Em meio ao debate sobre a diminuição da maioridade penal no Brasil, escapa aos observadores a geração invisível de jovens vítimas dos crimes no país. Elas representam milhares de crianças e adolescentes brasileiros que perderam os pais para as balas assassinas de criminosos, muitos deles menores de idade que destruíram famílias inteiras, e que nunca pagam devidamente por seus atos, deixando-as enlutadas e passando necessidades.
Por uma cruel inversão de
valores, existem centenas de entidades de “direitos humanos” que cuidam dos
criminosos e não das suas vítimas, prontas a minimizar a responsabilidade dos
assassinos no Brasil, e quase nenhuma a defender os “direitos humanos” das
inocentes vítimas. Some-se a isso, uma
legislação penal feita com o propósito de aliviar a culpa de quem aperta o
gatilho de uma arma apontada para a cabeça de uma pessoa passiva ou de uma
pessoa banhada em álcool, pelo fato de ter apenas 30 reais no saldo bancário, e
depois incendiada pelos assaltantes causando-lhe a morte. Isso não é só revoltante
como também monstruoso.
Acrescente-se ainda que,
existe mantido, não pelo governo, mas por todo cidadão de bem que trabalha e
contribui o pagamento de uma “bolsa-bandido” que é pago a mais de 40 mil
presos, que podem dormir tranquilos em suas celas, com a certeza de que suas
famílias estão amparadas pelo Estado. A média do pagamento por família é de 730
reais mensais, enquanto o salário mínimo de quem trabalha é de apenas 678 reais
mensal. Você acha correto que alguém que roubou ou matou outra pessoa tenha o
merecimento e o direito a esse benefício, além das despesas com sua manutenção
na prisão?
No Brasil, ao contrário do
que acontece nos Estados Unidos, na França e em outros países, os familiares de
alguém morto por bandidos não tem direito a nenhum benefício, a não ser que a
vítima venha contribuindo para a Previdência Social, quando será concedida à
família a pensão por morte.
Os bandidos roubam, torturam
e matam suas indefesas vítimas nas cidades brasileiras não por precisarem,
porque trabalho não falta, mas porque querem e podem. Eles têm a certeza das
penas brandas, das atenuantes, quando não da impunidade, sem falar nas
entidades de proteção aos criminosos e de alguns juízes que libertam os mesmos,
às vezes por pequenas minúcias, talvez com medo de serem também, como vingança,
vítimas dos bandidos, sem levar em consideração o trabalho exaustivo dos
policiais. Estes, contam que, quando os facínoras são menores, eles zombam dos
policiais ao serem detidos, garantindo que logo estarão soltos e de voltas às
ruas, o que vemos todos os dias, porque seus defensores porão a culpa na
sociedade e no Capitalismo.
O debate sobre a violência
na Brasil atingiu um grau de insensatez capaz de igualar e não haver diferença
entre a vítima e o criminoso. O Estado deveria garantir a segurança do cidadão
de bem e não beneficiar alguém que vem prejudicando a segurança das pessoas e
da nação.
Na maioria dos casos a
família da vítima ainda ajuda a pagar o benefício à família da pessoa que
destruiu a sua.
Para explicar ao filho menor
de dois anos de idade a ausência do pai, vítima de um ladrão que lhe tirou a
existência, Neli, residente em Rio Branco-AC, disse que o pai está dormindo com
Deus, e a criança pede à mãe para “acordar o papai”. Juliana é outra vítima. Em
abril de 2009 ela ainda estava na barriga da mãe quando Leslie foi alvejada com
dois tiros na cabeça. Juliana sofreu falta de oxigenação no cérebro e ficou com
problemas motores nos quadris e nas pernas. Ian de três anos e Liz de 2 meses,
filhos de Lua Varin da cidade de Itu-SP são outras vítimas de bandidos. Ela
teve que inventar que o pai foi morar no céu. De vez em quando Ian pergunta:
“Os anjos dão comida para o papai?” Vinícius estava com a mãe numa loja de
Curitiba quando os ladrões chegaram. Como ela se recusou a entregar as chaves
do carro, morreu com um tiro na cabeça, disparado por um menor assaltante.
Ainda hoje, Vinícius comenta com o pai que “o homem mau arrancou o cabelo da
mãe”. Gabriel Paiva de Recife-PE, Márcia
Bairros de Medeiros do Rio, vítima duas vezes ao saber da morte do pai e ao
presenciar a morte do seu marido, e a dentista Cinthia Moutinho de Souza, são
muitas de milhares de vitimas de criminosos.
Nenhuma nação se viabiliza
sem garantir segurança a seus cidadãos, que só querem trabalhar e criar seus
filhos para que cresçam como pessoas honestas e produtivas. Qualquer sociedade
se deteriora quando fecha os olhos à culpa dos que a agridem. O que os
brasileiros precisam e exigem das autoridades é paz e segurança para
trabalharem, para andarem nas ruas das cidades sem temor, para conversarem com
os parentes e amigos nas portas e varandas das casas sem que sejam alvos de
algum elemento perniciosos, seja qual for a sua idade. Não podemos mais aceitar
essa situação que nos leva a viver trancados em casa enquanto os criminosos
vivem em liberdade nas ruas a afrontar os que se arriscam a sair.
Para maiores informações
sobre esse assunto vejam os artigos:
A
Violência
Carta
aos Representantes do Governo do Brasil
Juventude
Abandonada
O
Estado é Cúmplice
Uma
Questão de Direito
Fonte:
“Revista
Veja” - edição 2320 de 8/5/2013
+
modificações
Jc.
S.
Luís, 22/05/2013
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