A FORÇA DAS IDEIAS ( 1ª Parte)
Richard Simonetti informa que nas reuniões públicas realizadas
no Centro Espírita “Amor e Caridade”, na cidade de Bauru-SP., no
desenvolvimento das atividades, foi criado um tempo para que as pessoas
fizessem as indagações que lhes pudessem esclarecer. A motivação foi tão grande
que o tempo disponível foi insuficiente para responder às dezenas de questões
formuladas pelos frequentadores do Centro.
Por outro lado foi muito
estimulante, na medida em que obrigava o “sabatinado” a espremer os miolos para
responder de forma acertada e proveitosa as perguntas apresentadas. Diz ele que
aprendeu muito com esse desafio e escreveu um livro narrando alguns desses
questionamentos, com o título: “A Força das Ideias”. A intenção é oferecer
singela contribuição ao debate das ideias espíritas, esta irresistível força de
renovação e progresso para a Humanidade;
razão porque passo a publicar neste artigo, juntamente com uma mensagem introdutória
de Allan Kardec, sobre a Doutrina dos Espíritos.
“Falsíssima ideia formaria
da Doutrina quem julgasse que a sua força lhe vem da prática das manifestações
materiais e que, portanto, obstando-se a tais manifestações se lhe terá minado
a base. Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom
senso. Na antiguidade, era objeto de estudos misteriosos, que cuidadosamente se
ocultavam do vulgo. Hoje, para ninguém tem segredo. Fala uma linguagem clara,
sem ambiguidades. Nada há nele de místico, nada de alegorias suscetíveis de
falsas interpretações. Quer ser por todos compreendidos, porque chegados são os
tempos de fazer-se que os seres humanos conheçam a verdade. Longe de se opor à
difusão da luz, deseja-a para todo o mundo. Não reclama crença cega; quer que o
homem saiba porque crê. Apoiando-se na
razão, será sempre mais forte do que os que se apoiam no nada.”
PÁTRIA DO EVANGELHO - 1ª pergunta. Até que ponto podemos considerar acertada a
informação do Espírito de Humberto de Campos, em psicografia de Francisco
Candido Xavier, situando o Brasil como a “Pátria do Evangelho e Coração do
Mundo?”
Resposta. Trata-se de uma proposta da Espiritualidade,
um ideal a ser concretizado, o que certamente não ocorrerá por mero decreto
divino, sem a participação
dos seres humanos. Outras nações fracassaram no passado, nas tarefas que lhes
foram confiadas. Pode acontecer o mesmo com o Brasil.
2ª pergunta. Inflação indomável, escalada dos vícios, dissolução
dos costumes, violência urbana, subnutrição, saúde em fracasso,
analfabetismo... Estaremos fracassando?
Resposta. Creio que não. A atual conjuntura certamente
estava prevista por Jesus e os Espíritos que tutelam nosso país. Isso diz
respeito à nossa imaturidade política e social.
3ª pergunta. Mas isso tudo não nos coloca numa corda
bamba?
Resposta. Sem dúvida. Consideremos, entretanto, que é
também um agitar da consciência nacional, enfatizando os valores da
solidariedade, que florescem mais facilmente em corações sofredores. É como se
estivéssemos sendo testados e preparados
pela adversidade, tendo em vista as realizações positivas do porvir.
4ª pergunta. Qual seria a missão do Brasil?
Resposta. Parece-me que compete ao Brasil instituir um estilo
novo de existência na Terra, marcado pela fraternidade autêntica, inspirando a
derrubada das barreiras de nacionalidade, raça e crença, para que sejamos uma
grande família universal.
5ª pergunta. Essa missão estaria relacionada com a
prosperidade material?
Resposta. Se assim fosse, países como os Estados
Unidos, Japão e Alemanha estariam em melhores condições para semelhante missão.
Muito mais do que eles possam ser, precisamos do Brasil fraterno, dedicado ao
Bem, do Brasil irmão.
6ª Pergunta. O que caracteriza melhor a vocação
missionária do povo brasileiro?
Resposta. A convivência pacífica de várias raças, vivendo
no Brasil, algo inédito no mundo, numa abençoada miscigenação, a favorecer a
composição de uma sociedade legitimamente cristã.
7ª Pergunta. A semelhança do que ocorreu em Israel, seria
o povo brasileiro o escolhido para liderar o nosso planeta, unificado num só
rebanho, com um único pastor, o Cristo?
Resposta. Deus não tem preferências. A ideia de povo
escolhido reflete mero orgulho de raça. Teremos um só rebanho na Terra quando
forem superadas as ideologias
materialistas e todas as pretensões de
hegemonia que caracterizam as nações e reconhecermos a autoridade e a liderança
do Cristo.
A CORRUPÇÃO
- 1ª Pergunta. Por que grassam no Brasil a corrupção e o
desejo de tirar vantagem?
Resposta. Essas “virtudes” não constituem exclusividade
brasileira. .Exprimem uma condição do Espírito no estágio de evolução em que nos encontramos. Tanto que o profeta
Isaias proclama dizendo: ”Todo homem é mentiroso”.
2ª Pergunta. Mas essas mazelas não são mais evidentes em
nosso país?
Resposta. É que a sociedade brasileira não
conseguiu ainda desenvolver mecanismos
de contenção, como ocorre em países mais desenvolvidos. Por outro lado, a
recessão, a inflação, o desemprego, a insegurança, que tem caracterizado a vida
nacional, estimulam essa situação, num autêntico “salve-se quem puder”.
3ª Pergunta. Culpa dos políticos?
Resposta. Os políticos refletem as tendências das
coletividades que os elegem. A afirmativa “cada povo tem o governo que merece”
não se relaciona apenas com a escolha do voto. Se raras são as pessoas
legitimamente honestas e incorruptíveis, há uma tendência para sermos
governados pelos seus antípodas.
4ª Pergunta. Não seria decisivo que tivéssemos nos altos
postos da nação, homens probos, que criassem condições para uma mudança de
mentalidade, com investimentos na área da educação?
Resposta. Sem dúvida. Não esperemos, entretanto, por
governos messiânicos, de salvação nacional. Nossas melhores possibilidades de
crescimento como nação e como povo, estão na iniciativa individual, no respeito
às instituições, no trabalho, na honestidade e na consciência do dever cumprido.
5ª Pergunta. Que dizer das campanhas em favor da
moralização da sociedade, a partir do esforço de cada brasileiro?
Resposta. O caminho é esse. Imagino que, grandes
progressos faríamos se todos nós assumíssemos, para começar, o compromisso de
não mentir mais.
6ª Pergunta. Por que isso é tão importante?
Resposta. Porque é quase impossível sustentar o mal sem
a mentira. Sem ela não teremos o adultério; como trair o cônjuge sem mentir
para ela/ele? Não teremos estelionatos; como lesar alguém sem iludi-lo? Não
teremos roubos; como vender o produto do roubo sem mentir a sua procedência?
7ª Pergunta. O assunto é interessante; você poderia citar
outros exemplos?
Resposta. O assunto envolve todas as relações humanas.
Atrevo-me a dizer que sem a mentira seria muito fácil eliminar a corrupção e a inflação. Sem a mentira haveria melhores
políticos e não teríamos industriais e comerciantes que proclamam vender com um
lucro mínimo; a confiança entre as pessoas seria maior e o lar seria um
ambiente de paz.
8ª Pergunta. Qual a contribuição da Doutrina dos Espíritos
nesse particular?
Resposta. A Doutrina Espírita é a trombeta do Céu,
alertando-nos sobre a continuidade da vida no Plano Espiritual, onde nos
pedirão contas de todos os prejuízos causados aos nossos semelhantes, desde
algumas gramas sonegadas na balança, até às falcatruas cometidas contra a
coletividade.
RELACIONAMENTO AFETIVO
- 1ª Pergunta. Como explicar as dificuldades e obstáculos na
vida amorosa, maiores para uns, menores para outros?
Resposta. Problemas amorosos, carência afetiva,
solidão, decorrem geralmente da maneira como administramos nossas emoções e de
nossa contribuição em favor de uma convivência ajustada para sermos feliz.
2ª Pergunta. O problema não pode estar relacionado com as
existências passadas?
Resposta. As generalizações nos afastam da realidade.
Há o chamado “carma”, mas na maioria das vezes a origem está em nossa maneira
de ser. Uma jovem possessiva que controla todos os passos do namorado e exige
atenção plena, transforma-se num tormento para ele. Se continuar agindo assim,
ficará para “titia”, não por destino, mas por desatino.
3ª Pergunta. O que pesaria,
então, favorecendo uma ligação afetiva?
Resposta. O desempenho, a maneira honesta como nos
relacionamos com as pessoas em experiências afetivas.
4ª Pergunta. Que dizer
daqueles que, sem encontrar seu parceiro, sofrem solidão?
Resposta. Será que podemos relacionar a solidão com a
ausência de alguém? Não seria mais
razoável relacioná-la com nossa ausência na vida social? Perguntemos a Madre Tereza de Calcutá, a Chico
Xavier, a Divaldo Franco, se eles se sentem solitários. Quem trabalha pelo
semelhante, exercitando a suprema realização – doar-se em favor dos aflitos e
sofredores – não tem espaço interior para a solidão.
CASAMENTO - 1ª
Pergunta. Todo Espírito que reencarna
obedece a um planejamento espiritual?
Resposta. Genericamente, sim. A reencarnação é um
programa de Deus em favor de nossa evolução. O corpo é um escoadouro de impurezas espirituais. A jornada terrena é
oportuno curso de aperfeiçoamento moral.
2ª Pergunta.
As particularidades da existência humana, como profissão, posição
social, casamento, duração, prole, são programas?
Resposta. Sim, mas geralmente de forma sumária.
Planejamento implica em compromisso, algo que somente Espíritos amadurecidos
têm condições para assumir e cumprir, o que é incomum entre os seres humanos.
3ª Pergunta. Isso significa que podemos, por exemplo, ter
casamentos não programados?
Resposta. Sim, com frequência, particularmente aqueles
que obedecem exclusivamente à atração sexual e os que são de interesses
financeiro ou social.
4ª Pergunta. Lares tumultuados, onde há muitas brigas e
desentendimentos, são fruto de uniões fortuitas ou resultam do reencontro
planejado de inimigos do passado?
Resposta. São resultado de encontro de inimigos do
passado como também fruto da falta de educação e fraternidade. Em qualquer
situação, Espíritos educados respeitam-se, conservando o equilíbrio e a
serenidade.
5ª Pergunta. Casamentos não programados antes da
reencarnação estão destinados ao fracasso?
Resposta. Fracassam os casamentos em que os cônjuges
não cumprem os deveres inerentes à vida em comum. Isso independe de
planejamento reencarnatório.
6ª Pergunta. Então, mesmo os casamentos sem ascendentes
espirituais podem dar certo?
Resposta. Evidentemente. Se assim não fosse, jamais
teria êxito um segundo ou terceiro matrimônio, já que, normalmente, ninguém
reencarna com programação para mais de uma união.
7ª Pergunta. Não seriam
os múltiplos casamentos tentativas que o indivíduo faz, à procura do par
ideal?
Resposta. Semelhantes experiências exprimem falta de
juízo. Casamento não é sapato que se experimenta até encontrar um que se
ajuste. Porém, existe o conceito de que
o primeiro casamento é, ás vezes, um compromisso expiatório e o segundo é uma
compensação pelo primeiro. Como ensina Jesus, o fracasso da união matrimonial
ocorre por causa de nossos corações.
8ª Pergunta. Como fica a ideia de que o casamento é planejado na Espiritualidade?
Resposta. Subordinado ao livre-arbítrio
e a afinidade que pode existir entre as pessoas. Casamento não é fatalidade. Tanto podem não
se consumar os que foram planejados, quanto podem ocorrer sem planejamento
algum.
9ª Pergunta. Como o Espiritismo vê os trabalhos
espirituais encomendados por pessoas, no sentido de alcançar a felicidade numa
realização afetiva?
Resposta. A felicidade não é uma mercadoria que se
possa encomendar nesse mercado de ilusões que são os sortilégios.
10ª Pergunta. Como seria o casamento perfeito?
Resposta. Perfeição somente em Deus. O ideal é aquele
em que os cônjuges buscam harmonizar-se, cultivando valores de respeito,
aceitação, carinho, abnegação e renúncia, não esquecendo as pitadas de humor e
a divina musicalidade do “eu te amo”.
OS FILHOS - 1ª Pergunta.
Os filhos são Espíritos ligados aos pais desde existências anteriores?
Resposta. Sim, quando o lar é formado por Espíritos
afins, que seguem juntos nos caminhos evolutivos.
2ª Pergunta. Como podemos identificar essas famílias?
Resposta. É fácil.
Geralmente há uma grande afetividade envolvendo os componentes da família, que
se respeitam e se ajudam mutuamente, mesmo nos momentos eventuais de
desentendimentos, normais no relacionamento humano.
3ª Pergunta. Lares assim não constituem uma exceção?
Resposta. Não uma exceção, mas uma minoria. É natural
porque vivemos num planeta de provas e expiações, onde as uniões obedecem aos
imperativos de resgates e reajustes.
4ª Pergunta. Numa união fortuita, decorrente de um
envolvimento passional, ainda assim os filhos têm alguma ligação com os pais.
Resposta.. Normalmente sim, pelo menos com um deles.
5ª Pergunta. O casal tem um encontro amoroso no motel. Há
a concepção. Qual a natureza do Espírito reencarnante?
Resposta. Difícil generalizar. Pode ser um obsessor ou
um companheiro de um dos parceiros, atraído à reencarnação pelo campo que se
forma na relação sexual. Pode ser um amigo espiritual q ue se submete a retornar em condições não favoráveis, como lírio
a brotar no pântano.
6ª Pergunta. A indiferença de certos pais em relação aos
filhos deve ser debitada à ausência de ligação afetiva anterior?
Resposta. É mais decorrente de uma afetividade
subdesenvolvida. Normalmente a paternidade e a maternidade despertam impulsos
afetivos muito fortes em relação aos filhos, consolidados pela convivência. É o
instinto em trânsito para o amor. Podem também serem inimigos de outras
existências que são reunidos no lar.
7ª Pergunta. Como a Doutrina Espírita explica os complexos
de Édipo, em que o filho liga-se mais à mãe e rejeita o pai, e o de Eletra,
envolvendo a filha com o pai?
Resposta. Faltou a Freud a chave da reencarnação para
explicar esses casos, bem como aqueles em que as mães têm maior afinidade com
as filhas e os pais com os filhos, decorrentes de ligações afetivas de outras
existências.
8ª
Pergunta. Mas há casos de uma profunda
animosidade entre pai e filho, ou mãe e filha, como se fossem rivais disputando
a mesma mulher (esposa e mãe)?
Resposta. Ainda aqui a reencarnação esclarece os
problemas. Rivais de outras existências em disputas afetivas reúnem-se hoje em
outras posições para superarem aversões e consolidarem afeições.
O SEXO - 1ª Pergunta.
Fala-se que Deus permitiu o aparecimento das doenças sexualmente
transmitidas, com o fim de alertar o ser humano sobre o uso abusivo e
desequilibrado do sexo. Essa afirmação tem fundamento?
Resposta. Quase sempre há uma revelação moral na
enfermidade. As doenças venéreas sinalizam o abuso do sexo; o regime monogâmico
é o ideal para a saúde do homem.
2ª
Pergunta. A AIDS pode ser relacionada
com o sexo livre?
Resposta. É o que dizem com toda certeza as
estatísticas.
3ª
Pergunta. Por que atualmente assistimos
ao uso da sexualidade de forma tão promíscua e descontrolada?
Resposta. A sexualidade humana foi reprimida durante
séculos pela igreja religiosa medieval,
que situava a atividade sexual como algo pecaminoso. Basta lembrar que até hoje
há quem imagine que Adão foi expulso do
Paraiso porque relacionou-se sexualmente com Eva. A sociedade liberta da tutela,
desconta o atraso achando que a felicidade só é proporcionada pelo sexo.
4ª
Pergunta. Quais as causas do
homossexualismo? Qual deve ser a postura da juventude perante esse assunto?
Resposta. O homossexualismo pode ser decorrente de uma
necessidade do Espírito, para seu progresso,
originando-se uma psicologia masculina em um corpo feminino e
vice-versa. Nesses casos estamos diante de Espíritos torturados por estarem
encarnando com sexo diferente, do até
então usado e que ainda trazem os pendores do sexo anterior, necessário a
adquirir os conhecimentos dos homens e os sentimentos das mulheres. A postura
deve ser de respeito para com eles, a não ser, aqueles que são escândalos, e, como diziam os
antigos: “Deve tomar vergonha”.
5ª
Pergunta. O que poderia dizer a respeito
do sexo na adolescência?
Resposta. O adolescente tem maturidade biológica para o
sexo, mas falta-lhe a maturidade psicológica para que assuma as
responsabilidades inerentes à atividade sexual. Muitos não assumem nunca,
apesar de crescerem, e querem apenas “fazer amor”, expressão infeliz de quem
confunde amor com “transar”.
6ª
Pergunta. A que se pode atribuir o
crescente número de uniões fracassadas que existe atualmente?
Resposta. Geralmente é o resultado desses “amores”
inspirados apenas no sexo, num envolvimento que gera uniões precipitadas,
tensões e angústias, abortos e suicídios, sem maior afinidade ou afetividade
por parte dos cônjuges.
7ª
Pergunta. Qual deveria ser a orientação sexual ao jovem espírita?
Resposta. Estará no caminho certo se respeitar a pessoa
com a qual venha a se relacionar afetivamente, tanto quanto gostaria que seus
entes queridos fossem respeitados.
EVANGELIZAÇÃO INFANTIL 1ª Pergunta.
Como interpretaria a atitude de
pais espíritas que dizem assim: “Nossos filhos não querem frequentar as aulas
de evangelização. Não podemos violentar seu livre-arbítrio. Esperaremos que
cresçam para eles próprios decidirem sobre esse assunto”.
Resposta. Pura omissão. Nenhum pai pergunta ao filho se deseja tomar banho, se
está disposto a ir para a escola ou tomar o remédio necessário. Não quer ter trabalho e apela para essa
desculpa.
2ª
Pergunta. Qual o grau de importância que
você daria à orientação religiosa na formação das crianças e dos jovens?
Resposta. É tão importante quanto á formação
profissional. Com esta, habilitamo-nos a adquirir os recursos necessários à
nossa subsistência e com a orientação religiosa aprendemos a viver.
3ª
Pergunta. Os pais e os responsáveis
pelas crianças serão cobrados no Plano Espiritual pelo que fizeram ou deixaram
de fazer quanto à orientação religiosa?
Resposta.
Sem dúvida, e responderão por sua omissão, principalmente quando os filhos
comprometerem-se no vício e no desajuste. Então perguntarão a si mesmos: “Não
teria sido diferente se lhes houvéssemos proporcionado uma iniciação
religiosa?”
4ª
Pergunta. Uma mensagem para aqueles que
pensam em evangelizar.
Resposta. Considerem que ensinar é como amar.
Impossível exercitar em plenitude sem devoção. Devoção ao aprendiz - amor que motiva;
devoção ao aprendizado – amor que se aprimora.
AS TRÊS REVELAÇÕES 1ª Pergunta. Em “O Evangelho Segundo o
Espiritismo” Allan Kardec destaca as três revelações divinas: Moisés, Jesus e o
Espiritismo. Deus falou aos homens nessas três ocasiões?
Resposta. Falaram na 1ª e na 3ª revelações os seus
Mensageiros, e na 2ª foi o próprio Jesus quem ofereceu ensinamentos compatíveis
com o estágio evolutivo da Humanidade.
2ª
Pergunta. Poderia resumir a revelação
mosaica numa palavra?
Resposta. Revelação divina – as Tábuas dos Dez
Mandamentos.
3ª
Pergunta. Que palavra resumiria a
revelação de Jesus?
Resposta. A mensagem de Jesus fala do Amor, em sua
expressão mais pura; amar é devotar-se a alguém. “Fazer ao próximo o que
desejamos para nós.”
4ª
Pergunta. Qual a responsabilidade dos espíritas nesse particular?
Resposta. Herdeiros do imenso patrimônio legado por
Allan Kardec, compete aos espíritas velar pela pureza doutrinária, exercitando
o bom senso, a caridade e o discernimento como exemplificou o Codificador.
5ª
Pergunta. Por que vieram as revelações
de Jesus e do Espiritismo, se até hoje a Humanidade não vivenciou sequer o
decálogo mosaico, no respeito ao seu semelhante?
Resposta. As revelações divinas acompanham o progresso
intelectual dos seres humanos,
situando-se por ideais e serem alcançados. Esta parte é a mais difícil porque depende de nosso progresso moral, bem mais lento.
AS EXISTÊNCIAS SUCESSIVAS 1ª Pergunta. Uma mulher adquire sífilis em
aventuras amorosas. Gerando um filho com problemas físicos qual será sua
responsabilidade?
Resposta. Há no Direito Penal as figuras do delito
culposo e do delito doloso. No primeiro não há a intenção (alguém brincando com
um revolver mata um amigo); no segundo caso há o desejo de agredir (alguém pega
o revolver e atira num desafeto). Guardadas as devidas proporções, ninguém
comete um crime ao conceber um filho. A mãe com sífilis enquadra-se no primeiro
caso, e tem o compromisso de “indenizar” o filho com seus cuidados. O Espírito
que encarna nesta situação tem dívidas a serem resgatadas. A mãe deve ajudá-lo,
não simplesmente por culpa da concepção, mas, por ter sido parceira ou mentora
nos seu desastre moral.
2ª
Pergunta. Quantas encarnações têm os
Espíritos na Terra, até passarem para mundos mais evoluídos?
Resposta. Há a fatalidade da evolução. Caminhamos todos
para a perfeição. Entretanto, o processo não é automático, porquanto está
subordinado a iniciativa individual. O conhecimento, a experiência e as ações,
ajudam, mas o ato de evoluir depende, essencialmente, de nosso empenho de
renovação intima. Por isso não há tempo certo, nem número de encarnações para
vivermos em planos mais elevados.
3ª
Pergunta. Por que não recordamos as
existências passadas?
Resposta.
Deixando a prisão, após cumprir longa pena, um homem não está em paz. Ele
enfrenta preconceitos e as pessoas têm medo dele. Ninguém lhe dá emprego nem se compadece. “Se fosse possível
assumir outra identidade, mudar de nome, esquecer”. Dentre muitas razões para não recordarmos
existências passadas, esta razão seria suficiente: recomeçar sem lembranças aflitivas, sem desajustes, sem saber quem
foram seus inimigos,
4ª
Pergunta. A ideia da reencarnação não
induz as pessoas à passividade, ensinando que tudo o que acontece tem origem no
passado e que devemos nos sujeitar para merecer uma posição melhor no futuro?
Resposta. O sofrimento aceito com humildade resgata o
passado, mas não edifica para o futuro. Este pede trabalho no Bem, empenho de
servir, esforço de aprendizado e renovação de valores que jamais serão
encontrados na passividade.
5ª
Pergunta. O susto que o Espírito toma no
ventre materno, durante a gravidez, em virtude de problema enfrentado pela
genitora, poderá provocar-lhe problemas psíquicos?
Resposta. Em qualquer idade ou local até mesmo no
útero, podemos ser atingidos por circunstâncias aterrorizantes ou trágicas. O
fato de sermos atingidos e a extensão do trauma vão depender de nosso estágio
evolutivo e da natureza de nossos compromissos anteriores, para resgate na
presente existência.
6ª
Pergunta. Um menino de três anos tem o
jeito do tio, desencarnado quando ele ainda estava no ventre materno, no
segundo mês de gestação. Seria ele o tio desencarnado?
Resposta. Aqui há o impossível e o improvável. Não é
fácil que um Espírito reencarne de imediato após a desencarnação. É mais
impossível ainda que use um corpo (feto) em desenvolvimento há sessenta
dias. A encarnação inicia-se logo após a
fecundação do óvulo pelo espermatozoide. O fato do menino ter o “jeito” do tio
é uma questão de genética e de afinidade entre ambos.
EXPIAÇÕES E PROVAS 1ª Pergunta.
Qual a diferença entre expiação e prova?
Resposta. Expiação é o resgate imposto pela Justiça
Divina a Espíritos endividados. Prova é o resgate escolhido pelo Espírito
consciente de seus débitos e necessidade de resgatá-los.
2ª
Pergunta. Como identificar o Espírito em
expiação?
Resposta. Geralmente é o indivíduo que não
aceita seus sofrimentos, as situações difíceis que enfrenta, rebelando e
se maldizendo, e vive a reclamar de sua
existência.
3ª
Pergunta. E o Espírito em provação?
Resposta. Identifica-se no indivíduo que enfrenta as
atribulações da existência de forma equilibrada, sem murmúrios e lamentações,
igual a um aluno que se submete a exame, tentando fazer o melhor e
habilitando-se a um estágio superior.
4ª
Pergunta. Miséria é expiação?
Resposta. Não é a posição social que determina a
natureza das experiências vividas pelo Espírito. O homem rico pode estar em
processo expiatório, vivendo graves problemas, assim como a extrema pobreza
pode ser uma opção do Espírito em provação, atendendo a imperativos de sua
vontade de evolução.
5ª
Pergunta. Dois Espíritos vivem a mesma
situação aflitiva. Nasceram ambos com
grave limitação física. Um está em expiação o outro em provação. O sofrimento é
igual para ambos
Resposta. Provavelmente o quer está em provação sofrerá
bem menos. Tendo ele planejado a deficiência que enfrenta, tenderá a aceitá-la
com mais resignação. Rebeldia, inconformação, revolta, são pesos adicionais que
tornam a jornada humana mais sofrida.
6ª
Pergunta. Quando a Terra deixará de ser
um planeta de expiação e provas?
Resposta. Quando o ser humano deixar de ver no
Evangelho, um mero repositório de virtudes inacessíveis, e seja ele praticado como
roteiro divino para todas as horas, com a disposição de vivenciar seus
princípios em plenitude.
O CARMA. 1ª Pergunta.
Qual a diferença entre as leis de Causa e Efeito, de Ação e Reação e a Lei
do Carma?
Resposta. Lei de Causa e Efeito e Lei de Ação e Reação são sinônimas. É elementar em ciência que toda
ação tem um efeito correspondente. Já o conceito de Carma, consagrado pela
filosofia hindu, transfere esse princípio para o campo moral. Problemas
cármicos são aqueles praticados por nossas ações passadas, ao nos comprometer
com a prática do mal.
2ª
Pergunta. O carma seria um castigo imposto pela Justiça Divina?
Resposta. Deus não castiga seus filhos. Apenas
disciplina-os; essa é a função das Leis Divinas. Se, abusamos das leis
fatalmente virão desajustes orgânicos. O mesmo acontece em nossas faltas morais.
Os desajustes nos indicam que não estamos respeitando nossa condição de filho
bem-amado por Deus.
3ª
Pergunta. Como funciona esse mecanismo
para um homem que envenena seu familiar para herdar sua fortuna?
Resposta. Ele estará desajustando seu corpo
perispiritual, na área correspondente à natureza de seu crime. Após estágios em
regiões sombrias do Plano Espiritual, habilitar-se-á a nova reencarnação com
graves deficiências no aparelho digestivo, reflexo do problema cármico que trás
no períspirito, do ato praticado anteriormente.
4ª
Pergunta. Isso explicaria a animosidade
que há entre membros de uma mesma família. Desafetos reunidos?
Resposta.
Certamente que sim. Porém, dificuldades no lar exprimem mais ausência do
Evangelho, do que a presença de inimigos do passado.
5ª
Pergunta. É possível amenizar o Carma?
Resposta.
Em álgebra um valor negativo é zerado se lhe apresenta idêntico valor positivo.
O mesmo ocorre com a Lei de Causa e Efeito. O mal que nos atinge é valor
negativo do mal que praticamos. Podemos neutralizá-lo com um valor positivo,
que lhe é contrário: A prática do Bem.
CONTROLE DA NATALIDADE 1ª Pergunta.
É lícito aos governos exercerem o controle da natalidade?
Resposta. Não é lícito quando, como ocorre na China,
impõem um cerceamento à liberdade
individual. O controle deve ser exercido a partir de campanhas visando o
esclarecimento da população, particularmente em relação aos métodos
anticoncepcionais.
2ª
Pergunta. O controle da natalidade não implica
em indébita interferência nos desígnios divinos?
Resposta. Desde que a criatura humana começou a
exercitar a inteligência, deixou de ser conduzida pela Natureza, assumindo a
responsabilidade de caminhar com seus próprios pés. Elevada à condição de
co-participante da obra divina, cumpre-lhe observar a necessidade de evitar que
a população cresça em demasia.
3ª
Pergunta. Mas a reencarnação dos
Espíritos não obedece a um planejamento divino?
Resposta.
Multidões de Espíritos desencarnados convivem conosco. Assim como a semente
jogada no solo germina havendo condições favoráveis, Espíritos reencarnam
quando o óvulo é fecundado pelo espermatozoide, obedecendo ao automatismo
reencarnatório, de acordo com a afinidade e o planejamento.
4ª
Pergunta. É lícito então, os casais
fazerem o planejamento familiar, decidindo quantos filhos ter?
Resposta. Quem cuidará dos filhos? Quem trabalhará para
sustentá-los? Quem irá educá-los? Quem sofrerá por eles? Os pais, naturalmente.
Eles têm o direito de escolher quantos filhos terão.
5ª Pergunta.
Essa ideia não gera problemas, como acontece na Europa, onde muitos
casais não querem filhos?
Resposta. O egoísmo está falando mais alto que o anseio
de paternidade que é inerente à natureza humana. Eles não sabem que os filhos
representam nossas melhores oportunidades e esperança de ensaiar fraternidade e
amor, que nos realizam como criaturas de Deus.
6ª
Pergunta. Qual é o anticoncepcional
ideal?
Resposta. Esse é um problema que o casal deve resolver
com o médico. O ideal seria o método natural, evitando-se a relação sexual nos
períodos de fertilidade feminina. Não é fácil porque exige uma disciplina, um
sentido de vida mais espiritualizado, que raros casais cultivam.
7ª
Pergunta. E o aborto?
Resposta. Aborto provocado não é anticoncepcional;
trata-se de um crime intra-uterino, pelo qual responderão todos aqueles que se
envolverem com ele, direta ou indiretamente. Acham que um crime cometido contra
um ente que não tem como se defender, Deus não
vai
cobrar?
8ª
Pergunta. A laqueadura e a vasectomia, métodos para
evitar a concepção, trazem algum prejuízo?
Resposta.
Depende muito de cada pessoa. Se passar a cultivar complexo de culpa, terá
problemas, porém se o faz tranquilamente tudo fica bem para quem não deseja
filho. Na existência futura, só Deus o
sabe...
A MEDICINA 1ª Pergunta.
A medicina é realização humana ou obedece a desígnios divinos?
Resposta. É uma obra do homem, que recebe o amparo e a
inspiração de Deus.
2ª
Pergunta. Se a doença é um meio de
resgatar as dívidas do passado, como entender a interferência médica?
Resposta. A
maior parte dos problemas de saúde que afetam o ser humano não dizem
respeito aos compromissos do pretérito. Resultam de descuidos da presente
existência. Jesus disse: “Os sãos não precisam de médicos”.
3ª
Pergunta. Descuido em relação a quê?
Resposta. Aos cuidados com nosso corpo, uma máquina
programada para nos servir perto de 100 anos. No entanto, deve ser usada de
forma consciente, com observância dos cuidados para sua conservação. No entanto
o homem passa a existência agredindo-o tanto por dentro como por fora com a
intemperança. A física, pelos excessos de alimentos, vida sedentária, ausência
de exercícios, vícios... E a mental,
pelos sentimentos inferiores, inveja, ódio, ciúme, agressividade, luxuria e
outras ideias infelizes.
4ª
Pergunta. A função do médico seria igual
á de um mecânico que conserta um carro que está sendo usado com problemas?
Resposta. Exatamente. É importante que tenhamos saúde
para aproveitar as oportunidades de edificação na jornada terrena, cumprindo
nossos compromissos e vivendo o tempo que nos foi concedido por bondade divina.
5ª
Pergunta. Nesse contexto, qual a
finalidade da doença?
Resposta. Avisar que estamos usando mal nosso corpo;
que há
problemas
em nosso comportamento e em nossa
maneira de viver.
6ª
Pergunta. Como entender a ação da medicina em doenças cármicas que surgem para
depurar nosso Espírito, em face de comprometimento com o mal no passado?
Resposta. A ação medicamentosa não tem tanta eficácia
se o problema da doença for cármico porque está entranhada no períspirito. Só
um remédio nesse caso é eficaz: A prática do Bem, conjugada ao esforço de nossa
renovação à luz dos ensinos cristãos. Simão Pedro, em sua primeira epístola, lembrando
Jesus, disse: “O amor cobre
a multidão dos pecados”.
Continua
na 2ª Parte:
Livro “A Força das Ideias”
Richard Simonetti
+ Pequenas
modificações
Jc.
São
Luís, 25 de junho de 2016