quarta-feira, 22 de maio de 2013

AS VÍTIMAS INVISÍVEIS




 Em meio ao debate sobre a diminuição da maioridade penal no Brasil, escapa aos observadores a geração invisível de jovens vítimas dos crimes no país. Elas representam milhares de crianças e adolescentes brasileiros que perderam os pais para as balas assassinas de criminosos, muitos deles menores de idade que destruíram famílias inteiras, e que nunca pagam devidamente por seus atos, deixando-as enlutadas e passando necessidades.
Por uma cruel inversão de valores, existem centenas de entidades de “direitos humanos” que cuidam dos criminosos e não das suas vítimas, prontas a minimizar a responsabilidade dos assassinos no Brasil, e quase nenhuma a defender os “direitos humanos” das inocentes vítimas.  Some-se a isso, uma legislação penal feita com o propósito de aliviar a culpa de quem aperta o gatilho de uma arma apontada para a cabeça de uma pessoa passiva ou de uma pessoa banhada em álcool, pelo fato de ter apenas 30 reais no saldo bancário, e depois incendiada pelos assaltantes causando-lhe a morte. Isso não é só revoltante como também monstruoso.
Acrescente-se ainda que, existe mantido, não pelo governo, mas por todo cidadão de bem que trabalha e contribui o pagamento de uma “bolsa-bandido” que é pago a mais de 40 mil presos, que podem dormir tranquilos em suas celas, com a certeza de que suas famílias estão amparadas pelo Estado. A média do pagamento por família é de 730 reais mensais, enquanto o salário mínimo de quem trabalha é de apenas 678 reais mensal. Você acha correto que alguém que roubou ou matou outra pessoa tenha o merecimento e o direito a esse benefício, além das despesas com sua manutenção na prisão?
No Brasil, ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, na França e em outros países, os familiares de alguém morto por bandidos não tem direito a nenhum benefício, a não ser que a vítima venha contribuindo para a Previdência Social, quando será concedida à família a pensão por morte.
Os bandidos roubam, torturam e matam suas indefesas vítimas nas cidades brasileiras não por precisarem, porque trabalho não falta, mas porque querem e podem. Eles têm a certeza das penas brandas, das atenuantes, quando não da impunidade, sem falar nas entidades de proteção aos criminosos e de alguns juízes que libertam os mesmos, às vezes por pequenas minúcias, talvez com medo de serem também, como vingança, vítimas dos bandidos, sem levar em consideração o trabalho exaustivo dos policiais. Estes, contam que, quando os facínoras são menores, eles zombam dos policiais ao serem detidos, garantindo que logo estarão soltos e de voltas às ruas, o que vemos todos os dias, porque seus defensores porão a culpa na sociedade e no Capitalismo.
O debate sobre a violência na Brasil atingiu um grau de insensatez capaz de igualar e não haver diferença entre a vítima e o criminoso. O Estado deveria garantir a segurança do cidadão de bem e não beneficiar alguém que vem prejudicando a segurança das pessoas e da nação.
Na maioria dos casos a família da vítima ainda ajuda a pagar o benefício à família da pessoa que destruiu a sua.
Para explicar ao filho menor de dois anos de idade a ausência do pai, vítima de um ladrão que lhe tirou a existência, Neli, residente em Rio Branco-AC, disse que o pai está dormindo com Deus, e a criança pede à mãe para “acordar o papai”. Juliana é outra vítima. Em abril de 2009 ela ainda estava na barriga da mãe quando Leslie foi alvejada com dois tiros na cabeça. Juliana sofreu falta de oxigenação no cérebro e ficou com problemas motores nos quadris e nas pernas. Ian de três anos e Liz de 2 meses, filhos de Lua Varin da cidade de Itu-SP são outras vítimas de bandidos. Ela teve que inventar que o pai foi morar no céu. De vez em quando Ian pergunta: “Os anjos dão comida para o papai?” Vinícius estava com a mãe numa loja de Curitiba quando os ladrões chegaram. Como ela se recusou a entregar as chaves do carro, morreu com um tiro na cabeça, disparado por um menor assaltante. Ainda hoje, Vinícius comenta com o pai que “o homem mau arrancou o cabelo da mãe”.  Gabriel Paiva de Recife-PE, Márcia Bairros de Medeiros do Rio, vítima duas vezes ao saber da morte do pai e ao presenciar a morte do seu marido, e a dentista Cinthia Moutinho de Souza, são muitas de milhares de vitimas de criminosos.
Nenhuma nação se viabiliza sem garantir segurança a seus cidadãos, que só querem trabalhar e criar seus filhos para que cresçam como pessoas honestas e produtivas. Qualquer sociedade se deteriora quando fecha os olhos à culpa dos que a agridem. O que os brasileiros precisam e exigem das autoridades é paz e segurança para trabalharem, para andarem nas ruas das cidades sem temor, para conversarem com os parentes e amigos nas portas e varandas das casas sem que sejam alvos de algum elemento perniciosos, seja qual for a sua idade. Não podemos mais aceitar essa situação que nos leva a viver trancados em casa enquanto os criminosos vivem em liberdade nas ruas a afrontar os que se arriscam a sair.
Para maiores informações sobre esse assunto vejam os artigos:
A Violência
Carta aos Representantes do Governo do Brasil
Juventude Abandonada
O Estado é Cúmplice
Uma Questão de Direito

Fonte:
“Revista Veja” - edição 2320 de 8/5/2013
+ modificações

Jc.
S. Luís, 22/05/2013