quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

AS RELIGIÕES NO MUNDO

AS RELIGIÕES NO MUNDO

As terminologias religiosas

Religião – Conjunto de crença, leis e ritos, que dizem respeito a um Ser considerado pelos humanos como Supremo, do qual se julga dependente e com o qual pode até entrar em relação.

Deísmo - Crença num Deus sem atributos morais e intelectuais. Este Deus não intervém na criação e também não se manifesta.

Teísmo - Crença num Deus, distinto dos outros seres, pertencente a uma ordem transcendental. Ele é o criador do universo e o princípio da vida.

O teísmo se divide em:
Monoteísmo: Onde há um só Deus.
Politeísmo: Onde há vários deuses.

Panteísmo – Tudo é Deus: a natureza, o universo e Deus são a mesma coisa.

Ateísmo - Deus não existe, para os materialistas.

Animismo - Atribui alma (espírito) a todos os objetos e fenômenos naturais; e estes espíritos, em certas ocasiões e em determinadas condições podem entrar em contato direto com o ser humano.

Magismo - Afirma a existência de uma força ou poder escondido, superior às forças naturais; certos homens podem produzir efeitos extraordinários. Magia branca: aquela que procura o bem da pessoa. Magia negra: é usada para prejudicar as pessoas.

Manísmo – Culto às almas dos defuntos, para os quais se costuma oferecer sacrifícios.

Fetichismo – Culto de objetos materiais, considerados às vezes como encarnação dos espíritos, ou em ligação com ele, capazes de determinadas virtudes.

Mito – Narrativa de significação simbólica e referente a deuses da natureza e/ou de aspectos da condição humana. Entende-se
também como representação de fatos ou personagens reais, exagerada pela imaginação popular, pela tradição, etc.

Mitologia – História fabulosa dos deuses, semi-deuses e heróis da antiguidade grego-romana, representando também o conjunto dos mitos próprios de um povo, de uma civilização, de uma religião.

Religiões de Integração – São as religiões dos povos primitivos, cuja organização não vai além da forma tribal. A vivência religiosa esgota-se nas exigências imediatas da sobrevivência, como por exemplo, a fecundidade da mulher, a caça e as colheitas, que os alimentam. Esta é a religião dos africanos, cujos primeiros habitantes da África, foram os pigmeus.

Religiões de Servidão – Nestas os deuses aparecem como grandes senhores do céu, da terra e das regiões inferiores, aos quais os homens devem servir e homenagem, em troca de benefícios imediatos. Esta foi a religião do antigo Egito, dos antigos gregos e romanos, da antiga China, do antigo Japão, dos astecas, maias e incas.

Religiões de Libertação – Nestas os homens se encontram numa situação de desgraça, de castigo. A religião serve para libertá-lo. As causas desta situação ruim são apresentadas de diversos modos, conforme as idéias e às atitudes que pode e deve tomar para a sua existência no aquém e sua sobrevivência no além. Esta é a religião do Hinduísmo, do Budismo, do Confucionismo, do Taoísmo, da Igreja Messiânica, etc.

Religiões de Salvação – Os elementos destas religiões são: - a existência de um Deus único, santo e criador. O ser humano se encontra numa situação de pecado, por ser desobediente a preceitos divinos, ou contrário à ordem moral ou natural estabelecida por Deus. Deus santo e justo é também misericordioso e amoroso, perdoando o pecador que se redime. É de salvação porque não é o homem que se justifica perante Deus, mas o próprio Deus que quer a sua reabilitação. Esta é a religião de Israel, do Cristianismo, do Islamismo.

Religiões Afro-brasileiras – Por religiões afro-brasileiras entendemos aquelas formas religiosas que os antigos escravos negros trouxeram da África e que houve no Brasil um trabalho de cristianização, originando a Umbanda, o Candomblé e a Quimbanda ou Macumba. Na Umbanda existem elementos de
origem africana (fetichismo), elementos da bruxaria européia
(livro de S. Cipriano) e elementos das superstições (mau-olhado, encruzilhada; os lugares onde se realizam os cultos chamam-se terreiros, onde se encontra a casa de orixá, das almas e do exu. O altar é cheio de imagens de santos, flores e retratos. O Candomblé com seus orixás com nomes de santos da igreja católica, é uma interpretação das crenças do catolicismo, numa “visão africana”. O chefe do terreiro é babaloô, pai-de-santo, e se for mulher, mãe de santo. O médium quando incorporado chama-se cavalo. Cada orixá tem suas preferências: de objetos ou animais para o sacrifício, de lugar (por exemplo, Yemanjá ; nas águas).

Religiões Espiritualistas – No século passado surgiram movimentos religiosos a respeito do problema do Espírito, do transe e dos fenômenos mediúnicos. Deste, fazem parte:

A Doutrina dos Espíritos ou Espiritismo – Suas crenças contemplam a existência de um Deus inteligente, criador de tudo o que existe; a existência da alma (espírito encarnado), sua imortalidade, e por meio de reencarnações sucessivas e progressivas, vai alcançando a perfeição. Acreditam ainda da existência de outros mundos habitados, na comunicação com os “mortos”. Nas sessões espíritas é realizado o “transe mediúnico” em que o médium entra em contato com os espíritos; há também os “passes terapêuticos” e a “água fluidificada”, e ainda a assistência espiritual e material aos necessitados. Esta doutrina com os aspectos científico, filosófico e religioso, surgiu na América do Norte, mas foi na França que o professor Hypólite Leon Denizard Rivail, estudou e codificou a doutrina sob o pseudônimo de Allan Kardec. Os princípios dessa doutrina estão nos cinco livros que formam o pentatéutico kardequiano.

O Teosofismo – Movimento religioso radical que não reconhece a natureza pessoal de Deus e não admite a união substancial entre a alma e o corpo. Em conseqüência, nesse movimento não há culto divino, nem preces, nem redenção porque não existe nas pessoas responsabilidade moral...

Resumo das crenças de cada uma religião

Budismo – Essa religião tem inúmeras correntes, mas todas são espiritualistas, ou seja, acreditam em reencarnação. Para o budismo, vida e morte se repetem formando um ciclo eterno. A
alma recebe o nome de essência da vida e vem a cada existência, em busca do aperfeiçoamento.

Judaísmo – A reencarnação não faz parte da literatura clássica judaica. Os judeus crêem que, após a morte, a alma vai para o paraíso, onde ficará eternamente como uma forma de luz. No judaísmo também não existe distinção entre o céu e o inferno. O inferno, na concepção judaica, consiste basicamente nas más lembranças que um judeu pode deixar na Terra.

Cristianismo – Para uma melhor compreensão do Cristianismo temos que nos ater aos acontecimentos e os desdobramentos que originaram as diversas religiões. Para se ter uma idéia das transformações operadas no mundo pelas ações de Jesus, basta analisar amparados por historiadores, o mundo que recebeu o Cristo, comparar às crenças, os hábitos, as culturas e, observar as transformações produzidas por Jesus. Ele provou que a morte não é o fim e que existe a possibilidade dos “mortos” se comunicarem com os chamados “vivos”, ao reaparecer aos seus apóstolos após sua morte física, e afirmou que Deus é de misericórdia e bondade, e que na casa do Pai há muitas moradas. As conquistas romanas intensificaram as relações comerciais, amenizando as barreiras lingüísticas e culturais. Assim, a dominação romana e a intensificação do comércio promoveram o ajuntamento dos povos. Roma domina, mas respeita a religião dos dominados, o que proporcionou aos apóstolos levarem a doutrina de Jesus por toda parte.

Islamismo – Os muçulmanos não acreditam em reencarnação. Para eles, depois da morte a alma se fixa em uma barreira entre a vida e a eternidade, onde ficará aguardando o dia do Juízo Final, quando Alá fará o julgamento. Aqueles que acreditam na unicidade do Criador, nos seus mensageiros e seguirem seus mandamentos ganharão o paraíso. Para quem não fizer nada disso restará o inferno eterno.

Catolicismo – Esta religião não acredita em reencarnação, mas sim na ressurreição da alma. Ou seja, depois da morte, Deus julga o espírito e o manda para o inferno, purgatório ou céu. Do inferno e do céu, ele não sairá jamais. (Esse Deus é mais impiedoso do que os seres humanos).

Protestantismo Há várias correntes, sob denominações diversas, mas todas partem do mesmo princípio: reencarnação não existe. Para elas, a salvação está em ter Cristo no coração. Quem for bom em sua existência terrena ganhará o céu para sempre. Os maus arderão no inferno eternamente. Não há uma segunda chance.

Doutrina dos Espíritos – Espiritismo – Esta doutrina, no seu tríplice aspecto de Ciência, Filosofia e Religião, na qualidade do “Consolador Prometido” por Jesus, afirma existir Deus, um Pai de infinita misericórdia, permitindo a todos os seus filhos, oportunidades de se redimirem de suas faltas, onde nenhum se perderá, conforme palavras de Jesus. Afirma ainda existir a reencarnação, a comunicação com os “mortos” (mundo espiritual e terreno), existência de vida em outros mundos e a lei de causa e efeito, premiando ou punindo todos os atos.

Umbanda – Acredita em reencarnação, tanto que entidades como caboclos, pretos-velhos e crianças incorporam e falam com as pessoas da Terra. Essas entidades seriam espíritos que já tiveram sua passagem neste planeta. No entanto, estão pagando algum tributo, pois essa vinda a Terra é uma maneira de ajudar e trabalhar. Os seguidores da Umbanda afirmam que os espíritos dizem detalhes de épocas que testemunharam sua passagem por aqui.

Candomblé – Acredita em reencarnação, mas não a cultua. A religião segue a palavra dos orixás, que são forças ligadas à natureza. Na época da escravidão, os orixás foram ligados aos santos da igreja católica para que os escravos pudessem cultuar seus deuses. Mas na verdade eles têm imagens simbólicas ligadas aos elementos naturais como a terra, a água, as matas, o fogo e o vento.

Comentário a mensagem cristã – Leo Buscaglia, escritor ítalo-americano em sua obra “Assumindo a sua personalidade” faz uma breve análise das sete maiores religiões do mundo: Budismo, Hinduismo, Judaísmo, Islamismo, Confucionismo, Cristianismo, Taoísmo; e chega à conclusão que há poucas divergências entre seus preceitos filosóficos/religiosos quanto à forma preconizada ao ser humano para viver bem nas relações consigo mesmo, com o próximo e com a Divindade. A conduta moral do homem, segundo essas religiões, deve ser baseada na caridade, no perdão, na benevolência, o que seria a tradução de uma vida nobre e digna a ser vivida.

Quando estudamos os grandes filósofos da humanidade, como Sócrates, Aristóteles, Platão, e outros, também vemos em seus
princípios a defesa de uma vivência ético-moral semelhante às religiões estabelecidas, como uma forma ideal de viver. A frase mais simples e profunda que traduz esta idéia, considerada o código universal de conduta que deve direcionar o homem de bem, é conhecida como a Regra Áurea: “Fazer aos outros, o que gostaria que te fizessem”.

Se há consenso sobre os pontos mais importantes entre todos estes filósofos e as religiões, PORQUE O SER HUMANO AINDA SE DEGLADIA COM O SEU PRÓXIMO, MUITAS VEZES UTILIZANDO O RÓTULO RELIGIOSO COMO BANDEIRA DE LUTA? – Se o seguidor, crente ou fiel, seguisse os preceitos morais mais elementares de sua religião, certamente não haveria motivos de disputas e desentendimentos entre os seres humanos. Mas, na realidade, desde os tempos antigos aos dias atuais, os princípios firmados pelos fundadores das religiões foram grandemente deturpados, adulterados, distorcidos, tudo para favorecerem os interesses de alguns em proveito próprio.

Há coisa mais absurda do que guerrear em nome de Jesus ou de Deus? Até hoje, esse argumento é utilizado pelos falsos líderes religiosos ou por poderosos políticos para inflamar e iludir o povo sobre as verdadeiras causas das guerras: ambição, orgulho e egoísmo. A maioria das religiões, como são propagandas hoje, são pálidas amostras do que eram na sua origem, e o Cristianismo é um exemplo disso.

A mensagem moral de Jesus, apesar de ainda ser divulgada, na maioria das vezes fica em segundo plano para grande parte dos cristãos, pois foi ela apequenada, adornada e substituída pela orientação das lideranças religiosas, por rituais, fórmulas exteriores de demonstração de fé, deixando a essência de lado, que é a vivência dos postulados do Cristo, o amor ao próximo, a transformação moral íntima, a prática da caridade, o exercício do perdão e da humildade.

Quando, , no século XIX surgiu na Europa, através do fenômeno da mediunidade, a Doutrina dos Espíritos trazendo a renovada mensagem cristã, questionou-se qual seria o objetivo de surgir mais uma doutrina na Terra, que nos aspectos morais, não trazia nenhuma novidade. Allan Kardec, o Codificador dessa nova doutrina filosófica, afirmou que era exatamente porque a moral que Jesus ensinava fora deixada à margem que se fazia necessário revivê-la com o Espiritismo. Mas, além do seu aspecto filosófico-moral, também é uma ciência experimental que, por meio da pesquisa mediúnica, reforça de forma racional os ensinamentos do Mestre, trazendo luz àquilo que havia ficado obscurecido ou fora adulterado pelos dirigentes religiosos. Naqueles dias, no princípio da Era da Razão, os Espíritos Superiores sob as ordens de Jesus, trouxeram a doutrina da fé raciocinada para a humanidade.

A partir de então, compreendeu-se efetivamente a lei da reencarnação (“é necessário nascer de novo”), a lei de causa e efeito (“a cada um segundo suas obras”), a pluralidade dos mundos (“há muitas moradas na casa de meu Pai”), a justiça divina, a comunicação entre os dois mundos: material e espiritual, a imortalidade da alma, o intercâmbio entre o mundo visível e o invisível, a vida espiritual e tantos outros assuntos que, por falta de informação e conhecimento, não se conhecia suficientemente.

O ser humano, agora na fase da Razão, onde a fé cega não tem mais lugar, ao estudar as mesmas recomendações à luz da Doutrina dos Espíritos, não achará mais motivos para contestar o que às religiões há séculos, de forma teórica, já preconizavam... Vai descobrir um Pai justo, amoroso e misericordioso, que não privilegia nenhuma de suas criaturas em detrimento de outra; vai reconhecer Jesus como um dos filhos de Deus que já atingiu a perfeição e nos serve de modelo e guia; vai entender-se como um Espírito imortal em experiência na matéria, cujo objetivo é eliminar imperfeições como o orgulho e o egoísmo, e conquistar as virtudes para atingir a perfeição relativa e a felicidade (“vós sois deuses; vós podeis fazer tudo o que eu faço”). Essa é a mensagem de Jesus: Amar, trabalhar e servir...


Bibliografia:
As grandes religiões do Mundo
Editora “Sem Fronteiras”- Revista “Veja”
Jornal “Seara Espírita” – nº. 129

Se desejar mais esclarecimentos, veja:
“O Cristianismo”- “A Escolha da Religião”
“Doutrina dos Espíritos”-
“O Espiritismo e as outras religiões”

Jc.
S.Luis, 7/01/2012

O CRISTIANISMO

O CRISTIANISMO

Para uma melhor compreensão do Cristianismo, temos que primeiramente nos reportar aos dados cronológicos que marcaram durante séculos, os acontecimentos e o desdobramento das religiões que se originaram dos ensinamentos do Rabi da Galiléia – Jesus. Assim... no

Ano 4 A/C – Sob o reinado de Herodes o Grande na Judéia e de Augusto César como imperador de Roma, nasce o Cristo na cidade de Belém.

Ano 27 D/C – Após se dar a conhecer a João Batista, como o Messias, Jesus dá início ao seu trabalho, pregando, consolando e curando as pessoas.

Ano 30 D/C – Jesus é preso, julgado, condenado e crucificado e desencarna em Jerusalém. Três dias depois, se apresenta a Madalena e a outros discípulos, redivivo.

Ano 40 D/C -- Saulo de Tarso, antigo perseguidor dos cristãos, se converte ao Cristianismo, após seu encontro com Jesus na estrada de Damasco, e passa a assumir o nome de Paulo.

Ano 64 D/C – Nero, imperador de Roma, incendeia a cidade e acusa os cristãos.

Ano 70 D/C – O imperador Tito manda destruir Jerusalém e seu templo, conforme profetizara Jesus. O discípulo Marcos começa a escrever o seu Evangelho. Os judeus são dispersos.

Ano 313 D/C – O imperador Constantino, ao ter a visão de uma cruz luminosa com a legenda “In Hoc Signus Vinci” e, ao adotar em seu estandarte esse modelo, vence a guerra contra seus inimigos. Julgando que Jesus o ajudara, adota a liberdade religiosa e legaliza o Cristianismo como mais uma religião do Império Romano.

Ano 319 – O Cristianismo, como nova denominação de Igreja de Roma, usando os templos dos deuses romanos, incorpora os rituais e os costumes pagãos.

Ano 325 – No Concílio de Nicéia, convocado por Constantino, é declarada a deusificação de Jesus, cuja finalidade era política, para igualar Jesus aos demais deuses pagãos cultuados pelos romanos.

Ano 380 – O padre Jerônimo traduz o Velho e o Novo Testamento, do hebraico e do grego para o latim, obra conhecida como a “Vulgata” (versão comum) que se torna a edição oficial da Bíblia para os cristãos.

Ano 381 – Sob a inspiração do papa Teodósio I, O Concílio de Constantinopla confirma que Jesus é Deus (apesar do próprio Jesus haver afirmado várias vezes que era um filho de Deus) e introduz a figura do Espírito Santo, criando o dogma da Santíssima Trindade.

Ano 415 – De perseguidos que foram os cristãos primitivos, os novos cristãos da Igreja de Roma, passaram a perseguidores. Os patriarcas da Igreja Romana estimulam a violência e a perseguição contra os pagãos.

Ano 787 – O II Concílio de Nicéia restabelece o uso de imagens sacras de Jesus e dos antigos deuses romanos como santos da Igreja.

Ano 1054 – A Igreja Ortodoxa de Constantinopla se separa da Igreja Romana, criando outro papado, contrariando as ordens de Roma.

Ano 1195 – O nobre espanhol Domingos cria a ordem dos dominicanos para combater as heresias.

Ano 1233 – O papa Gregório IX cria o tribunal da Inquisição para combater as seitas consideradas heréticas. Os juizes são os padres dominicanos. A tortura era utilizada pela Inquisição para obterem confissões.

Ano 1270 -- Organizada por Luiz IX, a oitava e última Cruzada à Terra Santa.

Ano 1398 – As disputas políticas pelo mando, levam os católicos a elegerem três papas; em Roma, Avignon e Pisa.

Ano 1415 – O padre Jan Huss, por criticar a opulência e a hierarquia da Igreja, é declarado herege e é executado na fogueira.

Ano 1431 – Joana D’arc é julgada pelo tribunal eclesiástico e acusada de heresia, condenada e morta na fogueira.

Ano 1478 – Mais de 120 mil pessoas acusadas de heresia, são mortas pela Inquisição, na Espanha e Portugal. Autorizados pelo papa Sixto IV, os reis da Espanha criam um tribunal da Inquisição, sendo Tomás de Torquemada, o mais brutal inquisidor.

Ano 1500 – Rodrigo Bórgia, eleito o papa Alexandre VI, se torna o símbolo da corrupção e de crimes. Surge o Renascentismo, renovação cultural, que promove um processo de descristianismo da Europa.

Ano 1517 – O monge agostiniano Martinho Lutero, rompe com a Igreja de Roma e cria a Reforma Protestante.

Ano 1534 – É fundada por Inácio de Loyola, conhecido como o “papa negro”, a “Companhia de Jesus”, dela fazendo parte, José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, no Brasil, como padres jesuítas.

Ano 1572 – Milhares de huguenotes (protestantes) são mortos a mando da rainha Catarina de Médicis, na célebre noite de São Bartolomeu, em Paris.

Ano 1600 – O filósofo Giordano Bruno é condenado como herege, sendo executado pela Inquisição, com a morte na fogueira.

Ano 1632 – O astrônomo italiano Galileu Galilei é condenado pelo Santo Ofício (Igreja Romana), por afirmar que a Terra e os planetas giravam em torno do sol, contrariando a Igreja. Preso, foi obrigado a se contradizer para não morrer na fogueira.

Ano 1789 – A Revolução Francesa separa a Igreja do Estado, e promove a liberdade religiosa. A Noruega, a Dinamarca e a Inglaterra são paises que ainda têm Igrejas fazendo parte do Estado, onde os reis, são a autoridade maior da Igreja.

Ano 1830 – Surgem novas religiões; Os Mórmons, Testemunhas de Jeová, etc.

Ano 1848 – O Vaticano apóia todas as monarquias conservadoras contra os regimes e políticas liberais. O Concílio Vaticano I (em 1870) estabelece o dogma da infabilidade dos papas.

Ano 1857 D/C – Em 18 de abril deste ano, vem á público em Paris, o primeiro livro da “Doutrina dos Espíritos”, com o título: “O Livro dos Espíritos”, codificado pelo professor Hippolyte Leon Denizard Rivail, depois conhecido como Allan Kardec. Essa religião, também conhecida como “Espiritismo” e como o “Consolador Prometido” por Jesus, veio restabelecer e relembrar os seus ensinamentos, e divulgar muitos outros conhecimentos...

Para se ter uma idéia das transformações operadas no mundo pelas ações de Jesus, basta analisar amparados por historiadores, o mundo que recebeu o Cristo, comparar as crenças os hábitos, as culturas e, observar as transformações produzidas por Jesus. É sabido que as conquistas romanas intensificaram as relações comerciais, amenizando as barreiras lingüísticas e culturais. Assim, a dominação romana e a intensificação do comércio promoveram o ajuntamento dos povos. Roma domina, mas respeita a religião dos dominados.

Os judeus eram monoteístas. Seu Deus era adorado porque sua ira acarretava catástrofes como doenças, epidemias várias, secas, tempestades, etc., como se lê em Levíticos. 26:15 “E se rejeitares meus estatutos e a vossa alma se enfadar dos meus juízos não cumprindo todos os mandamentos, então eu também vos farei isto: porei sobre vós o terror, a tísica, a febre ardente que consomem olhos e atormentam a alma.”
Jesus, porém, nos encaminha para outro Deus. Um Deus Pai, misericordioso, justo, que o envia ao mundo para reunir seus filhos através do amor. O Deus que Jesus nos apresenta é o “Pai que não dá pedra ao filho que pede pão, nem serpente ao filho que pede peixe.” ( Mat.7:9 e 10) O Pai que “faz que o sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos.” (Mat. 6:45) E como a mente das pessoas da época, cultivadora de uma imagem terrível desse Deus, não conseguisse perceber tanta misericórdia, Ele mostra o perfil desse Pai, narrando a parábola do ”Filho Pródigo” (Lc.15:11 a 32).

Por diversas vezes Jesus quebra as tradições judaicas, por considerá-las irrelevantes. Curou num sábado um enfermo. (os judeus nada podiam fazer no sábado). Os fariseus o questionam e Jesus responde: “É lícito fazer o bem nos sábados?” (Mat.l2:10) Questionado ainda pelos fariseus porque seus discípulos comeram sem lavar as mãos, Jesus respondeu: “não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que sai da boca.” (Mat.15:11) Opondo-se ao gosto pelo luxo e fausto que imperavam, Jesus adverte: “Não acumuleis vosso tesouro na Terra” ou “quão dificilmente entrarão no Reino dos Céus os que tem riquezas.” (Mat.6:19) A sociedade da época com relação a mulher, é também objeto da consideração de Jesus ao aceitá-las. Um rabino constata: “Compra-se uma mulher por dinheiro, contrato e relações sexuais. Compra-se um escravo pagão por dinheiro contrato e posse.” O historiador Flávio Josefo constatou: “A mulher, diz a Lei, é inferior ao homem em todas as coisas. Ela deve obedecer, pois foi ao homem que Deus deu o poder.” Era recomendada aos homens a seguinte prece: “Louvado seja Deus que não me criou mulher.” A mulher não recebia cumprimentos na rua, andava sempre atrás dos homens e a estes não podia dirigir a palavra sem autorização.

Vejamos o comportamento de Jesus ante tais preconceitos. Além de se dirigir a uma mulher para pedir água, dirige-se a uma inimiga, pois os judeus detestavam os samaritanos, os considerando como inimigos. Além disso, era uma mulher pecadora, segundo os conceitos judaicos. Cristo faz da samaritana a anunciadora da Boa Nova entre seu povo. Era mulher e também pecadora e repudiada pela sociedade, Madalena a quem Ele fez portadora da sua ressurreição. Os historiadores dizem que Ele era seguido por muitas mulheres. Tinha Ele em Marta e Maria, irmãs de Lázaro, duas grandes amigas e costumava descansar na casa delas em Betânia.

A pirâmide social judaica tinha em sua crista o clero onde pontificava o sumo-sacerdote. Abaixo dele, os sacerdotes, os levitas e os anciãos que formavam a aristocracia. O povo era formado por pequenos agricultores, artesãos, operários, pescadores, pastores. etc. Na base da pirâmide estavam os miseráveis: mendigos, leprosos, prostitutas. Foi com essa massa popular que Jesus conviveu e foi para ela, a primeira convocação para a caminhada rumo ao Reino de Deus. Jantou Ele com publicanos, pescadores, até com o leproso Simão de Betânia. Vai mais além o Mestre, em seu afã de educar-nos na moral verdadeira, quando, narrando a parábola do “Bom Samaritano”, coloca um sacerdote e um levita como desumanos e põe a boa ação num samaritano, povo desprezado pelos judeus. Mostrava-nos, dessa forma, que pouco vale as práticas religiosas, os rituais, o respeito às tradições, quando não estão associadas do amor ao próximo. O Sermão da Montanha contém a síntese de sua doutrina e devia nortear o comportamento dos que se consideram cristãos.

O Cristianismo se estendeu por todo o Império Romano, graças à bravura dos primeiros cristãos. Ruy Barbosa, na introdução de “O Papa e o Concílio”, fala dessa primeira fase cristã, dizendo: “A unidade não resultava senão de um acordo espontâneo das almas. Porque a Cristandade era pura democracia espiritual sem centro oficial, sem meios de coação extrema, sem relações temporais com o Estado. As boas obras eram então o melhor sinal de fé, e esta não se traduzia em formas artificiais.” Realmente, a expansão cristã se deu sem apoio a seus missionários, sem dinheiro, sem escolas para preparar pregadores, sem ajuda de governos, sem influência social. O Cristianismo cresceu pelo Determinismo Divino, e pelo valor dos seus adeptos. O Cristianismo desvia-se desse caminho de pureza, quando o poder oficial dele se aproxima. Com a aceitação do Cristianismo pelo imperador Constantino, os sacerdotes e os templos pagãos passaram a servir aos cristãos. As orientações religiosas fizeram com que fossem misturados, tantos os ensinamentos pagãos como os cristãos, surgindo então um misto de paganismo e cristianismo, donde se originaram muitas deformações nos ensinos de Jesus, em virtude da supremacia dos sacerdotes pagãos. Os templos suntuosos existentes, substituíram as reuniões humildes, as vestes os paramentos e os rituais do paganismo, ocupam o lugar antes pertencentes a simplicidade, a humildade e a caridade cristã. Muitos outros dogmas foram criados: da “Santíssima Trindade”, do “Sangue e Corpo de Cristo”, da “Infabilidade do Sumo Sacerdote”, usurpando até um atributo de Deus.

Os primitivos cristãos reuniam-se em catacumbas, cavernas subterrâneas que serviam de cemitérios, onde realizavam suas reuniões, fugindo das perseguições dos mandatários do poder temporal. Tinham como símbolo, a figura de um peixe, e, quando queriam se identificar, faziam um rabisco simbolizando a parte superior do peixe; se a outra pessoa também era cristão fazia outro rabisco simbolizando a parte inferior do peixe, completando a figura do peixe, que representava Jesus, o pescador. Quando o Cristianismo se tornou também uma religião oficial de Roma, seu símbolo foi trocado. O peixe que lembrava Jesus, o “Pescador de Almas”, símbolo de humildade, paz e fraternidade, foi substituído pela “cruz”, instrumento de suplício e morte, como a guilhotina e a forca, como a comprovar que novo tempo do Cristianismo se iniciava; não mais de simplicidade e amor, mas de opulência, dogmas e perseguições. De perseguidos que foram os primeiros cristãos, agora eram os sacerdotes ditos cristãos, que apoiados pelo poder perseguiam, torturavam e queimavam em fogueiras, seus semelhantes, em nome de Jesus. As transformações no Cristianismo, onde simples figuras de pescadores humildes, foi perdendo a simplicidade de suas origens, transformando-se em pomposas cerimônias exteriores. Após a instituição do culto aos santos, adaptados aos ídolos do paganismo, surgiram os primeiros altares, dogmas e paramentos, medidas estas, adotadas para agradar os pagãos convertidos e para se manterem nas graças do poder temporal.

As autoridades religiosas atuaram para fanatizar o povo, obrigando a aceitar suas idéias e concepções, em vez de educarem as almas na sublime lição do Nazareno. Em atitude deplorável, aceitaram a preferência da massa ignorante inclinada à aceitação de solenidades exteriores, pelo culto fácil dos sentidos materiais, ignorando as lições de Jesus, de renovação dos sentimentos, de elevação espiritual. Ao considerarem Jesus como o próprio Deus e os Anjos e Santos como seres criados perfeitos, desobrigaram os seres humanos de se esforçarem por seguir os ensinamentos e exemplos de Jesus, atrasando a evolução moral e espiritual da humanidade. Como a religião de Roma prosperou em função do domínio do Império Romano, apesar dos pesares, devemos os méritos de ter conservado os Evangelhos. A disseminação dos ensinamentos e da vida de Jesus, devemos a Reforma Protestante, que fez com que os Evangelhos chegassem até os leigos, e até os nossos dias...

Hoje, novos cristãos de todas as crenças buscam a origem do verdadeiro Cristianismo. Nós, espíritas, buscamos também a convivência fraterna em nossos singelos agrupamentos, norteados pelos conhecimentos transmitidos pelos Espíritos Superiores a Allan Kardec, um dos emissários de Jesus, que nos adverte: “Reconhece-se o verdadeiro espírita, por sua luta pela transformação moral e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações, substituindo-as pela caridade e pelo amor para com seus semelhantes.”

Entramos no 3º Milênio que dizem ser um novo tempo de transformações e de regeneração; que nos seja propício aos nossos projetos de elevação espiritual. Entretanto, é necessário fazermos a nossa parte para que esse estágio evolutivo do Cristianismo se realize... com a nossa participação, ou sem ela... Somos convocados a colaborar, e só depende de nós a nossa situação no futuro.

Amadurecidos nas lutas e dores que assolam o mundo, façamos coro com Simão Pedro, quando perguntou a Jesus: “Senhor, quando fores, para quem iremos?” – E recebeu como resposta, estas palavras de Jesus; “Tens as palavras da vida eterna...”


Que a Paz do Senhor, esteja em nossos corações.




Bibliografia:
“Revista Espírita de Campos”
‘Evangelho Segundo o Espiritismo”
“Novo Testamento”
Acréscimos e modificações.

Refeito em 11/11/2004.
Jc.

O ESPIRITISMO E AS OUTRAS RELIGIÕES

O ESPIRITISMO E AS OUTRAS RELIGIÕES

Sou espírita e respeito todas as religiões que têm Deus como o Pai maior. Aceito os integrantes das demais religiões como irmãos, e nem poderia ser diferente, pois todos somos filhos do mesmo Criador. E como irmão, aproveito esta oportunidade para trazer ao conhecimento de todos, alguns conceitos, ou preconceitos, equivocados em relação ao Espiritismo. Não é meu propósito converter ninguém ao Espiritismo. Se você, irmão(a) está satisfeita no Catolicismo ou no Protestantismo, e essa religião lhe satisfaz, para que mudar então de religião?

Podemos dizer que o Catolicismo é a religião mãe. Se não fosse a força, a fé e a determinação de muitos primeiros católicos, os ensinamentos de Jesus não teriam chegado até os nossos dias. Também respeitamos e damos valor ao Protestantismo. Quando a religião dominante ficou mais preocupada em valorizar a forma (paramentos) do que o conteúdo (ensinamentos) foi o Protestantismo, através de Martinho Lutero, que contestou essa situação de inércia e reavivou os ensinos de Jesus.

Mas, por que alguns católicos e protestantes insistem em dizer que o Espiritismo é coisa do demônio? - Jesus disse: “Pelos frutos conhecereis a árvore”. Os espíritas, como os outros religiosos, têm como principal meta, seguir os preceitos de Jesus, em suas máximas: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao seu próximo como a si mesmo”. - Então, que demônio é este que inspira aos espíritas o amor a Deus e ao próximo? – Os espíritas praticam a caridade porque sabem que “fora da caridade não há salvação”. Os espíritas têm por princípio a valorização e o respeito ao ser humano e as demais religiões, quando voltadas para Deus. Que demônio é este que determina a fraternidade e a solidariedade com os integrantes das outras religiões? Os espíritas têm como máxima em sua existência, o esforço pela transformação moral. Que demônio é este que inspira preocupação com a elevação moral das pessoas? Reflitamos: Que demônio é esse que fala de amor, caridade, solidariedade, fraternidade e em transformação moral? – Só não vê e entende como bem disse Jesus, quem não tem “olhos para ver”. Porém, se você é um dos que dizem que o “Espiritismo é coisa do demônio”, procure – sem abandonar sua religião – pelo menos ler algum livro espírita da codificação, e para isso indicamos “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. A crítica gratuita, sem análise, sem estudo, não deve fazer parte das pessoas de bom senso. Dê a si mesmo, o direito de conhecer melhor o objeto de sua crítica.

A propósito, consultamos a palavra demônio, diabo ou satanás, que pelo dicionário significa espírito do bem ou do mal – deriva-se da palavra grega “daimon”, a qual significa gênio, inteligência e seres espirituais bons e maus. Afirmavam os filósofos gregos, que cada ser humano possuía um demônio (espírito) que o ajudava. Platão dava a Deus o nome de demônio onipotente. Sócrates dizia possuir um demônio guia. O Cristianismo quando foi substituído pela Igreja Católica Romana adotou esses termos, mas modificou-lhes o sentido, aos bons demônios denominou anjos, e aos maus, demônios.

Cristo, segundo Mateus 16:23, diante de certa atitude de Pedro, disse a ele: Afasta-te de mim Satanás....” Perguntamos então: Pedro era Satanás? – Ainda em João 6:70, Jesus afirma ser Judas um diabo. Era ele um diabo no sentido que é, hoje, atribuído à palavra? – Sendo Deus o princípio de todas as coisas, e sendo de infinita sabedoria, bondade e justiça, não podemos acreditar que Ele criou um ser hediondo, concedendo-lhe poder sobre o mundo, e ainda, submetendo a ele, como presa fácil, toda a família humana. Como aceitar ainda que Deus criou anjos perfeitos e dentro eles, um anjo que ficou mau? Deus então não soube criar? Admitir o demônio como uma entidade criada é insultar Deus. Para quem queira se aprofundar no tema, aconselhamos o livro “O Céu e o Inferno”, capítulo X (Os demônios).

Outras pessoas, também não acreditavam ou tinham uma opinião formada do Espiritismo. William Crookes, o pai da Física contemporânea, a quem se deve os pródomos da Física Nuclear, chegou a dizer: “Eu era um materialista e, depois de investigar os fenômenos mediúnicos, eu afirmo que eles já não são possíveis: Eles são reais!” – César Lombroso, depois de estudar a mediunidade, disse estas palavras: “Quando me lembro que eu e meus colegas zombávamos dos que acreditavam no Espiritismo, tenho vergonha, porque hoje eu também sou espírita!” – Cronwell Varley, o que lançou sobre o mundo as linhas da telegrafia e telefonia, teve a coragem de dizer: “Somente negam e combatem os fenômenos espíritas, aqueles que não se deram ao trabalho de os estudar”.

Ninguém é dono da Verdade Absoluta a não ser Deus. Todas as religiões sérias são de Deus. Deus se manifesta de muitas formas e através das religiões. Respeitemo-nos mutuamente, pois só assim seremos dignos de sermos chamados filhos de Deus.

O Espiritismo veio ao mundo, primeiramente nos Estados Unidos, por intermédio das irmãs Fox, mas, foi na França que o eminente professor Hipplyte Léon Denizard Rivail, apresentou à Humanidade, em 18 de abril de 1857, como Allan Kardec, a primeira obra intitulada “O Livro dos Espíritos”, quando havia chegado os tempos preditos por Jesus, para o Consolador. Veio através dos Espíritos Superiores que transmitiram novos conhecimentos e seus ensinamentos a Allan Kardec, que os codificou. Objetiva o progresso espiritual dos seres humanos, com a implantação do amor e da fraternidade entre todos.

As palavras, “espírita” e “Espiritismo” são neologismo criados no século XIX por Allan Kardec, para diferençar da palavra espiritualismo. É espírita e praticante do Espiritismo, somente aqueles que seguem os ensinamentos contidos nas obras de Allan Kardec. Por falta de conhecimento, as pessoas costumam colocar os adeptos de outras religiões espiritualistas, os ledores de sorte e toda espécie de praticantes da mediunidade, com exceção dos indígenas, como sendo “espíritas”, ou seguidores do Espiritismo.

Existem pessoas que não vão ao Centro Espírita porque estão receosas daquilo que pensam que se faz nessas instituições. Imaginam, elas, que nos Centros Espíritas, os freqüentadores acendem velas, tocam tambores, dançam, bebem, fazem oferendas, sacrifícios, etc. No Centro Espírita não existe nada disso. O Espiritismo não adota em suas reuniões; bebidas, incenso, fumo, altares, imagens, velas, danças, talismãs, amuletos, rituais, vestimentas, promessas, enfim, a longa série de atos materiais, adotados em velhas e primitivas concepções religiosas. No Espiritismo não há qualquer tipo de prática exterior. Tudo é realizado por meio das orientações morais, através das lições tiradas do Evangelho de Jesus e das orientações dos Espíritos Superiores. O Espiritismo não tem profissionais, ninguém vive da religião, só existem amadores; gente que ama o que faz, buscando a fé com a razão e a caridade e o servir ao próximo sem qualquer recompensa material.

Umbanda, Candomblé, Quimbanda, ledores de sorte...

O que tudo isso tem a ver com o Espiritismo? Frequentemente, as pessoas menos afeitas ao estudo, confundem o Espiritismo (Doutrina dos Espíritos) com outros segmentos religiosos. Isso gera preconceitos e atitudes negativas. Nada melhor então que esclarecer nossos irmãos sobre essas questões.

Com todo respeito que nos merecem todas as religiões que induzem à prática do bem, informamos que o Espiritismo não pretende demolir as religiões que o procederam; antes reconhece a necessidade da existência delas para grande parte da humanidade, cujo processo evolutivo é lento, mas inexoravelmente. Assim, a melhor forma de acabar com a falta de informação, é informar às pessoas.

Com a denominação de Umbanda, nasceu no começo do século XVIII, sendo uma prática religiosa dos africanos bantos e sudaneses, trazida para o Brasil, pelos escravos, semelhante ao Candomblé, porém mais aperfeiçoada. Nela, se acredita que as forças espirituais comunicantes são espíritos desencarnados e não divindades. A Umbanda através dos médiuns ou cavalos pratica uma mediunidade baseada em exteriorizações, como: ritos, símbolos, paramentos, objetos místicos, imagens, pontos, cantos e danças, em que, tanto o álcool como o fumo estão sempre presentes. É resultado de um sincretismo religioso, decorrente da fusão de elementos religiosos africanistas com os do culto da Igreja Católica Romana, reunindo ainda folclore, superstições e crenças, sem doutrina codificada.

Por meio da prática mediúnica, procura em alguns casos, solucionar problemas de ordem material, dando atendimento às necessidades imediatas de seus adeptos. No trato das obsessões, procura liberar a pessoa das perturbações espirituais, por meio do afastamento puro e simples do obsessor, sem a assistência moral ao perturbador e ao perturbado; sem resolver em definitivo o problema.

O Candomblé também tem suas origens na África. Veio para o Brasil com os escravos, no período pós-descobrimento. Neste tipo de culto acredita-se que os médiuns não recebem espíritos desencarnados, mas a influência de entidades não humanas, denominadas “orixás”. O orixá seria uma espécie de divindade responsável por determinada força da Natureza. No Candomblé acredita-se que cada pessoa tenha ligação com um tipo de orixá, também chamado “santo”. O sincretismo foi criado no século XVI também pelos escravos, por causa da perseguição religiosa movida pela Igreja Católica. Ela condenava seus cultos, o que levou seus fiéis a associarem os orixás às imagens dos santos católicos. Daí se dizer que tal pessoa é “filha de santo”.

Já a Quimbanda trabalha com espíritos primários denominados de “exus”. Ela não possui qualquer tipo de orientação doutrinária e o sacrifício de animais faz parte de seus costumes e rituais. “Pais” ou “Mães de Santo” são expressões utilizadas de modo geral, para designarem os dirigentes. “Macumba” é o modo de se referir aos despachos colocados em encruzilhadas, feitos a espíritos inferiores com a intenção de conseguir ajuda para prejudicar alguém.

Ledores de sorte são pessoas dotadas de certa mediunidade, que se valem da mesma, para descrever alguns fatos relativos à existência das pessoas. Mediunidade que todas as pessoas possuem, porquanto é um dom divino, em diferentes graus e em todos os povos. A ação dos “ledores de sorte” é limitada e geralmente eles são assistidos por espíritos pouco esclarecidos, isto sem falar dos mistificadores que se dizem incorporados por espíritos. Saibam todos que os Espíritos Superiores não se ocupam dessas atividades.

Deus deu ao ser humano a liberdade, por meio do livre-arbítrio para que faça sua evolução, e seu futuro obrigatoriamente vai depender do que fizer hoje ou amanhã do seu livre-arbítrio.

O Espiritismo é uma Doutrina dos Espíritos, codificada em Paris, por Allan Kardec, a partir de comunicações mediúnicas, concordantes, feitas por Espíritos Superiores, e recebidas em vários pontos do mundo, por vários médiuns, e tem como fundamentos, a existência de um Ser Superior a quem chamamos de Deus; a imortalidade da alma; a comunicação entre o mundo corpóreo e o mundo espiritual; a reencarnação dos espíritos e a pluralidade dos mundos habitados no Universo. Não têm rituais nem se preocupa com exterioridades e problemas de ordem material. Cultiva e recomenda o estudo, a lógica e a razão para que a fé se alicerce e tem como lema: “Fora da Caridade não há Salvação”.

O Espiritismo mostra que Deus não impõe o sofrimento a ninguém; o que existe são as Leis de Deus, e entre elas a Lei de Causa e Efeito, onde todos nós colhemos em nossas existências, o que houvermos plantado de bom ou de ruim. Ele não prende as pessoas pelo medo do purgatório ou do inferno, que não existem, ou pela ameaça de punições. Por adotar a moral cristã contida nos Evangelhos, tem por finalidade a reforma moral do ser humano. No trato das obsessões, não pratica apenas o afastamento da entidade (espírito) perturbador, mas também a sua conversão ao bem, ao perdão e a reconciliação, para resolver em definitivo o problema da obsessão, indicando ainda normas morais para serem seguidas pelo obsidiado.

O que todos precisam saber é que devemos sempre fazer o bem, conforme Jesus nos ensinou, para termos certeza de que nosso futuro será bem melhor, aqui ou na espiritualidade para onde iremos um dia. Para as pessoas de boa-vontade que desejam praticar o bem, recomendamos ajudar qualquer Instituição que trabalhe com crianças ou idosos, ou outra qualquer que faça o bem. - O que você tem retribuído pelo que Deus lhe tem proporcionado durante a existência? Nada? - Então meu irmão ou irmã, a sua existência não tem tido utilidade nenhuma para o seu espírito, porque você está preocupado somente em satisfazer suas necessidades materiais, esquecendo que é um espírito que em algum tempo regressará à espiritualidade onde prestará contas da sua inutilidade na existência terrena. Cuide de praticar o bem ou ajudar seus semelhantes, para que não venha a sofrer o constrangimento de ter que voltar ao mundo, em nova existência, em condições de extrema miserabilidade, necessitando da ajuda daqueles a quem você nunca ajudou. Pense bem nisso...

Para encerrar, lembro a letra do admirável cantor católico, padre Zezinho, que é um hino ao respeito e à união dos seguidores das mais diversas religiões:

Canção Ecumênica

Que todos nós, que acreditamos em Deus,
Saibamos viver em Paz e dialogar!
Que todos nós, que cremos que Deus é Pai,
Saibamos nos respeitar... e nos abraçar !...


Que o Pai Celestial nos abençoe hoje e sempre.




Bibliografia:
“O Evangelho de Jesus”
Livro “O Céu e o Inferno”
“O Livro dos Espíritos”


Jc.
S.Luis,
23/09/2001
Refeito em 14/01/2009

A ESCOLHA DA RELIGIÃO

A ESCOLHA DA RELIGIÃO

Herculano Pires, ao comentar a religiosidade da Doutrina dos Espíritos, classifica de forma genérica as religiões, em: dedutivas (que se deduz) e indutivas (que analisa os fatos), para chegar à síntese abraçada por Allan Kardec, de fé raciocinada, na busca da religião em Espírito e Verdade. Para melhor entendimento, tomemos a mesma figura utilizada por Herculano Pires.

O selvagem que derruba uma árvore para fazer dela uma canoa para sua utilização, o faz com um sentimento de religiosidade, porque está perfeitamente integrado ao seu meio, usando da inteligência (atributo divino) e da habilidade (fruto do esforço e da experiência); porém, quando este mesmo selvagem derruba outra árvore e, utilizando os mesmos atributos da inteligência e da habilidade, faz dela um totem, uma imagem para adoração, é outro o sentimento religioso. A grande diferença está no propósito, na intenção que motivou a ação. No primeiro caso, o selvagem se integra legitimamente à natureza, retirando dela os recursos necessários à sua sobrevivência, estabelecendo também um contato direto com o Criador. O resultado é imediato, expressando-se na valorização do indivíduo que não esperou que alguém fizesse por ele. Ele mesmo fez e reconhece que o trabalho foi seu, com os recursos da natureza oriundos da divindade. Neste caso, o indivíduo se liberta, conhecendo sua capacidade e limites, e ainda reconhece a existência de um Ser Superior, tornando-se um co-criador. Estabelece-se um processo participativo que cria um estímulo – Indutivo.

No segundo caso, em que a árvore serve para ser feita uma imagem, o indivíduo abriu mão do contato direto com o Criador, elegendo um intermediário e estabeleceu um processo de transferência e troca: renderia culto, homenagem, sacrifício ao ídolo de madeira e, em troca, esperava ver atendidas suas solicitações e anseios. Ficou assim, dependente do “ídolo” construído por ele mesmo. Se as solicitações por qualquer forma foram atendidas, todo o mérito será do ídolo material; caso contrário, o ídolo-deus estava descontente, daí a necessidade de mais cultos, homenagens e sacrifícios, e, na persistência da negativa, por que não outros ídolos-deuses, para ser atendido? – Neste caso, ele se condiciona. Acredita na imagem de um ser superior, crê e espera em atitude contemplativa, tornando-se dependente – processo dedutivo...

Esta é igualmente, a grande diferença existente entre o caráter da religiosidade manifestada nas religiões tradicionais, e o caráter da defendida pela Doutrina dos Espíritos. As religiões tradicionais se manifestam através de cultos, rótulos, dogmas, sacerdotes ou pastores, sacramentos, hierarquias e templos suntuosos que terminam por condicionar o indivíduo, a tal ponto que o rótulo e o templo de pedra, se tornam mais importantes que o Pai Criador ou o ser humano, que é a essência e a razão de ser, de toda estrutura religiosa. Os freqüentadores se tornam meros expectadores contemplativos e, por isso, elas são classificadas como religiões dedutivas, porque crêem na existência de um Criador, reconhecem seu poder, mas apenas esperam as graças, as bênçãos e a salvação ociosa, sem nenhum trabalho. Embora esse comportamento inadequado ronde o meio espírita, até porque já tivemos militância no seio dessas religiões tradicionais, a proposta da Doutrina dos Espíritos é completamente diferente.

A dificuldade de se assimilar estes novos conceitos levou até os próprios apóstolos a não compreenderem de imediato, visto o apego de Pedro e Tiago para com as tradições judaicas, principalmente sobre a circuncisão, o que provocou a enérgica intervenção de Paulo.

Este é hoje, o compromisso dos espíritas: impedir que a Doutrina dos Espíritos se torne apenas mais uma religião dedutiva. Sua essência como religião, ciência e filosofia indutiva, deve ser ensinada e praticada. As casas espíritas não podem a não devem ser equiparadas a templos que ensejam atitudes meramente contemplativas; mas locais de aprendizado e trabalho, como verdadeiras escolas de aprimoramento de almas, as quais deverão ser preparadas para o futuro e a prática da caridade, pois é esta que assinalará a nossa verdadeira ascensão espiritual. Nas casas espíritas, os freqüentadores devem aprender que não precisam de rituais, dogmas e nem mesmo de templos suntuosos para se comunicarem com o Criador. Podem e devem fazê-lo diretamente, sem intermediários. Herculano Pires nos diz ainda: “A religião espiritual, desprovida de culto externo, iluminada pela razão, não precisa de um sacerdote, de um pastor, do beneplácito de uma igreja: mas tão somente da pureza de sentimento e da consciência voltada para Deus”.

Jesus não fundou nenhuma religião, e Allan Kardec evitou o quanto pode o rótulo da religiosidade, preferindo classificá-la como ciência, filosofia e religião, com conseqüências morais, considerando como a melhor moral, aquela anunciada por Jesus. Herculano ainda assinala: “A religião dedutiva faz Deus baixar à Terra e materializar-se em imagens e objetos, enquanto a religião indutiva faz o ser humano subir às esferas superiores, desmaterializado e em razão do amor, para encontrar a Deus”. Por isso Kardec utilizou dos métodos científicos e filosóficos, na estruturação da Doutrina Espírita, diferenciando-a dos demais conceitos religiosos até então vigentes.

O caráter religioso da Doutrina dos Espíritos é aquele que dá prioridade ao ser humano na sua trajetória de libertação e evolução. É aquela que vem cumprir a promessa de Jesus, na condição de Consolador, esclarecendo e consolando as pessoas através do conhecimento, sem dogmas, sem culto exterior, sem sacerdócio, sem apego material, sem intenção de domínio. Ela explica facilmente ao ser humano que ele é um Espírito em evolução, responsável direto pelas suas ações e as suas conseqüências, portanto, pelos seus fracassos e vitórias, dores e alegrias. Ela é a doutrina que promove a renovação da fé pela razão, e a esperança pela confiança na justiça divina, expressando-se como a forma mais pura de religiosidade; aquela em que o ser humano age com plena consciência e conhecimento dos seus deveres, livre de ameaças e coações, na certeza de que ele é mesmo o construtor do seu futuro que deve ser de evolução.

Para situar a Doutrina dos Espíritos face às diversas filosofias e religiões do mundo, vale a pena estudar alguns trechos da obra “Religiões e Filosofias”, de Edgard Armond, para entender melhor o posicionamento da Doutrina Espírita. Em qualquer situação em que a coloquemos, ela ficará bem e em seu devido lugar. Pode ser considerada uma ciência, no que se refere ao conhecimento da vida cósmica; pode ser posta entre as filosofias, porque oferece possibilidades novas de conhecimentos mais amplos e mais elevados; pode ser encarada como religião, contudo, sem apresentar os defeitos que estas possuem, e permite soluções dos problemas até hoje considerados insolúveis, oferecendo meios de analisá-los direta e objetivamente.

A Doutrina dos Espíritos está na raiz e na essência de todos os conhecimentos; engloba todos e pode ser considerada uma espécie de cúpula a rematar, pelo alto, a vasta e complexa estrutura do pensamento religioso, na sua evolução até o presente. Entretanto, apesar de integrar-se em todas as manifestações de religiosidade humana, representada por todas as doutrinas, não deriva de nenhuma delas. Por exemplo: nada possui dos cultos primitivos do totemismo, com os efeitos resultantes da adoração de objetos, plantas e animais, e até mesmo os elementos da Natureza. Não faz parte das concepções da trilogia chinesa, mas está bem viva no culto prestado aos antepassados e nas práticas chinesas de intercâmbio com eles, após a morte... Não descende do hinduísmo porque não admite as separações de castas, privilégios sacerdotais e a regressão das almas dos humanos para os animais... Do vedismo não tem as cerimônias supersticiosas, a prática de sortilégios, o misticismo grosseiro... Do bramanismo, não tem a rigidez imperiosa, as limitações desesperadoras e o conceito da “metempsicose”, que como já dissemos, admite o retrocesso do Espírito às formas da vida animal inferior. Se aceita muitos pontos de concordância com o budismo, no que diz respeito à fraternidade e ao sentimento de caridade para com o próximo, entretanto, não aceita dele a concepção gnóstica de poder o ser humano viver sem Deus, evoluindo unicamente pela renúncia e pelo desapego das coisas do mundo, porque sabe que as coisas materiais são necessárias e úteis à evolução do Espírito, e porque é com o auxílio do mundo material que ele pode realizar as experiências da sua própria elevação; e por isso não aceita o isolamento, ao contrário, aconselha o trabalho no campo da vida social, a partilha das dores e das alegrias, dos erros e acertos, para que o ser humano possa subir em perfeito equilíbrio, adquirindo da vida um conhecimento integral e completo.

Reconhecendo a existência de forças que levam ao mal, não aceita o mal como tendo existência à parte e independente, como um poder distinto e antagônico, mas ao contrário, prega que o mal é unicamente a ausência do Bem; uma ação praticada por espíritos ignorantes, em condições inferiores, que, com o passar do tempo, pelo uso do livre-arbítrio e pelas experiências sucessivas que fizeram, passarão a agir diferentemente, praticando apenas o bem, em função da própria evolução.

Se o Judaísmo é religião monoteísta e matriz do Cristianismo, sua organização sacerdotal, exclusivista e com predestinação racista, oferece diferenças profundas com a Doutrina dos Espíritos, que é universalista, despida de fórmulas e essencialmente regeneradora do espírito humano. O fanático fatalismo Islâmico não encontra lugar na Doutrina dos Espíritos, que reconhece o livre-arbítrio como um dos atributos mais importantes do ser humano em evolução. Apesar de também monoteísta e imortalista, o Islã, pelo exclusivismo religioso, que o levou à propagação de seus dogmas pela força, afasta-se do Espiritismo, que prega a fraternidade entre todos os homens e a tolerância de todas as formas e condições.

E como situar a Doutrina dos Espíritos em face do outrora Cristianismo, hoje Igreja Católica e o Protestantismo oficial? – As religiões organizadas, visando o poder temporal, apesar de se apoiarem nos testamentos sagrados dos hebreus e nos Evangelhos cristãos, usam de interpretações diferentes a benefício de seus próprios interesses, com pouquíssima exemplificação evangélica na vida prática, e no que diz respeito ao seu próximo. A Doutrina Espírita orienta os seres humanos para o conhecimento evangélico segundo o espírito e não segundo a letra, e para sua exemplificação, segue e recomenda a atividade de levar o Evangelho a toda humanidade. Assim, a Doutrina é a mais avançada e perfeito sistema de iniciação espiritual dos tempos modernos, clareando com seus ensinamentos os caminhos das pessoas, como jamais conseguiram outras doutrinas até hoje conhecidas.

Vimos, portanto, que a Doutrina dos Espíritos está no âmago de todas as doutrinas, conquanto não dependa nem descenda de nenhuma delas. É ela então uma doutrina à parte, original ou diferente? – Não. O Espiritismo é uma grande árvore de feição especial e também uma força nova, que veio cobrir todos os ramos da árvore antiga, tornando-a mais forte e mais perfeita. Trouxe conhecimentos que estavam revelados parcialmente em todas as demais doutrinas, completando-as, esclarecendo-as, e somente com o seu advento, os pontos obscuros puderam ser compreendidos, os erros corrigidos e as falsas interpretações substituídas por outras mais reais.

Desde o seu aparecimento, foram observadas as seguintes orientações: 1- Colocou as verdades essenciais ao alcance de toda a humanidade, sem distinção ou limitações de qualquer natureza; 2- Completou o quadro dos conhecimentos espirituais, compatíveis com o entendimento dos seres humanos desta época; 3- Eliminou a necessidade de iniciações secretas e sectárias, generalizando seus conhecimentos para toda a massa do povo; 4- Demonstrou que o progresso espiritual só pode ser realizado mediante o desenvolvimento dos sentimentos da inteligência, do bem e do amor; 5- Revelou que o Cristo é o medianeiro entre Deus e os seres humanos, e que seu Evangelho é a síntese da mais alta moral e norma mais elevada de realização espiritual; 6- Demonstrou que o conhecimento das coisas de Deus não é nem pode ser adquirido por métodos contemplativos nem isolado das coisas do mundo, mas ao contrário, no convívio de todos os seres, porque a existência é que fornece a experiência, sabedoria e elementos de aperfeiçoamento; 7- Libertou o ser humano da escravidão religiosa, oferecendo-lhe conhecimentos reais, concludentes, lógicos e completos, desenterrando o Evangelho da mistificadora capa das interpretações literais (letra morta), fazendo-o ressurgir no seu verdadeiro aspecto e significado; dando novo alento à alma humana, novas esperanças aos corações descrentes e novos rumos aos espíritos imersos em perturbações religiosas. 8- Trouxe a mensagem de renovação, e por isso é que ele se chama O Consolador, a Terceira Revelação, o Cristianismo Redivivo.

Os fundamentos da Doutrina Espírita, conforme o professor Carlos Imbassahy, são os seguintes: a- Não mais penas eternas, mas a vida progressiva, com desfalecimentos temporários, mas sem paradas definitivas, sem condenação irremissível. Não mais a pena como vingança do Criador à criatura, mas como um remédio para a cura, como um passo para o progresso; b- O ser humano não ressuscita para o Juízo Final, nem toma o mesmo corpo, porque isso é impossível, segundo a ciência, nem vai para o inferno. Nem ressurreição, nem Juízo Final e nem inferno, mas, a volta em novos corpos (reencarnação) apropriados à necessidade do Espírito, imprescindível à sua felicidade futura, porque a felicidade depende da purificação do Espírito; c- Deus não baixou à Terra. Deus é inacessível, incorpóreo, absoluto, Criador de todos os sistemas solares, do Universo, de todas as coisas e seres e não poderia vir a um dos mais obscuros e atrasados orbes que criou. Quem vem ao Mundo são os Seus missionários, e entre eles veio o Cristo, governador da Terra, que passou pelas contingências da existência terrena, procurando apontar o Caminho, trazer a Verdade e alimentar a Vida; d- Não serão escolhidos apenas alguns filhos, pois não há preferência na Paternidade Divina e não há vasos eternamente impuros; não há previamente escolhidos preparados para a gloria e outros para a perdição; o progresso, a evolução e a felicidade, são frutos do esforço próprio da cada um, na persistência do bem. Todos nós atingiremos a meta final da máxima ventura; é apenas uma questão de tempo e aperfeiçoamento; e- Não há diabos nem demônios com a finalidade de encaminhar os seres humanos ao reino de satã; o que há são espíritos inferiores, que nos prejudicam e nos fazem mal, porque damos acesso a eles por afinidade e por baixeza de sentimentos, do que se aproveitam de todas as formas que lhes são possíveis. Algumas vezes a perseguição que fazem às pessoas é um ato de vingança; são dívidas contraídas com eles e, sem o saberem nem o quererem, são instrumentos dos nossos resgates.

Podemos enfim, repetir as palavras de um cientista que disse: “Enquanto o nosso corpo se renova, peça por peça, pela perpétua substituição das partículas; enquanto ele um dia descamba para o túmulo, de onde não mais se ergue indo constituir novas formas de vida. Nosso Espírito, ser pessoal, guarda sempre a sua individualidade indestrutível, libertando-se, assume sua essência espiritual, não sujeita ao tempo e espaço, na sua grandeza e sua imortalidade”.



Senhor ajude-nos a escolher aquela que melhor nos conduza até Vós...



Bibliografia:
Livro “Religiões e Filosofias”
“Livro dos Espíritos”


Jc.
S.Luis, 12/11/2004