quinta-feira, 30 de julho de 2015

A DIFÍCIL ARTE DE EDUCAR OS FILHOS





 Inicialmente, se confunde o Ministério que deveria ser de Instrução, como Ministério da Educação. Muitos pensam que cabe aos professores a tarefa de educar seus filhos, quando na verdade a responsabilidade pela educação compete aos pais, tios, avós etc., principalmente, através dos exemplos, que são observados pelos filhos. Ao Ministério e aos educadores compete a função de transmitir conhecimentos (instruir) e auxiliar na educação transmitida pelos pais. Se os pais se omitem na sua responsabilidade de dar boa educação aos filhos, vão responder  pelo descaso e atos negativos dos filhos, perante as leis de Deus.
Feita esta introdução, passemos ao assunto que trata da entrevista da jornalista Natale Cuminale, feita com Daniel Siegel, sobre o Comportamento, tratado na revista “Veja”, edição 2422, de 22/4/2015, a seguir:
“Aos 57 anos, o psiquiatra americano Daniel Siegel é uma das principais referências em comportamento infantil e adolescente”. Professor da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, ele se dedica ao estudo do desenvolvimento cerebral e cognitivo ao longo das primeiras décadas de vida. Seu livro mais recente (Disciplina sem Drama) esteve na lista dos mais vendidos do The New York Times, e deverá chegar ao Brasil até o fim deste ano pela editora Versos. No livro, Siegel defende a tese de q ue um dos maiores erros       que os pais modernos cometem é confundir disciplina com punição. E isso acontece, segundo ele, porque os adultos de hoje não têm a menor noção do que seja educar uma criança.
Por que é tão difícil para os pais disciplinar seus filhos?
Os pais do mundo moderno estão realmente muito ocupados, têm pouco tempo disponível e esperam que seus filhos simplesmente se comportem bem. O problema é que isso não acontece. Eles devem tentar saber o que está se passando na cabeça das crianças. Não apenas lidar com o mau comportamento em si. Geralmente a palavra disciplina tem sido associada á punição. Quando os pais pensam que deveriam disciplinar seus filhos, logo intuem que deveriam puni-los quando algo está errado. É um equívoco. Não é certo punir as crianças, mas ensinar e corrigir proibindo-os, por certo tempo, daquilo que elas mais gostam.
Falta paciência dos pais?
Sim, mas convém ressaltar que os pais simplesmente não têm o conhecimento necessário para lidar com a educação das crianças. São essas habilidades que precisamos ensinar-lhes. Em primeiro lugar, os pais devem estreitar os vínculos com os filhos. Eles têm de desenvolver a habilidade de perceber os pensamentos e sentimentos das crianças e adolescentes – e não somente reagir a uma malcriação qualquer, por mais agressiva ou irritante que seja. É preciso saber e entender o que se passa na mente dos filhos.
E o que os pais deveriam fazer para reforçar os laços com seus filhos?
Precisam fundamentalmente abrir um diálogo e refletir sobre o que está acontecendo na cabeça da criança. Pesquisas científicas mostram que a melhor atitude dos pais em relação à educação dos filhos é o entendimento e a reflexão do que se passa na mente das crianças. Os pais que não têm a habilidade de entender o próprio comportamento, incapazes de perceber onde erram ou exageram, acabam tratando os filhos como objetos, e não como seres humanos carentes. Geralmente as crianças não respondem muito bem a essa postura. Os pais que não conseguem serem exemplos e serem companheiros dos filhos, certamente não lhes incutirão valores que deverão permanecer pelo resto da existência, como o senso de moralidade e de autocontrole. Quando os pais só fazem brigar e não explicam os motivos, elas não aprendem como responder às expectativas dos mais velhos.
Mas, como uma rotina cheia de demandas e nervosismo, em que há falta de dinheiro e em que os relacionamentos com outros adultos já são suficientemente difíceis, o que fazer para não perder o controle?
É preciso se acalmar e tentar conseguir reatar o vínculo perdido com a criança. Antes de agir, é fundamental pensar qual a melhor maneira de conversar com o filho, e não tentar resolver a situação.
O “cantinho da disciplina”, funciona?
O cantinho da disciplina e também a proibição das distrações das crianças, é boa ideia, sim. Se a criança faz alguma coisa errada ela é posta de castigo para refletir sobre o que fez errado; depois os pais conversam com seus filhos, explicando o que ocorreu de errado sobre o acontecido. A eficácia dessa ação, já foi comprovada nos estudos de comportamento, mas os pais fazem tudo errado.
Onde eles erram?
Primeiro, eles começam gritando e fazendo um escândalo, quando a criança age de forma inapropriada. Depois partem para o castigo; castigar sem esclarecer não ensina novas habilidades e não favorece o desenvolvimento. Onde deve haver orientação, os pais apostam no isolamento.
Em seu recente livro, o senhor diz que, quando as crianças estão nervosas, as lições tendem a ser ineficazes. Por quê?
Quando as crianças estão agitadas, o cérebro delas não tem capacidade de reter nada. Ninguém está aberto ao aprendizado nos momentos de stress. Para entender isso, é preciso dividir o cérebro em dois estados: o receptivo e o reativo. Por isso, o que ensinamos aos pais é “conecte-se antes de redirecionar”. Quando o pai se conecta ás emoções da criança, a tira do estado de reação e a leva a um estado receptivo, em que a criança está predisposta a ouvir e aprender. Só vamos conseguir atingir esse ponto se pararmos para pensar por que um filho está agindo dessa forma, e o que desencadeou a reação brava.
 Alguns pais acreditam que precisam ser autoritários para evitar a permissividade. É esse o caminho?
Não encorajamos nem o autoritarismo nem a permissividade. Podemos dividir o perfil dos pais de três formas: os autoritários, os permissivos e os participativos. No primeiro caso, agem como ditadores e não escutam o que a criança sente, apenas exigem que ela atenda às suas expectativas. No caso dos permissivos, falta experiência e estrutura. Eles deixam a criança totalmente livre e não favorecem a construção de habilidades. O meio termo são os pais participativos. Eles exercem uma autoridade, mas estão preocupados com a relação, orientando-os e exemplificando atitudes para o desenvolvimento dos filhos. É o modelo ideal.
Punições pontuais dão resultado?
Muitas vezes, sim. Por exemplo: “Se você não fizer os deveres escolares, não jogará videogame”.  “Se você não arrumar suas coisas, não vai poder ver televisão”. Punições desse gênero sempre funcionam, desde que aplicadas com moderação. As crianças podem se sentir motivadas a trocar o risco de perder algum divertimento por uma postura correta. Propor acordo com a criança, dizendo que é melhor para ela sem gritos, chantagem e exageros.
O que dizer aos pais de uma criança que tem o costume de dar escândalo em público quando não é atendida em seus desejos?
Depende do que está acontecendo. Às vezes os pais satisfazem  os pedidos da criança para não serem mais incomodados. Outras vezes os pais não impõem limites e a criança está mal acostumada a ser atendida. Outras mais, por não fazerem as crianças cientes de que nem tudo pode ser e deve ser atendido.
Deixar chorar é bom?
Os pais podem deixar a criança chorar, mas não por muito tempo e dependendo da situação. Quando deve ser dito “não”, tem que ser “não” mesmo. Ela tem que aprender que nem tudo que deseja é possível, mas se ela estiver manipulando, aí a história muda.  Cabe uma conversa, mas é fundamental não atender à exigência da criança, apenas para que ela deixe de chorar... Ela vai viciar.
Obs. No meu tempo de criança, lá pelos idos de 1930, umas  palmadas e uns bolos de palmatória resolviam o problema. Hoje, isso é quase impossível por força da Lei. Em virtude disso, muitos filhos se transformam em verdadeiros algozes dos seus pais.
Para maiores esclarecimentos veja os artigos: A Educação, Educação - Várias Formas, Educação Para o Novo Mundo.

Fonte:
Revista Veja – edição de 22/4/2015
+ Acréscimos, supressões e modificações.

Jc.
São Luís, 14/5/2015