sexta-feira, 10 de maio de 2013

M Ã E




                                                    M Ã E
De todas as datas comemorativas, uma das mais importantes é a que enaltece e reverencia a figura da mulher-mãe. Para se falar das conquistas da mulher, temos que criar o referencial, antes e depois de Jesus. – Antes, a mulher era uma criatura insignificante que nenhum homem, fosse pai, irmão ou marido, lhe dirigia a palavra na rua. A lei judaica declarava a mulher inferior ao homem, e, comprava-se uma mulher por dinheiro, contrato e relação sexual. A mulher, nesse tempo, valia menos do que um animal ou um escravo. Depois, Jesus acabou com tais preconceitos, ao se dirigir a uma mulher samaritana, considerada uma inimiga, para pedir água; além disso, era uma pecadora. Também era pecadora e repudiada pela sociedade, Madalena, a quem Ele fez a portadora da Imortalidade da alma (espírito), ao reaparecer para ela após sua morte física. Jesus foi o primeiro a valorizar as mulheres e a aceitá-las na sua missão. 
Muito se tem falado em todos os tempos, sobre a figura da mãe, dedicada, carinhosa e abnegada. Aquela que nos carregou no ventre por nove meses, com sofrimentos e alegrias. Todos tiveram e se lembram de sua mãe; alguns tiveram a felicidade de terem duas mães; uma que lhe pôs no mundo e outra que lhe criou. Ambas devem ter o carinho de seus filhos, porque cada uma contribuiu para a sua existência atual. Nas páginas do Evangelho, encontramos Maria de Nazaré, a mãe carnal de Jesus. Foi à missionária que recebeu em seu ventre, o grande enviado de Deus, que veio a Terra, desempenhar a mais sublime das missões, e que trouxe à Humanidade sofredora, o iluminado código de verdades que são os seus ensinamentos. No desenvolver de sua tarefa de mãe, sofreu o impacto doloroso de ver o seu filho inocente, ser preso, açoitado e crucificado.
Não podemos deixar de lembrar também das outras três Marias que ilustram as páginas do Evangelho; Maria de Magdala ou Madalena, a mulher que deve servir de exemplo para todas as mulheres do mundo. Abandonando uma existência de luxúria, de ostentação e de pecados, ela soube sair vencedora da dura batalha que travou.  Lavando os pés de Jesus, com perfume e com lágrimas, e os enxugando com seus cabelos, ela demonstrou todo seu arrependimento, tornou-se a mais dedicada seguidora de Jesus, ao ponto de tornar-se merecedora de receber a visita do Espírito de Jesus, com prioridade, após a sua ressurreição. O Mestre assim procedeu, para dar uma demonstração viva do seu apreço, pela reforma íntima que ela havia realizado.
Maria de Betânia, foi a jovem que maior apreço demonstrou aos ensinamentos de Jesus. Em sua pureza, revelou também todo o apreço e dedicação ao Mestre, lavando sua cabeça com valioso perfume, numa demonstração viva do modo como assimilava todos os ensinamentos que emanavam de Jesus. Ela não perdia a oportunidade de ouvi-lo, todas as vezes que Ele visitava Betânia.

Maria, mãe de Marcos, foi à mulher dedicada que abrigava os apóstolos em sua casa, após a partida de Jesus, tornando-se assim, valorosa cooperadora na tarefa de dar sustentação aos apóstolos do Mestre, os quais tinham sobre os ombros, a enorme missão de divulgar os ensinos evangélicos.
Há pouco tempo tomamos conhecimento pela fala de uma criança que, ao ser indagada sobre o que desejava ganhar como presente, no dia do seu aniversário, respondeu: “Quero uma mãe”. – Mas você tem uma mãe, por que quer outra ? – Voltou a responder a criança: “É que a mãe que eu tenho, ela sempre está fora de casa e não liga para mim”. Era o desabafo de uma criança de sete anos, retratando a sua realidade.
A mãe é a representante do Divino Amor de Deus na Terra, ensinando-nos a ciência do perdão, do carinho da caridade e do amor, em todos os instantes de nossa jornada terrena.  Se pudermos imitá-la nos exemplos de bondade e sacrifício que constantemente ela nos oferece, por certos seremos na existência, felizes e preciosos auxiliares do Reino de Deus. Toda mãe acha que seu filho(a) será sempre a sua criança, não importando a sua idade. Vários são os nomes  dessa mulher, mas sempre a chamaremos de MÃE.
Meimei, numa linda mensagem dedicada às mães, diz: “Quando o Pai Celestial precisou colocar na Terra, as primeiras criancinhas, chegou à conclusão de que devia chamar alguém que soubesse perdoar infinitamente; de alguém que não enxergasse o mal; que quisesse ajudar sem exigir pagamento; que se dispusesse a amparar as crianças, com paciência e ternura, junto ao coração; que tivesse bastante serenidade para repetir incessantemente às pequenas lições de cada dia; que pudesse velar, noites e noites, sem reclamação; que cantarolasse baixinho, para adormecer os bebês; que permanecesse em casa, por amor, amparando as crianças que ainda não podiam sair à rua; que falasse  sobre a existência e o mundo; que abraçasse e beijasse as crianças doentes; que lhe ensinasse a orar e a dar os primeiros passos; que os conduzisse à escola, a fim de aprenderem; que contasse muitas histórias sobre Jesus...  Dizem que nosso Pai Celestial permaneceu muito tempo examinando, e em seguida chamou a mulher, deu-lhe o título de “Mãezinha” e confiou-lhe as criancinhas...”
Esta é uma simbólica homenagem que faço a lembrança da minha querida mãe, desejando a ela, onde quer que se encontre meus sentimentos de gratidão, de respeito e de amor, por aquela que me deu a existência terrena.

Jc.
S.Luís, 8/5/2013

segunda-feira, 6 de maio de 2013

DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

 



           DOAÇÃO  DE  ÓRGÃOS


A medicina, em sua árdua tarefa de tratar do corpo, atenuar as dores e possibilitar ao ser humano uma vida mais longa e mais saudável, tem chegado a avanços notáveis, dignos do nosso apreço e reconhecimento. Assim, vimos desfilar nas últimas décadas deste século a quimioterapia, a imunoterapia e a radioterapia no tratamento do câncer; as vacinas de todos os tipos que diminuíram a incidência de doenças infecto-contagiosas; os novos métodos de diagnosticar moléstias e os transplantes de órgãos, devolvendo a alegria a tantas famílias ao verem recuperado o  familiar, quando a chama da vida se lhe ameaçava apagar.

Os primeiros transplantes de órgãos feitos com sucesso no Brasil, levaram a população ao entusiasmo, pois representavam para aqueles ameaçados de morte, diante da impossibilidade de cura de um órgão doente (coração, rins), uma nova esperança de vida. Foram criadas as filas de transplantes para as pessoas necessitadas, aguardar uma doação nas condições exigidas para tal fim, que pudesse fornecer-lhe o órgão para o transplante. Muito louvável o gesto da família que permitia que um ou vários órgãos do seu familiar “morto” pudesse ser retirado para salvar a existência de outra pessoa.

Quase todos os dias as emissoras de televisão têm apresentado no Brasil, com a necessária ênfase, depoimentos de artistas conclamando os brasileiros a darem maior importância ao ato de doação de órgãos de seus “mortos” queridos. A justificativa da campanha é óbvia, porque, como tem sido divulgado, contam-se aos milhares os que aguardam na fila de espera a oportunidade de receber um transplante, algo que não custa nada à pessoa que deixa este plano em seu retorno à vida na espiritualidade. Você sabia que quatro em cada 10 brasileiros que aguardam um transplante de fígado ou coração morrem na fila de espera? Para mudar essa situação, você só precisa avisar um parente  - esposo(a), filhos pais ou tios – que deseja dar aos seus órgãos um destino nobre após sua desencarnação. Assim fazendo, estamos contribuindo para ajudar quem se acha com alguma limitação na sua existência.

Conheça as oito dúvidas sobre a doação de órgãos: 1- Qual é o número de doações feitas por ano no Brasil? R- Cerca de 2 mil pessoas com morte encefálica (quando o cérebro para de funcionar, mas o coração ainda bate) doam todos os órgãos e 10 mil pessoas doam as córneas. 2- São números que atendem as necessidades? R- Não. As doações de córneas atendem às necessidades dos transplantes, e em São Paulo e Santa Catarina não há mais filas; estas existem na região Norte e Nordeste, onde o programa de doação ainda não está estruturado. Quanto aos outros órgãos, o número de doações vem crescendo, mas ainda não é o ideal. 3- Quantos pacientes estão atualmente na fila de espera? R- Por um rim, são 20 mil pessoas; por um fígado, entre 1,5 mil e 2 mil; por um coração ou um pâncreas, 200 pessoas. 4-Quais os transplantes mais realizados no País? R- Em primeiro lugar, o de córnea (15 mil por ano), depois o de rim (5 mil), e em terceiro o de fígado (2 mil). 5- Como é feita a doação? R- Mais de 90% dos transplantes são feitos pelo SUS. O programa de Transplante de Órgãos do Sistema Nacional de Transplantes  utiliza dois  critérios  para definir  o destino do  órgão:  o paciente que precisa mais ou aquele que encabeça a fila de espera – a decisão independe da condição sociocultural. Quem acompanha todo o trâmite são as secretarias de Saúde junto com o Ministério Público. 6- O que os interessados em doar devem fazer? R- Basta manifestar a vontade para a família, que tende a levar em conta o último desejo da pessoa em vida – não adianta deixar nada por escrito porque os parentes precisam autorizar a doação. Quando a pessoa desencarna, o hospital chama a central de captação, que envia uma equipe. Só depois de confirmado o óbito, os órgãos são retirados. 7- É possível só doar o que a pessoa quer? R- Sim, tem pessoas que, por questões pessoais, não querem doar o coração e essa vontade é sempre respeitada. 8- Quais órgãos são possíveis doar em vida? R- Um dos rins e parte do fígado, mas só para familiares (a menos que se consiga uma autorização judicial), para evitar o comércio do órgão. Doações de pais com idade avançada para filhos são as mais comuns.

Chico Xavier, respondendo certa vez a alguém que lhe perguntou se os Espíritos Superiores consideravam os transplantes uma prática contrária à lei natural, disse:  “Não”, respondeu o saudoso médium e completou: “Eles dizem que, assim como nós aproveitamos uma peça de roupa que não tem mais utilidade para determinada pessoa, e essa pessoa, considerando a situação de penúria material de seu semelhante, cede essa peça de roupa, é muito natural que ao nos desvencilharmos do corpo físico, venhamos a doar os órgãos prestantes a companheiros necessitados deles, que possam utilizá-los com segurança e proveito”.

Como Allan Kardec não tratou do assunto em suas obras, as divergências a respeito do assunto não foram poucas, e é nisso que avulta a importância do que Chico Xavier disse, complementado por declarações abalizadas como a feita, à época, pelo Dr. Jorge Andréa, que, em seu livro “Psicologia Espírita”, afirmou que não há nenhuma dúvida de que,  nas condições atuais de existência em que nos encontramos, os transplantes vieram para ficar e devem, por isso, serem utilizados. Declarou ainda o Dr. Andréa: “A conquista da ciência, é força cósmica positiva que não deve ser relegada a posição secundária por pieguismos religiosos”.

Hoje, depois de tantos anos, ninguém tem dúvida da importância dos transplantes e dos benefícios que eles trazem não só ao receptor, mas também ao doador dos órgãos e às famílias envolvidas nesse ato de amor. Se alguma dúvida houvesse,  o caso  de Wladimir, narrado por Richard Simonetti no livro “Quem tem medo da morte?”, seria suficiente  para dissipá-la. Aos que ainda não leram essa obra, lembramos que o jovem Wladimir, valendo-se da faculdade mediúnica de Chico Xavier, revelou que mesmo em mortes traumáticas, como a que ele teve – um tiro desferido no próprio peito – a caridade da doação é largamente compensada pelas leis estabelecidas pelo Criador.

A conclusão, portanto, é mais do que obvia: Todos podemos e devemos doar os órgãos que nosso corpo não mais utilizará, finda a existência corporal. A extração de um órgão não produz reflexos traumatizantes no perispírito do doador. O que lesa o perispírito, que é o nosso corpo espiritual, são as atitudes incorretas, negativas, perpetradas por nós, e não o que é feito ao corpo ao ser retirado algum órgão para doação e benefício de outra pessoa. Além disso, o doador é invariavelmente beneficiado pelas preces e pelas vibrações de gratidão e carinho que partem dos que aqui permanecem especialmente do receptor do órgão transplantado e de seus familiares.

Entretanto, como espírita, sabemos que somos um espírito ligado a um corpo, através do perispírito que registra e transmite as impressões e sensações entre eles. Estaria o espírito preparado para “ver” os órgãos do corpo que usou serem retirados, quando sabemos que o espírito liberado após a chamada morte clínica, ainda está em processo de desembaraço dos liames que o prendem ao corpo físico?

A drª Marlene Nobre, em entrevista com Chico Xavier, interroga: “Você acha que o espírita deve doar os órgãos do seu corpo? Não haveria repercussões para o perispírito, uma vez que eles devem ser retirados momentos após a desencarnação da pessoa?” – Chico Xavier respondeu: “Sempre que a pessoa cultiva desinteresse absoluto por tudo aquilo que ela cede para alguém, sem perguntar ao beneficiado o que fez da dádiva recebida, sem desejar qualquer retribuição, sem aguardar gratidão alguma, essa criatura está em condições de doar, porque não vai afetar o perispírito em coisa alguma. No caso contrário, se a pessoa se sente prejudicada por algo que julga pertencer-lhe, esta criatura trás o apego a determinadas vantagens da existência, o que, com certeza, após a morte do corpo, se inclinará para reclamações descabidas gerando perturbações espirituais. Se o apego ao corpo é muito grande, o espírito não apenas se perturbará com a retirada dos órgãos do seu corpo, como também pela decomposição do seu corpo físico; então nesse caso não deve ser doador”.
Agora, quando o assunto volta à tona com a Lei 9.434, que dispõe sobre a remoção de órgãos para fins de transplantes, considerando que todos somos doadores em potencial, as atenções se voltam novamente para as questões de ressentimentos do perispírito.  Na verdade, se Deus não permitiu esse avanço da ciência, é para que aprendamos a doar, sem constrangimento e sem esperar recompensa; não apenas o pão, o agasalho, o livro, a palavra de entendimento, o gesto de caridade, mas também o nosso corpo, quando este já cumpriu a missão temporária, na sua escalada evolutiva na Terra.

Acreditamos que este gesto de bondade deve somar pontos ao espírito que deu mostras de superação ao apego à matéria, quando “vê” com alegria, que foi protagonista da oportunidade de restabelecer a saúde e a existência de outra pessoa. Por outro lado, se o espírito se ressente por causa da doação de um órgão do seu antigo corpo físico, ele demonstra que é um espírito ainda carente de valores e egoísta, sentimento esse ainda tão presente nos seres humanos.

Este avanço científico constitui uma permissão de Deus para que avencemos em nosso processo de evolução. O despertar das criaturas deve acontecer o quanto antes, aproveitando-se as oportunidades atuais para se retificar erros, corrigir situações penosas e libertar-se de dependências infelizes. Jesus nos alertou: “Cada um receberá de acordo com as suas obras”.

Outra importante doação é a que fazemos com amor, aos que necessitam da nossa colaboração. Exercitemos a caridade ajudando as Instituições Filantrópicas que trabalham com crianças desamparadas, idosos necessitados, contribuindo com um pouco do que o Senhor da Vida nos concedeu na presente existência. Só assim, estaremos cumprindo com nossas obrigações, sendo solidários com nossos semelhantes.

Que o Pai Celestial ampare todos os seus filhos, principalmente os que doam em favor do seu próximo.


Bibliografia:
Jornal “O Imortal”
Revista Ana Maria – 12/2012

Jc.
23/4/2006
Refeito em 4/5/2013