O
ser humano traz na sua consciência a crença de que está sob a proteção divina e
que recebe ajuda do Criador. Ocorre, entretanto, que a maioria das pessoas não
tem uma noção clara de como se opera essa ação e com que propósito Deus nos auxilia.
Essa falta de entendimento resulta, para muitas pessoas, na descrença e na
revolta.
Muitas
pessoas esperam de Deus ações contrárias às Suas Leis, imutáveis e
irrevogáveis, sendo que tudo está em consonância com a harmonia do Universo.
Outras aguardam que o Criador faça a parte que lhes compete nas tarefas
individual e intransferível. Antes de tudo, precisamos compreender qual a razão
ou objetivo da existência. Por que estamos ocupando um lugar no planeta Terra?
Qual a finalidade e o que nos espera depois? A Doutrina dos Espíritos vem fazer
luz sobre essas questões, esclarecendo que já vivemos outras existências antes
e continuaremos a ter outras, após a morte biológica, objetivando a nossa
evolução espiritual. A finalidade da nossa existência terrena é crescer em
conhecimentos, moralidade e conquistar todas as virtudes até chegarmos à
perfeição relativa.
Para
que cada um atinja a sua meta, um conjunto de recursos, dos dois planos da vida
– material e espiritual – é mobilizado em nosso favor. A família e os amigos
que nos acolhem e estão conosco, bem como os Espíritos amigos e familiares do
plano espiritual que nos acompanham e nos protegem, são os instrumentos de
Deus, na execução dos seus desígnios e no cumprimento das suas Leis. Deus
atende os seres humanos através dos próprios seres encarnados ou desencarnados.
É importante esclarecer que Deus não atende nossas vontades, mas somente as
nossas necessidades, representadas pelas experiências que devemos vivenciar,
extraindo o aprendizado que buscamos conquistar.
A
ajuda pode nos chegar como um pensamento, uma ideia, uma palavra de consolo,
uma orientação ou através de um convite para frequentar um templo religioso.
Outras vezes, como um obstáculo, uma dificuldade, uma doença que reclamamos e nos
coloca uns “dias na cama” – como último recurso – a falta de humildade para
frear o nosso orgulho, o destempero, a arrogância, a avareza, a ganância, os
vícios e tantas outras falhas morais que entravam o nosso progresso moral e
espiritual.
Com
esse entendimento, passamos a ver no aparente infortúnio, um remédio para o
nosso Espírito que precisa ser submetido a provas ou expiações, não como um
castigo, mas como uma bênção de Deus, para nos proporcionar a evolução. Aquele
que percebe a existência desse modo, não se desespera e não se sente abandonado
ante as asperezas da existência, pois confia em Deus, que não lhe tira a prova,
mas o sustenta nas lutas, e somente permite que aconteça o que efetivamente
precisamos vivenciar.
Por
isso, a nossa fé deve ser racional, embasada nessa visão mais ampliada da vida,
que não se restringe a esta encarnação, que representa um curtíssimo espaço de
tempo diante da eternidade que nos aguarda. Portanto, com fé, com resignação e
coragem, acreditando em Deus e em si mesmo, esperemos a ajuda divina, porém,
fazendo sempre a parte que nos compete, construiremos o merecimento para
alcançarmos o auxílio divino, conforme a proposta de Jesus, quando disse:
“Ajuda-te que o Céu de ajudará”.
Isto
implica que é necessário oferecer a nossa quota de esforço, trabalho, renúncia
e fé, em benefício de nós mesmos, e nos colocando na condição de instrumentos
de Deus no auxílio aos seres humanos que caminham conosco, perto ou longe,
parente, amigo ou desconhecido. Pela caridade, pela fraternidade, pelo
esquecimento das ofensas e pelo amor incondicional, nos colocamos sob a
proteção de Deus, que poderá não atender muitos dos nossos pedidos, mas
certamente atenderá todos os que efetivamente contribuirão para nos tornar mais
cristãos, mais humildes, mais laboriosos e mais felizes...
Devemos
pedir a ajuda divina, mas não devemos esquecer o socorro ao nosso irmão durante
a jornada terrena. Deus ouve os seres humanos na medida em que os mesmos ouvem
seus próprios irmãos. Devemos alegrar-nos com o agasalho, o pão, os talentos, a
tranquilidade, a saúde, a fé luminosa e a paz que desfrutamos, contudo, devemos
repartir com os nossos irmãos os benefícios que recebemos como agradecimento a
Deus.
Devemos
receber a ajuda divina, ajudando e servindo também. Quando nos lembramos, não é
difícil agradecer a ajuda divina ao nos sentirmos amparados, protegidos e
satisfeitos com a existência; entretanto, diminui nosso sentimento de gratidão
quando as dores e as necessidades nos atingem. Nesses momentos, quase
inconscientemente, dizemos: “Senhor, seja feita a vossa vontade, mas atenda de
preferência a nossa”. Isto porque estamos ainda distantes da percepção do que
seja a sabedoria do Criador e o acerto de suas Leis, em função do nosso demérito,
atual ou remoto que é á base de nossos sofrimentos e dificuldades no caminho
evolutivo a que estamos sujeitos.
Esclarecidos
pelo Evangelho, recebamos tudo o que a divina providência nos oferta, até
mesmos os espinhos e pedras serão compreendidos como valiosas oportunidades de
crescimento, pois se em nós houver entendimento e amor, as sombras do caminho
serão aclaradas e as dificuldades suavizadas pela benevolência sem limites do
nosso Criador...
Fonte:
Cleto Brutes - Jornal “Seara
Espírita” – nº 140
Livros: “Comentários
Evangélicos” e “Ideal Espírita”
+ Pequenas correções e
acréscimos.
Jc.
São Luís, 7/7/2013
Refeito em 16/5/2019