ARTUR LINS DE
VASCONCELOS LOPES
Quem foi Lins de Vasconcelos? Artur Lins de Vasconcelos Lopes
foi expressiva figura do Espiritismo brasileiro. Nascido em 27 de março de 1891
na cidade de Teixeira, numa região áspera da Paraíba, próxima a Pernambuco, era
natural que Artur Lins trouxesse no Espírito a agressividade do berço agreste.
Lutou, todavia, contra o meio, aprimorando qualidades, resistindo aos meios
desonestos ele foi abrindo um caminho limpo para a sua existência.
Ainda na adolescência, ele trabalhou na lavoura e também como
tropeiro, depois foi residir em Recife, onde exerceu a atividade
de caixeiro, no comércio. De lá foi residir no Rio de Janeiro, onde sua demora
foi pouca. Pouco depois, partiu para o sul do país, fixando-se em Curitiba,
onde alistou-se no Exército Brasileiro, chegando ao posto de sargento. Depois,
constituiu família, formou-se em agronomia e fez concurso para cartorário. Foi
nessa cidade que conheceu Antônio Duarte Veloso que o levou a se tornar espírita,
integrando-se totalmente no movimento.
Em 1915, como Secretário Geral da F.E.P, participou da
inauguração do Albergue Noturno, e em 1916, com 25 anos de idade, foi eleito o
presidente da F.E.P. e reeleito por mais seis mandatos. Franco e combativo, jovial
e sereno, sincero e leal, bom e caridoso fazia dessas virtudes uma coisa
rotineira em sua existência de relação, sem jamais ostentá-la no convívio com
seus companheiros de ideal. Em 1918, matriculou-se na Escola Superior de
Agronomia de Curitiba, onde se graduou como Engenheiro Agrônomo.
Em 1926 houve grave incidente entre o Governo do Estado e
elementos liberais, por questões religiosas. É que o governo estadual, sem
autorização da Assembleia Legislativa, presenteara terreno e dinheiro do
patrimônio público, para a Igreja Católica para instalação de dois bispados.
Vários cidadãos protestaram contra o ato governamental, entre eles estava Lins
de Vasconcelos, que defendeu de forma corajosa, perante o governo, que os
princípios tutelares da democracia eram inderrogáveis e deviam estar acima do
arbítrio dos governadores. Essa posição destemida que tomou nessa questão,
acarretou-lhe a demissão do cargo público que exercia e chegou a responder
processo, porém, com a ajuda do amigo José Leprevost, conseguiu pagar a fiança
para não ser preso e terminou ficando empregado na firma do amigo. Depois,
nessa mesma época, senhor de tino comercial, lançou-se no comércio de madeira
onde conseguiu prosperar.
Em 1930, mudou-se para o Rio de Janeiro, e na despedida na
F.E.P., foi eleito presidente honorário. No Rio, fundou a Cia. Pinheiro
Indústria e Comércio, empresa do ramo madeireiro onde colocou suas energias na
indústria, tendo vencido e se tornado milionário. Mas o dinheiro que amealhava
facilmente, como ele próprio dizia, era um depósito que lhe fazia Deus para
distribuição aos pobres. Fez-se então o banqueiro dos desafortunados! Simples e sem vaidades, o que mais se
admirava em Lins de Vasconcelos era o triunfo do seu Espírito sobre uma das
mais terríveis provas a que um ser humano pode submeter-se: a riqueza! Ele conseguiu vencer facilmente o fascínio do
ouro e afogou no nascedouro os gozos efêmeros que o dinheiro proporciona. O
lucro que lhe vinha dos negócios era destinada a creches, orfanatos, albergues,
sanatórios, escolas, centros espíritas, revistas e jornais doutrinários.
Em 1938, em viagem a passeio a Curitiba, entrou com
recursos significativos para as obras do Hospital Espírita de Psiquiatria Bom
Retiro, tendo mantido sua colaboração financeira até a inauguração do mesmo. Lins
de Vasconcelos não se empolgou com seus sucessos mundanos. Fez ele, isso sim, da riqueza material, o
instrumento para a realização do bem. Foi muito bom, vestindo os desnudos,
dando de comer aos esfomeados, a instrução e a educação aos que dessa
assistência precisavam.
Por ocasião da promulgação da Constituição Brasileira
de 1946, ele como presidente nacional Pro-Estado Leigo, enviou propostas
visando resguardar o Estado leigo, a liberdade de consciência religiosa, a
laicidade do ensino público e a separação da Igreja do Estado.
Rem 1948, a “Gráfica Mundo Espírita” enfrentava séria
crise financeira quando foi adquirida por Lins de Vasconcelos, que transferiu a
sede e as oficinas para Curitiba, onde se tornou o órgão noticioso e
doutrinário da F.E.P. No mesmo ano, empenhou-se na realização do 1º Congresso
de Mocidades Espíritas do Brasil, apoiando a ideia do deputado Campos Vergal,
tendo viajado pelo norte e nordeste, com a Caravana da Fraternidade, integrada
por vários confrades, entre eles por Leopoldo Machado, Francisco Spinelli, Carlos
Jordão da Silva, Luís Burgos Filho, Oli de Castro que representou os estados do
Maranhão e Pará, e outros companheiros,
conclamando as federações para esse evento, tendo contribuído financeiramente
para que o mesmo se realizasse. Na instalação do Congresso, em sessão realizada
no Teatro João Caetano, em 18 de julho de 1948, Lins de Vasconcelos foi eleito
o presidente de honra. Colaborou também para a concretização do “Pacto Áureo”
realizado em 15 de outubro de 1949, em que ele declarou ser o dia mais feliz da
sua existência, e completou: “Sem união não há unificação”. Com o seu
patrocínio realizou-se a 1ª Festa do Livro Espírita, de 14 a 18 de abril de
1949.
Participou também do 2º Congresso Espírita
Pan-Americano, realizado no Rio de Janeiro, de 3 a 12 de outubro, sendo eleito
para o cargo de tesoureiro. No discurso que proferiu diante das representações
americanas, destaco o trecho a seguir:
“Não deixa de ser caridade auxiliar os pobres; isso é incontestável.
Mas, entre um benefício dessa ordem, passageiro, exclusivista, e um outro de
feição geral concretizada em obra perfeitamente consolidada e transmissível à
posteridade, a diferença é tão grande que se assemelha à penumbra comparada com
a luz”. Ainda no mesmo ano, ele fundou a
Ação Social Espírita, instituição destinada ao trabalho social sob todas as
formas, abrangendo, desde o auxílio às instituições espíritas até o estímulo às
Artes e a Ciência. Ele aplicou boa parte de sua fortuna pessoal no movimento
espírita deixando obras em diversas cidades brasileiras.
José de Paula Bezerra, espírita do Maranhão, tendo
conseguido um terreno para a edificação de um prédio para instalar o Centro
Espírita “Deus, Cristo e Caridade”, e não tendo condições financeiras de
construir, conversando com Oli de Castro, em sua passagem por São Luís, e este lhe orientou a que escrevesse a Lins de
Vasconcelos, solicitando uma ajuda para esse projeto, no que foi atendido e
conseguiu construir um prédio de dois andares; lojas no térreo para amparar
financeiramente a entidade e no primeiro andar instalou o Centro Espírita que
funciona até hoje.
Após anos de vivência e da prática da caridade, veio
ele a desencarnar em São Paulo, no dia 21 de março de 1952, sendo que seu corpo
foi levado para Curitiba – cidade que tanto amou – e em cujo solo desejava que
sua matéria repousasse, no dia em que o Pai Celestial o chamasse. Seu pedido
foi satisfeito, e no Jardim em frente ao Pavilhão Administrativo do Sanatório Bom
Retiro, no bairro do Pilarzinho, em Curitiba, encimado por uma pedra simples,
mas que revela bom gosto, na qual há uma placa de bronze com expressiva
inscrição, foi sepultado o corpo do querido companheiro de ideal espírita,
aquele que tantas lutas sustentou ante a incompreensão dos seres humanos, para
que a Doutrina dos Espíritos demonstrasse ser capaz de transformar as criaturas
desajustadas em seres com capacidade para amar o próximo, assim como Jesus nos
amou.
Todos os grandes homens tiveram em suas existências a
influência de uma mulher. Ele assim fez, pois, ele nada realizava sem que
ouvisse a opinião de sua esposa, Hercília César de Vasconcelos Lopes, a
companheira de longos anos de lutas e realizações, que demonstrou serenidade e
resignação, quando da partida do ente querido. No seu testamento, foram
agraciadas com quantias em dinheiro, todas as federativas regionais existentes.
A Lins de Vasconcelos, e companheiros seus, como
Leopoldo Machado, Francisco Spinelli, Oli de Castro e outros, devemos a unificação
do Espiritismo no Brasil, porquanto foram eles, em verdade, os legítimos pais
do Pacto Áureo que deu origem à criação do Conselho Federativo Nacional.
Bibliografia:
Redação do jornal “O
Imortal” – 01/2013
Paulo Alves Godoy e
Antônio Lucena
Páginas na Internet
Acréscimos e
modificações.
Jc.
S. Luís, 18/01/2013