos processos de industrialização fazendo-os
mais eficientes.
É
nessa direção que se costuma dizer que a energia produzida pela hidroelétrica
seria limpa, porém, afirma-se que a energia eólica é ainda mais limpa, e que a
energia solar seria a mais limpa de todas. Em que sentido se usa a expressão
adjetiva “limpa?” – O primeiro uso é o comparativo. Por exemplo. A energia
hidrelétrica seria mais limpa porque usa fonte renovável, a água dos rios, e
não emitiria gases de efeito estufa como as usinas térmicas, que usam como
fonte a queima de petróleo, gás, carvão, parecidas com a energia nuclear.
A prioridade de uma política energética deve
ser a diminuição e, se possível, o abandono do uso dos derivados do petróleo, do
carvão e do gás. Mas isso não basta. É preciso examinar os custos sociais e ecológicos da
hidroeletricidade. Estudos científicos estão demonstrando que em todas as
represas construídas para reter as águas e mover as turbinas, e de modo
especial em regiões de alta biodiversidade como a Amazônia, há geração e emissão significativa de gás metano para a
atmosfera. Além disso, sua construção significa interferir nas funções
ecológicas dos rios, remoção de algumas comunidades indígenas e ribeirinhas, derrubada
ou enterro de áreas imensas de florestas, alteração do ambiente de vida
de animais das águas e das matas, portanto, nada limpa.
Em
relação às usinas nucleares, além dos riscos de contaminação das pessoas, de
outros seres vivos, das águas e do próprio solo nos processos de extração,
transporte e armazenamento do urânio, basta lembrar os desastres de Fukushima,
para perceber que essa energia não pode ser definida como limpa. Outra mentira
é a que apresenta os agro combustíveis como energia limpa, por ser gerada a
partir de vegetais. Mas, se observarmos no presente o quanto tem aumentado o
preço dos alimentos por causa dos solos ocupados com a produção de cana de
açúcar, milho, soja, já se percebe como ela é socialmente suja. Além disso,
como a produção é feita em imensas monoculturas com muitos produtos químicos e
venenos, os estragos socioambientais são
gravíssimos, tornando-a uma energia nada limpa.
Em
relação à energia eólica e solar, informamos: 1- Trata-se de fontes renováveis
e limpas, proporcionada pelos ventos e pelo sol; 2- Sua produção e uso é que podem ser
consideradas limpas, a saber: Os
processos de produção industrial dos componentes necessários – as torres e
hélices dos cata-ventos e as células
fotovoltaicas podem ser realizadas com cuidados e com o uso de mais ou menos
energia, e a produção pode ser feita de forma centralizada em grandes usinas ou
de forma descentralizada, em casas e prédios, no caso da solar, e em terrenos
públicos e espaços comunitários com gestão coletiva, no caso da eólica,
tornando-as energias mais limpas.
Aqui
onde moro, na cidade de São Luís, é uma ilha, com ventos e sol muito fortes,
principalmente na orla marítima, durante o dia inteiro, onde, se houvesse
interesse, seriam colocados os cata-ventos,
usando a força
dos ventos, ou os painéis
das
células
fotovoltaicas, usando o calor do sol, para fornecer a energia limpa necessária
a esta cidade e a outros municípios vizinhos. Infelizmente, o setor responsável
nada fez até hoje, para aproveitar essas energias que nos são oferecidas pela
natureza, e que seriam verdadeiramente limpas sem nenhum prejuízo para os seres
humanos.
Esperamos
que em algum tempo, as autoridades do Maranhão
se sensibilizem para essa forma de energia barata e limpa e tratem de
imitar os outros Estados que já estão agindo assim.
Fonte:
Jornal “Mundo Jovem”
– nº 441
Autor: Ivo Poletto
+ Acréscimos
Jc.
São Luís, 25/9/2016