domingo, 7 de junho de 2015

VICENTE ESTEVES FERREIRA




  Vicente Esteves Ferreira nasceu na cidade de Altinópolis, no estado de São Paulo, em 8 de fevereiro de 1922. Viveu e faleceu em Rolândia, estado do Paraná, no dia 18 de novembro de 1990.
Espírita e com visão empreendedora, ele tinha o espírito naturalmente inclinado para à filantropia. A sua primeira obra na cidade de Rolândia foi a construção de uma hospedaria. Em poucos anos resolveu dispor da metade de tudo o que havia adquirido ao longo da sua existência para, com esses recursos, construir um orfanato para meninos carentes. Antes de começar essa construção, alguém deixou na porta de sua residência, uma menina de sete meses de idade, que foi adotada, apesar de já possuírem seis filhos legítimos.
 O casal acolheu depois mais duas meninas que foram criadas por eles no lar doméstico, como verdadeiras filhas, pois o orfanato seria apenas para meninos. Ele enfrentou todos os obstáculos e dificuldades da época. Mas, confiante no auxílio divino e contando com a ajuda de diversos amigos, teve a felicidade de ver inaugurada no dia 30 de março de 1955, a obra de sua vontade: o Lar Infantil André Luiz. Contava, ela, com um pequeno berçário e algumas camas já preparadas para receber algumas crianças  órfãs ou abandonados.
Eram tempos difíceis. Por ser um Lar onde o ensino espírita era o que direcionava o trabalho, Vicente teve desafios imensos por causa do preconceito. Em certa ocasião, ele buscava ajuda da comunidade e uma pessoa começou a dizer a todos que as crianças ali eram filhas de Satanás, por saber que a instituição era espírita. Mesmo assim, Vicente continuou firme em seu trabalho, e com o tempo isso mudou. Porque as pessoas começaram a ver que a Instituição era um lugar de caridade, devoção e amor.
O velho problema da economia fazia-se visível na prática: o avanço das necessidades em descompasso com a escassez dos recursos. Mesmo assim, no início dos anos 60, o abnegado Vicente contando com o apoio e dedicação de sua dedicada esposa Maria Joaquina da Conceição Ferreira, acolhia no Lar, 45 meninos carentes.
No início dos anos 70, atendendo a insistentes pedidos do então presidente do Instituto de Assistência ao Menor do Paraná, da Capital, o Lar mesmo com todas as dificuldades, recebeu e passou a abrigar mais 20 meninos com idade entre 12 e 16 anos, porque o espírito cristão falou mais alto e eles foram acolhidos. Chegaram num ônibus do Governo Estadual, e logo Vicente percebeu as tristes consequências do favor que prestara ao órgão do Estado: a má formação dos meninos vindos de Curitiba estava a comprometer seriamente a educação dos antigos internos. Para controlar a situação e com o apoio do Dr. Aurélio Feijó, Juiz da Comarca, Vicente passou a levar os meninos mais velhos ao sitio onde cultivava parte dos alimentos consumidos no orfanato. Outras atividades eram também ensinadas no intuito de que os adolescentes internos aprendessem um ofício ou profissão que lhes pudesse assegurar uma existência digna quando chegassem á maturidade.
Imbuídos desses sentimentos bons que norteiam os passos dos espíritas, ele e sua dedicada esposa edificaram no próprio terreno do Lar Infantil a Escola Gracinda Batista, a qual funcionou por muitos anos, dando oportunidade de estudo, não somente para as crianças do orfanato, como a todos os moradores do bairro que se interessava em frequentar suas aulas. Em 1982, Vicente construiu também o Lar Infantil João Leão Pitta, e em 1988, o Lar dos Idosos Cairbar Schutel, ambos ainda em plena atividade até hoje, atendendo a comunidade com seriedade e dedicação. Ambas, as Instituições, são ligadas ao Centro Espírita Emmanuel, fundado em 24 de dezembro de 1951, de onde nasceram as obras assistenciais, inclusive o Albergue Noturno Amigo Jesus, fundado em 2 de junho de 2002, que faz cerca de 360 atendimentos por mês.
Inicialmente, o Lar funcionou na Rua Ouro, contudo, um incêndio fez com que o filho de Vicente, Joel Esteves, levasse o Lar para a Rua Platina, no mesmo terreno do Lar Infantil André Luiz, onde foi reinaugurado. Mas os visíveis frutos do trabalho do Lar só começaram a aparecer no final dos anos 70, com a formatura dos jovens assistidos, em diversos colégios da cidade, onde eles, então, podiam seguir os seus próprios caminhos. Diversos deles, hoje adultos, não esquecem os anos felizes de vivência no Lar, com a assistência permanente de Vicente e Maria Joaquina, a quem chamavam de “Paizinho” e “Mãezinha”. Por esses exemplos de vida, muitos desses meninos se tornaram referências de pessoas dignas, honestas e compromissadas com a família e a comunidade onde vivem.
Decorridos 33 anos de atividades como Internato, para adequar-se à nova realidade, o Lar Infantil André Luiz, por decisão de sua diretoria, desativou a escola primária e passou do regime de creche para o atendimento de crianças na faixa etária de quatro meses a doze anos. Além do reforço escolar para crianças e ambos os sexos, o Educandário ainda oferecia alimentação, atendimento psicológico e assistência social. Depois de anos, o Lar Infantil André Luiz direcionou as suas atividades para o atendimento de crianças na faixa etária de quatro meses a cinco anos de idade, sendo hoje, referência regional de qualidade na prestação desses serviços.
A partir de 2012, vinculados ao Núcleo Regional de Educação, a Instituição passou a ser denominado Centro de Educação Infantil André Luiz. A Secretaria Municipal de Educação tem colaborado e propiciado significativa melhora no tocante aos recursos materiais e equipamentos necessários e indispensáveis ao bom atendimento das crianças. Atualmente 80 crianças são assistidas diariamente em período integral. O Centro de Educação Infantil André Luiz tem por finalidade agregar valores para o bom desempenho de suas atividades e como missão, proporcionar às crianças admitidas no seu quadro, sob o acompanhamento de seus familiares, garantias  na  prestação dos serviços  educacionais,  sociais, e 
alimentação de qualidade, acompanhamento psicossocial e atenção permanente às necessidades dos educandos.
A história desse casal que devotou a existência para iluminar e engrandecer várias crianças e famílias de Rolândia e adjacências se constituem um exemplo a ser seguido por outras pessoas desta e de outras gerações. Com certeza estarão gravadas nas instâncias espirituais superiores, suas ações e atitudes cristãs voltadas à edificação de um mundo melhor, sob a inspiração do Mestre e Meigo Rabi da Galileia que nos legou para sempre o Evangelho Sublime da Paz e do Amor.
Parabéns ao irmão Vicente Esteves Ferreira e sua companheira Maria Joaquina da Conceição Ferreira, pela Instituição que em março deste ano,  completou 60 anos de atividades...
Fonte:
Marinei Ferreira Rezende
Jornal “O Imortal” – abril/2015
+ Pequenas modificações e acréscimos.

Jc.
16/04/2015