sábado, 29 de maio de 2010

A AMIZADE, A UNIÃO, O AMOR

A AMIZADE, A UNIÃO, O AMOR

O que é a amizade sincera? – São os amigos verdadeiros, em que o egoísmo cede lugar à solidariedade. Se tratam daquelas pessoas que guardam grande afinidade entre si, que se chama de “espíritos simpáticos”. Na questão 301 de “O Livro dos Espíritos”, pergunta Allan Kardec: “Dois espíritos simpáticos são complemento um do outro ou essa simpatia é o resultado de uma afinidade perfeita?” – Respondem os Espíritos Superiores: “A simpatia que atrai um espírito para o outro é o resultado da perfeita concordância de suas tendências, de seus instintos e da igualdade de graus de elevação; se um devesse completar o outro perderia a sua individualidade”.

O novo Dicionário Aurélio, define a amizade como sendo; “sentimento fiel de afeição, simpatias, estima ou ternura entre pessoas que geralmente não são ligadas por laços de família ou por atração sexual”. A amizade é a forma mais sincera de estima entre as pessoas. Além de reunir espíritos afins, com semelhantes graus de evolução, é um sentimento que se basta em si mesmo, não existindo outros componentes que a contaminem.

Sabemos que as famílias na Terra nem sempre são constituídas por espíritos simpáticos ou afins. Ao contrário, o mais comum são uniões caracterizadas por tarefas de resgate cármico. Isso ocorre principalmente, devido aos diferentes graus de elevação espiritual dos que compõem a família. Daí as dificuldades de relacionamento, as incompreensões e os sofrimentos, porque passam os seus membros; irmãos que não são simpáticos, pais e filhos que não se compreendem. Relações familiares e conjugais são geralmente caracterizadas pela necessidade de resgatar dívidas de existências passadas. Na medida em que tais relações evoluem para a amizade, isso demonstraria que a distância espiritual existente entre seus componentes, estaria diminuindo gradativamente. Significaria que desafetos do passado, fizeram as pazes, tornando-se espíritos simpáticos, afins. Dessa maneira, mais um degrau na escala evolutiva, foi conquistado.

Falemos agora da união conjugal. Os parceiros da existência-a-dois, antes de chegarem a essa condição, passaram via de regra, por uma fase de namoro, que se inicia geralmente por uma forte atração física mútua, ou que já tenha sido programado na espiritualidade. Essa atração pode desencadear uma paixão; a paixão por sua vez, poderá evoluir para uma amizade sincera e o amor. Paixão e amor, ainda que intimamente ligados, são sentimentos diferentes. A paixão se caracteriza por intensa atração física e conseqüente desejo erótico; já o amor, nasce a partir da descoberta do ser amado, com suas qualidades e defeitos, seus encantos e desencantos e a afinidade e os sentimentos que os une.

No livro “Vida e Sexo”, de autoria espiritual de Emmánuel, diz o insigne mentor de Chico Xavier: “A princípio, exposto aos lances adversos das aventuras poligâmicas, o homem avança, de ensinamento em ensinamento, para a monogamia, reconhecendo a necessidade de equilíbrio em matéria de amor. Depreende-se disso que toda criatura na Terra, transporta em si mesma, determinada taxa de carga erótica, de que, em verdade, não se libertará unicamente por palavras e votos brilhantes, mas à custas de experiência e trabalho, de vez que instintos e paixões são energias e estados próprios à alma de cada um, que as leis da Criação não destroem e sim auxiliam cada pessoa a transformar e elevar essas energias no rumo da perfeição”.

E é nessa área – a da realização amorosa – que se iniciam as primeiras dificuldades na existência a dois e, consequentemente, nas relações familiares. Pois dificilmente, cônjuges que não se entendem no campo amoroso, poderão desempenhar satisfatoriamente as funções de paternidade e da maternidade. Emmanuel nos esclarece ainda, dizendo: “De todas as instituições existentes na Terra, nenhuma talvez mais importante em sua função educadora e regeneradora, do que a constituição da família. Temos dessa forma. No instituto doméstico, uma organização de origem divina, em cujo seio encontramos os instrumentos necessários ao nosso próprio aprimoramento espiritual e também para a edificação de um Mundo Melhor”.

O Amor é a lei da vida. Se não houvesse o amor nada teria sentido. Meditemos então sobre o que temos e o que não temos, guardando a convicção de que sem a presença do amor, naquilo que fazemos e no que temos, estaremos imensamente pobres, profundamente carentes, desamparados...

O Amor movimenta a Humanidade, que por sinal só existe e sobrevive graças à concretização do amor entre um homem e uma mulher, ou de uma mãe. Há pessoas que amam o poder que, uma vez alcançado, lhes propiciam a oportunidade de servir à sociedade, ou a si próprios. Outras pessoas amam o dinheiro e poderão, no afã de consegui-lo com o seu trabalho, progredir, fundar empresas e gerar empregos, cumprindo assim, importante função social.

Outras mais, amarão as artes e poderão produzir obras de grande valor, beneficiando a cultura. Várias pessoas terão vocação por esta ou aquela profissão e teremos médicos, dentistas, enfermeiras, advogados, jornalistas, empresários, políticos, funcionários públicos, poetas, músicos, operários, etc., todos fazendo pulsar à vida no planeta. Assim caminha a Humanidade, impulsionada pelo amor, apesar do ser humano não ter ainda aprendido que o amor é energia, é sentimento, é evolução.

Porém, amar mais ou menos não constitui o mais importante, pois sendo o sentir espontâneo, cada um o fará à sua maneira. Não é o amar a questão, mas sim o “como” esse amor é traduzido em atos. É expressando esse amor, de um modo ou de outro, que a relação será dinamizada, enriquecida, ou esvaziada. No dia-a-dia conjugal, muitas são as atividades e problemas que ocupam o tempo e a mente do casal: carreira profissional, organização do lar, questões econômicas, cuidados com os filhos, etc.,. Decorre então, geralmente, que o tempo físico e afetivo que sobra para os cônjuges dedicarem um ao outro, vai se estreitando perigosamente, o que para alguns, é até algo desejado. Numa relação a dois, permanente, o saber amar ou amar com competência, consistiria basicamente, em evitar a falta de diálogo e a dispersão.

Na relação amorosa entre um homem e uma mulher, o afeto é fortemente direcionado pelo erotismo; já na relação entre pais e filhos, o amor é contaminado por dois fatores estreitamente interligados; a responsabilidade de educar os filhos, e o modo de exercer maior autoridade ou, dando maior liberdade aos filhos. Toda forma de união deve incluir a amizade. Ou seja: Relações difíceis, de reajustes cármicos, devem evoluir para relações de amizade/afinidade. Na medida em que os filhos crescem, o amor que une os pais e vice-versa, tenderia para a amizade. Cônjuges no seu relacionamento erótico/amoroso, tenderiam a ser também companheiros e amigos.

Ama o Pai Celestial as suas criaturas, proporcionando-lhes a existência e todas as oportunidades que forem necessárias, para que o ser humano através do trabalho e do amor aos seus semelhantes, se eleve até as esferas angelicais.

Uma das formas de amor é a que exalta a figura da mãe. Falemos então do amor de mãe: O bebe nasce através da união carnal de um homem e uma mulher. Essa é ainda a única forma natural, ainda que, modernamente, os bebês já possam ser gerados em tubos de ensaio. A mãe o carrega em seu ventre por sete, oito ou nove meses, quando então dá à luz, surgindo uma nova vida.

O bebê ao nascer, ao contrário dos animais, depende totalmente da mãe para se alimentar, para se manter asseado e saudável. Na medida em que a criança se desenvolve e apresenta os primeiros sinais de progresso, a paixão por ela, cresce também na mãe. O pai não ficará alheio a esse processo, mas sua ligação com a criança não é tão íntima quanto à da mãe. Pois o amor de mãe é natural, espontâneo, puro. Daí a explicação porque mães solteiras extremamente pobres desistem no último momento de dar o seu bebê, a quem melhor poderia cuidar dele, rompendo compromisso previamente acertado de doação.

A proporção em que à criança se desenvolve, sua dependência da mãe vai diminuindo gradativamente. Na adolescência, o jovem passa a contestar o mundo adulto que o cerca, buscando conquistar seus espaços. É quando se instala, geralmente, o chamado conflito entre gerações. Se o amor da mãe não for extremado ou possessivo e ela não conseguir acompanhar as mudanças que se operam no filho, face à nova realidade de vida – diferente da época e do modo como ela enfrentou fase semelhante – então a forma dela demonstrar esse amor, poderá ter características desequilibrada e até doentias. Porém, se ela expressar um amor compreensivo e que respeite o processo de crescimento
e amadurecimento do filho, se ela se adequar às realidades do presente e se alegrar com os progressos do filho na busca do seu caminho, de sua independência, então estará praticando um amor sadio, construtivo. Isto não quer dizer que ela, a mãe, tenha de concordar com tudo que o filho quiser e não pode se eximir de encaminhá-lo para a senda do bem.

Quando há dois mil anos, Jesus falou do Amor, surgiu um raio de esperança para a Humanidade. As criaturas logo entenderam a mensagem do Divino Mestre e procuraram superar os sentimentos de ódio e orgulho, de vaidade e ambição. Entenderam que mesmo sofrendo, deveriam perdoar os seus algozes. Foram os heróis das arenas e dos circos. Souberam deixar exemplos históricos de que o Amor pregado e exemplificado por Jesus, estava ao alcance de todos.

A inteligência sem amor nos faz perversos; a justiça sem amor nos faz insensíveis e vingativos; a amizade sem amor nos faz hipócritas; o êxito sem amor nos faz arrogantes; a riqueza sem amor nos faz avarentos; a autoridade sem o amor nos faz tiranos; o trabalho sem amor nos faz escravos; a beleza sem o amor nos deprecia; a lei sem amor nos escraviza; a política sem amor nos faz egoístas; a oração sem amor nos faz calculistas; a existência sem amor... Bem, sem o amor não tem sentido, não tem finalidade, não tem progresso...

Tenhamos assim, como obrigação de nossa evolução moral e espiritual, a prática do Amor, da Caridade como Jesus a ensinava; benevolência para com todos, indulgência para com os erros alheiros, perdão das ofensas. As suas palavras permanecem vivas hoje como quando Jesus as pronunciou. Representam as práticas que mais necessitamos para a nossa reforma íntima, na prática do Amor que Ele veio nos ensinar, ao dizer: “Que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei”. E completa com estas sublimes palavras que contêm um alerta tão oportuno: “... nisto todos conhecerão que sois meus discípulos. Perdoai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e caluniam, a fim de serdes filhos de vosso Pai que está nos céus, e que faz se levante o sol para bons e maus, e chova para os justos e injustos”.

Perdoar aos inimigos é não pensar em vingança. É assim que conseguiremos um dia, transformar em amigos, aqueles que se comportam hoje como nossos inimigos. No Amor está sintetizada toda a doutrina de Jesus, sendo o Amor à base do progresso da Humanidade. . .


Bibliografia:
Livro “Vida e Sexo”- Emmánuel
“ “O Amor puro na escala evolutiva”
“ “Laços de Família” – Jornal Espírita
“Momento Espírita”


Jc.
S.Luis, 3/6/1997
Refeito em 01/8/2008.