sábado, 24 de abril de 2010

OS PENTECOSTES NA EVOLUÇÃO

OS PENTECOSTES NA EVOLUÇÃO DA HUMANIDADE

“O Governo Espiritual do Planeta, deliberou que a mediunidade fosse trazida do colégio sacerdotal e das Igrejas à praça pública, a fim de que a noção de eternidade, através da sobrevivência da alma, despertasse a mente anestesiada do povo”, é a mensagem de André Luis, no livro “Domínios da Mediunidade”.

A revelação divina, em todas as épocas da Humanidade, sempre foi gradativa. Os povos primitivos, iniciantes na fé, receberam pequenas doses de ensinamentos espirituais, condicionados sempre à capacidade de entendimento. Os médiuns – atendendo as próprias condições e limitações – em todas as épocas da história das religiões, foram intermediários das instruções parceladas das Verdades Divinas, estimulando e alavancando o desenvolvimento do raciocínio da crença e o sentimento de fé, aumentando o conhecimento e fortalecendo a vontade dos seres humanos para a conquista do progresso espiritual.

Temos assim, o Pentecostes histórico, entre os costumes do povo judeu, que era uma grande cerimônia, promovida em memória do dia feliz em que Deus entregou para Moisés, as Tábuas da Lei, (os Dez Mandamentos); motivo de grande júbilo para eles, terem sido agraciados, através da mediunidade de Moisés, com a benção espiritual, de receberem em páginas de pedra e letras de fogo, o código da Lei de Deus. O povo judeu fora escolhido devido já possuir a correta crença em um Deus único, facilitando assim a idéia superior de amor, obediência e respeito aos ditames do Pai Criador. Moisés, foi sem dúvida, o grande porta-voz da Espiritualidade Superior, em receber conceitos morais tão elevados de amor a Deus, de justiça divina, da disciplina moral, do profundo respeito às criaturas humanas e o princípio do direito individual.

Para os Cristãos o Pentecostes, é uma festa que se celebra cinqüenta dias depois da Ressurreição de Jesus, em memória da descida do Espírito Santo sobre a cabeça dos apóstolos. Estes, mediunizados e inspirados fizeram as mais belas pregações, em vários idiomas, atendendo a necessidade de divulgação da revelação divina, para os diversos povos que estavam reunidos nessa festa. Emmanuel descreve esse acontecimento memorável para toda a cristandade dizendo: “... os apóstolos que se lhe mantiveram leais converteram-se em médiuns notáveis, no dia de Pentecostes, quando associadas as suas forças, por se acharem todos reunidos, os emissários espirituais do Senhor, produziram fenômenos físicos em grande quantidade, como sinais luminosos, vozes diretas, fatos de psicofonia e xenoglossia, em que os ensinos do Evangelho foram ditados em várias línguas, simultaneamente, para os judeus e outros povos de regiões diversas”.

Os apóstolos portaram-se como verdadeiros médiuns, sintonizados com os Espíritos Iluminados, e, falando com grande energia e inspiração. Em Atos dos Apóstolos, cap.2 v.6, está registrado esse acontecimento que deixou todos admirados e assustados, pela magnitude e beleza dos fenômenos reveladores: “Quando, pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu à multidão, que ficou perplexa, porquanto cada um ouvia na sua própria língua os ensinos transmitidos”.

Na antiguidade, as revelações espirituais eram ensinadas exclusivamente aos iniciados que fizessem por merecer, depois de demonstrar amadurecimento e interesse perseverante no aprendizado das leis espirituais. A verdade que esteve oculta, tendo em vista o pouco conhecimento dos seres humanos, deverá no Terceiro Milênio, ser conhecida por todos, dos mais simples e analfabetos aos mais orgulhosos e sábios. Assim está escrito no Evangelho de Lucas cap.12 v.2 que mostra a impossibilidade da Verdade ser aprisionada no culto secreto: “Nada há encoberto que não venha a ser revelado; e oculto que não venha a ser conhecido”. As Verdades do Céu serão ensinadas doravante não apenas em locais fechados, mas à luz do dia, ao ar-livre da liberdade religiosa, nas praças, nos pátios e em qualquer lugar onde haja o interesse pelo conhecimento espiritual. Profetiza Jesus, quando da chegada do Pentecostes Espiritual, para a humanidade inteira, ao dizer: “Porque tudo o que dissestes às escuras, será ouvido em plena luz, e o que dissestes aos ouvidos, será proclamado dos terraços”. Lucas cap.12 v.3.

Na França, no século XIX, ocorreu outro monumental Pentecostes Espiritual, quando dezenas de médiuns de variadas potencialidades psíquicas, deram sua colaboração de forma eficiente ao Codificador Allan Kardec, na formação das obras básicas da Doutrina dos Espíritos. Sem a participação ativa e edificante de médiuns sinceros, abnegados e anônimos, impossível seria ao Codificador reunir tantos textos doutrinários, da autoria de diversos espíritos, podendo selecionar os melhores entre os bons, pela linguagem e beleza, conteúdo e explicação didática, e registrá-los nas obras básicas... Afirmando essa autoria elevada encontramos no Evangelho de João, cap.14 v.26, o seguinte: “Mas o Consolador, que é o Espírito de Verdade, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito”. Esse Consolador é a legião de Espíritos Superiores – sábios e amorosos – que, sob a orientação de Jesus, trabalharam com Allan Kardec, na constituição segura, objetiva e clara das obras básicas da Doutrina dos Espíritos.

No prefácio do livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, encontramos esta bela explanação: “Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos Céus, como um imenso exército que se movimenta, ao receber a ordem de comando, espalham-se por sobre toda a face da Terra”. Os Espíritos sábios não operaram somente com Kardec, mas com todos os médiuns sérios em diversos grupos na França e em vários outros países da Europa. Surgiram por toda parte belas mensagens, textos doutrinários de profunda moral, grandeza filosófica e clareza científica, de ótimo conteúdo, possibilitando a Kardec aproveitá-los nas obras da Codificação e na Revista Espírita. O Pentecostes espiritual do século XIX na verdade, era a invasão grandiosa e poderosa de legiões invisíveis – Espíritos de Luz – que trabalharam com muito amor e responsabilidade, união e fraternidade, tendo como único e sagrado objetivo, a Codificação da Doutrina dos Espíritos.

Chegou o momento exato em que o Pentecostes da Verdade será ensinado a todas as criaturas, e a todos os povos, no íntimo de todas as classes sociais, no seio de todas as famílias, no meio de todas as organizações religiosas, em todos os ambientes intelectuais e científicos, e em todos os círculos do pensamento humano. Mesmo que os seres humanos não estejam preparados e nem queiram ouvir e conhecer a Verdade, ela será trombeteada por todos os lugares e recantos da Terra. Os Espíritos do Senhor têm a sagrada missão de espalhar com amor, as sementes da Verdade. Não encontrarão barreiras intransponíveis, nem portas fechadas, nem grades de ferro da intolerância, pois penetrará a Verdade com facilidade, a maneira do ar, que corre livre e solto, da luz solar, que avança dando vida, e das ondas hertzianas que atravessam com rapidez, imensas distâncias. As certezas espirituais deverão penetrar de forma gradativa, crescente e esclarecedora, na mente e nos corações das criaturas descrentes e indiferentes...

A humanidade está alcançando a face do amadurecimento em que a mediunidade não mais será tratada como coisa do demônio, pacto com as trevas, instrumento de feitiçaria e fenômeno do ocultismo. A manifestação dos fenômenos mediúnicos na humanidade, fará com que os seres humanos passem a tratar de maneira natural, sem estranheza e sem medo, sem condenação e sem proibição. Eles perceberão nela o sentido espiritual, despertando as criaturas de todas as classes, raças e religiões, para o contato com o mundo invisível, recebendo comprovações, advertências e ensinamentos.

Será o desabrochar das faculdades mediúnicas em todos os lares, ocorrendo nos jovens como nos mais idosos; todos receberão ensinamentos devido à presença benigna mais intensa dos espíritos no cotidiano dos encarnados. Será a Espiritualidade Superior bem mais perto dos pensamentos e sentimentos, idéias e anseios das criaturas, trazendo-lhes as luzes de que tanto necessitam. A mente das criaturas já está amadurecida para melhorar a qualidade e aumentar o conhecimento das leis espirituais, tão necessárias para a regeneração da humanidade, tão afastada das coisas divinas.

O Pentecostes mundial está cada vez mais presente no cotidiano espiritual pela mediunidade das pessoas. Pela multiplicidade dos fatos e acontecimentos espirituais, os seres humanos serão levados a pensar na existência do espírito, no mundo espiritual, na imortalidade da alma, na individualidade do espírito, na existência de Deus, na reencarnação e na comunicação dos espíritos, na importância dos valores morais e no valor imenso do amor e da caridade para a felicidade humana. Sob a direção bondosa de Jesus, essa presença aconteceu em todo o século XX e vai acontecer de forma crescente em todo o século XXI e em todo o terceiro milênio.

“Os Espíritos Iluminados estão liberados para entrar em contato mais direto, tanto encarnando no mundo como assistindo as criaturas, no sentido de esclarecê-las e despertá-las para a realidade da vida espiritual”. Tudo isso acontece a fim de que a humanidade seja convocada ao conhecimento das verdades divinas, tão necessárias para a melhora do mundo. As comunicações inteligentes e as aparições dos espíritos acontecerão nos lugares mais diversos, desde o ambiente familiar até às enfermarias dos hospitais, na tela dos televisores, vozes ao telefone, como também no socorro espiritual ante os perigos da existência humana. Doravante, multiplicar-se-ão os fenômenos mediúnicos e as comunicações inteligentes e instrutivas, atrairão a atenção dos seres humanos para meditar e refletir acerca das verdades espirituais.

É oportuno ressaltar que foi por intermédio do processo mediúnico, em materializações sublimes, que Jesus ergueu o ânimo dos apóstolos, incutindo-lhes inabalável convicção quanto à imortalidade e a grandiosidade daquele movimento renovador a que eram convocados. Sob inspiração das gloriosas manifestações de Jesus, foi que a primitiva comunidade cristã enfrentou toda sorte de perseguições, regando com suor, sangue e amor, a árvore nascente do Cristianismo, para que o Evangelho se estabelecesse na Terra, como supremo marco de luzes, alicerce sublime para a edificação do Reino de Deus.

O mais grave equívoco dos dirigentes cristãos foi eliminar o intercâmbio com o Além, a partir do Cristianismo adotado como uma das religiões oficial. Atrelado ao poder temporal, o movimento nascente perdeu o contato com a espiritualidade maior, já que as orientações que chegavam dos Espíritos Superiores, contrariavam as tendências assumidas, voltadas para o culto exterior, as pompas e regalias, ignorando os propósitos preconizados pelo Mestre Amado. Isso tudo apenas veio confirmar as previsões de Jesus, na última ceia, quando informou Ele aos seus apóstolos que seus ensinamentos seriam esquecidos.

A partir de então, sem as diretrizes da espiritualidade, os teólogos cristãos enveredaram pelos caminhos percorridos pelos romanos, na concepção fantasiosa dos rituais, dos dogmas, que serviram de instrumentos terríveis de aniquilamento da razão e dos ensinos de Jesus...

Chegou o momento esperado em que a Verdade Espiritual vai de forma contínua e insistente, a todas as portas fechadas pela ignorância e descrença, fanatismo e dogmatismo, abrindo-as, pacificamente, para o entendimento das realidades espirituais e a pureza e beleza dos ensinamentos de Jesus. Falará com paciência aos débeis de fé, abrirá os olhos dos incrédulos, enternecerá o coração dos endurecidos, confundirá os negadores sistemáticos e fanatizados, fará brotar a esperança nos desiludidos e oferecerá oportunidades aos que desejam entendê-la com fé racional, sustentada na lógica e no bom senso. Desse modo, os Espíritos sábios e amorosos, sob a orientação de Jesus promoverão o Pentecostes Mundial, atendendo a vontade soberana de Deus: A Luz da Verdade será para todos os Seus bem amados filhos...

“E acontecerá nos últimos dias, disse o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos...”


Bibliografia:
Livro “Domínios da Mediunidade”
“ “Bíblia”
“ “Evangelho Segundo o Espiritismo”


Jc.
S.Luis, 16/05/2004.

MANIFESTAÇÕES DA MEDIUNIDADE

MANIFESTAÇÕES DA MEDIUNIDADE

Para uma melhor compreensão de como definir a mediunidade, sabemos que ela se divide em duas denominações: Mediunidade Natural: À medida que o ser humano evolui e se moraliza, adquire mais faculdades psíquicas e aumenta consequentemente, sua percepção espiritual; Mediunidade de Prova; Esta aflora em determinada ocasião, para utilização imediata, na prática mediúnica, como cooperação compulsória e em benefício de todos.

Há muitas teorias e explicações sobre os fenômenos da mediunidade. Vamos comentar algumas delas. Comecemos pela 1ª teoria da mistificação: Esta prega que tudo é arranjos, truques, ilusão. 2ª teoria da ilusão: Esta alega que nada há de real; só ilusionismo. 3ª teoria demoníaca: Esta declara que tudo é obra dos demônios, pois só o diabo pode falar com os vivos e fazer-se passar por espíritos dos mortos. (segundo esta teoria, Jesus ao invocar os espíritos de Moisés e Elias no Monte Tabor, para demonstrar a imortalidade dos espíritos, estava praticando um ato demoníaco?) 4ª- teoria dos elementais: Os elementos da natureza, seres não humanos, como gnomos, silfos, fadas, gênios, etc., podem atuar sobre os seres humanos em certas circunstâncias, produzindo manifestações e fenômenos. 5ª- teoria da loucura: Afirma que todos os médiuns são pessoas anormais, loucas pacíficas, e tudo o que dizem e fazem é resultado de sua própria perturbação mental. 6ª- teoria do automatismo psicológico: Toda idéia tende a realizar-se e as manifestações ditas mediúnicas são simples fenômenos do subconsciente individual. 7ª- teoria da força psíquica: Informa que há pessoas que possuem uma força especial; magnetismo, fluido nervoso, ou outra qualquer coisa que produz os fenômenos. 8ª- teoria de São Martinho: Aceita que pode-se chegar, pela graça dos próprios méritos, a estabelecer ligações com a divindade. 9ª- teoria do Dom: Declara que a mediunidade é um dom que será derramado sobre uns, segundo a vontade de Deus. 10ª- teoria do batismo do Espírito Santo: A mediunidade é uma virtude que baixará sobre todos aqueles que forem beneficiados pelo Espírito Santo. 11ª- teoria do animismo: Declara que o médium sofre um desdobramento de consciência que produz os fenômenos, psíquicos e físicos. 12ª- teoria Espírita: Informa que as pessoas denominadas médiuns, possuem uma aptidão especial para servirem de intermediários entre o mundo espiritual e o mundo físico. Esta é a teoria dominante, que explica a maioria dos fatos, e é confirmada pela realidade. A Doutrina Espírita não nega que haja fenômenos de psiquismo, de animismo individual, como se costuma dizer.

Se as próprias Escrituras dão à mediunidade como uma herança do ser humano compreende-se que ela não é privilégio de alguns, mas patrimônio comum de todos, apenas ressalvando, em graus diferentes. A faculdade mediúnica, tanto a natural como a de prova, não é fenômeno dos nossos dias, conforme explica a Doutrina dos Espíritos, mas sempre existiu, desde quando existe o ser humano. Foi principalmente por meio dela que os Espíritos Superiores puderam interferir na evolução do mundo, orientando-o, guiando-o, protegendo-o. Nas épocas em que a humanidade vivia no regime de clãs ou de tribos, a mediunidade era atribuída a poucas pessoas, que exerciam um verdadeiro reinado espiritual sobre as outras pessoas. Passou depois para os círculos fechados dos colégios sacerdotais, criando então castas privilegiadas; e por fim, foi difundido entre os povos, dando nascimento aos videntes, profetas, adivinhos, pitonisas, que passaram a exercer influência nos meios onde atuavam.

Na Índia, na Pérsia, no Egito, na Grécia e em Roma, ela sempre foi utilizada como fonte de poder e de dominação, e tão preciosa era que originou a condição de ser concedida por meio de iniciação, a poucas pessoas. Ainda hoje verificamos a existência de seitas e fraternidades que realizam a iniciação sob as mais rigorosas condições de mistério e formalismo. Somente após o advento da Doutrina dos Espíritos, as práticas mediúnicas se popularizaram e foram postas ao alcance de todos, sem restrições, formalismos e segredos.

A Bíblia está cheia de passagens e manifestações obtidas por meio da mediunidade. Samuel, no Livro I, cap. 9 v. 9, assim o demonstra, dizendo: “Dantes quando se ia consultar a Deus dizia-se vamos ao vidente; porque os que se chamam profetas, chamavam-se videntes”. As pragas que Moisés lançou sobre o Egito; o maná que alimentava os judeus; as fontes que jorravam das rochas, tudo era afirmação do poder mediúnico de Moisés. Temos também os fenômenos de transporte, constante em II de Reis, cap.6 v.6; de levitação, Ezequias, cap.3 v.14/15, e Atos dos Apóstolos, cap.8 v. 39/40; de escrita direta, em Êxodo, cap. 32 v.15/16; de consulta feita por Saul, invocando o Espírito de Samuel, na gruta do Endor, Samuel I, cap. 28 v. 7 a 20.

No Novo Testamento, temos Maria de Nazaré, recebendo o Espírito que veio lhe anunciar a gravidez. Jesus no Monte Tabor, ao se transfigurar e aparecerem os espíritos de Moisés e Elias, materializados aos apóstolos, não foi uma manifestação mediúnica? Jesus quando apareceu a Madalena, após se libertar do corpo físico, não foi outra manifestação mediúnica? E quando apareceu por duas vezes aos seus apóstolos que, com receio dos judeus, estavam trancados em um quarto, e Jesus apareceu no meio deles, não foram outras manifestações mediúnicas de materialização?.

Léon Denis pergunta: “Os apóstolos de Jesus foram escolhidos por serem sábios ou por que possuíam notáveis qualidades mediúnicas? Tanto os apóstolos como os discípulos, durante o tempo de seus trabalhos, atuaram como verdadeiros médiuns, bastando mencionar Paulo e João Evangelista; um o mais dinâmico e culto, o outro o mais amorável e místico. O que representou o Pentecostes, senão uma entrega de faculdades mediúnicas aos seus seguidores? Era tão comum a mediunidade entre os primitivos cristãos, que instruções eram dadas escritas e enviadas às comunidades, para regular a sua prática.

Entretanto, a partir do Concílio de Nicéia, no ano de 325, formaram-se duas correntes opostas; uma querendo permanecer no cristianismo primitivo e a outra se esforçando por progredir no mundo dos homens. A partir daí, a Igreja, mais tarde chamada católica-romana, esquecendo os três séculos de vida exemplar, e repudiando os ensinos do Mestre, no sentido da humildade e pobreza, da fraternidade e do amor, associa-se aos poderosos para obter o domínio do poder temporal. Essa Igreja toda poderosa pela oficialização feita por Constantino, declara que a mediunidade é ilegal, herética, obra de magia demoníaca, passando a mover-lhe grande perseguição, renegando todos os atos mediúnicos praticados por Jesus e seus apóstolos, e seguindo o exemplo dos fariseus do Sinédrio, que já taxavam de práticas do demônio, os atos praticados por Jesus.

Apesar dos testemunhos e protestos apresentados por vários luminares da Igreja, como: Gregório de Nissa, Clemente de Alexandria, Tomás de Aquino, frade Agostinho e outros que praticavam o mediunismo, ela não voltou atrás, e, por séculos e séculos, procurou abafar o pensamento e o espírito de compreensão dos fenômenos mediúnicos, por meio de julgamentos sumários, condenações e sacrifícios de milhares de vítimas. Não satisfeita a Igreja criou a Inquisição numa época de obscurantismo, para destruir a revelação divina. Foi então que os Espíritos Superiores tiveram que intervir para orientar o movimento e impedir que essa situação perdurasse por mais tempo e ultrapassasse os limites permitidos, prejudicando o progresso ou retardando-o demasiadamente.

Para modificar essa situação os Mentores Espirituais determinaram o aparecimento de novos médiuns de ampla capacidade, em todas as partes do mundo. Esses médiuns foram realmente excepcionais; submeteram-se a toda espécie de testes e os relatórios firmados por comissões científicas de várias partes foram acordes em reconhecer que a vida realmente continuava além túmulo, e que era inegável o intercâmbio entre os vivos e os mortos. Essa foi a missão das irmãs Fox, de Allan Kardec o Codificador, de notáveis cientistas, como: Crookes, Du Prel, Lombroso, Myers, Flamarion, Leon Denis, Conan Doyle, Bozzano, Delane, para citar somente os mais conhecidos. E assim, com o auxílio desses sábios, foi posto um freio ao materialismo da Igreja dominante, dada à nova orientação do pensamento religioso, através da Doutrina dos Espíritos, e o retorno ao cristianismo primitivo, com a implantação dos fundamentos da verdadeira espiritualidade, por meio da mediunidade.

Jesus foi, na verdade, o grande médium de Deus, junto aos seres humanos, transmitindo e realizando Suas tarefas. O mundo desde então, vem evoluindo mais depressa. Graças aos cientistas e médiuns que foram inegavelmente os artífices dessa grande vitória O conhecimento atual, porém, é ainda restrito porque estamos, em relação ao Universo, muito abaixo na escala evolutiva; o ser humano vai aprendendo lentamente. Para as ações e experiências no terreno material, bastam à inteligência e os sentidos físicos; mas para as ações no campo extra-físico, necessita de faculdades outras, de elementos novos e da consciência espiritual. Para conhecer as coisas do mundo visível e descobrir os segredos da Natureza material, Deus deu ao ser humano a visão, os sentidos e órgãos especiais. Assim como o telescópio projeta nossos olhares nos espaços infinitos, com o microscópio, descobrimos o mundo infinitamente pequeno. Para penetrar no mundo invisível, Deus deu-nos a mediunidade, cuja missão é santa, porque sua finalidade é rasgar os horizontes da vida eterna.

Portanto, a sensibilidade individual, desenvolvida além dos limites considerados comuns, resulta na faculdade de ver coisas que os outros não vêem; ouvir o que normalmente não é ouvido, sentir de modo anormal, e produzir fenômenos considerados absurdos, em face das leis gerais de análise e julgamento. Esse indivíduo é considerado um desequilibrado, segundo o modo de entender dos leigos e dos pretensos sábios, que não entendem nada de mediunidade.

Nos homens primitivos, que viviam ainda muito pelo instinto, a sensibilidade não ia além da epiderme, e agia somente nos limites do ambiente, para a manutenção da existência. Sentia o calor, o frio, a fome, o medo, etc... Depois, passou o ser humano a compreender a natureza externa, naquilo em que ela influía diretamente na sua existência. Sentiu o vento e não mais se atemorizou; produziu o fogo e aqueceu-se nele; viu a chuva e a abençoou; passou a caçar e saciou a fome. Aplicou-se mais e promoveu a ligação entre as comunidades, iniciando assim os primeiros passos no terreno da coletividade; sentiu os reflexos e as conseqüências da vida em grupo e esboçou então os primeiros rudimentos de leis. De esforço em esforço foi avançando lentamente e sempre.

Assim, vem sendo até hoje, quanto mais evoluído, inquieta-se com o sofrimento alheio, organizando a vida social em padrões mais justos e legislando com maior expressão fraternal, a caminho do mundo renovado, em bases aproximadas do ideal evangélico. Num grau diferente, o sensitivo, médium renovado, penetrará nos mundos além-matéria, surpreendendo seus aspectos e mais ainda, devassará os mundos espirituais, vedados aos olhos e entendimento dos que ainda se encontram em atraso espiritual. Infelizmente, como estamos vendo, a grande maioria dos seres humanos permanece à margem da extensa renovação espiritual que está se processando no planeta, por não ter ainda sua atenção despertada para essas verdades, as únicas capazes de reformá-los moralmente, em virtude de estarem ainda vivendo exclusivamente para a vida material e reduzindo suas satisfações nas paixões dos instintos. De nada lhe valem os convites, os esforços e a dedicação dos companheiros encarnados e desencarnados, que se inquietam com a posição de inferioridade evolutiva, porque se fazem cegos e surdos, impermeáveis a todos os esclarecimentos.
Para eles, a Terra ainda é a moradia natural e bem agradável.

Apesar dos avanços extraordinários da ciência, e porque este avanço ainda não se deslocou do terreno material, o intercâmbio entre os mundos físico e extra-físico continuou a depender inteiramente da faculdade mediúnica. A Doutrina dos Espíritos, como a Terceira Revelação, levantou grande parte do véu misterioso que se opunha a esse intercâmbio e criou um corpo doutrinário perfeito e facilmente acessível, para benefício de toda a humanidade. Por outro lado, os médiuns, em sua generalidade, não são missionários como muitos pensam; quase sempre são espíritos que regressam ao orbe terráqueo para se redimirem e se sacrificarem em favor do grande número de almas que talvez tenham prejudicado e desviado das sendas luminosas das virtudes da fé e da caridade.

Já sabemos que as manifestações mediúnicas se dividem em dois aspectos fundamentais. A faculdade própria do espírito, chamada Natural, conquista realizada durante as existências anteriores, quando adquiriu e atingiu graus mais elevados da escala evolutiva. Entretanto, existem pessoas com moral inferior, de sentimentos imperfeitos, que possuem faculdades mediúnicas as mais diversas. Se a posse de faculdade depende da elevação espiritual, como pode tais pessoas possuí-las, enquanto outras pessoas mais evoluídas não as possuem? Como entender isso? Trata-se, porventura, de anomalias ou de privilégios? – Sabemos que nem uma nem a outra coisa! Aí é que entra o 2º aspecto das manifestações; a faculdade transitória, chamada de Prova. É uma dádiva de Deus, concedida a título provisório, a certos espíritos, em determinadas situações, para que, através do trabalho mediúnico, servindo como intermediário aos espíritos desencarnados, para suas manifestações, tenham oportunidade de quitar e resgatar dívidas do passado, despertando para o esforço redentor. Nestes casos, os que cumprirem a missão sobem um degrau na escala da evolução e os que fracassam, sofrem as conseqüências do trabalho que deixaram de executar.

Verdadeiras multidões de espíritos recebem as faculdades de Prova e reencarnam principalmente, quando o mundo está passando por um novo período de perturbação, que antecede a um novo processo de renovação e progresso. Claro que os médiuns que possuem hoje sensibilidade já evoluída, colhem o que plantaram em existências anteriores; recebem o resultado das experiências que já realizaram, das provas que suportaram, da evolução que conquistaram. São esses os que, sem passarem pela dor, adotam mais depressa e sem vacilações, os ensinamentos da Doutrina dos Espíritos, porque já têm, para as verdades que ela ensina, mais acentuada a afinidade espiritual.

Finalizando, vejamos o que dizem os Espíritos Superiores sobre este particular: “Quando encontramos um médium com o cérebro povoado de conhecimentos adquiridos na sua existência atual, e o seu espírito rico de conhecimentos latentes, obtidos em existências anteriores, de natureza a nos facilitar as manifestações mediúnicas, facilitando as comunicações, dele de preferência nos servimos porque com ele o fenômeno do intercâmbio se torna mais fácil, do que com o médium de inteligência limitada e de escassos conhecimentos anteriormente adquiridos”.

Dessa maneira, compreendemos que o valor das manifestações mediúnicas e suas naturezas, residem no grau de evolução e na sensibilidade orgânica possuída pelo médium, em contato com os planos espirituais...



Bibliografia:
“Mediunidade” de Edgard Armond
A Bíblia
Doutrina dos Espíritos


Jc.
24/05/2003