sábado, 13 de dezembro de 2014

COMEMORAÇÕES DO NATAL E DO FIM DE ANO




 Cerca de 80% das pessoas se sentem mais tensas nessa época; algumas ficam eufóricas outras ficam deprimidas, segundo pesquisa feita pela associação que estuda o estresse. Para a psicóloga Iracema Teixeira, o principal motivo são os excessos que marcam o mês repleto de festas e gastos extras. Mas, não devemos ficar nervosos; vamos contornar a irritação típica da época.
A cobrança nos chega pela pressão das compras, fechamento de projetos profissionais e frustrações sobre planos pessoais, que são os grandes fatores que geram o estresse de final de ano. É um período de grande excitação que acaba nos envolvendo, além disso, as comemorações e os eventos em família podem passar de festa e diversão para cobranças sociais. Tudo sai da rotina e todos se vêm obrigados a cumprir um papel.
São várias festas, várias compras, vários presentes e muito trabalho, resultando em pouco descanso e comida, e gastos em excesso. Crie forma de desacelerar a agitação e aprenda a dizer “não”, priorizando as comemorações nas quais quer participar e os presentes que irá comprar. Outra dica é encarar todas essas situações de Natal e fim de ano como uma oportunidade de lazer.
Aproveite para confraternizar com os amigos e familiares, e usufruir os momentos gratificantes, mesmo que simples. Porém, se você ficou muito estressada/o, coloque um banquinho debaixo do chuveiro e deixe a água cair sobre você para relaxar. Não deixe de beber muita água e procura momentos de pausa para relaxar, e, se possível, evite o excesso de bebida alcóolica e comidas gordurosas.
Neste período que antecede o Natal, muitas pessoas praticam ações pontuais de caridade, como doação de brinquedos a crianças, cestas básicas aos necessitados, outras pessoas participam em campanhas de fraternidade.
Se você quer participar da corrente do bem, procure alguma Instituição confiável e leve seu apoio, imitando os Magos que foram levar presentes ao menino Jesus. Outra diga é se cadastrar como Voluntária/o numa entidade beneficente que atenda crianças ou idosos desamparados. “O voluntário está contribuindo para tornar o mundo melhor e fraterno, sempre gerando satisfação por estar fazendo a diferença”.
Existe ainda uma Campanha dos Correios que ajuda a tornar realidade o sonho de Natal de muitas crianças, e para participar, basta ir a uma agência mais próxima, escolher a carta que mais lhe comoveu.
O Natal, antigamente uma festa de religiosidade e sentimento, hoje se transformou numa festa de comes e bebes, onde o que menos se constata é a satisfação pelo nascimento de Jesus, as encenações do Presépio, trocado pela fantasia do papai-noel, símbolo do consumismo.
Vivamos o verdadeiro sentido do Natal;  vamos abraçar e desejar aos nossos familiares e amigos, um Novo Ano de Paz, Harmonia e Saúde, e que os habitantes deste mundo sejam mais fraternos e caridosos...

Fonte:
Revista Malu – 12/2013
+  Modificações e acréscimos.

Jc.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

INFIDELIDADE




 A infidelidade não é um desvio de caráter, mas um comportamento-padrão a evitar, afirma um psicólogo após estudar durante alguns anos milhares de casais.
As traições sempre aconteceram em todos os tempos. Clássicos da literatura, como Anna Karenina, de Liev Tolstói, Madame Bovary, de Gustav Flaubert, e O Primo Basílio, de Eça de Queiroz, trataram do poder destruidor da infidelidade. Mesmo assim, pesquisas mundo afora mostram que o número de adúlteros, entre homens e mulheres, só cresce – talvez porque mais pessoas tenha coragem de admitir. Pouco se avançou em tentar explicar as razões que levam à quebra do pacto de confiança e exclusividade, e entender como evitá-la.
Em “o que faz o amor durar” (editora Fontanar), o americano John Gottman, doutor em psicologia e pesquisador na Universidade de Washington, apresenta uma nova forma de olhar para esse desvio. Ao lado da mulher, também psicóloga Julie Schwartz Gottman, ele estuda o comportamento de casais há mais de quatro décadas. Para ele, existe um padrão de comportamento que leva à quebra do pacto, e há muitas formas de infidelidade independentes da temida traição física. “Nossa cultura relaciona a infidelidade a um desvio de caráter ou falta de disciplina, mas isso não é verdade”, diz Gottman. E complementa: “A maioria das traições não é causada pelo desejo sexual, mas sim por alguma carência afetiva”.
Um relacionamento amoroso convencional é um contrato de confiança, respeito e proteção mútua. Tudo que viole esse contrato constitui infidelidade. Trair vai além da intimidade física com outra pessoa. Além dessa, outros dez tipos de infidelidade existem na lista do psicólogo John Gottman:
Comprometimento condicional: Não se está inteiro na relação. O comprometido flerta e se mantém “atento ao mercado”;
Intimidade sem sexo: Há uma relação íntima com um terceiro, com quem troca confidências, e não conta isso ao parceiro/a;
Mentira: Cansado de discutir, um parceiro passa a mentir sobre coisas banais, como um jeito fácil de ficar em paz;
Aliança contra o parceiro: Um dos parceiros se une regularmente a um terceiro – parente ou amigo – para criticar o outro parceiro;
Ausência e frieza: O parceiro não detecta as necessidades emocionais do outro nem se esforça para aprender ou reaprender;
Perda de interesse sexual:  Desaparece ou diminui muito a atração pelo outro. Não há tentativa nem vontade de reavivar o interesse;
Desrespeito: Não há preocupação em ser gentil e amoroso com o outro. Grosseria e indiferença tornam-se parte da rotina;
Egoísmo:  Atenção apenas às próprias necessidades. Ocorre muito por medo de uma situação nova, como a chegada de um filho;
Injustiça: As decisões deixam de ser tomadas de comum acordo. Uma das partes impõe regularmente sua vontade;
Rompimento de promessas:  O casal faz um pacto (Como guardar dinheiro) e um deles quebra o acordo sem consultar o outro.
Apesar das credenciais acadêmicas de Gottman, alguns estudiosos questionam esses padrões na infidelidade. “Em relacionamentos, é difícil definir regras que sirvam a todos”, diz a antropóloga Mirian Goldenberg, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, autora do livro “Por que homens e mulheres traem?”. Ela estuda a infidelidade há mais de 20 anos. “Nos casos que estudei, cada casal funcionava de um jeito; não há um padrão”.
Gottman discorda. Afirma ter detectado um ciclo de ações e reações que mais comumente levam casais a sucumbir a quaisquer desses tipos de infidelidade, inclusive a física. Chama o primeiro estágio de “estado de negatividade”. Tem início quando um dos dois deixa de dar atenção ou apoio ao outro. Quando o sentimento de mágoa por essa falta não se expressa, ele também não é esquecido. O lado magoado passa a provocar o outro. Isso torna os atritos mais frequentes e leva ambos a assumir uma atitude defensiva. A comunicação fica mais difícil e está instalado o estado de negatividade. E aí começa a segunda etapa do ciclo que leva à traição: As comparações negativas.
Nesse ponto, um dos parceiros compara seu companheiro/a ao perfil de um estranho na internet, a um colega de trabalho, a um parceiro do passado ou a um amor platônico a maioria das comparações, o cônjuge perde, porque, no estado  de negatividade, é difícil perceber e lembrar as qualidades do outro. O distanciamento e a frustração criam o ambiente propício para a traição física e para os outros dez tipos de infidelidade.
 A estratégia mais aconselhável para manter-se um bom relacionamento, segundo Gottman, é evitar o início do ciclo, em vez de tentar interrompê-lo depois. E para isso é preciso conversar e expressar as emoções sobre os incômodos. É necessário também manter em dia o pacto e as combinações. Se uma parte não tem condições de cumprir o combinado, é melhor conversar e mudar o pacto, em vez de desrespeitá-lo continuamente. Ele ensina ainda técnicas que fazem a conversa render, como usar mais “eu” do que “você”. A ideia é mais explicar ao outro o que se sente e menos fazer críticas.
Os casais devem atentar para todas as formas de infidelidade e considerá-las sinais sérios. Melhor que tentar resistir às tentações, é impedir que elas se realizem...
O adultério, ás vezes, é consequência da infidelidade. Ele é condenado por Jesus, quando disse: “Aprendestes o que foi dito aos Antigos: Não cometereis adultério. Mas eu vos digo que todo aquele que tiver olhado uma mulher com um mau desejo por ela, já cometeu adultério com ela, em seu coração”. A verdadeira pureza não está somente nos atos, mas também no pensamento, porque aquele que tem o coração puro não pensa mesmo no mal; foi isso que Jesus quis dizer: Ele condenou o pecado, mesmo em pensamento, porque é um sinal de impureza.
À medida que o ser humano avança espiritualmente, se esclarece e se despoja, pouco a pouco, de suas imperfeições, segundo a vontade que emprega em virtude do seu livre arbítrio. Todo mau pensamento, pois, resulta da imperfeição da alma. Mesmo um mau pensamento torna-se para a alma uma ocasião de adiantamento, porque o repele com energia e não cederá se apresentar-se uma ocasião para satisfazer um mau desejo; e depois que tiver resistido, sentir-se-á mais forte e alegre com sua vitória. Aquele, ao contrário, que procura a ocasião para o ato mau, e se não realiza porque lhe falta oportunidade; ele é, pois, tão culpado como se o cometesse.
A pessoa que não concebe o pensamento do mal, o progresso já está realizado; naquele a quem vem esse pensamento, mas ele o repele, o progresso está em vias de se cumprir; naquele, enfim, que tem esse pensamento e nele se compraz, o mal está ainda com toda a sua força. Deus que é justo e misericordioso considera todas essas diferenças na responsabilidade dos pensamentos e dos atos do ser humano. Quem ama verdadeiramente, não pratica a infidelidade...

Fontes:
Revista Época – 11/8/2014
Jornalista Natália Spinacé
“Evangelho Segundo o Espiritismo”-  cap. VIII
+ Pequenas modificações

Jc.
São Luís, 18/8/2014

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

JOSÉ BENTO MONTEIRO LOBATO





 Monteiro Lobato nasceu em 18 de abril de 1882, na cidade de Taubaté, filho de José Bento Marcondes e Olympia Monteiro Lobato. Um garoto que se tornaria o mais importante escritor de literatura infantil do país. Naquele tempo não existia televisão, nem cinema nem automóvel. Naquele ano estavam surgindo o ferro elétrico e o ventilador. Era uma época em que as crianças agiam como tal. Monteiro Lobato, como as demais crianças da época, inventava brinquedos com sabugos de milho, mamão verde, panos e material desse tipo. Juca – como era chamado – brincava com suas irmãs mais novas, Ester e Judite. Ele adorava os livros de seu avô materno, o Visconde de Tremembé. Mais tarde, em 1893, mudaria seu nome para José Bento Monteiro Lobato, por desejar usar uma bengala do pai gravada com as iniciais J.B.M.L.
Em 1898, aos dezesseis anos, perde seu pai e, no ano seguinte, sua mãe. Seu avô materno assume a tutela dos três netos. Ainda no colégio, Monteiro Lobato funda vários jornais e escreve com pseudônimo. Aos 18 anos tenta entrar para a Escola de Belas-Artes, mas, por imposição do avô, entra para a Faculdade de Direito. Forma-se em 1904 e em maio de 1907, é nomeado promotor em Areias (SP), e naquela cidade se casa com Maria Pureza Lobato, conhecida entre os amigos como Dona Purezinha, com quem teve os filhos Edgar. Marta, Rute e Guilherme. Em 1911, com a morte do avô herda a fazenda de São José de Buquira, para onde se muda com a família. Lá cria o personagem que viria a se tornar símbolo nacional: O Jeca Tatu, figura do folclore brasileiro. Em 1916 promoveu uma pesquisa de opinião sobre o Saci, no jornal O Estado de São Paulo. A pesquisa faria aparecer seu primeiro livro, “O Saci-Pererê: resultado de um inquérito”, lançado no início do ano seguinte. 1917 as dificuldades o fazem vender a fazenda e em 1918 vai morar em Caçapava.
No Natal de 1920, lança seu primeiro infantil: “A Menina do Narizinho Arrebitado”, no qual criou o fantástico mundo do “Sitio do Pica-Pau Amarelo”, onde Lúcia a menina do narizinho arrebitado dividia suas aventuras com Dona Benta, Tia Anastácia, o Visconde de Sabugosa – um sabugo de milho que adquiria vida – e a imprevisível Emília, uma boneca de pano que falava, agia e pensava como uma pessoa adulta. No ano seguinte o livro teve uma edição de 50 mil exemplares e foi adotado pelo governo de São Paulo como livro de leitura obrigatória para o primeiro grau. Monteiro Lobato dividia as histórias com personagens reais, mitológicos folclóricos e uns criados por outros escritores.
O senso crítico artístico do escritor aflorou em 1922. Em 1925, depois de enfrentar dificuldades, fecha á editora e constitui, no Rio de Janeiro, a Cia. Editora Nacional com outros dez sócios. Dois anos depois é nomeado adido comercial no Consulado do Brasil nos Estados Unidos. Em 1930, após a revolução que destituiu o presidente Washington Luiz, Monteiro Lobato é exonerado e retorna ao país no ano seguinte, pregando a redenção e desenvolvimento do Brasil pela exploração de ferro e do petróleo. Começa então a travar uma luta que o faria pobre doente e desgostoso. Ele foi perseguido, preso e criticado por dizer que no Brasil havia petróleo, contrariando assim, o interesse oficial. Retorna à literatura infantil, decepcionado com os adultos que o perseguem por suas ideias. Em 1933 lança “História do Mundo para Crianças”, que provoca reações e censura da Igreja Católica.
Em 1934, Getúlio Vargas lhe oferece a direção do Departamento de Difusão Cultural que ele rejeita, e nos anos seguintes denuncia o Departamento de Produção Mineral e o Conselho Nacional de Petróleo. Em 24 de maio de 1940, durante o Estado Novo, num ato de grande coragem, ele escreveu uma carta para o presidente Getúlio Vargas, alertando-o de que havia displicência por parte do Conselho Nacional de Petróleo, ao retardar a criação de uma indústria petrolífera nacional, apenas para satisfazer interesses estrangeiros. Em vista dessa correspondência e de outras declarações sobre o assunto, Monteiro Lobato foi detido e preso no dia 20 de maio de 1941, sendo depois indultado por Getúlio e liberado da prisão em 20 de junho do mesmo ano.
Passados mais de dois anos após a saída da prisão, Lobato descobriu o mundo espiritual, os Espíritos e sua capacidade de nos contatar. No livro “Monteiro Lobato e o Espiritismo”, de Maria José Sette Ribas, foram publicadas as Atas das reuniões em que ocorreram suas experimentações com a mediunidade. Os participantes das reuniões utilizavam um copo que, sob a ação dos Espíritos e sendo tocado pelo médium e por seus assistentes, deslizava sobre um alfabeto disposto de maneira circular, lembrando alguns aspectos das tábuas. No grupo, cabia a Monteiro Lobato anotar as letras do alfabeto que tinham sido escolhidas pelos Espíritos, em resposta às perguntas formuladas, bem como escrever as Atas. A médium do grupo familiar era sua esposa Dona Purezinha e os encontros duraram entre os anos de 1943 e 1947.
Durante esses encontros, Monteiro Lobato aprender a dialogar com os Espíritos comunicantes e chegou até mesmo a obter a transformação moral de um Espírito que se identificou pelo nome K, que inicialmente atormentava os encontros. Ele não era um simpatizante do Espiritismo, mas um espírita praticante. Ele realizou muitas experiências com as chamadas sessões do copinho e conseguiu comunicar-se com os filhos, parentes e amigos falecidos, inclusive com a famosa Anastácia das histórias infantis de Emília e Pedrinho, que realmente ela existiu. Ele se convenceu da imortalidade espiritual do ser humano e da possibilidade de comunicação com os mortos depois de uma sessão em que se manifestaram seis de seus grandes amigos.
A morte de seus filhos e as comunicações mediúnicas recebidas de amigos, já transferidos para a Pátria Espiritual, principalmente de Martins Fontes, foi o móvel de sua modificação filosófico-religiosa.  Após aqueles fatos, Monteiro Lobato dedicou-se com afinco ao aprendizado e às pesquisas sobre a Doutrina dos Espíritos, inclusive realizando sessões mediúnicas, das quais existem ainda hoje as competentes Atas.
Como prova de sua adesão definitiva às convicções espiritistas, há o registro de que, pouco antes do seu desenlace físico, dirigiu as seguintes palavras à sua dileta amiga Maria José Sette Ribas: “Minha filha, amanhã, ou depois, se vir no jornal que eu morri você não vai chorar. Sabe bem que não morremos, e esta foi apenas uma das minhas passagens sobre a Terra. Somos imortais”.
Monteiro Lobato desencarnou repentinamente em 1948, deixando vasta herança ao povo brasileiro, os relatos até hoje das aventuras ocorridas no “Sitio
do Pica-Pau Amarelo”, que encantam o imaginário popular; e por fim, pelas Atas de suas reuniões mediúnicas, que hoje podem ser utilizadas como mais uma comprovação da realidade dos Espíritos desencarnados e de suas comunicações. Ele desencarnou na madrugada do dia 4 de julho de 1948, aos 66 anos, Em São Paulo, vitimado por um derrame.

Fonte:
Jornal “O Imortal”- 8/2014
Marinei Ferreira Rezende
+ Supressões e pequenas modificações.

Jc.
São Luís, 21/8/2014

domingo, 9 de novembro de 2014

JESUS, FAROL DA HUMANIDADE




 No transcurso dos ciclos das existências, as páginas do tempo revelaram situações e principalmente personagens que não apenas marcaram a história humana, mas transformaram-na, agindo como faróis a iluminar e apontar, com segurança, os rumos mais seguros na infinita trajetória de evolução. Seres humanos e personalidades diferenciadas sempre existiram em diversos campos do cultivo humano nas glebas do conhecimento, ciência, fé e transcendência. Graças a esses personagens, herdamos uns dos outros, e de nós mesmos no ir e vir das sucessivas romagens em mergulhos carnais, as mais belas realizações de crescimento e incorporação de valores em existências menos sofridas, mais harmoniosas e plenas.
Os expoentes que trouxeram suas colaborações, que se traduziram posteriormente em verdadeiros saltos na evolução de seus pares em suas épocas, enfrentaram, sem exceções, rejeições de todas as ordens em ações de extremadas violência, recebendo ainda o antagonismo da ignorância aferrada em mesquinhos e restritos interesses. Essas ações sempre foram motivos para as mais variadas ações de conflitos, traduzidos em guerras e crimes que imprimiram e ainda marcam com sangue e lágrimas, o solo do nosso querido globo terrestre.
A ideia transcendente de um poder absoluto, originário e sobre-humano que a tudo responde pela criação, sempre levou a todos os povos, desde os primeiros habitantes da raça humana, a buscá-lo de alguma forma nas mais variadas expressões de espiritualidade. O caráter espiritual e divino da criatura é a marca de Deus no ser humano, servindo-lhe de código seguro para as melhores resoluções na existência. Esta foi e é, sem dúvida, a essência da tarefa educativa dos seres missionários em jornadas constantes no planeta em todas as épocas: auxiliar a extrair do íntimo dos seres humanos seus potenciais divinos, traduzidos em conhecimentos e valores imperecíveis.
Entre todos os grandes guias e educadores que passaram pela Terra em todos os campos do conhecimento humano, um se destacou de forma absoluta pela grandeza de que é possuidor e de sua mensagem, de seu amor infinito a Deus e aos homens – Jesus. Este ser especial, Farol dos faróis, governa e guia o nosso planeta,
sinalizando aos navegantes da nau terrestre, os rumos seguros pelos mares tormentosos da convivência humana. Seu faixo de luz indestrutível e amoroso, agindo em nome do Pai, oferece a misericórdia infinita em suas ações que não principiaram na manjedoura singela e tão pouco terminaram no madeiro infamante, vistos pelo prisma restrito da ignorância dos seres humanos.
Nenhum dos grandes sábios e expoentes da humanidade se equipararam à superioridade do meigo Rabi da Galileia, que reduz a intensidade da sua própria luz, abrandando-a de tal forma a não ofuscar os seus irmãos terrenos e para que pudesse estar ao nosso lado sem nos humilhar. Singra nossa atmosfera terrestre como faixo luminoso que desce ao charco iluminando-o sem se contaminar. Reacende as esperanças de um novo ciclo de vida renovada para todos, desce na noite escura das trevas das iniquidades humanas para acender estrelas de novos valores nos corações dos homens.
Ofertou a todos os que o procuravam, a palavra franca e magnética que traduzia a Lei em sua feição pura, a verdade desconcertante aos iludidos pela possa efêmera dos bens perecíveis e temporais da matéria, tais como: o poder político, o poder financeiro, o poder religioso, todos revestidos pelas túnicas das vaidades, orgulhos e egoísmos humanos. Dirigiu-se particularmente aos corações sinceros que habitavam as cidades singelas da Galileia, Magdala, Dalmanuta, Cafarnaum;  comunidades essas humildes que existiam à beira do rio Jordão.  Nos muros velhos das cidades de Israel, iniciava, ali, a epopeia de amor mais bela de todas na história da humanidade. O Mestre caminha estabelecendo amigável convite para formação do seu círculo de discípulos mais próximos, buscando, inicialmente entre os pescadores do mar da Galileia, os pescadores das almas sedentas de renovação.
Ainda, nos dias atuais, há muita dificuldade em dimensionar a superioridade, a grandeza, a importância e a envergadura moral do Messias. O homem do mundo, acostumado a reverenciar a vitória estabelecida através da imposição, do jugo do mais forte ao mais fraco, daqueles que impunham o peso de seus exércitos e de suas demonstrações de superioridade evidenciadas nas construções de seus palácios, seus templos, de sua força e posição social, de títulos de nobreza que os distinguiam dos demais, não O compreendiam e ainda hoje, muitos não O compreendem.
Que homem era aquele que falava de um Reino de Deus tão feliz? Onde as dores encontrariam o lenitivo, onde todos sem exceção tinham o direito de penetrar, principalmente aqueles deserdados do mundo, os sofredores, os doentes, esquecidos e vilipendiados pela sociedade? Que espécie de líder era aquele que arrebatava a alma de quem ousava simplesmente cruzar o seu olhar? Que inspirava nos corações mais endurecidos, um misto de admiração e medo!  Que majestade oculta exalava de sua personalidade augusta que dominava todas as Leis, todas as ciências e que revelava aos homens, um Deus acessível, misericordioso, justo e, sobretudo, amoroso e de bondade infinita?
Como guia, Ele não estabeleceu divisão entre Si e o povo. Não participava do conforto dos palácios e dos tronos dos governantes, símbolos de autoridade máxima da época, ditando regras e impondo o seu cumprimento. Não, indicava apenas o caminho, mas ia lado a lado explicando e vivenciando suas máximas morais, a aplicação da lei de amor no dia a dia das pessoas. Viveu a existência simples como as pessoas, sem exaltação de sua personalidade superior, demonstrando que ninguém precisava sair do contexto em que se encontrava, para viver em sintonia com as Leis de Deus e cumprir a vontade do Pai.
Era em suma, o divino pastor por excelência, que por andar e viver junto ao seu rebanho, usando as palavras do Papa Francisco, tinha nas vestes “o cheiro de suas ovelhas”. Educador amoroso, em nenhum momento foi visto julgando a quem quer que fosse e respeitou a tal ponto a liberdade de pensamento, de arbítrio e ação do homem, que mesmo sabendo ser inocente, se submeteu à prisão injusta, ao julgamento arbitrário e vil, ao açoite, escárnios públicos e, por fim, ao calvário humilhante. Exemplificou sua mensagem de amor até o momento extremo, pedindo ao Pai que perdoasse a ignorância do ser humano.
Como farol da humanidade, segue, Ele, ao longo dos milênios, iluminando os caminhos e alertando-nos dos perigos escondidos nas mentes das perturbações humanas. Muitos já se orientam pelo farol luminoso que é a luz de Jesus, nos roteiros das jornadas terrenas e, conscientes, tornam-se por sua vez, lanternas às vezes fracas, outras vezes verdadeiros faróis com a missão de espalhar a luz de amor do Cristo por toda a Terra.
A felicidade experimentada em auxiliar os outros irmãos infelizes, que ainda permanecem na retaguarda, deve constituir incentivo maior para que a pessoa humana deixe, em definitivo, a posição de náufrago no mar tempestuoso e passe a ser um farol na escuridão das tormentas daqueles que anseiam pelo mínimo sinal de luz...

Fonte:
Jornal “Brasília Espírita” – 5 e 6/2014
Maurício Curi
+ Supressões e pequenas alterações.

Jc.
São Luís, 11/6/2014

domingo, 2 de novembro de 2014

MÃES, COMO DEVEM CUIDAR DOS RECEM-NASCIDOS





Mitos e verdades sobre o primeiro ano do bebê. A falta de informações precisas, palpites e crenças populares podem deixar muitas mães confusas, especialmente as de primeira viagem. Descubra por que nem sempre é uma boa ideia seguir determinados conselhos.
Cerveja preta para estimular a produção de leite, moeda para cicatrizar o umbigo e até azia, são algumas das inúmeras teorias que as futuras mães passam a escutar assim que anunciam a gravidez. Embora grande parte dessas crenças não tenha qualquer embasamento científico, algumas mulheres fazem questão de seguir toda sorte de recomendação. Mas é preciso saber diferençar as verdades incontestáveis daquelas que não são e não passam de pura fantasia. Consultado especialista, este colocou a prova algumas “verdades irrefutáveis” para que você futura mãe, saiba o que realmente tem de ser levado em conta no primeiro ano de existência do seu filho.
Conversar com os bebês faz sentido? Sim. Muitas pessoas acreditam que o recém-nascido consegue assimilar o que é dito pela mãe. Segundo a professora de Psicologia, Isabella Paiva Monteiro de Barros, da Universidade Mackenzie (SP), essa despretensiosa “conversa” é superimportante. “Além de estreitar os laços dos pais com o filho, ela ajuda a atribuir sentido às informações que o bebê recebe do ambiente”.
Tomar mamadeira deitado pode causar dor de ouvido? Sim. Como o canal que liga a garganta ao ouvido é muito curto e horizontal no recém-nascido, o líquido tende a afluir com mais rapidez, principalmente se o bebê estiver deitado. Isso possibilita que o leite alcance o ouvido e suas bactérias se instalem ali, existindo o risco de se multiplicarem, provocando uma infecção. Até os dois anos de idade, a criança deve, portanto, estar inclinada em um ângulo de 30º a 45º para evitar o problema.
Levantar o braço da criança faz passar o soluço? Não. O soluço é resultado da contração involuntária do diafragma e, como os diferentes estímulos ao qual o recém-nascido é exposto podem contrair o músculo, o problema é frequente nessa fase.
O bebê passou meses na barriga da mãe, recebendo o alimento já metabolizado, pelo cordão umbilical e de repente, ele passa a ter de sugar, mamar, engolir digerir, urinar, evacuar... Começando a exercer uma série de funções, como uma máquina que acabou de ser ligada. Não há muito que fazer; o jeito é esperar o soluço cessar naturalmente. Algumas mães costumam colocar um pedaço de algodão molhado na testa da criança para parar o soluço.
Dormir de barriga para cima, aumenta os riscos do bebê regurgitar e engasgar?  Não. Quando dorme para cima, a criança consegue mexer a cabeça livremente para os dois lados, o que ela certamente fará se sentir algum incômodo. Se ainda assim ela engasgar, provavelmente ocorrerá a tosse. A posição que, de fato, oferece risco é a de barriga para baixo, por deixar o bebê sem liberdade de movimento e sujeito a inalar o gás carbônico liberado na respiração,  que pode asfixiá-lo.
A ansiedade da mãe aumenta a possibilidade de o bebê ter cólica? Sim. O sistema digestivo dos bebês é imaturo, implicando em movimentos de relaxamento e contração que podem resultar em gases e cólicas, bastante comuns. Ocorre que a criança é capaz de perceber as alterações de humor da mãe e também fica tensa, insegura. Daí o corpinho da criança reage, favorecendo a sensação dolorosa. Por isso, a mãe deve se acalmar e tentar evitar que a tensão transpareça e afete o bebê.
Bolsa de água quente melhora a cólica? Sim. O calor diminui o incômodo causado pela cólica. A elevação da temperatura provoca a dilatação dos vasos sanguíneos e o relaxamento muscular. A dica para esquentar o local da dor e aliviá-la é lançar mão da bolsa com água morna ou encostar a barriguinha do bebê na da mãe.
O leite sempre deve ser servido morno? Não. O leite materno, claro, deve ser sempre a primeira opção, e ele já sai na temperatura ideal para o consumo. Segundo o pediatra José Luiz Setúbal, presidente do Hospital Infantil Sabará (SP), o bebê pode tomar leite morno ou na temperatura ambiente. Para quem costuma armazenar o líquido no congelador, a dica é aquecê-lo em banho-maria, já que a fervura causa a perda de suas propriedades. As fórmulas de leite em pó precisam ser reconstituídas em água fervente para reduzir os riscos de infecção.
Vacina dá reação? Em termos. Por ser um corpo estranho ao organismo á vacina é capaz de provocar alguma reação. Entretanto, hoje em dia isso acontece com menos frequência, já que os processos de imunização são mais modernos do que os de antigamente. Após a aplicação da vacina BCG (antituberculosa), é esperado que o recém-nascido sempre apresente uma pequena ferida no braço que, depois de cicatrizada, forma uma marquinha. Já no caso da vacina Sabin (contra a poliomielite), a reação é raríssima. Com a vacina tríplice viral (contra caxumba, rubéola e sarampo), há o risco do bebê ter febre e dor local, isso porque a vacina é composta pelos próprios vírus causadores da doença, atenuados. Reações semelhantes, podem ser observadas na aplicação da vacina penta-valente (contra difteria, tétano, coqueluche, meningite e hepatite B). Um antitérmico costuma resolver, mas só pode ser tomado com orientação médica e depois do sintoma se manifestar.
A erupção do dente provoca febre? Em termos. “Em casos raros, a criança pode até apresentar febre baixa, em torno de 37,5ºC”, afirma a pediatra Leda Amar de Aquino, do Departamento Científico de Pediatria, da Sociedade Brasileira de Pediatria. Mas isso só ocorrerá segunda ela, se acontecer algum processo inflamatório na gengiva. Se ocorrer febre acima de 38ºC, a recomendação é consultar um médico.
Chupeta entorta os dentes da criança? Não. No primeiro ano de existência, a chupeta não prejudica a estrutura dentária. Mas se a criança já passou de dois meses e está ganhando peso, é sinal de que o aleitamento vai muito bem, obrigado. Mesmo assim, as mães precisam entender que a chupeta tem a função de acalmar e, por isso, não há necessidade de liberar seu uso. “Somente depois de dois anos, a utilização da chupeta prejudicará o desenvolvimento dos dentes, já que ela projeta a língua para fora, empurrando os incisivos para a frente”, justifica a pediatra Leda.
Bebê que brinca demais tem sono agitado? Em termos. “As crianças têm dificuldades para se desligar e despedir do dia e das pessoas. Então, dependendo do nível de excitação e do tipo de intervenção do adulto na brincadeira, a qualidade do sono pode ser prejudicada”, destaca a psicóloga Isabella. A maneira ideal é que a brincadeira termine cerca de duas horas antes de ir dormir o bebê.
Outras informações sobre a obesidade.
Se a desnutrição e o baixo peso estavam no topo da lista de problemas que rondavam as crianças nos anos de 1970, pais o mães de hoje precisam lidar com uma nova ameaça à saúde dos filhos que seguem uma dinâmica oposta: a do excesso de peso. A obesidade ganhou status de epidemia, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A instituição já contabiliza 42 milhões de crianças com menos de cinco anos, obesas nos quatro cantos do planeta. Para suavizar esse problema as futuras mães devem observar certas regras:
Prevenção desde o útero.  Controlar o peso durante a gravidez é a primeira contribuição para um filho sadio. A conclusão é de cientistas das universidades norte-americanas de Minnesota e Wright State, que cruzaram dados de 912 crianças de 0 a 3 anos com informações sobre o parto. Os cientistas observaram que os cuidados durante os nove meses ajudam a prevenir o sobrepeso. Isso porque os quilos excedentes da mãe são fatores de risco para o diabetes gestacional e elevam a possibilidade do bebê nascer muito grande, criando, desde cedo, um padrão metabólico de acúmulo. Se você se descuidou na gravidez, não é preciso se sentir a pior mãe do mundo.  A amamentação é a segunda oportunidade de contribuir, bem cedo, para a boa saúde de seu filho.
Dieta no peito.  Além de proteger contra alergias e fortalecer o sistema imunológico, o leite materno combate a obesidade porque tem a quantidade exata de nutrientes que o bebê precisa em cada fase do seu desenvolvimento. “A amamentação evita que a criança consuma uma quantidade de alimentos maior do que o necessário”, explica a nutricionista Priscila Maximiano, da Nutrociência.
Outras orientações
No nascimento- A mãe deve dar de mamar logo após o nascimento. Até os 6 meses, o leite do peito é o único alimento necessário. A amamentação fornece o alimento e o carinho. O bebê já sente e aprende e gosta que falem e cante quem cuida dela;
2 meses- A criança responde ao sorriso com outro sorriso. A amamentação protege a criança contra doenças e ajuda e desenvolver sua inteligência;

4 meses- A criança já fica de bruços, levanta a cabeça e os ombros. Continue amamentando e comece a dar-lhe outros alimentos. Ela gosta de colocar as mãos e tudo o que pega leva a boca. Seus brinquedos devem ser grandes para evitar colocar na boca e devem estar limpos. Coloque a criança em lugares diversos, mas atenção porque ela começa a rolar e pode cair;
6 meses- Ela já se vira para o lado do barulho; já pode comer duas refeições de sal, mas ainda precisa mamar. Converse com ela, repetindo os sons que ela faz. Coloque-a no chão para se movimentar melhor. Olha e pega tudo; cuidados com coisas pequenas para não se engasgar, e com tomadas de eletricidade;
9 meses- Arrasta-se ou engatinha. Brinque com a criança de fazer caretas, bater palminhas, e mostre alegria com o que ela for aprendendo. Converse com ela, ensinando-lhe o nome das coisas e pessoas. Ela já é muito curiosa; não deixe ao seu alcance: coisas pequenas, remédios, vidros, talheres e coisas perigosas;
1 ano- Já fala duas palavras e já come a comida de casa, mas precisa comer mais vezes que um adulto. Ela brinca de bater, encaixar e empilhar objetos. Já começa a aprender o nome das partes do corpo.
1 ano e 6 meses- A criança já anda sozinha. Ela gosta de brincar com água. Ajude-a á lavar as mãos e a escovar os dentes. Deixe que ela use o copo e a colher. Comece aos poucos a tirar a fralda e ensine ela a usar o peniquinho, com paciência;
2 anos- Ela já empilha as coisas, e gosta de brincar com coisas variadas e com outras crianças. Já tem vontade própria e fala muito a palavra não. Já sabe subir e mexe em tudo: cuidado com o fogão e cabos de panelas. Não esqueça de lhe falar de Jesus e lhe ensinar a rezar.
2 anos e 6 meses- Já fala frases curtas. Gosta de cantar, batucar, imitar as pessoas e animais. Ensine-lhe a dizer seu próprio nome e converse sempre com ela. Aprende muito pela imitação: o exemplo dos adultos é muito importante nessa fase, pois ficará para sempre;  deve colocá-la numa creche para desenvolver sua personalidade;
3 anos- Gosta de desenhar bolinhas ou rabiscos diversos. Ela precisa de outras crianças, de espaço para brincar, correr e pular. Ajude-a á vestir-se e a calçar os sapatos e aprender a contar e conhecer as cores; deve colocá-la na educação infantil;
4 anos-  Gosta de ouvir histórias e músicas; repetir pequenas histórias, cantarolar canções e ver revistinhas e TV. Por ter atração pelo fogo, tenha muito cuidado e lhe explique o perigo. Ensine-lhe a ser organizada, a cuidar das suas coisas e do lugar onde vive. Ajude-a sempre para que ela aprenda melhor
Daí em diante, os exemplos dentro do lar (carinho, amor, sinceridade, honestidade e fraternidade), e de outros que ela observar, vai influenciar na sua trajetória existencial, para com as pessoas, os animais, a sociedade, a natureza e o mundo em geral.

Fonte:
Revista “Crescer” – 09/2013
+ Acréscimos e modificações

Jc.
São Luís, 20/10/2013
Refeito em 2/11/2014



segunda-feira, 27 de outubro de 2014

P E R D O E - S E




  Ainda pesa muito na consciência de certas pessoas o expecto terrível do inferno com suas penas eternas, criadas pelos teólogos que, esquecendo os ensinamentos de Jesus, relativamente à misericórdia de Deus, conceberam essa monstruosidade, que até hoje atormenta a muitos. Mesmo no meio espírita, há pessoas que, embora não temam o inferno eterno, acham que fatalmente irão para o Umbral por algum tempo, em razão de faltas cometidas nesta e em outras encarnações.
Recebemos, há alguns anos, carta de uma irmã que havia cometido um aborto, antes de se tornar espírita. Conscientizada da extensão do erro cometido e da necessidade de esforço para a sua reparação, começou a colaborar na Casa Espírita que frequentava, onde recebeu proposta de trabalho na evangelização infantil.
Como havia errado no passado, ficou num terrível drama de consciência, pois se julgava indigna de trabalhar junto aos pequeninos, ela que se negara a trazer uma criança ao mundo. Então escreveu-nos uma carta pungente, dolorida mesmo, expondo-nos sua angustiosa situação. Respondemos-lhe, dizendo:
“Estimada irmã. Recebi sua carta, que mereceu a minha melhor atenção, e que passo a responder: Você diz que fez um aborto. E  um aborto é coisa séria, mas não irremediável. A Doutrina dos Espíritos, trazendo-nos de volta os ensinamentos libertadores e consoladores de Jesus, nos ensina que não há condenação eterna, a não ser na teologia criada pelos seres humanos.
Você diz temer o Umbral, em função do seu erro. É justa essa  preocupação, pois demonstra que você não é uma pessoa impenitente, mas, pelo contrário, alguém que conhece a responsabilidade que assumiu quando errou. Entretanto, não devemos julgar os nossos equívocos do passado com o conhecimento que temos hoje. Os erros do passado, o fizemos dentro do conhecimento que tínhamos. O importante é agora, que conhecemos mais profundamente a Verdade, para não reincidir mais nos mesmos erros.
O perdão que o Evangelho nos ensina, minha irmã, deve chegar até nós também!  É importante que nos perdoemos e  compreendamos
que aquilo que está feito, está feito e não nos é possível mudar. Devemos olhar para o passado, não para lamentar, mas para tirar valiosas lições e experiências. Lembre-se de que depois que se foram aqueles que acusavam a mulher apanhada em adultério, Jesus lhe perguntou: “Mulher, onde estão os teus acusadores; ninguém te condenou?”  E ela disse: ”Ninguém, Senhor”. Disse-lhe então Jesus: “Nem eu também te condeno; vai e não peques mais”.
Lembre-se também, de Madalena que era uma mulher que vivia do seu corpo, entregando-se a homens ricos e poderosos, a fim de manter a vida de luxo e gozo. Quem sabe se ela não terá feito até abortos? Quando ela conheceu Jesus, acordou para uma nova existência, rompendo com aquele passado equivocado. Jesus lhe recebeu com o mesmo respeito com que recebia as outras mulheres que faziam parte do grupo que o acompanhava, e enfrentou até mesmo a incompreensão dos Apóstolos, que viviam presos aos preconceitos contra a mulher. O Mestre deu-lhe a oportunidade de dignificar-se através do trabalho no bem, que ela desenvolveu entre os leprosos. Ao final da existência, foi recebida pessoalmente por Jesus. (Leia o capítulo 20, com o título “Maria de Magdala” do livro “Boa Nova”, de Humberto de Campos, psicografia de Chico Xavier.)
Hoje, você não tem leprosos para tratar, mas tem crianças para evangelizar. Lembre-se de que podem ser leprosos da alma que, reencarnados, serão curados através do Evangelho de Jesus que você irá ensinar-lhes. O apóstolo Pedro, na sua Primeira Carta, no capítulo 4, versículo 8, diz: “A caridade (o amor) cobrirá a multidão dos pecados”. Em relação ao Umbral, que tanto a preocupa, lembre-se de que só irão para zonas de sofrimentos aqueles que continuam agindo no mal, que não despertaram para o bem.
Veja o exemplo, no livro “Voltei”, do irmão Jacob, psicografado por Chico Xavier, no capítulo 7: - Você verá que um assassino estava sendo levado num grupo, conduzido por Bezerra de Menezes, a uma colônia espiritual, onde seria recebido com respeito e fraternidade. Por quê? Por privilégio? Não, nem proteção de última hora, mas sim por mérito adquirido depois que se arrependeu e pôs-se a trabalhar no bem, a fim de compensar o mal anteriormente praticado. O mal que fazemos exige reparação, e não punição.
Deus,  segundo nos ensina Jesus, não quer o nosso sofrimento.
Quer apenas que trabalhemos no bem, e quando uma pessoa está trabalhando no bem, ninguém vai tirar-lhe a oportunidade de servir, para colocá-la em regiões de sofrimento. Se você está evangelizando, vai continuar o seu trabalho abençoado depois de desencarnar, pois no mundo espiritual também há espíritos de crianças a carecerem de orientação.
Quanto ao filho que você não quis ter, lembre-se de que é filho de Deus e que poderá tê-lo numa nova encarnação, talvez até mesmo nesta, se encontrar um homem que a respeite e queira não apenas aproveitar-se de você, mas ser pai de seus filhos. Há, ainda, a alternativa de adoção, pois há tantas crianças carentes de uma mãe neste mundo. Quem sabe se você não está encaminhando – agora na evangelização – o mesmo Espírito que rejeitou, e que veio por outra mãe?
 Assim, minha irmã, não tema o futuro e nem guarde sentimento de culpa. Lembre-se de que não existe ninguém no mundo que não tenha errado, nesta ou em outra existência. É sempre tempo de renovação. Jesus nos ensinou que Deus é amor, é misericórdia, e não castiga nenhum dos seus filhos!
Observe que você – como diz em sua carta – queria apenas ser faxineira no Centro Espírita, mas os Espíritos, vendo a sua boa vontade e o seu desejo ardente de redimir um passado culposo, deram-lhe a oportunidade de trabalhar justamente no campo infantil. Não é isso significativo?  Seu arrependimento foi sincero e bem aceito pela Espiritualidade. O acaso não existe, minha irmã. Valorize a oportunidade que recebeu e agarre-se a ela. Sinta-se dignificada, esforce-se, estude, ore e confie. Jesus está com você. Esteja você com Ele! Receba um abraço do seu irmão”,  Passini
P.S. Já nos havíamos esquecidos do fato acima, quando, poucos anos depois, em cidade próxima, encontramos a referida irmã, feliz, no trabalho de evangelização infantil.
Fonte:
Revista  “Reformador” – maio/2014
+ pequenas modificações

Jc.
São Luís, 10/06/2014

domingo, 19 de outubro de 2014

BIOGRAFIA DE MISSIONÁRIOS ESPÍRITAS DO MARANHÃO




  Sabemos de muitos missionários enviados a Terra, que de tempos em tempos vêm nos dar exemplos de como ser um verdadeiro seguidor do Mestre Amado, e nos mostrar como alcançar o progresso espiritual. Dentre eles, nos lembramos de Francisco de Assis, na Itália; Allan Kardec, Joana D’arc, César Lombroso, Camile Flamarion, Ernesto Bozanno, Leon Denis e outros, na França; Gandhi, na Índia. No Brasil, por ser a “Pátria do Evangelho”, vieram muitos missionários, dentre os quais destacamos: Adolfo Bezerra de Menezes, Alberto Almeida, Antonio Gonçalves da Silva, Aparecida da Conceição Ferreira, Artur Lins de Vasconcelos, Augusto Elias da Silva, Benedita Fernandes, Cairbar Schutel, Carlos Imbassay, Clovis Tavares, Divaldo Pereira Franco, Eurípedes Barsanulfo, Francisco Candido Xavier, Francisco Peixoto Lins (Peixotinho), Frederico Figner, Jerônimo Mendonça, Jorge Rizzini, José Bento Monteiro Lobato, José Herculano Pires, José Raul Teixeira, Leopoldo Machado, Luis Olimpio Teles de Menezes, Manoel Philomeno de Miranda, Manoel Viana de Carvalho, Sylvio Walter Xavier, Yvone do Amaral Pereira, e tantos outros, que marcaram a época em que viveram e vivem, pela existência dedicada ao próximo, seguindo os ensinos de Jesus. Alguns deles, pelos seus serviços humanitários, receberam títulos de “benfeitores”, “gigante Deitado”, “médico dos pobres”,  etc.

E aqui no Maranhão, existiu algum missionário que tenha desempenhado alguma missão de divulgação da Doutrina Espírita e recebido o título de benemérito, pelos serviços de abnegação aos seus semelhantes? – Sim, e vamos transcrever fatos da existência de cada um deles.

LUÍS OLÍMPIO GUILLON RIBEIRO

Luís Olímpio Guillon Ribeiro reencarnou no estado do Maranhão, em São Luís, no dia 17 de janeiro de 1875, filho de pais pobres, Luiz Antônio Gonçalves Ribeiro e de Olímpia Guillon Gonçalves Ribeiro. A família muito humilde passava por privações e seu pai conseguiu para ele (primogênito), um curso gratuito no Seminário de São Luís, onde realizou os primeiros estudos. Tendo ficado órfão de pai aos sete anos de idade, a sua mãe resolveu transferir-se com os filhos para o Rio de Janeiro, onde Luís ingressou como aluno na antiga Escola Militar, na Praia Vermelha. Como não era de feitio militar, ele não levou mais de três anos na carreira das armas. Pediu e obteve baixa. Aproveitou, então, os conhecimentos do curso que tinha seguido e matriculou-se diretamente no 2º ano da Escola Politécnica do Rio de Janeiro.   

Para poder custear seus estudos e ajudar na manutenção da família, se entregou a árduos labores, conciliando-os com a escola e os estudos. Formou-se em engenharia civil e sempre procurando aumentar seus conhecimentos, resolveu estudar vários idiomas, para conhecer a cultura de outros países. Ele começou a corresponder-se com jornais da Itália, França e Inglaterra, além de aperfeiçoar-se na língua portuguesa. Ingressou por essa época no serviço público, no cargo de 2º oficial da Secretaria do Senado Federal, aonde chegou a exercer o cargo de Diretor-Geral. Ele, nesse local, fez profunda amizade com o senador Rui Barbosa, a quem admirava pelos ideais abolicionistas e de quem recebeu, aos 28 anos, uma referência elogiosa em face de sua participação no trabalho de revisão do “Projeto do Código Civil”.

Guillon notara que Rui Barbosa mudava sua expressão, parecendo-lhe que forças ocultas o dirigiam. Que seria? Havia algo estranho que ele precisava desvendar. Essas e outras questões ouvidas por ele, em diversos locais pelos quais passava, teimavam em ocupar sua mente. Resolveu procurar e pesquisar nos livros, que sabia existirem e que o autor seria um renomado professor francês, sem conhecer-lhe o nome. Dessa forma, Guillon Ribeiro chega à Editora B.L.Garnier. Conversando com os editores daquela casa e expondo sua pretensão, indicam-lhe “O Livro dos Médiuns”. Procurando o nome do tradutor, achou o pseudônimo de Fortunio. Curioso, perguntou aos editores quem era ele. Foi informado, então, que toda obra kardequiana, em suas primeiras traduções, pertenciam ao doutor Joaquim Carlos Travassos, desde 1875, ano do nascimento de Guillon. Passou ele a conhecer e conviver com muitas pessoas que eram estudiosas do Espiritismo. Tivera então noticias de que o famoso espírita Dr. Bezerra de Menezes fora um grande político e que, abandonara a vida pública dedicando-se inteiramente à Doutrina Espírita. Estava Guillon querendo desvendar o que acontecia com Rui Barbosa, e também os mistérios da vida e sua criação divina. Desde muito jovem, dizia ele, que tinha uma inclinação pelo Espiritismo; é que, no seu subconsciente, já estava traçado o plano da missão de que fora incumbido.

Em 11 de abril de 1910, conheceu a Sra. Raimunda Portela e casaram-se numa cerimônia simples. Dessa feliz união nasceram cinco filhos. Luís Antônio, Antônio Luís, Aloísio, Olímpia Luísa e Mariana.  A vida prosseguia, e Guillon vivia procurando entender cada vez mais a Doutrina Espírita, até que ocorreu a morte de sua mãe, Olímpia Guillon Gonçalves Ribeiro, após longo período de enfermidade. Para ele, a desencarnação de sua mãe foi de extrema dor. Amparado por seus familiares e amigos, conseguiu, aos poucos, recuperar-se. Aproximou-se de amigos espíritas e buscou com mais afinco a Doutrina Espírita, começando a ler não só “O Livro dos Médiuns” como devorou todas as obras de Allan Kardec. Por meio dessa leitura, tomou conhecimento da Doutrina e da seriedade do assunto. Passou, então, a refletir com mais atenção sobre os problemas do ser, do destino e da dor, entendendo a existência terrena e o significado da morte, que nada mais é que a libertação do Espírito preso a um corpo físico, após tentar se desvencilhar dos erros cometidos. E um novo caminho abriu-se em sua mente. Guillon Ribeiro tornou-se um verdadeiro espírita e mais um aliado do Cristo.

Seu pensamento, agora, se fixava na máxima demonstrada por Kardec nas páginas de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:  “Fora da Caridade não há Salvação”. Começou ele a levar palavras de consolo e fé aos detentos da Casa de Correção, começando nesse local o seu trabalho, onde a dor moral era de consequências gravíssimas, segundo os estudos feitos por ele sobre a reencarnação. As primeiras visitas foram difíceis. Os presidiários, que o ouviam falar do Evangelho, eram pouquíssimos.  Mas suas palavras, seguras, os foram cativando e, muitos detentos já o esperavam ansioso. Muitos dos presidiários que de lá saíram, cumprida a pena, tornaram-se seus verdadeiros amigos. Durante 26 anos consecutivos foi Diretor da Federação Espírita Brasileira, tendo exercido quase todos os cargos até seu falecimento. Em 1937, então presidente da FEB, Guillon Ribeiro observou a necessidade inadiável da instalação de oficinas tipográficas próprias. A ideia, a princípio combatida, foi evoluindo com o tempo e concretizou-se em fins de 1938. Finalmente, a 4 de novembro de 1939, a pequena oficina gráfica da FEB passou a funcionar.

Guillon se destacou como orador e como responsável pela tradução de quase todas as obras de Allan Kardec, inclusive foi tradutor impecável de várias obras  estrangeiras, de língua francesa, inglesa e italiana. Ele era um homem virtuoso e conhecedor de quaisquer ramos da cultura; espírita e sempre com uma voz vibrante, firme e serena, tornou-se respeitado e querido em todo o Brasil espírita. A jornada terrena de Guillon Ribeiro foi interrompida no dia 26 de outubro de 1943, com 68 anos de existência produtiva, e assistido pelos amigos espirituais. Foi recebido na espiritualidade por sua mãe, dona Olímpia,  ao lado de Espíritos amigos, que colaboraram para que seu desenlace fosse tranquilo. Deixou seu último trabalho, intitulado “Crisol de Purificação”, que foi publicado no Reformador de 1943, após seu falecimento. Nessa obra, Guillon escreve sobre a dor, falando quanto ela é amiga e proveitosa ao ser humano.


NETTO  GUTERRES

Algumas vezes ouvi referências muito vagas, sobre um médico que aqui nasceu e aonde exerceu sua missão. Em 05/10/2004 tomei conhecimento pelo Caderno Alternativo do jornal “O Estado do Maranhão”, de alguns detalhes sobre esse missionário. Em 28/11/2004, tomei conhecimento amplo desse missionário do bem, ao receber das mãos do seu neto, Sr. Luiz Alfredo Netto Guterres, um exemplar autografado, da biografia do Dr. ‘Netto Guterres”, o médico dos pobres do Maranhão. Para que as pessoas tenham conhecimento desse benfeitor e um pouco da sua existência e da missão que desempenhou como apóstolo do bem, durante 30 anos, menciona abaixo alguns dados da sua biografia.

Luiz Alfredo Netto Guterres, ou Dr. Netto Guterres, filho de Antonio Celestino Ferreira Guterres e de Joaquina Rosa Netto Guterres, nasceu na cidade de “Tapuitapera”, depois mudada para Alcântara, em 04 de abril de 1880, vindo ao mundo, de família pobre, com poucos recursos econômicos, devido os seus pais terem abolido a escravidão nas suas propriedades, antes mesmo da Lei Áurea, dando as terras da fazenda “Boa Esperança” aos seus ex-escravos.

Estudou ele em Alcântara e posteriormente na cidade de Pinheiro, vindo depois cursar o Ginásio no Liceu Maranhense. Alguns anos depois, já residindo no Rio de Janeiro, foi aprovado no vestibular da Faculdade de Medicina, onde concluiu o curso em 1905, quando já havia concluído o curso de Farmácia em 1902. Foi um dos aluno do professor Barata Ribeiro, e estudou e pesquisou desde o terceiro ano, como interno da Santa Casa de Misericórdia.

Movido pelo grande amor que tinha ao Maranhão e, na impossibilidade de se estabelecer em Alcântara, sua terra natal, veio residir em São Luis, onde abriu um consultório. Já na qualidade de sócio-proprietário da farmácia “São Vicente de Paula”, na Rua Grande, esquina com a Rua do Passeio, seguindo o exemplo recebido dos pais, instalou nos fundos da farmácia o “Consultório dos pobres”, onde por 30 anos, exerceu sua profissão de médico, tendo muitas vezes deixado de atender clientes ricos para atender um pobre ou um miserável da periferia, que não tinha condições de pagar a consulta e comprar os remédios receitados, que ele fornecia gratuitamente de sua própria farmácia, aos próprios clientes.

Já como médico pediatra, cirurgião, clínico, dermatologista, ginecologista e obstetra foi o iniciador da medicina social em nosso Estado e no Brasil, juntamente com o Dr. Peterson, médico inglês radicado em Salvador. Absorvido nesse “fanatismo do bem, que lhe orientava as ações, por todos os casebres das zonas humildes da cidade”, como bem disse o Dr. Aquiles Lisboa. Netto Guterres consumiu toda sua existência no sacerdócio da medicina, por uma necessidade espiritual, na sua devoção de lutar contra a dor e a morte. Ele não era médico preocupado com o ganho; mas sim, o médico para tratar e curar as pessoas mais necessitadas.

Foi ele, o criador da primeira escola de enfermagem de São Luis, e desenvolveu o serviço de profilaxia rural e da maternidade na enfermaria do Hospital Geral. Lutou contra as epidemias de: Varíola, Peste Bubônica e Gripe Espanhola, que matou cerca de 300 mil brasileiros, inclusive o presidente Rodrigues Alves e o educador espírita Eurípedes Barsanulfo. Difícil era encontrar entre os moradores de São Luis, alguém que não fosse ou não tivesse um parente, cliente do Dr. Netto Guterres. Do mais humilde morador da periferia ao mais rico empresário, todos recebiam o tratamento sem a menor discriminação e com a maior atenção e carinho.

Vejamos algumas funções exercidas por esse missionário de Jesus: Em 1905, recém-formado, foi nomeado Inspetor Sanitário; em 1908, recebeu carta do Governador do Estado, agradecendo pelos seus serviços de combate a epidemia de Varíola, ao mesmo tempo em que era contratado para a campanha contra a Peste Bubônica; em 1909, foi nomeado médico da Assistência Pública; em 1910, foi nomeado médico substituto do Hospital Santa Casa de Misericórdia; em, 1913, nomeado pelo Marechal Hermes da Fonseca, Tenente-Coronel da Guarda Nacional no Maranhão, tendo colaborado com seus serviços gratuitos no 24º Batalhão de Caçadores; em 1919, passou a dirigir o Serviço Sanitário Municipal; em 1932, foi nomeado Chefe da Clínica do Hospital Geral e do Departamento de Assistência Médica.  Até a União dos Chauffeurs de São Luis, hoje Sindicato dos Motoristas, registrou o seu nome como o primeiro Sócio Benemérito da União, pelos relevantes serviços prestados aos associados que o procuravam a qualquer hora e eram atendidos. Foi ele ainda, médico do Corpo de Bombeiros, da Cadeia Publica, do Matadouro Municipal, onde evitou uma epidemia de carbúnculo, moléstia infecciosa do gado bovino que ataca o ser humano.

Existia antigamente nos fundos do Cemitério do Gavião, um Leprosário e, estando uma leprosa em situação crítica de gravidez, com o feto em posição anormal, e não sabendo o médico do Leprosário, o que fazer para salvar a parturiente e a criança, apelou para o “médico dos pobres”. Ele, acompanhado da parteira de sua confiança foi até o local. É oportuno destacar que a medicina naquela época ainda não tinha o arsenal anti-infeccioso que hoje existe; apenas a “estufa” para esterilizar os instrumentos. Netto Guterres, assistido pela espiritualidade, após aplicar técnicas avançadas e algumas horas de trabalho, conseguiu salvar a parturiente e a criança.

Salvou ele, dois clientes e perdeu a existência, conforme destacou o médico Aquiles Lisbôa, em cuja placa de bronze no seu túmulo, no Cemitério do Gavião, colocou a frase: “Médico, cuja última cliente foi uma leprosa parturiente, pela salvação de cuja vida, sacrificou a própria”. 

Durante a sua doença, Netto Guterres recebeu a assistência e o carinho dos parentes, amigos, colegas de profissão e dos pobres que ali compareciam em verdadeiras romarias. Em 20/06/1934, com 54 anos, 30 anos dedicados ao exercício da medicina, Netto Guterres se despede da existência terrena. No enterro do seu corpo, toda a cidade de São Luis parou para a despedida final. A chuva que desabou no momento do sepultamento, fez com que o padre Astolfo Serra, afirmasse: “A própria natureza, compungida, chora a falta do benemérito da arte de Hipócrates”.  Seu busto está colocado à frente do Hospital Geral, como lembrança pela sua passagem na Terra.

Netto Guterres, pela obra que realizou, consagrou-se na memória do povo, dignificou a classe médica e marcou de forma verdadeiramente abnegada, corajosa e competente, nas primeiras décadas do Século XX, a cidade de São Luis. Sua memória tem sido lembrada até hoje, nas habitações anônimas dos bairros pobres, mesmo após setenta anos da sua partida, por todos aqueles que, diretamente ou indiretamente receberam algum benefício. Rompendo as fronteiras provincianas, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, consagrou-lhe a medalha de “Honra ao Mérito”, pós-morte, e homenageou-o com um programa radiofônico de longa duração, em que exaltou a figura do missionário do bem...

Mesmo depois de partir, Netto Guterres continua da Espiritualidade a sua caminhada de bondade, como se verifica da mensagem mediúnica recebida no Centro Espírita André Luis, em 8/10/1972, pela médium Helosina Lima Fernandes, a saber:

“Que a Paz do Divino Mestre esteja com todos. Irmãos, quando se trabalha para o Mestre é justo que nos coloquemos em condições de receber as vibrações do Alto. Jesus, o mestre por excelência, só nos deu amor, que nos conduz aos planos luminosos do infinito, e só o amor emanado da paz e na harmonia, na união e na fraternidade. Se cada um se fiar no Evangelho, não o abandonando, não se afastando dos seus ensinamentos, terá toda força e todas as energias para vencer todos os embates que a existência lhe apresentar. Meus irmãos, os tempos estão chegando e o Mestre está se empenhando pela salvação das ovelhas do rebanho que o Pai lhe entregou. As profecias estão se cumprindo e os acontecimentos previstos, para os fins do século, vão passando sem que possam ser evitados. A reforma do planeta está sendo feita sob ás vistas de Jesus que trabalha com seus obreiros fiéis, do mais humilde ao mais elevado. Está no tempo de todos nós recebermos as luzes do Alto que são derramadas em verdade, em lições sublimes para esta humanidade cega e surda às vozes do céu. Felizes aqueles que seguem essa doutrina bendita, felizes aqueles que são médiuns e sabem cultivar sua faculdade santificando-a no serviço do Mestre, fazendo dela uma fonte inesgotável de luz e verdade, amor, alívio e caridade, espalhando alegria e felicidade ao seu derredor.

Irmãos médiuns sois portadores de um dom sagrado, de um tesouro para Vossas Almas e se bem que tenhais sofrimentos e dores, espinhos em vossos caminhos, se vos conservardes ligados ao Evangelho, com Jesus em vossos corações, também podeis receber muitas e santas alegrias; sede, portanto, colaboradores dos obreiros do bem na obra do Cristo, de redenção desta humanidade. Não vos descuides, orai e vigiai, porque as armadilhas estão sempre em nossa estrada, a vos desafiar. Portanto, tende coragem e fé, confiai em vossos guias e protetores e em vós mesmos. Lembrai-vos das palavras do Mestre: “Ide e pregai”.  Sigamos, pois, pela sua palavra e trabalhemos com Ele, para que a luz e o amor se estendam sobre os homens. Que as bênçãos de Deus desçam sobre todos”.              
                                                        Luiz Alfredo Netto Guterres”.


      


HUMBERTO DE CAMPOS

Humberto de Campos nasceu em Miritiba, hoje Humberto de Campos-MA., em25/10/1886, sendo seus pais Joaquim Gomes de Faria Veras e Ana de Campos Veras. Perdendo o pai aos seis anos, sua infância foi marcada pela miséria. Em suas “Memórias”, ele conta alguns episódios que lhe deixaram marcas profundas na alma.

Humberto de Campos deixou a cidade natal e foi morar em São Luis; aos 17 anos, passou depois a residir em Belém, onde conseguiu um lugar de colaborador e redator no jornal “Folha do Norte” e, pouco depois, na “Província do Pará”. Em 1910 publicou seu primeiro livro, a coletânea de versos intitulada “Poeira”. Em 1912 transferiu-se para o Rio de Janeiro e entrou para “O Imparcial”, onde trabalhava um grupo de escritores ilustres como redatores, entre eles, Goulart de Andrade, Ruy Barbosa, José Veríssimo.

Humberto de Campos ingressou no movimento civilista e de jornalista militante deu lugar ao intelectual, e adotando o pseudônimo de “Conselheiro XX”, escreveu uma crônica chistosa a respeito da figura eminente da época – Medeiros e Albuquerque -, que se tornou motivo de riso, da zombaria e da chacota dos cariocas. O sucesso foi total que ele se viu na contingência de manter o estilo e escrever mais, pois os leitores se multiplicaram, pedindo novas matérias. Eleito em 30/10/1919 para a cadeira nº. 20 da Academia, sucedendo a Emílio de Menezes, sendo recebido pelo acadêmico Luis Murat. Em 1920 foi eleito deputado federal pelo Maranhão. A revolução de 1930 dissolveu o Congresso e ele perdeu o seu mandato.
O presidente Getúlio Vargas, que era grande admirador do seu talento, procurou minorar as dificuldades dele, dando-lhe os lugares de inspetor de ensino e de diretor da Casa de Rui Barbosa. Em 1933 publicou o livro que se tornou o mais célebre de sua obra ”Memórias, crônica do começo de sua vida”. Já na condição de jornalista, político, poeta, biógrafo e memorialista,  acumulou vasta erudição, que usava nas crônicas.

Quando adoeceu, modificou completamente o seu estilo. Sepultou o “Conselheiro XX”, e das cinzas, qual fênix luminosa, nasceu outro Humberto de Campos, cheio de piedade, compreensão e entendimento para com as fraquezas e sofrimentos do seu semelhante. A alma sofredora do País buscou avidamente a ele e dele recebeu consolações e esperanças. Eram cartas de dor e desespero que chegavam às suas mãos, pedindo socorro e auxílio, e ele, tocado nas fibras mais sensíveis do coração, a todos respondia, em crônicas, pelos jornais, atingindo milhares de leitores em circunstâncias idênticas a ele de provações e lágrimas. Fez-se amado por todo o Brasil, enquanto seus padecimentos aumentavam dia-a-dia. Parcialmente cego, fez várias cirurgias, morando em pensão, sem o calor da família, sua existência era, em si mesma, um quadro de dor e sofrimento. Não desesperava, porém, e continuava escrevendo para consolo de muitos corações.

A 5/12/1934, desencarnou, levando da Terra amargas decepções. Jamais o Maranhão, sua terra natal, o aceitou e chegaram até a hostilizá-lo. Três meses depois de desencarnar, retornou do Além, através do jovem médium Chico Xavier, este com 24 anos de idade e começou a escrever, sacudindo o País inteiro com suas crônicas de além-túmulo. O fato abalou a opinião pública e os jornais do país, estamparam suas mensagens despertando a atenção das pessoas. Os jornaleiros gritavam: “Extra extra! Mensagens de Humberto de Campos, depois de morto!”, e o povo lia os artigos com sofreguidão. Agripino Grieco e outros críticos literários famosos examinaram cuidadosamente a produção de Humberto agora no além, e atestaram a sua autenticidade.

Começava então uma fase nova para o Espiritismo no Brasil. Chico Xavier e a Federação Espírita Brasileira ganharam notoriedade. Vários livros foram publicados e dentre estes dou destaque a “Boa Nova”. Aconteceu então o inesperado. Os familiares de Humberto de Campos moveram uma ação judicial contra a F.E.B., exigindo os direitos autorais do morto! Tal foi à celeuma, que o histórico de tudo isso está hoje registrado num livro cujo título é: “A Psicografia ante os Tribunais”, escrito pelo Dr. Miguel Timponi. – A Federação ganhou a causa. Humberto, constrangido, ausentou-se por um longo período e, quando retornou a escrever, usou o pseudônimo de Irmão X.

Na sua fase no além, psicografou pelo médium Chico Xavier, 12 variadas obras inclusive “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”. Escreveu outros livros para deleite de muitas almas. Nas primeiras mensagens um Humberto bem humano, próprio do intelectual do mundo. Depois, ele vai se espiritualizando, tornando-se então o escritor espiritual predileto de milhares de pessoas. Finalizando, digo que os que lerem suas obras de antes, e de depois de desencarnado, poderão constatar a realidade do fenômeno espírita e a autenticidade da mediunidade de Chico Xavier. Este foi e é um benfeitor da humanidade, consolando os necessitados e aflitos.


                                              
             
OLI   DE   CASTRO

Nos últimos anos tem sido fácil ser espírita. Mas em meados do século passado, sobretudo durante o Estado Novo (ditadura Vargas entre 1937 a 1945), a família espírita sofria perseguições religiosas, médicas e mesmo policiais. Se bem que, muito antes, estas perseguições durante algum tempo, se voltaram contra os pioneiros do Espiritismo; contra Cairbar Schutel e Eurípedes Barsanulfo. Mas sempre houve espíritas que se levantaram em defesa da liberdade religiosa em nosso país, em polêmicas famosas de Leopoldo Machado e de Carlos Imbassahy, entre outros.  Dentro deste contexto histórico se situa  – Oliveiros de Assunção Castro, (Assunção por ter nascido no dia da ascenção de Nossa Senhora, na tradição católica) também conhecido como Oli de Castro, nasceu na cidade de Pinheiro-MA., no dia 15/08/1912, filho de Edésio Castro e de Joanna Tavares de Castro. Toda sua existência foi dividida entre a atividade profissional e a Doutrina dos Espíritos, em que foi iniciado ainda na adolescência, por sua mãe que já era espírita.

Profissionalmente, seu ideal sempre foi aviação e, seguindo sua vocação, sentou praça no dia 11/4/1929 no 24º Batalhão de Caçadores, em São Luis, sendo enviado depois para a Escola de Aviação no Rio de Janeiro, à época situada no Campo dos Afonsos, em Marechal Hermes. Teve ele bom aproveitamento no curso de Sargento Aviador e depois no de Sub-Oficial da Aeronáutica. Nessa época, contraiu núpcias com a senhora Margarida. Entretanto, seu ideal maior era trabalhar pela difusão do Espiritismo, tendo nesse trabalho colocado todo o seu empenho, certamente assumido na espiritualidade, aproveitando todas as oportunidades que lhe apareciam no caminho. Na condição de militar, teve sempre de viajar pelo Brasil, e, onde quer que chegasse tinha a preocupação de visitar as Casas Espíritas e fazer contatos com os companheiros de ideal religioso. Em parte, por causa dessas constantes viagens, o seu casamento se desfez e ele passou a se dedicar mais ao trabalho e a divulgação do Espiritismo.

Dessa maneira, sempre trabalhou cheio de idealismo, na fundação e construção de várias instituições e obras espíritas, destacando-se, dentre elas, o “Lar de Jesus”, em Nova Iguaçu-RJ., onde foi diretor e sempre colaborou com o professor Leopoldo Machado; o “Lar de Maria”, em Macaé-RJ., o Centro Espírita “Arautos de uma Nova Era”, em Madureira, subúrbio do Rio; o “Lar de Maria” em Ceilândia-Brasília, entre outras. Habilidoso tocador de “acordeon” influenciava com a música, os jovens à participação nas juventudes espíritas, ocasião em que executava belas melodias. Em certa ocasião participando do 1º Congresso das Mocidades Espíritas do Brasil, fez a música da “Canção da Alegria Cristã”, letra de Leopoldo Machado, depois compôs as músicas “Hino a Francisco de Assis”, “Hino ao Pai do Céu”, “O Espiritismo”, “Almas Gêmeas” e outras. Nas suas andanças, serviu em Mato Grosso onde fundou a Instituição Espírita “Casa de Paulo de Tarso”, e fundou ás Mocidades Espírita de Barra, Friburgo e Petrópolis no Rio; e em Campo Grande-MG., exercendo atividades no Sanatório Espírita dessa cidade.

Transferido para Belém do Pará, ali fundou com a ajuda de muitos companheiros, em 15/8/1947 e posteriormente ele construiu o “Lar de Maria”, de amparo a infância e velhice desamparadas, bem como trinta lojas destinadas à manutenção da obra assistencial. Colaborou também na construção do Educandário Espírita “Jesus de Nazaré” no bairro Condor, fundou o Centro Espírita na cidade de Maracanã, fundou o Serviço de Alto-Falante “A Voz da Nova Era” e fazia palestras na União Espírita Paraense, tendo presidido essa entidade nos anos de 1946 a 1949, criando também um programa radiofônico intitulado “Voz do Consolador”.  Em julho de 1948, realizou-se no Rio de Janeiro o 1º Congresso das Mocidades Espíritas do Brasil, e lá estava Oli de Castro com a Caravana da Fraternidade, tendo à frente, ele e os confrades Leopoldo Machado e Lins de Vasconcelos Lopes, levando espíritas paraenses e de outros estados e ainda representando o estado do Maranhão, sua terra. Retornando a Belém, concluiu a construção do “Lar de Maria” e se transferiu novamente para o Rio, na companhia de sua mãe e irmãos, indo residir em Nova Iguaçu-RJ.

Voltou a se integrar no movimento de sustentação do “Lar de Jesus”, fazendo a “Campanha do Quilo” que o tornou conhecido em vários estado por onde andou. Nessa ocasião, colaborou na fundação e construção dos Centros Espíritas “Estrada de Damasco” e “Legião Espírita”, em Japerí-RJ. Depois de algum tempo e já aposentado como tenente, regressou a Belém, onde voltou a si integrar no movimento espírita. Desejando fazer algo por sua terra natal, mudou-se para Pinheiro, interior do Maranhão, onde iniciou a construção da “Casa de Paulo de Tarso” e fundou o “Centro Espírita Pinheirense”, e criou o programa espírita “Voz da Nova Era”. Isto provocou e simpatia de muitos devido a sua popularidade e os conhecimentos evangélicos e começaram a incomodar os padres da região, que iniciaram uma campanha de combate a Doutrina Espírita e a Oli de Castro, que dividiu a cidade entre os católicos e os espíritas, culminando em brigas entre eles. Como a força do clero-Romano era muito forte e prestigiada, a Arquidiocese de Pinheiro solicitou ao 1º Comando Aéreo de Belém, a retirada do mesmo, sob a alegação dele estar criando um clima de violência e o tenente espírita Oli de Castro foi preso e transportado para Belém-PA., onde cumpriu pena de 30 dias no quartel da Aeronáutica
  
Mais ele não desistiu e passado algum tempo voltou a Pinheiro, enfrentou nova campanha do clero e, não só terminou a construção da “Casa de Paulo de Tarso” como também construiu o “Centro Espírita Pinheirense”, com a ajuda de companheiros como Raimundo Babu e outros.  Após algum tempo, retornou a Belém e já com a saúde debilitada, resolveu mudar-se para sua terra natal, vindo morar em São Luis, onde passou a freqüentar o Centro Espírita “Joanna de Ângelis”, onde fazia palestras, pois sempre foi um orador vibrante e admirado.  Depois de alguns meses, por motivo da cidade de Belém ter um hospital da Aeronáutica e pressentindo seu desenlace carnal, retornou a Belém, aonde veio a desencarnar no dia 19/11/1990. Os seus conterrâneos de Pinheiro, para o homenagearem, fundaram o Centro Espírita “Oli de Castro”, no dia 15 de agosto, data do seu aniversário, tendo a frente o senhor Raimundo Beckman Soares. O “Lar de Maria” de Belém, a mais importante obra da jornada terrena de Oli de Castro, sempre que festeja o aniversário de fundação, é lembrada a pessoa do seu construtor Oli de Castro, que veio ao mundo no mesmo dia 15 de agosto.

Ao irmão e companheiro, incentivador da minha vivência na Doutrina dos Espíritos, elevo minhas preces de gratidão por tudo que fez por nós, pedindo ao Pai Celestial que o ampare e o abençoe, onde quer que ele esteja...

Jurandy  Castro

S.Luis, 28/10/2004
                                           

 JOSÉ  DE  PAULA  BEZERRA


José de Paula Bezerra nasceu em 22/02/1915, filho de João Paulo Bezerra e de Leondina de Abreu Bezerra. Aos 11 anos de idade, foi surpreendido com o falecimento de sua mãe.  O seu pai, quando sua mãe faleceu, já era espírita. Então ele poderia dizer que desde pequeno a sua família já era espírita.  Convidado pelo seu tio Manoel Bezerra, foi morar na casa do mesmo, uma quinta espaçosa e clara. Após um ano de viúvo, seu pai casou-se com uma moça chamada Marcelina, mais conhecida como Ciloca. Com ela obteve grande progresso na leitura da Bíblia, lucrando bastante nos cinco anos de convívio, na Igreja Presbiteriana Independente, sob os cuidados da sua segunda mãe. Quando completou dezesseis anos deixou a mocidade evangélica da Igreja.

Em 1931, com dezesseis anos, em uma reunião espírita receberam uma mensagem da sua mãe que dizia que o deixara sob a orientação do seu pai e que ela iria tratar do seu crescimento espiritual. Em 1935, procurou o Dr. Antônio Nogueira Vinhais, o único espírita que conhecia que tinha fundado o Centro Espírita Maranhense, e se matriculou no curso de Espiritismo, e começou a colaborar na obra do Senhor.

Logo que concluiu a quinta série, seu pai o matriculou no Ginásio Comercial e o levou para trabalhar no seu pequeno armazém. Logo que ele conseguiu juntar vinte contos de réis, disse ao pai que queria se estabelecer, e após procurar um ponto se estabeleceu. Ao completar três anos de estabelecido, chegou do interior o primo Apolônio e lhe falou de um novo negócio muito rentável que consistia na compra de peixes nas praias e a venda no Mercado Central. Convencido lançou-se ao novo negócio, comprando uns barcos e estes iam às praias comprar o pescado. Numa dessas viagens, naufragou, e por um milagre Deus lhe salvou, pois não sabia nadar. Na agonia, ele firmou um pacto: Se Ele lhe salvasse, ele seria Seu por toda a vida e Deus lhe salvou. O único lucro dessa aventura foi conhecer a professora Mariana Martins Lemos, com quem se casou e teve três filhos, Josué, Elenice e Jane.  Mais tarde sua esposa o auxiliou na construção da sede própria da Seara Espírita “Deus, Cristo e Caridade”.

Em 1945, com 25 anos, enfrentou o recomeço de vida, tentando um emprego público. Com a queda de Getúlio, veio como interventor para o Maranhão, o Dr. Clodomir Cardoso, e durante esse período ressurgiu ele como um pequeno líder na política, na Vila Paço do Lumiar e seu nome chegou até o Palácio. Abaixo de Deus e Jesus, foi o Sr. Saturnino Belo, quando governador, que aliviou o seu problema, por ser um líder político o nomeou para o cargo de tesoureiro do IPEM, onde permaneceu até se aposentar. Já estabilizado ele cumpriu sua promessa e participou com o senhor José Mansueto da Silva, na fundação do grupo Espírita “Olhar de Maria”, participando também da fundação do Centro Espírita “Poço de Jacó”, e colaborando na fundação do Centro Espírita “Graça de Jesus”, ao lado de José Mansueto da Silva, e da construção da sua sede. Auxiliou também o confrade, Antonio Alves Martins o “Pequenino”, na construção do orfanato “Lar de José”.

Foi na sua casa, onde se fizeram as primeiras reuniões da futura Seara Espírita “Deus, Cristo e Caridade”, com a ajuda da sua esposa, devotada da causa espírita. Após 12 anos de casamento ele ficou viúvo, e, com três filhos para cuidar, voltou a se casar com a senhora Aimée Neves Bezerra que muito o ajudou nos trabalhos da Seara e lhe deu mais dois filhos, Bezerra Junior e Afonso Henrique. Em 1961, decidiu fundar a primeira entidade com sede própria, e pediu ao Pai Celestial que lhe desse um pequeno terreno e foi atendido, onde com o auxílio do benfeitor espírita Lins de Vasconcelos, a quem havia pedido ajuda por indicação do irmão Oli de Castro, construiu a Seara Espírita “Deus, Cristo e Caridade”, legenda essa grafada na bandeira do anjo Ismael.

 Aos domingos se  reuniam  na Seara Espírita “Deus, Cristo e Caridade” Ele, “Pequenino”, Luis Farias, Elias Sobreira e outros, e realizavam na cidade a “Campanha do Quilo”, com um saco às costas e uma sacolinha às mãos, pedindo de porta em porta, aos generosos um auxílio para a construção do “Lar de José”, que durou três anos até parte da Instituição ficar pronta. Depois, pediu a Deus que lhe ajudasse a construir uma creche e a creche surgiu em casa própria junto a Seara. Passando temporada na localidade da Maiobinha-São José de Ribamar e vendo o estado de pobreza dos habitantes, pediu uma vez mais ao Pai Maior e recebeu uma área bem grande onde construiu a Fundação Maranhense de Esportes e o Centro Espírita “Paulo de Tarso”,  existindo atualmente até sala de computação.

Ele aprendeu, estudando a Doutrina Espírita, que para alcançar o Reino dos Céus, é necessário aprimorar o espírito e diminuir a distância que nos separa de Deus, amando a todas as suas criaturas. Obrigado meu Pai, meu eterno agradecimento ao meu Deus.
                                                                 
                                                                                                   
Em 22/02/20

José de Paula Bezerra


Em 15/01/2013, antes de completar 98 anos de idade, desencarna em São Luís,  este que foi um dos baluartes da Doutrina Espírita no Maranhão                                                                                       
                                                                                                    



ANTONIO  ALVES  MARTINS

Antônio Alves Martins, mais conhecido como “Pequenino”, nasceu em São Luis no dia 11/4/1917, filho de Antonio de Castro Martins e Maria Alves Martins. Foi estudante do Liceu Maranhense, onde participou de vários torneios esportivos, conquistando várias vitórias.  A sua atividade profissional foi  sempre como  funcionário do  Banco do Estado do Maranhão, sendo um dos fundadores da Instituição, onde trabalhou por 33 anos, só deixando por motivo do seu desencarne em 1980.

Integrado ao movimento espírita, fundou com outros companheiros de ideal, a Juventude Espírita Maranhense, no dia 03 de outubro de 1947. Preocupado ainda com a idéia de criar uma entidade para abrigar meninas carentes, conseguiu comprar em 1949, com a colaboração dos colegas de banco, que sempre o ajudaram, e outros irmãos, um terreno localizado no Anil e deu início a construção do que seria o “Lar de José”. Esse terreno que se estendia da linha do bonde (hoje, Avenida Edson Brandão) até a linha da Estrada de Ferro (atual Av. dos Franceses), foi aos poucos diminuindo em virtude das doações que ele fazia de pequenos lotes a pessoas carentes e que constitui hoje, parte do bairro do Santo Antonio. A primeira diretoria do “Lar de José” foi constituída por Antonio Alves Martins-presidente, Clóvis Ramos-secretário e José de Paula Bezerra-tesoureiro. Em 1º de dezembro de 1950, com a chegada da Caravana da Fraternidade em São Luis, ele participou da fundação da Federação Espírita do Maranhão, juntamente com outros confrades, tendo sido eleito seu presidente, no período de 1952 até 1960.

Em 1963, o “Pequenino” viu seu grande sonho realizado ao inaugurar o abrigo que até hoje serve de lar para meninas. Em 1966, voltou ele a ser presidente da Federação Espírita Maranhense, até 1980, quando veio a desencarnar. Em 1973, o “Lar de José” já abrigava 70 crianças e, diante das dificuldades financeiras para mantê-lo funcionando, “Pequenino” resolveu transformá-lo em uma Associação, para poder com a ajuda dos associados, manter e ampliar o trabalho Assistencial. Nessa época foram criados o “Centro Espírita Poço de Jacó” e a “Escola Domingo Perdigão”, com turnos matutinos e vespertinos, do maternal até o fundamental maior, que funcionou até o ano de 2009. Em 19/4/1980, ao se dirigir para uma reunião onde iria pedir ajuda para a Instituição, o Pai Celestial o chamou para continuar o seu trabalho na Espiritualidade, e ele deixou a existência terrena, causando tristeza em suas meninas e em todos os que o conheciam. “Pequenino”, pelo trabalho que realizou, consagrou-se na memória dos seus companheiros, dignificou a classe bancária e marcou de forma abnegada a sua existência em São Luis. Pelo seu trabalho, o “Lar de José” foi destaque na edição especial da revista “Veja” de dezembro de 2001, como a única entidade merecedora de receber doações em São Luis. Esta é a história de um ser humano idealista e de sua obra que se perpetua até hoje, graças à contribuição dos sócios, das ajudas espontâneas, da proteção de Jesus, e as benção de Deus, pois sem elas nada seria possível.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    
                                                                                                                              
Esta é a biografia de seis abnegados maranhenses que se doarem em benefícios de seus semelhantes, seguindo os ensinamentos e exemplos de Jesus.
                                        

Jc.
30/5/2010
20/10/2014

Jornal “O Imortal” – 10/2014
 Marinei Ferreira Rezende
 + Pequenas modificações.