Pitágoras, que viveu no século VI antes de Cristo, foi um dos mais lúcidos Espíritos da antiga Grécia. Chamado sábio pelos seus discípulos, respondia que era apenas um filósofo, um amigo do saber. Para Plantão, outro grande sábio grego, a filosofia devia ser exercitada não por mero prazer, mas como uma necessidade básica do ser humano, em busca da Verdade. – “Quem sabe de onde veio, situa-se melhor; quem sabe por onde anda não se perde nos caminhos; e quem sabe para onde vai, não experimenta o desalento”. Na grande maioria, os filósofos procuram o saber, não por amor à sabedoria como Pitágoras; nem por amor a Verdade, como Platão. Vaidosos de si mesmos, os filósofos e cientistas pretendem decifrar os enigmas do Universo, a partir da exaltação da própria vaidade. Quase sempre cometem um erro fundamental: Ignoram a presença de Deus no Universo, pretendo explicar a criação sem um Criador.
Diz
Jesus, narrado por Mateus, C-11 V-25: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do Céu e da
Terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes
aos pequeninos”.
Não
menos importante é exercitarmos a razão para apreciar a Regência Divina. Sem
esse empenho, incorreremos no milenar erro: conceber um deus, de barro, feito à
nossa imagem e semelhança, governando a vida universal, sob a inspiração de
paixões típicas da inferioridade humana. Jeová, o todo poderoso senhor bíblico,
vingava-se até a quarta geração daqueles que o ofendiam e determinava que os
judeus passassem a fio de espada, em terras inimigas, tudo o que tivesse
fôlego, todos os viventes, fossem homens, mulheres, velhos, crianças, etc. O “deus”
que muito cristãos ainda aceitam não é melhor do que esse.
Em
nome de Deus, durante séculos e séculos, imensas hordas humanas fanáticas e desvairadas,
perseguiram e assassinaram milhares de pessoas nas antigas “guerras santas”. Em nome de
Deus, violentos conflitos feudais
fizeram no Velho Mundo, um rio de sangue. Em nome de Deus, as truculências da
Inquisição, torturaram, queimaram e mataram milhares de pessoas. Em nome de
Deus, terríveis conflagrações religiosas ensanguentaram a Europa. Em nome de
seu Deus, “aiatolás” distribuem sentenças de morte e promovem mundo afora,
criminosos atentados terroristas. Em nome de Deus, se cometem, em toda parte,
as mais insidiosas perfídias e agressões aos seres humanos. Em nome de Deus,
digladiaram-se os chamados cristãos na Irlanda, e digladiam-se até hoje, judeus
e palestinos, e em disputas propagandísticas aqui no Brasil. Todas essas
violências foram e são praticadas em nome de Deus, por aqueles que se diziam e
dizem serem seus representantes, muito embora Deus ou Jesus, nunca tenha
passado procuração a ninguém nesse sentido.
Deus,
criador e único, de extremo amor, bondade e misericórdia, manifestou-se através
de Moysés, para fazer-se conhecer, não somente aos Hebreus, mas ainda aos povos
pagãos. A Lei de Deus, conhecida como o “Decálogo” ou Dez Mandamentos, recebido
por Moysés no Monte Sinai, é um código moral com alguns aspectos religiosos e
não nos ameaça com sofrimentos eternos, nem recomenda a prática do mal. A
ordenação do “dente por dente” e “olho por olho”, ou mesmo a matança de outras
pessoas sob qualquer alegação ou justificativa, foi criada por Moysés para
conter os excessos do povo ignorante e embrutecido. Assim, se falta aos
filósofos e cientistas a religiosidade, carece de fraternidade os religiosos
que se digladiam sem respeitar os direitos das demais pessoas, por não
aceitarem suas normas.
Allan
Kardec, ao começar seu trabalho da Codificação da Doutrina dos Espíritos, teve
o bom senso de partir da ideia fundamental – DEUS. A primeira pergunta que formulou as Entidades
Elevadas foi: “Que é Deus?” Normalmente
de perguntaria: quem é Deus? – No
entanto, qualquer estudante secundário sabe que há uma diferença fundamental
entre os pronomes – que e quem. O pronome –quem- identifica alguém. Quem é
Jesus? Um judeu, nascido em Belém, filho de José e sua esposa Maria. Já o pronome, –que- define atividade, condição, qualificação. Por
isso Allan Kardec, sabiamente, não perguntou quem é Deus. Onde nasceu? Qual sua
origem? Quem são seus pais? – Limitou-se ele a perguntar, quanto à qualificação
de Deus e não quanto a sua identificação. – “Que é Deus?” – Os mentores
espirituais ao responder, dizem que Deus é a Inteligência Suprema, causa
primária de todas as coisas, esgotando o assunto, nos limites do saber humano.
Após
a partida de Allan Kardec para o mundo espiritual, Gabriel Delanne, em reunião
realizada em Paris, lançou luzes sobre a Doutrina Espírita, dizendo:
“Estudaremos sob a direção dos Espíritos Superiores, as questões que tratam da
busca da Verdade, porém convém nos entendermos sobre o ponto de partida de
nossos trabalhos. A questão da existência de Deus é a primeira que se
apresenta. Todas as religiões antigas fizeram uma falsa ideia da Divindade;
elas lhe reconhecem um poder superior ao da Humanidade, mas, ao mesmo tempo,
lhe atribuíam a maior parte das paixões. Essa concepção era a resultante do
estado geral dos espíritos. O ser humano, devendo sofrer evoluções sucessivas
não podia, nas primeiras idades, oferecer uma ideia justa do Ser Supremo a que
chamamos Deus”.
Quanto
mais o Espírito progride, desenvolve suas faculdades intelectuais, favorecendo
a evolução de novas ideias, e a Ciência, ampliando a compreensão humana
engrandece a noção da Divindade, reconhecendo um Deus que reina não apenas em
nosso pequeno mundo, mas na imensidão do Universo. É diante desses horizontes,
abertos à investigação humana, que o Espírito maravilhado, descobre o Criador,
tão acima de nós, onde a ordem, o trabalho, a grandeza, a majestade reinam por
toda parte; tudo demonstrando a bondade e justiça de Deus.
Esse
Deus não é mais o deus implacável e vingativo, que condenava eternamente o ser
humano pela falta de um momento. Não é mais o Jeová rancoroso, que ordenava a
degola dos que não acreditavam nele. Esse Deus atual apresentado por Jesus nos aparece como a Inteligência Suprema, se
manifestando no admirável conjunto das forças que dirigem o Universo; sua
bondade, pela lei da reencarnação, nos permite resgatar nossas faltas e nos
elevar, gradativamente, até sua Infinita Majestade. Em face desses novos
ensinos de amor e bondade, caem as velhas lendas que faziam mergulhar nossos
espíritos num dogmatismo absurdo, enigmático e tirânico.
Neste
pequeno globo em que vivemos, a Terra mostra sem cessar, aos nossos olhos, o
emocionante quadro de transformações. As estações seguem seu curso, os corpos
se atraem a vida circula sobre o planeta, juntando e desagregando moléculas,
segundo leis supremas. Entretanto, as leis que produzem esses fenômenos
demonstram uma identidade de origem. Todas elas se cumprem maravilhosamente.
Além disso, na Natureza, tudo é harmonia; os corpos se unem em proporções
definidas, havendo para cada corpo uma determinada quantidade de matéria que se
combina. Tudo vibra na Natureza, em condições determinadas por uma
Inteligência, sendo a causa maior que o efeito.
Se
essas observações são verdadeiras no mundo material, elas o são igualmente no
mundo espiritual, cuja existência nos é demonstrada de uma forma irrecusável,
pois faz parte de nossa crença. Sabemos, pelos Espíritos Superiores, que eles
próprios obedecem a regras que lhes são impostas e leis às quais é necessário
obedecer e que são evidentemente superiores. Disso resulta que o Deus que
descobrimos é de Infinita Grandeza, de Infinito Poder, de Infinita Justiça e de
Infinita Bondade. É o Deus que paira acima da Criação, que a envolve com seus
fluidos; é por Ele que o Universo se formou; é por Ele que os planetas gravitam
nos espaços, em torno dos focos luminosos, formando brilhantes auréolas de
sóis. É por Sua vontade que as admiráveis leis imutáveis desenvolvem no
Infinito, as combinações maravilhosas que produzem tudo quanto existe. É por
sua justiça que traçou as leis de fraternidade e solidariedade que se fazem
sentir entre os seres humanos e os mundos; e por Sua vontade, deu ao ser humano
o meio de conseguir a felicidade através das reencarnações. É O Deus da vida
eterna; é o Deus cuidando da Criação. Desde a tenra e pequenina erva do campo, passando
pelas aves e animais, tudo é cuidado com Amor por Ele. Ninguém é órfão, ninguém
está desamparado. Deus cuida do que é melhor para nós e todas as facilidades
nos serão concedidas para vivermos e progredirmos para uma vida melhor. Assim é
o Determinismo Divino ao qual estamos sujeito, e, possuidores do “livre
arbítrio”, escolhemos como viver e progredir. Podemos galgar planos superiores
se agirmos conforme as Leis Divinas, evitando reencarnações e sofrimentos desnecessários.
Para
se crer em Deus e na sua Infinita Bondade, basta lançar os olhos sobre as obras
da Criação. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito
tem uma causa, e acreditar e aceitar que o nada pôde fazer tudo isso que aí
está. A propósito da existência de
Deus, conta-se a historia de um velho árabe analfabeto que orava com tanto
fervor e com tanto carinho, cada noite, que, certa vez, o chefe da caravana
onde ele servia, chamou-o a sua presença e lhe perguntou: - Por que oras com
tanta fé? Como sabes que Deus existe, quando nem ao menos sabe ler? O crente
fiel respondeu: - Senhor conheço a
existência de nosso Pai Celestial, pelos sinais dele. – Como assim? – indagou o
chefe admirado. O servo humilde explicou então: - Quando o senhor recebe uma
carta de pessoa ausente, como reconhece quem a escreveu? – Pela letra e
assinatura - respondeu o chefe. – Quando o senhor ouve passos de animais ao
redor da tenda, como sabe depois, se foi um carneiro ou um camelo? – Pelos
rastos - respondeu o chefe intrigado. Então o velho crente convidou-o a sair da
tenda e, mostrando-lhe o Céu, onde brilhava a lua cercada de muitas estrelas;
exclamou respeitoso: - Senhor, por
aqueles sinais, lá em cima, que não foram feitos pelos homens, reconheço a
existência de Deus...
Quanto
maiores os efeitos, mais potente é a causa. Deus não se mostra, mas se revela
pelas Suas obras. Quem não se curva reverente, ante a grandiosidade do
Universo? E diante dos micro-organismos
que não vemos a olho nu, e que julgávamos não existir? As Leis de Deus são
todas plenas de sabedoria e bondade, e sua misericórdia se revela tanto nas
pequeninas como nas grandes coisas, e não devemos duvidar da Sua Existência.
Ainda
sobre a existência de Deus, conta-se a história de uma professora que estava
tendo problemas em sua classe com os alunos. Um deles, de família afastada de
religião e com ideias negativas, afirmava para as outras crianças, que Deus não
existia; era apenas uma invenção dos homens. As outras crianças, surpresas e
inquietas, não sabiam como desdizer as palavras do colega e começaram a se
sentir inseguras na sua fé. Chegando ao conhecimento da professora, ela
preocupada com o problema de esclarecer a existência de Deus, pensou e afinal
teve uma ideia.
Avisou
aos alunos que no dia seguinte iriam fazer uma experiência e disse ela às
crianças, que deveriam trazer qualquer objeto, - brinquedo, relógio, rádio,
etc. que estivesse quebrado e também que deveriam trazer uma caixa em que
coubesse o objeto. No dia seguinte, compareceram os alunos portando um objeto
solicitado, e intensa era a expectativa. A professora mandou então que todos
colocassem o objeto quebrado dentro da caixa com todas as peças e pedaços e
tampasse a caixa. Em seguida ela mandou que agitassem a caixa, tentando fazer com
que as peças e pedaços se encaixassem em seus lugares e os mecanismos voltassem
a funcionar. Findo algum tempo, a professora pediu que parassem de agitar e
abrissem as caixas para ver o resultado. – Como estão os brinquedos e
aparelhos? – perguntou a professora. As crianças olharam o conteúdo de suas
caixas, e uma delas desanimada, respondeu: - Continuam quebrados. Ela então
perguntou à classe: - Ninguém conseguiu consertar o seu objeto? Todos
responderam negativamente. Um deles afirmou convicto: - Nem que ficássemos
agitando o dia inteiro, conseguiríamos consertá-los dessa maneira. – E por quê?
– voltou a perguntar a professora. Outro aluno então respondeu: - Porque para
que funcione é preciso que “alguém” coloque as peças no lugar e ponha em
movimento. A professora voltou a falar: - Vocês concordam que é preciso uma
pessoa que conheça o mecanismo e saiba fazer o serviço? Todos os alunos
concordaram. Satisfeita, a professora então falou: - Muito bem. É preciso o
esforço de alguém para que alguma coisa funcione. Fez uma pequena pausa e
concluiu: - E o Universo que é tão grande,
quem fez? Quem pode me dizer quem faz o Sol nascer todas as manhãs? Quem faz as
plantinhas brotarem? As árvores darem frutos, as chuvas banharem a terra e as
marés subirem e descerem? Quem criou os minerais, os vegetais, os animais? E os
peixinhos do mar...? Então, quem fez todas essas coisas maravilhosas? – Todos
responderam: - DEUS! - Muito bem, Deus
criou tudo o que existe, até nós mesmos. Ele é o nosso Pai e devemos sempre
lembrar que Deus nos ama a todos, e não quer o nosso mal, porque Ele é
Bom, Amoroso e Misericordioso...
Aqui
acaba essa historia e nos deixa uma pergunta: Por que o medo de Deus é a
principal causa de estresse em criança de 7 a 10 anos de idade, segundo pesquisa
realizada pela psicóloga Marilda Novaes? De acordo com a psicóloga, as crianças
recebem dos pais ou escolas, a imagem de um Deus que pune aqueles que não
obedecem às suas leis. Na pesquisa, muitas crianças disseram ter a sensação de
estarem sendo “vigiadas” por um Deus capaz de castigá-las, se não agissem de
acordo com os padrões determinados pelos pais, escolas e religiões. Algumas
religiões exageram, e acabam criando nas crianças um medo real de ir para o
inferno. O fato de crianças nessas idades serem vítimas de estresse
compreende-se: os pais passam para elas, esta imagem deformada do Criador.
Faço
minhas as palavras do irmão Delmo Ramos, quando diz: - Nestes séculos, o Deus
mostrado pelas outras religiões, é ainda aquele adotado por Moysés, para conter
os excessos de um povo ignorante e atrasado intelectual e moralmente. Esse
ainda é o Deus vingador e impiedoso que condena seus filhos ao fogo eterno no
inferno; que admite privilégios de castas; que quer ser adorado e louvado com a
vaidade digna dos seres humanos; o Deus que criou o demônio, criatura tão
poderosa que desafia o Criador; enfim, o Deus que ainda é mostrado para muitas
pessoas, feito de barro ou metal, a imagem e semelhança do homem, pelo próprio
homem, com a figura de um velho de longas barbas.
As religiões durante séculos nos levaram a
temer a ira do Senhor, ao invés de mostrar-nos a Sua Bondade, a Sua Justiça, a
Sua Misericórdia e o Seu Amor. Um dia, Deus na Sua Infinita Bondade, permitiu
ao ser humano ver a Verdade dissipar as trevas. Esse dia foi o advento do
Cristo. Jesus foi o iniciador de uma nova era de moral mais pura e mais
sublime. Os seus exemplos, os seus atos e ensinamentos permanecem até os nossos
dias, nos chamando a uma reflexão. Ao se despedir dos seus apóstolos, promete que
pediria ao Pai, para enviar outro Consolador para fazer recordar (só se recorda
aquilo que foi esquecido), tudo o que Ele havia dito e ensinar todas as coisas.
A Doutrina dos Espíritos, considerada o “Consolador Prometido”, nos libertou
das trevas, e nos veio revelar o verdadeiro Deus de Bondade, Misericórdia e
Amor, oculto durante milênios, que dá aos seus filhos, tantas oportunidades
quantas forem necessárias, por meio da reencarnação, para resgatarem suas
faltas cometidas contra o próximo. Assim sendo, não castiga, apenas submete
todas as suas criaturas às suas Leis, dentre elas, a lei de “Causa e Efeito”,
também conhecida como a lei de “ação e reação”. São palavras de Jesus: “A cada um será dado, segundo as suas obras”,
que confirmam esta verdade.
O
ser humano foi criado por Deus à sua imagem e semelhança, conforme afirmação
evangélica, ocasionando daí o fato de muitos entenderem e retratarem Deus, como
sendo igual ao homem. Tal imagem reduziria a grandeza do Criador, a mera
condição humana, o que é inconcebível, fruto da concepção de mentes ainda muito
ignorantes. Essa semelhança entre o Criador e a criatura, é de ordem espiritual
apenas, porque Deus é Espírito, e, sendo suas criaturas espíritos inteligentes,
é nesse sentido que nos assemelhamos a Deus. Semelhantes, mas não iguais,
porquanto Deus é imutável, único, criador de todas as coisas, enquanto nós
seres humanos, ou espírito, somos mutáveis, sujeitos a existências na matéria,
a fim de fazermos a nossa evolução. Deus é Espírito e a sua criação, o homem
também o é, essa é a semelhança que muitos não compreendem.
Finalizando,
vamos dar carinho, amor e bons exemplos aos nossos filhos a fim de não
precisarmos fazer de Deus, nosso
substituto nessa tarefa, e nem façamos do nosso Pai Criador, o disciplinador
das faltas dos nossos filhos, função que é de responsabilidade dos pais,
perante as Leis de Deus...
Bibliografia:
Evangelho de Jesus “Livro
dos Espíritos”
Jc.
S. Luís, 22/09/2004
Refeito em 17/03/2016