Sabemos
de muitos missionários enviados a Terra, que de tempos em tempos vêm nos dar
exemplos de como ser um verdadeiro seguidor do Mestre Amado, e nos mostrar como
alcançar o progresso espiritual. Dentre eles, nos lembramos de Francisco de
Assis, na Itália; Allan Kardec, Joana D’arc, César Lombroso, Camile Flamarion,
Ernesto Bozanno, Leon Denis e outros, na França; Gandhi, na Índia. No Brasil,
por ser a “Pátria do Evangelho”, vieram muitos missionários, dentre os quais
destacamos: Adolfo Bezerra de Menezes, Alberto Almeida, Antonio Gonçalves da
Silva, Aparecida da Conceição Ferreira, Artur Lins de Vasconcelos, Augusto
Elias da Silva, Benedita Fernandes, Cairbar Schutel, Carlos Imbassay, Clovis
Tavares, Divaldo Pereira Franco, Eurípedes Barsanulfo, Francisco Candido
Xavier, Francisco Peixoto Lins (Peixotinho), Frederico Figner, Jerônimo
Mendonça, Jorge Rizzini, José Bento Monteiro Lobato, José Herculano Pires, José
Raul Teixeira, Leopoldo Machado, Luis Olimpio Teles de Menezes, Manoel
Philomeno de Miranda, Manoel Viana de Carvalho, Sylvio Walter Xavier, Yvone do
Amaral Pereira, e tantos outros, que marcaram a época em que viveram e vivem,
pela existência dedicada ao próximo, seguindo os ensinos de Jesus. Alguns deles,
pelos seus serviços humanitários, receberam títulos de “benfeitores”, “gigante
Deitado”, “médico dos pobres”, etc.
E
aqui no Maranhão, existiu algum missionário que tenha desempenhado alguma missão
de divulgação da Doutrina Espírita e recebido o título de benemérito, pelos
serviços de abnegação aos seus semelhantes? – Sim, e vamos transcrever fatos da existência de cada um deles.
LUÍS
OLÍMPIO GUILLON RIBEIRO
Luís
Olímpio Guillon Ribeiro reencarnou no estado do Maranhão, em São Luís, no dia
17 de janeiro de 1875, filho de pais pobres, Luiz Antônio Gonçalves Ribeiro e
de Olímpia Guillon Gonçalves Ribeiro. A família muito humilde passava por
privações e seu pai conseguiu para ele (primogênito), um curso gratuito no
Seminário de São Luís, onde realizou os primeiros estudos. Tendo ficado órfão
de pai aos sete anos de idade, a sua mãe resolveu transferir-se com os filhos
para o Rio de Janeiro, onde Luís ingressou como aluno na antiga Escola Militar,
na Praia Vermelha. Como não era de feitio militar, ele não levou mais de três
anos na carreira das armas. Pediu e obteve baixa. Aproveitou, então, os
conhecimentos do curso que tinha seguido e matriculou-se diretamente no 2º ano
da Escola Politécnica do Rio de Janeiro.
Para
poder custear seus estudos e ajudar na manutenção da família, se entregou a
árduos labores, conciliando-os com a escola e os estudos. Formou-se em
engenharia civil e sempre procurando aumentar seus conhecimentos, resolveu
estudar vários idiomas, para conhecer a cultura de outros países. Ele começou a
corresponder-se com jornais da Itália, França e Inglaterra, além de
aperfeiçoar-se na língua portuguesa. Ingressou por essa época no serviço
público, no cargo de 2º oficial da Secretaria do Senado Federal, aonde chegou a
exercer o cargo de Diretor-Geral. Ele, nesse local, fez profunda amizade com o
senador Rui Barbosa, a quem admirava pelos ideais abolicionistas e de quem
recebeu, aos 28 anos, uma referência elogiosa em face de sua participação no
trabalho de revisão do “Projeto do Código Civil”.
Guillon
notara que Rui Barbosa mudava sua expressão, parecendo-lhe que forças ocultas o
dirigiam. Que seria? Havia algo estranho que ele precisava desvendar. Essas e
outras questões ouvidas por ele, em diversos locais pelos quais passava,
teimavam em ocupar sua mente. Resolveu procurar e pesquisar nos livros, que
sabia existirem e que o autor seria um renomado professor francês, sem
conhecer-lhe o nome. Dessa forma, Guillon Ribeiro chega à Editora B.L.Garnier.
Conversando com os editores daquela casa e expondo sua pretensão, indicam-lhe
“O Livro dos Médiuns”. Procurando o nome do tradutor, achou o pseudônimo de
Fortunio. Curioso, perguntou aos editores quem era ele. Foi informado, então,
que toda obra kardequiana, em suas primeiras traduções, pertenciam ao doutor
Joaquim Carlos Travassos, desde 1875, ano do nascimento de Guillon. Passou ele
a conhecer e conviver com muitas pessoas que eram estudiosas do Espiritismo.
Tivera então noticias de que o famoso espírita Dr. Bezerra de Menezes fora um
grande político e que, abandonara a vida pública dedicando-se inteiramente à
Doutrina Espírita. Estava Guillon querendo desvendar o que acontecia com Rui
Barbosa, e também os mistérios da vida e sua criação divina. Desde muito jovem,
dizia ele, que tinha uma inclinação pelo Espiritismo; é que, no seu
subconsciente, já estava traçado o plano da missão de que fora incumbido.
Em
11 de abril de 1910, conheceu a Sra. Raimunda Portela e casaram-se numa
cerimônia simples. Dessa feliz união nasceram cinco filhos. Luís Antônio,
Antônio Luís, Aloísio, Olímpia Luísa e Mariana.
A vida prosseguia, e Guillon vivia procurando entender cada vez mais a
Doutrina Espírita, até que ocorreu a morte de sua mãe, Olímpia Guillon
Gonçalves Ribeiro, após longo período de enfermidade. Para ele, a desencarnação
de sua mãe foi de extrema dor. Amparado por seus familiares e amigos,
conseguiu, aos poucos, recuperar-se. Aproximou-se de amigos espíritas e buscou
com mais afinco a Doutrina Espírita, começando a ler não só “O Livro dos
Médiuns” como devorou todas as obras de Allan Kardec. Por meio dessa leitura,
tomou conhecimento da Doutrina e da seriedade do assunto. Passou, então, a
refletir com mais atenção sobre os problemas do ser, do destino e da dor,
entendendo a existência terrena e o significado da morte, que nada mais é que a
libertação do Espírito preso a um corpo físico, após tentar se desvencilhar dos
erros cometidos. E um novo caminho abriu-se em sua mente. Guillon Ribeiro
tornou-se um verdadeiro espírita e mais um aliado do Cristo.
Seu
pensamento, agora, se fixava na máxima demonstrada por Kardec nas páginas de “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”: “Fora
da Caridade não há Salvação”. Começou ele a levar palavras de consolo e fé aos
detentos da Casa de Correção, começando nesse local o seu trabalho, onde a dor
moral era de consequências gravíssimas, segundo os estudos feitos por ele sobre
a reencarnação. As primeiras visitas foram difíceis. Os presidiários, que o
ouviam falar do Evangelho, eram pouquíssimos.
Mas suas palavras, seguras, os foram cativando e, muitos detentos já o
esperavam ansioso. Muitos dos presidiários que de lá saíram, cumprida a pena,
tornaram-se seus verdadeiros amigos. Durante 26 anos consecutivos foi Diretor
da Federação Espírita Brasileira, tendo exercido quase todos os cargos até seu
falecimento. Em 1937, então presidente da FEB, Guillon Ribeiro observou a
necessidade inadiável da instalação de oficinas tipográficas próprias. A ideia,
a princípio combatida, foi evoluindo com o tempo e concretizou-se em fins de 1938.
Finalmente, a 4 de novembro de 1939, a pequena oficina gráfica da FEB passou a
funcionar.
Guillon
se destacou como orador e como responsável pela tradução de quase todas as
obras de Allan Kardec, inclusive foi tradutor impecável de várias obras estrangeiras, de língua francesa, inglesa e
italiana. Ele era um homem virtuoso e conhecedor de quaisquer ramos da cultura;
espírita e sempre com uma voz vibrante, firme e serena, tornou-se respeitado e
querido em todo o Brasil espírita. A jornada terrena de Guillon Ribeiro foi
interrompida no dia 26 de outubro de 1943, com 68 anos de existência produtiva,
e assistido pelos amigos espirituais. Foi recebido na espiritualidade por sua
mãe, dona Olímpia, ao lado de Espíritos
amigos, que colaboraram para que seu desenlace fosse tranquilo. Deixou seu
último trabalho, intitulado “Crisol de Purificação”, que foi publicado no
Reformador de 1943, após seu falecimento. Nessa obra, Guillon escreve sobre a
dor, falando quanto ela é amiga e proveitosa ao ser humano.
NETTO
GUTERRES
Algumas
vezes ouvi referências muito vagas, sobre um médico que aqui nasceu e aonde
exerceu sua missão. Em 05/10/2004 tomei conhecimento pelo Caderno Alternativo
do jornal “O Estado do Maranhão”, de alguns detalhes sobre esse missionário. Em
28/11/2004, tomei conhecimento amplo desse missionário do bem, ao receber das
mãos do seu neto, Sr. Luiz Alfredo Netto Guterres, um exemplar autografado, da
biografia do Dr. ‘Netto Guterres”, o médico dos pobres do Maranhão. Para que as
pessoas tenham conhecimento desse benfeitor e um pouco da sua existência e da
missão que desempenhou como apóstolo do bem, durante 30 anos, menciona abaixo
alguns dados da sua biografia.
Luiz
Alfredo Netto Guterres, ou Dr. Netto Guterres, filho de Antonio Celestino
Ferreira Guterres e de Joaquina Rosa Netto Guterres, nasceu na cidade de
“Tapuitapera”, depois mudada para Alcântara, em 04 de abril de 1880, vindo ao
mundo, de família pobre, com poucos recursos econômicos, devido os seus pais
terem abolido a escravidão nas suas propriedades, antes mesmo da Lei Áurea,
dando as terras da fazenda “Boa Esperança” aos seus ex-escravos.
Estudou
ele em Alcântara e posteriormente na cidade de Pinheiro, vindo depois cursar o
Ginásio no Liceu Maranhense. Alguns anos depois, já residindo no Rio de
Janeiro, foi aprovado no vestibular da Faculdade de Medicina, onde concluiu o
curso em 1905, quando já havia concluído o curso de Farmácia em 1902. Foi um
dos aluno do professor Barata Ribeiro, e estudou e pesquisou desde o terceiro
ano, como interno da Santa Casa de Misericórdia.
Movido
pelo grande amor que tinha ao Maranhão e, na impossibilidade de se estabelecer
em Alcântara, sua terra natal, veio residir em São Luis, onde abriu um
consultório. Já na qualidade de sócio-proprietário da farmácia “São Vicente de
Paula”, na Rua Grande, esquina com a Rua do Passeio, seguindo o exemplo
recebido dos pais, instalou nos fundos da farmácia o “Consultório dos pobres”,
onde por 30 anos, exerceu sua profissão de médico, tendo muitas vezes deixado
de atender clientes ricos para atender um pobre ou um miserável da periferia,
que não tinha condições de pagar a consulta e comprar os remédios receitados,
que ele fornecia gratuitamente de sua própria farmácia, aos próprios clientes.
Já
como médico pediatra, cirurgião, clínico, dermatologista, ginecologista e
obstetra foi o iniciador da medicina social em nosso Estado e no
Brasil, juntamente com o Dr. Peterson, médico inglês radicado em Salvador. Absorvido
nesse “fanatismo do bem, que lhe orientava as ações, por todos os casebres das
zonas humildes da cidade”, como bem disse o Dr. Aquiles Lisboa. Netto Guterres
consumiu toda sua existência no sacerdócio da medicina, por uma necessidade
espiritual, na sua devoção de lutar contra a dor e a morte. Ele não era médico
preocupado com o ganho; mas sim, o médico para tratar e curar as pessoas mais
necessitadas.
Foi
ele, o criador da primeira escola de enfermagem de São Luis, e desenvolveu o
serviço de profilaxia rural e da maternidade na enfermaria do Hospital Geral.
Lutou contra as epidemias de: Varíola, Peste Bubônica e Gripe Espanhola, que
matou cerca de 300 mil brasileiros, inclusive o presidente Rodrigues Alves e o
educador espírita Eurípedes Barsanulfo. Difícil era encontrar entre os
moradores de São Luis, alguém que não fosse ou não tivesse um parente, cliente
do Dr. Netto Guterres. Do mais humilde morador da periferia ao mais rico
empresário, todos recebiam o tratamento sem a menor discriminação e com a maior
atenção e carinho.
Vejamos
algumas funções exercidas por esse missionário de Jesus: Em 1905,
recém-formado, foi nomeado Inspetor Sanitário; em 1908, recebeu carta do
Governador do Estado, agradecendo pelos seus serviços de combate a epidemia de Varíola,
ao mesmo tempo em que era contratado para a campanha contra a Peste Bubônica;
em 1909, foi nomeado médico da Assistência Pública; em 1910, foi nomeado médico
substituto do Hospital Santa Casa de Misericórdia; em, 1913, nomeado pelo
Marechal Hermes da Fonseca, Tenente-Coronel da Guarda Nacional no Maranhão,
tendo colaborado com seus serviços gratuitos no 24º Batalhão de Caçadores; em
1919, passou a dirigir o Serviço Sanitário Municipal; em 1932, foi nomeado
Chefe da Clínica do Hospital Geral e do Departamento de Assistência
Médica. Até a União dos Chauffeurs de
São Luis, hoje Sindicato dos Motoristas, registrou o seu nome como o primeiro
Sócio Benemérito da União, pelos relevantes serviços prestados aos associados
que o procuravam a qualquer hora e eram atendidos. Foi ele ainda, médico do
Corpo de Bombeiros, da Cadeia Publica, do Matadouro Municipal, onde evitou uma
epidemia de carbúnculo, moléstia infecciosa do gado bovino que ataca o ser
humano.
Existia
antigamente nos fundos do Cemitério do Gavião, um Leprosário e, estando uma
leprosa em situação crítica de gravidez, com o feto em posição anormal, e não
sabendo o médico do Leprosário, o que fazer para salvar a parturiente e a
criança, apelou para o “médico dos pobres”. Ele, acompanhado da parteira de sua
confiança foi até o local. É oportuno destacar que a medicina naquela época
ainda não tinha o arsenal anti-infeccioso que hoje existe; apenas a “estufa”
para esterilizar os instrumentos. Netto Guterres, assistido pela
espiritualidade, após aplicar técnicas avançadas e algumas horas de trabalho,
conseguiu salvar a parturiente e a criança.
Salvou
ele, dois clientes e perdeu a existência, conforme destacou o médico Aquiles
Lisbôa, em cuja placa de bronze no seu túmulo, no Cemitério do Gavião, colocou
a frase: “Médico, cuja última cliente foi uma leprosa parturiente, pela salvação
de cuja vida, sacrificou a própria”.
Durante
a sua doença, Netto Guterres recebeu a assistência e o carinho dos parentes,
amigos, colegas de profissão e dos pobres que ali compareciam em verdadeiras
romarias. Em 20/06/1934, com 54 anos, 30 anos dedicados ao exercício da
medicina, Netto Guterres se despede da existência terrena. No enterro do seu
corpo, toda a cidade de São Luis parou para a despedida final. A chuva que
desabou no momento do sepultamento, fez com que o padre Astolfo Serra, afirmasse:
“A própria natureza, compungida, chora a falta do benemérito da arte de
Hipócrates”. Seu busto está colocado à
frente do Hospital Geral, como lembrança pela sua passagem na Terra.
Netto
Guterres, pela obra que realizou, consagrou-se na memória do povo, dignificou a
classe médica e marcou de forma verdadeiramente abnegada, corajosa e
competente, nas primeiras décadas do Século XX, a cidade de São Luis. Sua
memória tem sido lembrada até hoje, nas habitações anônimas dos bairros pobres,
mesmo após setenta anos da sua partida, por todos aqueles que, diretamente ou
indiretamente receberam algum benefício. Rompendo as fronteiras provincianas, a
Rádio Nacional do Rio de Janeiro, consagrou-lhe a medalha de “Honra ao Mérito”,
pós-morte, e homenageou-o com um programa radiofônico de longa duração, em que
exaltou a figura do missionário do bem...
Mesmo
depois de partir, Netto Guterres continua da Espiritualidade a sua caminhada de
bondade, como se verifica da mensagem mediúnica recebida no Centro Espírita
André Luis, em 8/10/1972, pela médium Helosina Lima Fernandes, a saber:
“Que
a Paz do Divino Mestre esteja com todos. Irmãos, quando se trabalha para o
Mestre é justo que nos coloquemos em condições de receber as vibrações do Alto.
Jesus, o mestre por excelência, só nos deu amor, que nos conduz aos planos
luminosos do infinito, e só o amor emanado da paz e na harmonia, na união e na
fraternidade. Se cada um se fiar no Evangelho, não o abandonando, não se
afastando dos seus ensinamentos, terá toda força e todas as energias para
vencer todos os embates que a existência lhe apresentar. Meus irmãos, os tempos
estão chegando e o Mestre está se empenhando pela salvação das ovelhas do
rebanho que o Pai lhe entregou. As profecias estão se cumprindo e os
acontecimentos previstos, para os fins do século, vão passando sem que possam
ser evitados. A reforma do planeta está sendo feita sob ás vistas de Jesus que
trabalha com seus obreiros fiéis, do mais humilde ao mais elevado. Está no
tempo de todos nós recebermos as luzes do Alto que são derramadas em verdade,
em lições sublimes para esta humanidade cega e surda às vozes do céu. Felizes
aqueles que seguem essa doutrina bendita, felizes aqueles que são médiuns e
sabem cultivar sua faculdade santificando-a no serviço do Mestre, fazendo dela
uma fonte inesgotável de luz e verdade, amor, alívio e caridade, espalhando
alegria e felicidade ao seu derredor.
Irmãos
médiuns sois portadores de um dom sagrado, de um tesouro para Vossas Almas e se
bem que tenhais sofrimentos e dores, espinhos em vossos caminhos, se vos
conservardes ligados ao Evangelho, com Jesus em vossos corações, também podeis
receber muitas e santas alegrias; sede, portanto, colaboradores dos obreiros do
bem na obra do Cristo, de redenção desta humanidade. Não vos descuides, orai e
vigiai, porque as armadilhas estão sempre em nossa estrada, a vos desafiar.
Portanto, tende coragem e fé, confiai em vossos guias e protetores e em vós
mesmos. Lembrai-vos das palavras do Mestre: “Ide e pregai”. Sigamos, pois, pela sua palavra e trabalhemos
com Ele, para que a luz e o amor se estendam sobre os homens. Que as bênçãos de
Deus desçam sobre todos”.
Luiz Alfredo Netto Guterres”.
HUMBERTO
DE CAMPOS
Humberto
de Campos nasceu em Miritiba, hoje Humberto de Campos-MA., em25/10/1886, sendo
seus pais Joaquim Gomes de Faria Veras e Ana de Campos Veras. Perdendo o pai
aos seis anos, sua infância foi marcada pela miséria. Em suas “Memórias”, ele
conta alguns episódios que lhe deixaram marcas profundas na alma.
Humberto
de Campos deixou a cidade natal e foi morar em São Luis; aos 17 anos,
passou depois a residir em Belém, onde conseguiu um lugar de colaborador e
redator no jornal “Folha do Norte” e, pouco depois, na “Província do Pará”. Em
1910 publicou seu primeiro livro, a coletânea de versos intitulada “Poeira”. Em
1912 transferiu-se para o Rio de Janeiro e entrou para “O Imparcial”, onde
trabalhava um grupo de escritores ilustres como redatores, entre eles, Goulart
de Andrade, Ruy Barbosa, José Veríssimo.
Humberto
de Campos ingressou no movimento civilista e de jornalista militante deu lugar
ao intelectual, e adotando o pseudônimo de “Conselheiro XX”, escreveu uma
crônica chistosa a respeito da figura eminente da época – Medeiros e
Albuquerque -, que se tornou motivo de riso, da zombaria e da chacota dos
cariocas. O sucesso foi total que ele se viu na contingência de manter o estilo
e escrever mais, pois os leitores se multiplicaram, pedindo novas matérias. Eleito
em 30/10/1919 para a cadeira nº. 20 da Academia, sucedendo a Emílio de Menezes,
sendo recebido pelo acadêmico Luis Murat. Em 1920 foi eleito deputado federal
pelo Maranhão. A revolução de 1930 dissolveu o Congresso e ele perdeu o seu
mandato.
O
presidente Getúlio Vargas, que era grande admirador do seu talento, procurou
minorar as dificuldades dele, dando-lhe os lugares de inspetor de ensino e de
diretor da Casa de Rui Barbosa. Em 1933 publicou o livro que se tornou o mais
célebre de sua obra ”Memórias, crônica do começo de sua vida”. Já na condição
de jornalista, político, poeta, biógrafo e memorialista, acumulou vasta erudição, que usava nas
crônicas.
Quando
adoeceu, modificou completamente o seu estilo. Sepultou o “Conselheiro XX”, e
das cinzas, qual fênix luminosa, nasceu outro Humberto de Campos, cheio de
piedade, compreensão e entendimento para com as fraquezas e sofrimentos do seu
semelhante. A alma sofredora do País buscou avidamente a ele e dele recebeu
consolações e esperanças. Eram cartas de dor e desespero que chegavam às suas
mãos, pedindo socorro e auxílio, e ele, tocado nas fibras mais sensíveis do
coração, a todos respondia, em crônicas, pelos jornais, atingindo milhares de
leitores em circunstâncias idênticas a ele de provações e lágrimas. Fez-se
amado por todo o Brasil, enquanto seus padecimentos aumentavam dia-a-dia.
Parcialmente cego, fez várias cirurgias, morando em pensão, sem o calor da
família, sua existência era, em si mesma, um quadro de dor e sofrimento. Não
desesperava, porém, e continuava escrevendo para consolo de muitos corações.
A
5/12/1934, desencarnou, levando da Terra amargas decepções. Jamais o Maranhão,
sua terra natal, o aceitou e chegaram até a hostilizá-lo. Três meses depois de
desencarnar, retornou do Além, através do jovem médium Chico Xavier, este com
24 anos de idade e começou a escrever, sacudindo o País inteiro com suas
crônicas de além-túmulo. O fato abalou a opinião pública e os jornais do país,
estamparam suas mensagens despertando a atenção das pessoas. Os jornaleiros
gritavam: “Extra extra! Mensagens de Humberto de Campos, depois de morto!”, e o
povo lia os artigos com sofreguidão. Agripino Grieco e outros críticos
literários famosos examinaram cuidadosamente a produção de Humberto agora no
além, e atestaram a sua autenticidade.
Começava
então uma fase nova para o Espiritismo no Brasil. Chico Xavier e a Federação
Espírita Brasileira ganharam notoriedade. Vários livros foram publicados e
dentre estes dou destaque a “Boa Nova”. Aconteceu então o inesperado. Os
familiares de Humberto de Campos moveram uma ação judicial contra a F.E.B.,
exigindo os direitos autorais do morto! Tal foi à celeuma, que o histórico de
tudo isso está hoje registrado num livro cujo título é: “A Psicografia ante os
Tribunais”, escrito pelo Dr. Miguel Timponi. – A Federação ganhou a causa.
Humberto, constrangido, ausentou-se por um longo período e, quando retornou a
escrever, usou o pseudônimo de Irmão X.
Na
sua fase no além, psicografou pelo médium Chico Xavier, 12 variadas obras inclusive
“Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”. Escreveu outros livros para
deleite de muitas almas. Nas primeiras mensagens um Humberto bem humano,
próprio do intelectual do mundo. Depois, ele vai se espiritualizando,
tornando-se então o escritor espiritual predileto de milhares de pessoas.
Finalizando, digo que os que lerem suas obras de antes, e de depois de
desencarnado, poderão constatar a realidade do fenômeno espírita e a
autenticidade da mediunidade de Chico Xavier. Este foi e é um benfeitor da
humanidade, consolando os necessitados e aflitos.
OLI DE
CASTRO
Nos
últimos anos tem sido fácil ser espírita. Mas em meados do século passado,
sobretudo durante o Estado Novo (ditadura Vargas entre 1937 a 1945), a família
espírita sofria perseguições religiosas, médicas e mesmo policiais. Se bem que,
muito antes, estas perseguições durante algum tempo, se voltaram contra os
pioneiros do Espiritismo; contra Cairbar Schutel e Eurípedes Barsanulfo. Mas
sempre houve espíritas que se levantaram em defesa da liberdade religiosa em
nosso país, em polêmicas famosas de Leopoldo Machado e de Carlos Imbassahy,
entre outros. Dentro deste contexto histórico
se situa – Oliveiros de Assunção Castro,
(Assunção por ter nascido no dia da ascenção de Nossa Senhora, na tradição
católica) também conhecido como Oli de Castro, nasceu na cidade de
Pinheiro-MA., no dia 15/08/1912, filho de Edésio Castro e de Joanna Tavares de
Castro. Toda sua existência foi dividida entre a atividade profissional e a
Doutrina dos Espíritos, em que foi iniciado ainda na adolescência, por sua mãe
que já era espírita.
Profissionalmente,
seu ideal sempre foi aviação e, seguindo sua vocação, sentou praça no dia
11/4/1929 no 24º Batalhão de Caçadores, em São Luis, sendo enviado depois para a Escola de
Aviação no Rio de Janeiro, à época situada no Campo dos Afonsos, em Marechal Hermes.
Teve ele bom aproveitamento no curso de Sargento Aviador e
depois no de Sub-Oficial da Aeronáutica. Nessa época, contraiu núpcias com a
senhora Margarida. Entretanto, seu ideal maior era trabalhar pela difusão do
Espiritismo, tendo nesse trabalho colocado todo o seu empenho, certamente
assumido na espiritualidade, aproveitando todas as oportunidades que lhe
apareciam no caminho. Na condição de militar, teve sempre de viajar pelo
Brasil, e, onde quer que chegasse tinha a preocupação de visitar as Casas
Espíritas e fazer contatos com os companheiros de ideal religioso. Em parte,
por causa dessas constantes viagens, o seu casamento se desfez e ele passou a
se dedicar mais ao trabalho e a divulgação do Espiritismo.
Dessa
maneira, sempre trabalhou cheio de idealismo, na fundação e construção de
várias instituições e obras espíritas, destacando-se, dentre elas, o “Lar de
Jesus”, em Nova
Iguaçu-RJ., onde foi diretor e sempre colaborou com o
professor Leopoldo Machado; o “Lar de Maria”, em Macaé-RJ., o Centro Espírita
“Arautos de uma Nova Era”, em Madureira, subúrbio do Rio; o “Lar de Maria” em
Ceilândia-Brasília, entre outras. Habilidoso tocador de “acordeon” influenciava
com a música, os jovens à participação nas juventudes espíritas, ocasião em que
executava belas melodias. Em certa ocasião participando do 1º Congresso das
Mocidades Espíritas do Brasil, fez a música da “Canção da Alegria Cristã”,
letra de Leopoldo Machado, depois compôs as músicas “Hino a Francisco de
Assis”, “Hino ao Pai do Céu”, “O Espiritismo”, “Almas Gêmeas” e outras. Nas
suas andanças, serviu em
Mato Grosso onde fundou a Instituição Espírita “Casa de Paulo
de Tarso”, e fundou ás Mocidades Espírita de Barra, Friburgo e Petrópolis no
Rio; e em Campo
Grande-MG., exercendo atividades no Sanatório Espírita dessa
cidade.
Transferido
para Belém do Pará, ali fundou com a ajuda de muitos companheiros, em 15/8/1947
e posteriormente ele construiu o “Lar de Maria”, de amparo a infância e velhice
desamparadas, bem como trinta lojas destinadas à manutenção da obra
assistencial. Colaborou também na construção do Educandário Espírita “Jesus de
Nazaré” no bairro Condor, fundou o Centro Espírita na cidade de Maracanã,
fundou o Serviço de Alto-Falante “A Voz da Nova Era” e fazia palestras na União
Espírita Paraense, tendo presidido essa entidade nos anos de 1946 a 1949,
criando também um programa radiofônico intitulado “Voz do Consolador”. Em julho de 1948, realizou-se no Rio de
Janeiro o 1º Congresso das Mocidades Espíritas do Brasil, e lá estava Oli de
Castro com a Caravana da Fraternidade, tendo à frente, ele e os confrades
Leopoldo Machado e Lins de Vasconcelos Lopes, levando espíritas paraenses e de
outros estados e ainda representando o estado do Maranhão, sua terra.
Retornando a Belém, concluiu a construção do “Lar de Maria” e se transferiu
novamente para o Rio, na companhia de sua mãe e irmãos, indo residir em Nova Iguaçu-RJ.
Voltou
a se integrar no movimento de sustentação do “Lar de Jesus”, fazendo a
“Campanha do Quilo” que o tornou conhecido em vários estado por onde andou.
Nessa ocasião, colaborou na fundação e construção dos Centros Espíritas “Estrada
de Damasco” e “Legião Espírita”, em Japerí-RJ. Depois de algum tempo e já aposentado
como tenente, regressou a Belém, onde voltou a si integrar no movimento
espírita. Desejando fazer algo por sua terra natal, mudou-se para Pinheiro,
interior do Maranhão, onde iniciou a construção da “Casa de Paulo de Tarso” e
fundou o “Centro Espírita Pinheirense”, e criou o programa espírita “Voz da
Nova Era”. Isto provocou e simpatia de muitos devido a sua popularidade e os
conhecimentos evangélicos e começaram a incomodar os padres da região, que
iniciaram uma campanha de combate a Doutrina Espírita e a Oli de Castro, que
dividiu a cidade entre os católicos e os espíritas, culminando em brigas entre
eles. Como a força do clero-Romano era muito forte e prestigiada, a Arquidiocese
de Pinheiro solicitou ao 1º Comando Aéreo de Belém, a retirada do mesmo, sob a
alegação dele estar criando um clima de violência e o tenente espírita Oli de
Castro foi preso e transportado para Belém-PA., onde cumpriu pena de 30 dias no
quartel da Aeronáutica
Mais
ele não desistiu e passado algum tempo voltou a Pinheiro, enfrentou nova
campanha do clero e, não só terminou a construção da “Casa de Paulo de Tarso”
como também construiu o “Centro Espírita Pinheirense”, com a ajuda de
companheiros como Raimundo Babu e outros. Após algum tempo, retornou a Belém e já com a
saúde debilitada, resolveu mudar-se para sua terra natal, vindo morar em São Luis, onde passou a
freqüentar o Centro Espírita “Joanna de Ângelis”, onde fazia palestras, pois
sempre foi um orador vibrante e admirado. Depois de alguns meses, por motivo da cidade
de Belém ter um hospital da Aeronáutica e pressentindo seu desenlace carnal,
retornou a Belém, aonde veio a desencarnar no dia 19/11/1990. Os seus
conterrâneos de Pinheiro, para o homenagearem, fundaram o Centro Espírita “Oli
de Castro”, no dia 15 de agosto, data do seu aniversário, tendo a frente o
senhor Raimundo Beckman Soares. O “Lar de Maria” de Belém, a mais importante
obra da jornada terrena de Oli de Castro, sempre que festeja o aniversário de
fundação, é lembrada a pessoa do seu construtor Oli de Castro, que veio ao
mundo no mesmo dia 15 de agosto.
Ao
irmão e companheiro, incentivador da minha vivência na Doutrina dos Espíritos,
elevo minhas preces de gratidão por tudo que fez por nós, pedindo ao Pai Celestial
que o ampare e o abençoe, onde quer que ele esteja...
Jurandy Castro
S.Luis,
28/10/2004
JOSÉ
DE PAULA BEZERRA
José
de Paula Bezerra nasceu em 22/02/1915, filho de João Paulo Bezerra e de
Leondina de Abreu Bezerra. Aos 11 anos de idade, foi surpreendido com o
falecimento de sua mãe. O seu pai,
quando sua mãe faleceu, já era espírita. Então ele poderia dizer que desde pequeno
a sua família já era espírita. Convidado
pelo seu tio Manoel Bezerra, foi morar na casa do mesmo, uma quinta espaçosa e
clara. Após um ano de viúvo, seu pai casou-se com uma moça chamada Marcelina,
mais conhecida como Ciloca. Com ela obteve grande progresso na leitura da
Bíblia, lucrando bastante nos cinco anos de convívio, na Igreja Presbiteriana
Independente, sob os cuidados da sua segunda mãe. Quando completou dezesseis
anos deixou a mocidade evangélica da Igreja.
Em
1931, com dezesseis anos, em uma reunião espírita receberam uma mensagem da sua
mãe que dizia que o deixara sob a orientação do seu pai e que ela iria tratar
do seu crescimento espiritual. Em 1935, procurou o Dr. Antônio Nogueira Vinhais,
o único espírita que conhecia que tinha fundado o Centro Espírita Maranhense, e
se matriculou no curso de Espiritismo, e começou a colaborar na obra do Senhor.
Logo
que concluiu a quinta série, seu pai o matriculou no Ginásio Comercial e o
levou para trabalhar no seu pequeno armazém. Logo que ele conseguiu juntar
vinte contos de réis, disse ao pai que queria se estabelecer, e após procurar
um ponto se estabeleceu. Ao completar três anos de estabelecido, chegou do
interior o primo Apolônio e lhe falou de um novo negócio muito rentável que
consistia na compra de peixes nas praias e a venda no Mercado Central.
Convencido lançou-se ao novo negócio, comprando uns barcos e estes iam às
praias comprar o pescado. Numa dessas viagens, naufragou, e por um milagre Deus
lhe salvou, pois não sabia nadar. Na agonia, ele firmou um pacto: Se Ele lhe
salvasse, ele seria Seu por toda a vida e Deus lhe salvou. O único lucro dessa
aventura foi conhecer a professora Mariana Martins Lemos, com quem se casou e
teve três filhos, Josué, Elenice e Jane.
Mais tarde sua esposa o auxiliou na construção da sede própria da Seara
Espírita “Deus, Cristo e Caridade”.
Em
1945, com 25 anos, enfrentou o recomeço de vida, tentando um emprego público.
Com a queda de Getúlio, veio como interventor para o Maranhão, o Dr. Clodomir
Cardoso, e durante esse período ressurgiu ele como um pequeno líder na
política, na Vila Paço do Lumiar e seu nome chegou até o Palácio. Abaixo de
Deus e Jesus, foi o Sr. Saturnino Belo, quando governador, que aliviou o seu
problema, por ser um líder político o nomeou para o cargo de tesoureiro do
IPEM, onde permaneceu até se aposentar. Já estabilizado ele cumpriu sua
promessa e participou com o senhor José Mansueto da Silva, na fundação do grupo
Espírita “Olhar de Maria”, participando também da fundação do Centro Espírita
“Poço de Jacó”, e colaborando na fundação do Centro Espírita “Graça de Jesus”,
ao lado de José Mansueto da Silva, e da construção da sua sede. Auxiliou também
o confrade, Antonio Alves Martins o “Pequenino”, na construção do orfanato “Lar
de José”.
Foi
na sua casa, onde se fizeram as primeiras reuniões da futura Seara Espírita
“Deus, Cristo e Caridade”, com a ajuda da sua esposa, devotada da causa
espírita. Após 12 anos de casamento ele ficou viúvo, e, com três filhos para
cuidar, voltou a se casar com a senhora Aimée Neves Bezerra que muito o ajudou
nos trabalhos da Seara e lhe deu mais dois filhos, Bezerra Junior e Afonso
Henrique. Em 1961, decidiu fundar a primeira entidade com sede própria, e pediu
ao Pai Celestial que lhe desse um pequeno terreno e foi atendido, onde com o
auxílio do benfeitor espírita Lins de Vasconcelos, a quem havia pedido ajuda
por indicação do irmão Oli de Castro, construiu a Seara Espírita “Deus, Cristo
e Caridade”, legenda essa grafada na bandeira do anjo Ismael.
Aos domingos se reuniam na Seara Espírita “Deus, Cristo e Caridade”
Ele, “Pequenino”, Luis Farias, Elias Sobreira e outros, e realizavam na cidade
a “Campanha do Quilo”, com um saco às costas e uma sacolinha às mãos, pedindo
de porta em porta, aos generosos um auxílio para a construção do “Lar de José”,
que durou três anos até parte da Instituição ficar pronta. Depois, pediu a Deus
que lhe ajudasse a construir uma creche e a creche surgiu em casa própria junto
a Seara. Passando temporada na localidade da Maiobinha-São José de Ribamar e
vendo o estado de pobreza dos habitantes, pediu uma vez mais ao Pai Maior e
recebeu uma área bem grande onde construiu a Fundação Maranhense de Esportes e
o Centro Espírita “Paulo de Tarso”,
existindo atualmente até sala de computação.
Ele
aprendeu, estudando a Doutrina Espírita, que para alcançar o Reino dos Céus, é
necessário aprimorar o espírito e diminuir a distância que nos separa de Deus,
amando a todas as suas criaturas. Obrigado meu Pai, meu eterno agradecimento ao
meu Deus.
Em
22/02/20
José
de Paula Bezerra
Em
15/01/2013, antes de completar 98 anos de idade, desencarna em São Luís, este que foi um dos baluartes da Doutrina
Espírita no Maranhão
ANTONIO ALVES
MARTINS
Antônio
Alves Martins, mais conhecido como “Pequenino”, nasceu em São Luis no dia
11/4/1917, filho de Antonio de Castro Martins e Maria Alves Martins. Foi
estudante do Liceu Maranhense, onde participou de vários torneios esportivos,
conquistando várias vitórias. A sua
atividade profissional foi sempre como funcionário do Banco do Estado do Maranhão, sendo um dos
fundadores da Instituição, onde trabalhou por 33 anos, só deixando por motivo
do seu desencarne em 1980.
Integrado
ao movimento espírita, fundou com outros companheiros de ideal, a Juventude
Espírita Maranhense, no dia 03 de outubro de 1947. Preocupado ainda com a idéia
de criar uma entidade para abrigar meninas carentes, conseguiu comprar em 1949,
com a colaboração dos colegas de banco, que sempre o ajudaram, e outros irmãos,
um terreno localizado no Anil e deu início a construção do que seria o “Lar de
José”. Esse terreno que se estendia da linha do bonde (hoje, Avenida Edson
Brandão) até a linha da Estrada de Ferro (atual Av. dos Franceses), foi aos
poucos diminuindo em virtude das doações que ele fazia de pequenos lotes a
pessoas carentes e que constitui hoje, parte do bairro do Santo Antonio. A
primeira diretoria do “Lar de José” foi constituída por Antonio Alves
Martins-presidente, Clóvis Ramos-secretário e José de Paula Bezerra-tesoureiro.
Em 1º de dezembro de 1950, com a chegada da Caravana da Fraternidade em São Luis, ele participou
da fundação da Federação Espírita do Maranhão, juntamente com outros confrades,
tendo sido eleito seu presidente, no período de 1952 até 1960.
Em
1963, o “Pequenino” viu seu grande sonho realizado ao inaugurar o abrigo que
até hoje serve de lar para meninas. Em 1966, voltou ele a ser presidente da
Federação Espírita Maranhense, até 1980, quando veio a desencarnar. Em 1973, o
“Lar de José” já abrigava 70 crianças e, diante das dificuldades financeiras
para mantê-lo funcionando, “Pequenino” resolveu transformá-lo em uma Associação,
para poder com a ajuda dos associados, manter e ampliar o trabalho Assistencial.
Nessa época foram criados o “Centro Espírita Poço de Jacó” e a “Escola Domingo
Perdigão”, com turnos matutinos e vespertinos, do maternal até o fundamental
maior, que funcionou até o ano de 2009. Em 19/4/1980, ao se dirigir para uma
reunião onde iria pedir ajuda para a Instituição, o Pai Celestial o chamou para
continuar o seu trabalho na Espiritualidade, e ele deixou a existência terrena,
causando tristeza em suas meninas e em todos os que o conheciam. “Pequenino”,
pelo trabalho que realizou, consagrou-se na memória dos seus companheiros,
dignificou a classe bancária e marcou de forma abnegada a sua existência em São Luis.
Pelo seu trabalho, o “Lar de José” foi destaque na edição
especial da revista “Veja” de dezembro de 2001, como a única entidade
merecedora de receber doações em São Luis. Esta é a história de um ser humano
idealista e de sua obra que se perpetua até hoje, graças à contribuição dos
sócios, das ajudas espontâneas, da proteção de Jesus, e as benção de Deus, pois
sem elas nada seria possível.
Esta
é a biografia de seis abnegados maranhenses que se doarem em benefícios de seus
semelhantes, seguindo os ensinamentos e exemplos de Jesus.
Jc.
30/5/2010
20/10/2014
Jornal
“O Imortal” – 10/2014
Marinei Ferreira Rezende
+ Pequenas modificações.