sexta-feira, 21 de novembro de 2014

JOSÉ BENTO MONTEIRO LOBATO





 Monteiro Lobato nasceu em 18 de abril de 1882, na cidade de Taubaté, filho de José Bento Marcondes e Olympia Monteiro Lobato. Um garoto que se tornaria o mais importante escritor de literatura infantil do país. Naquele tempo não existia televisão, nem cinema nem automóvel. Naquele ano estavam surgindo o ferro elétrico e o ventilador. Era uma época em que as crianças agiam como tal. Monteiro Lobato, como as demais crianças da época, inventava brinquedos com sabugos de milho, mamão verde, panos e material desse tipo. Juca – como era chamado – brincava com suas irmãs mais novas, Ester e Judite. Ele adorava os livros de seu avô materno, o Visconde de Tremembé. Mais tarde, em 1893, mudaria seu nome para José Bento Monteiro Lobato, por desejar usar uma bengala do pai gravada com as iniciais J.B.M.L.
Em 1898, aos dezesseis anos, perde seu pai e, no ano seguinte, sua mãe. Seu avô materno assume a tutela dos três netos. Ainda no colégio, Monteiro Lobato funda vários jornais e escreve com pseudônimo. Aos 18 anos tenta entrar para a Escola de Belas-Artes, mas, por imposição do avô, entra para a Faculdade de Direito. Forma-se em 1904 e em maio de 1907, é nomeado promotor em Areias (SP), e naquela cidade se casa com Maria Pureza Lobato, conhecida entre os amigos como Dona Purezinha, com quem teve os filhos Edgar. Marta, Rute e Guilherme. Em 1911, com a morte do avô herda a fazenda de São José de Buquira, para onde se muda com a família. Lá cria o personagem que viria a se tornar símbolo nacional: O Jeca Tatu, figura do folclore brasileiro. Em 1916 promoveu uma pesquisa de opinião sobre o Saci, no jornal O Estado de São Paulo. A pesquisa faria aparecer seu primeiro livro, “O Saci-Pererê: resultado de um inquérito”, lançado no início do ano seguinte. 1917 as dificuldades o fazem vender a fazenda e em 1918 vai morar em Caçapava.
No Natal de 1920, lança seu primeiro infantil: “A Menina do Narizinho Arrebitado”, no qual criou o fantástico mundo do “Sitio do Pica-Pau Amarelo”, onde Lúcia a menina do narizinho arrebitado dividia suas aventuras com Dona Benta, Tia Anastácia, o Visconde de Sabugosa – um sabugo de milho que adquiria vida – e a imprevisível Emília, uma boneca de pano que falava, agia e pensava como uma pessoa adulta. No ano seguinte o livro teve uma edição de 50 mil exemplares e foi adotado pelo governo de São Paulo como livro de leitura obrigatória para o primeiro grau. Monteiro Lobato dividia as histórias com personagens reais, mitológicos folclóricos e uns criados por outros escritores.
O senso crítico artístico do escritor aflorou em 1922. Em 1925, depois de enfrentar dificuldades, fecha á editora e constitui, no Rio de Janeiro, a Cia. Editora Nacional com outros dez sócios. Dois anos depois é nomeado adido comercial no Consulado do Brasil nos Estados Unidos. Em 1930, após a revolução que destituiu o presidente Washington Luiz, Monteiro Lobato é exonerado e retorna ao país no ano seguinte, pregando a redenção e desenvolvimento do Brasil pela exploração de ferro e do petróleo. Começa então a travar uma luta que o faria pobre doente e desgostoso. Ele foi perseguido, preso e criticado por dizer que no Brasil havia petróleo, contrariando assim, o interesse oficial. Retorna à literatura infantil, decepcionado com os adultos que o perseguem por suas ideias. Em 1933 lança “História do Mundo para Crianças”, que provoca reações e censura da Igreja Católica.
Em 1934, Getúlio Vargas lhe oferece a direção do Departamento de Difusão Cultural que ele rejeita, e nos anos seguintes denuncia o Departamento de Produção Mineral e o Conselho Nacional de Petróleo. Em 24 de maio de 1940, durante o Estado Novo, num ato de grande coragem, ele escreveu uma carta para o presidente Getúlio Vargas, alertando-o de que havia displicência por parte do Conselho Nacional de Petróleo, ao retardar a criação de uma indústria petrolífera nacional, apenas para satisfazer interesses estrangeiros. Em vista dessa correspondência e de outras declarações sobre o assunto, Monteiro Lobato foi detido e preso no dia 20 de maio de 1941, sendo depois indultado por Getúlio e liberado da prisão em 20 de junho do mesmo ano.
Passados mais de dois anos após a saída da prisão, Lobato descobriu o mundo espiritual, os Espíritos e sua capacidade de nos contatar. No livro “Monteiro Lobato e o Espiritismo”, de Maria José Sette Ribas, foram publicadas as Atas das reuniões em que ocorreram suas experimentações com a mediunidade. Os participantes das reuniões utilizavam um copo que, sob a ação dos Espíritos e sendo tocado pelo médium e por seus assistentes, deslizava sobre um alfabeto disposto de maneira circular, lembrando alguns aspectos das tábuas. No grupo, cabia a Monteiro Lobato anotar as letras do alfabeto que tinham sido escolhidas pelos Espíritos, em resposta às perguntas formuladas, bem como escrever as Atas. A médium do grupo familiar era sua esposa Dona Purezinha e os encontros duraram entre os anos de 1943 e 1947.
Durante esses encontros, Monteiro Lobato aprender a dialogar com os Espíritos comunicantes e chegou até mesmo a obter a transformação moral de um Espírito que se identificou pelo nome K, que inicialmente atormentava os encontros. Ele não era um simpatizante do Espiritismo, mas um espírita praticante. Ele realizou muitas experiências com as chamadas sessões do copinho e conseguiu comunicar-se com os filhos, parentes e amigos falecidos, inclusive com a famosa Anastácia das histórias infantis de Emília e Pedrinho, que realmente ela existiu. Ele se convenceu da imortalidade espiritual do ser humano e da possibilidade de comunicação com os mortos depois de uma sessão em que se manifestaram seis de seus grandes amigos.
A morte de seus filhos e as comunicações mediúnicas recebidas de amigos, já transferidos para a Pátria Espiritual, principalmente de Martins Fontes, foi o móvel de sua modificação filosófico-religiosa.  Após aqueles fatos, Monteiro Lobato dedicou-se com afinco ao aprendizado e às pesquisas sobre a Doutrina dos Espíritos, inclusive realizando sessões mediúnicas, das quais existem ainda hoje as competentes Atas.
Como prova de sua adesão definitiva às convicções espiritistas, há o registro de que, pouco antes do seu desenlace físico, dirigiu as seguintes palavras à sua dileta amiga Maria José Sette Ribas: “Minha filha, amanhã, ou depois, se vir no jornal que eu morri você não vai chorar. Sabe bem que não morremos, e esta foi apenas uma das minhas passagens sobre a Terra. Somos imortais”.
Monteiro Lobato desencarnou repentinamente em 1948, deixando vasta herança ao povo brasileiro, os relatos até hoje das aventuras ocorridas no “Sitio
do Pica-Pau Amarelo”, que encantam o imaginário popular; e por fim, pelas Atas de suas reuniões mediúnicas, que hoje podem ser utilizadas como mais uma comprovação da realidade dos Espíritos desencarnados e de suas comunicações. Ele desencarnou na madrugada do dia 4 de julho de 1948, aos 66 anos, Em São Paulo, vitimado por um derrame.

Fonte:
Jornal “O Imortal”- 8/2014
Marinei Ferreira Rezende
+ Supressões e pequenas modificações.

Jc.
São Luís, 21/8/2014