sábado, 24 de abril de 2010

MANIFESTAÇÕES DA MEDIUNIDADE

MANIFESTAÇÕES DA MEDIUNIDADE

Para uma melhor compreensão de como definir a mediunidade, sabemos que ela se divide em duas denominações: Mediunidade Natural: À medida que o ser humano evolui e se moraliza, adquire mais faculdades psíquicas e aumenta consequentemente, sua percepção espiritual; Mediunidade de Prova; Esta aflora em determinada ocasião, para utilização imediata, na prática mediúnica, como cooperação compulsória e em benefício de todos.

Há muitas teorias e explicações sobre os fenômenos da mediunidade. Vamos comentar algumas delas. Comecemos pela 1ª teoria da mistificação: Esta prega que tudo é arranjos, truques, ilusão. 2ª teoria da ilusão: Esta alega que nada há de real; só ilusionismo. 3ª teoria demoníaca: Esta declara que tudo é obra dos demônios, pois só o diabo pode falar com os vivos e fazer-se passar por espíritos dos mortos. (segundo esta teoria, Jesus ao invocar os espíritos de Moisés e Elias no Monte Tabor, para demonstrar a imortalidade dos espíritos, estava praticando um ato demoníaco?) 4ª- teoria dos elementais: Os elementos da natureza, seres não humanos, como gnomos, silfos, fadas, gênios, etc., podem atuar sobre os seres humanos em certas circunstâncias, produzindo manifestações e fenômenos. 5ª- teoria da loucura: Afirma que todos os médiuns são pessoas anormais, loucas pacíficas, e tudo o que dizem e fazem é resultado de sua própria perturbação mental. 6ª- teoria do automatismo psicológico: Toda idéia tende a realizar-se e as manifestações ditas mediúnicas são simples fenômenos do subconsciente individual. 7ª- teoria da força psíquica: Informa que há pessoas que possuem uma força especial; magnetismo, fluido nervoso, ou outra qualquer coisa que produz os fenômenos. 8ª- teoria de São Martinho: Aceita que pode-se chegar, pela graça dos próprios méritos, a estabelecer ligações com a divindade. 9ª- teoria do Dom: Declara que a mediunidade é um dom que será derramado sobre uns, segundo a vontade de Deus. 10ª- teoria do batismo do Espírito Santo: A mediunidade é uma virtude que baixará sobre todos aqueles que forem beneficiados pelo Espírito Santo. 11ª- teoria do animismo: Declara que o médium sofre um desdobramento de consciência que produz os fenômenos, psíquicos e físicos. 12ª- teoria Espírita: Informa que as pessoas denominadas médiuns, possuem uma aptidão especial para servirem de intermediários entre o mundo espiritual e o mundo físico. Esta é a teoria dominante, que explica a maioria dos fatos, e é confirmada pela realidade. A Doutrina Espírita não nega que haja fenômenos de psiquismo, de animismo individual, como se costuma dizer.

Se as próprias Escrituras dão à mediunidade como uma herança do ser humano compreende-se que ela não é privilégio de alguns, mas patrimônio comum de todos, apenas ressalvando, em graus diferentes. A faculdade mediúnica, tanto a natural como a de prova, não é fenômeno dos nossos dias, conforme explica a Doutrina dos Espíritos, mas sempre existiu, desde quando existe o ser humano. Foi principalmente por meio dela que os Espíritos Superiores puderam interferir na evolução do mundo, orientando-o, guiando-o, protegendo-o. Nas épocas em que a humanidade vivia no regime de clãs ou de tribos, a mediunidade era atribuída a poucas pessoas, que exerciam um verdadeiro reinado espiritual sobre as outras pessoas. Passou depois para os círculos fechados dos colégios sacerdotais, criando então castas privilegiadas; e por fim, foi difundido entre os povos, dando nascimento aos videntes, profetas, adivinhos, pitonisas, que passaram a exercer influência nos meios onde atuavam.

Na Índia, na Pérsia, no Egito, na Grécia e em Roma, ela sempre foi utilizada como fonte de poder e de dominação, e tão preciosa era que originou a condição de ser concedida por meio de iniciação, a poucas pessoas. Ainda hoje verificamos a existência de seitas e fraternidades que realizam a iniciação sob as mais rigorosas condições de mistério e formalismo. Somente após o advento da Doutrina dos Espíritos, as práticas mediúnicas se popularizaram e foram postas ao alcance de todos, sem restrições, formalismos e segredos.

A Bíblia está cheia de passagens e manifestações obtidas por meio da mediunidade. Samuel, no Livro I, cap. 9 v. 9, assim o demonstra, dizendo: “Dantes quando se ia consultar a Deus dizia-se vamos ao vidente; porque os que se chamam profetas, chamavam-se videntes”. As pragas que Moisés lançou sobre o Egito; o maná que alimentava os judeus; as fontes que jorravam das rochas, tudo era afirmação do poder mediúnico de Moisés. Temos também os fenômenos de transporte, constante em II de Reis, cap.6 v.6; de levitação, Ezequias, cap.3 v.14/15, e Atos dos Apóstolos, cap.8 v. 39/40; de escrita direta, em Êxodo, cap. 32 v.15/16; de consulta feita por Saul, invocando o Espírito de Samuel, na gruta do Endor, Samuel I, cap. 28 v. 7 a 20.

No Novo Testamento, temos Maria de Nazaré, recebendo o Espírito que veio lhe anunciar a gravidez. Jesus no Monte Tabor, ao se transfigurar e aparecerem os espíritos de Moisés e Elias, materializados aos apóstolos, não foi uma manifestação mediúnica? Jesus quando apareceu a Madalena, após se libertar do corpo físico, não foi outra manifestação mediúnica? E quando apareceu por duas vezes aos seus apóstolos que, com receio dos judeus, estavam trancados em um quarto, e Jesus apareceu no meio deles, não foram outras manifestações mediúnicas de materialização?.

Léon Denis pergunta: “Os apóstolos de Jesus foram escolhidos por serem sábios ou por que possuíam notáveis qualidades mediúnicas? Tanto os apóstolos como os discípulos, durante o tempo de seus trabalhos, atuaram como verdadeiros médiuns, bastando mencionar Paulo e João Evangelista; um o mais dinâmico e culto, o outro o mais amorável e místico. O que representou o Pentecostes, senão uma entrega de faculdades mediúnicas aos seus seguidores? Era tão comum a mediunidade entre os primitivos cristãos, que instruções eram dadas escritas e enviadas às comunidades, para regular a sua prática.

Entretanto, a partir do Concílio de Nicéia, no ano de 325, formaram-se duas correntes opostas; uma querendo permanecer no cristianismo primitivo e a outra se esforçando por progredir no mundo dos homens. A partir daí, a Igreja, mais tarde chamada católica-romana, esquecendo os três séculos de vida exemplar, e repudiando os ensinos do Mestre, no sentido da humildade e pobreza, da fraternidade e do amor, associa-se aos poderosos para obter o domínio do poder temporal. Essa Igreja toda poderosa pela oficialização feita por Constantino, declara que a mediunidade é ilegal, herética, obra de magia demoníaca, passando a mover-lhe grande perseguição, renegando todos os atos mediúnicos praticados por Jesus e seus apóstolos, e seguindo o exemplo dos fariseus do Sinédrio, que já taxavam de práticas do demônio, os atos praticados por Jesus.

Apesar dos testemunhos e protestos apresentados por vários luminares da Igreja, como: Gregório de Nissa, Clemente de Alexandria, Tomás de Aquino, frade Agostinho e outros que praticavam o mediunismo, ela não voltou atrás, e, por séculos e séculos, procurou abafar o pensamento e o espírito de compreensão dos fenômenos mediúnicos, por meio de julgamentos sumários, condenações e sacrifícios de milhares de vítimas. Não satisfeita a Igreja criou a Inquisição numa época de obscurantismo, para destruir a revelação divina. Foi então que os Espíritos Superiores tiveram que intervir para orientar o movimento e impedir que essa situação perdurasse por mais tempo e ultrapassasse os limites permitidos, prejudicando o progresso ou retardando-o demasiadamente.

Para modificar essa situação os Mentores Espirituais determinaram o aparecimento de novos médiuns de ampla capacidade, em todas as partes do mundo. Esses médiuns foram realmente excepcionais; submeteram-se a toda espécie de testes e os relatórios firmados por comissões científicas de várias partes foram acordes em reconhecer que a vida realmente continuava além túmulo, e que era inegável o intercâmbio entre os vivos e os mortos. Essa foi a missão das irmãs Fox, de Allan Kardec o Codificador, de notáveis cientistas, como: Crookes, Du Prel, Lombroso, Myers, Flamarion, Leon Denis, Conan Doyle, Bozzano, Delane, para citar somente os mais conhecidos. E assim, com o auxílio desses sábios, foi posto um freio ao materialismo da Igreja dominante, dada à nova orientação do pensamento religioso, através da Doutrina dos Espíritos, e o retorno ao cristianismo primitivo, com a implantação dos fundamentos da verdadeira espiritualidade, por meio da mediunidade.

Jesus foi, na verdade, o grande médium de Deus, junto aos seres humanos, transmitindo e realizando Suas tarefas. O mundo desde então, vem evoluindo mais depressa. Graças aos cientistas e médiuns que foram inegavelmente os artífices dessa grande vitória O conhecimento atual, porém, é ainda restrito porque estamos, em relação ao Universo, muito abaixo na escala evolutiva; o ser humano vai aprendendo lentamente. Para as ações e experiências no terreno material, bastam à inteligência e os sentidos físicos; mas para as ações no campo extra-físico, necessita de faculdades outras, de elementos novos e da consciência espiritual. Para conhecer as coisas do mundo visível e descobrir os segredos da Natureza material, Deus deu ao ser humano a visão, os sentidos e órgãos especiais. Assim como o telescópio projeta nossos olhares nos espaços infinitos, com o microscópio, descobrimos o mundo infinitamente pequeno. Para penetrar no mundo invisível, Deus deu-nos a mediunidade, cuja missão é santa, porque sua finalidade é rasgar os horizontes da vida eterna.

Portanto, a sensibilidade individual, desenvolvida além dos limites considerados comuns, resulta na faculdade de ver coisas que os outros não vêem; ouvir o que normalmente não é ouvido, sentir de modo anormal, e produzir fenômenos considerados absurdos, em face das leis gerais de análise e julgamento. Esse indivíduo é considerado um desequilibrado, segundo o modo de entender dos leigos e dos pretensos sábios, que não entendem nada de mediunidade.

Nos homens primitivos, que viviam ainda muito pelo instinto, a sensibilidade não ia além da epiderme, e agia somente nos limites do ambiente, para a manutenção da existência. Sentia o calor, o frio, a fome, o medo, etc... Depois, passou o ser humano a compreender a natureza externa, naquilo em que ela influía diretamente na sua existência. Sentiu o vento e não mais se atemorizou; produziu o fogo e aqueceu-se nele; viu a chuva e a abençoou; passou a caçar e saciou a fome. Aplicou-se mais e promoveu a ligação entre as comunidades, iniciando assim os primeiros passos no terreno da coletividade; sentiu os reflexos e as conseqüências da vida em grupo e esboçou então os primeiros rudimentos de leis. De esforço em esforço foi avançando lentamente e sempre.

Assim, vem sendo até hoje, quanto mais evoluído, inquieta-se com o sofrimento alheio, organizando a vida social em padrões mais justos e legislando com maior expressão fraternal, a caminho do mundo renovado, em bases aproximadas do ideal evangélico. Num grau diferente, o sensitivo, médium renovado, penetrará nos mundos além-matéria, surpreendendo seus aspectos e mais ainda, devassará os mundos espirituais, vedados aos olhos e entendimento dos que ainda se encontram em atraso espiritual. Infelizmente, como estamos vendo, a grande maioria dos seres humanos permanece à margem da extensa renovação espiritual que está se processando no planeta, por não ter ainda sua atenção despertada para essas verdades, as únicas capazes de reformá-los moralmente, em virtude de estarem ainda vivendo exclusivamente para a vida material e reduzindo suas satisfações nas paixões dos instintos. De nada lhe valem os convites, os esforços e a dedicação dos companheiros encarnados e desencarnados, que se inquietam com a posição de inferioridade evolutiva, porque se fazem cegos e surdos, impermeáveis a todos os esclarecimentos.
Para eles, a Terra ainda é a moradia natural e bem agradável.

Apesar dos avanços extraordinários da ciência, e porque este avanço ainda não se deslocou do terreno material, o intercâmbio entre os mundos físico e extra-físico continuou a depender inteiramente da faculdade mediúnica. A Doutrina dos Espíritos, como a Terceira Revelação, levantou grande parte do véu misterioso que se opunha a esse intercâmbio e criou um corpo doutrinário perfeito e facilmente acessível, para benefício de toda a humanidade. Por outro lado, os médiuns, em sua generalidade, não são missionários como muitos pensam; quase sempre são espíritos que regressam ao orbe terráqueo para se redimirem e se sacrificarem em favor do grande número de almas que talvez tenham prejudicado e desviado das sendas luminosas das virtudes da fé e da caridade.

Já sabemos que as manifestações mediúnicas se dividem em dois aspectos fundamentais. A faculdade própria do espírito, chamada Natural, conquista realizada durante as existências anteriores, quando adquiriu e atingiu graus mais elevados da escala evolutiva. Entretanto, existem pessoas com moral inferior, de sentimentos imperfeitos, que possuem faculdades mediúnicas as mais diversas. Se a posse de faculdade depende da elevação espiritual, como pode tais pessoas possuí-las, enquanto outras pessoas mais evoluídas não as possuem? Como entender isso? Trata-se, porventura, de anomalias ou de privilégios? – Sabemos que nem uma nem a outra coisa! Aí é que entra o 2º aspecto das manifestações; a faculdade transitória, chamada de Prova. É uma dádiva de Deus, concedida a título provisório, a certos espíritos, em determinadas situações, para que, através do trabalho mediúnico, servindo como intermediário aos espíritos desencarnados, para suas manifestações, tenham oportunidade de quitar e resgatar dívidas do passado, despertando para o esforço redentor. Nestes casos, os que cumprirem a missão sobem um degrau na escala da evolução e os que fracassam, sofrem as conseqüências do trabalho que deixaram de executar.

Verdadeiras multidões de espíritos recebem as faculdades de Prova e reencarnam principalmente, quando o mundo está passando por um novo período de perturbação, que antecede a um novo processo de renovação e progresso. Claro que os médiuns que possuem hoje sensibilidade já evoluída, colhem o que plantaram em existências anteriores; recebem o resultado das experiências que já realizaram, das provas que suportaram, da evolução que conquistaram. São esses os que, sem passarem pela dor, adotam mais depressa e sem vacilações, os ensinamentos da Doutrina dos Espíritos, porque já têm, para as verdades que ela ensina, mais acentuada a afinidade espiritual.

Finalizando, vejamos o que dizem os Espíritos Superiores sobre este particular: “Quando encontramos um médium com o cérebro povoado de conhecimentos adquiridos na sua existência atual, e o seu espírito rico de conhecimentos latentes, obtidos em existências anteriores, de natureza a nos facilitar as manifestações mediúnicas, facilitando as comunicações, dele de preferência nos servimos porque com ele o fenômeno do intercâmbio se torna mais fácil, do que com o médium de inteligência limitada e de escassos conhecimentos anteriormente adquiridos”.

Dessa maneira, compreendemos que o valor das manifestações mediúnicas e suas naturezas, residem no grau de evolução e na sensibilidade orgânica possuída pelo médium, em contato com os planos espirituais...



Bibliografia:
“Mediunidade” de Edgard Armond
A Bíblia
Doutrina dos Espíritos


Jc.
24/05/2003

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