Vicente Esteves Ferreira nasceu na cidade de Altinópolis, no estado de São Paulo, em 8 de fevereiro de 1922. Viveu e faleceu em Rolândia, estado do Paraná, no dia 18 de novembro de 1990.
Espírita
e com visão empreendedora, ele tinha o espírito naturalmente inclinado para à
filantropia. A sua primeira obra na cidade de Rolândia foi a construção de uma
hospedaria. Em poucos anos resolveu dispor da metade de tudo o que havia
adquirido ao longo da sua existência para, com esses recursos, construir um
orfanato para meninos carentes. Antes de começar essa construção, alguém deixou
na porta de sua residência, uma menina de sete meses de idade, que foi adotada,
apesar de já possuírem seis filhos legítimos.
O casal acolheu depois mais duas meninas que
foram criadas por eles no lar doméstico, como verdadeiras filhas, pois o
orfanato seria apenas para meninos. Ele enfrentou todos os obstáculos e
dificuldades da época. Mas, confiante no auxílio divino e contando com a ajuda
de diversos amigos, teve a felicidade de ver inaugurada no dia 30 de março de
1955, a obra de sua vontade: o Lar Infantil André Luiz. Contava, ela, com um
pequeno berçário e algumas camas já preparadas para receber algumas
crianças órfãs ou abandonados.
Eram
tempos difíceis. Por ser um Lar onde o ensino espírita era o que direcionava o
trabalho, Vicente teve desafios imensos por causa do preconceito. Em certa
ocasião, ele buscava ajuda da comunidade e uma pessoa começou a dizer a todos
que as crianças ali eram filhas de Satanás, por saber que a instituição era
espírita. Mesmo assim, Vicente continuou firme em seu trabalho, e com o tempo
isso mudou. Porque as pessoas começaram a ver que a Instituição era um lugar de
caridade, devoção e amor.
O
velho problema da economia fazia-se visível na prática: o avanço das
necessidades em descompasso com a escassez dos recursos. Mesmo assim, no início
dos anos 60, o abnegado Vicente contando com o apoio e dedicação de sua
dedicada esposa Maria Joaquina da Conceição Ferreira, acolhia no Lar, 45
meninos carentes.
No
início dos anos 70, atendendo a insistentes pedidos do então presidente do
Instituto de Assistência ao Menor do Paraná, da Capital, o Lar mesmo com todas
as dificuldades, recebeu e passou a abrigar mais 20 meninos com idade entre 12
e 16 anos, porque o espírito cristão falou mais alto e eles foram acolhidos. Chegaram
num ônibus do Governo Estadual, e logo Vicente percebeu as tristes
consequências do favor que prestara ao órgão do Estado: a má formação dos
meninos vindos de Curitiba estava a comprometer seriamente a educação dos
antigos internos. Para controlar a situação e com o apoio do Dr. Aurélio Feijó,
Juiz da Comarca, Vicente passou a levar os meninos mais velhos ao sitio onde
cultivava parte dos alimentos consumidos no orfanato. Outras atividades eram
também ensinadas no intuito de que os adolescentes internos aprendessem um
ofício ou profissão que lhes pudesse assegurar uma existência digna quando
chegassem á maturidade.
Imbuídos
desses sentimentos bons que norteiam os passos dos espíritas, ele e sua
dedicada esposa edificaram no próprio terreno do Lar Infantil a Escola Gracinda
Batista, a qual funcionou por muitos anos, dando oportunidade de estudo, não
somente para as crianças do orfanato, como a todos os moradores do bairro que
se interessava em frequentar suas aulas. Em 1982, Vicente construiu também o
Lar Infantil João Leão Pitta, e em 1988, o Lar dos Idosos Cairbar Schutel,
ambos ainda em plena atividade até hoje, atendendo a comunidade com seriedade e
dedicação. Ambas, as Instituições, são ligadas ao Centro Espírita Emmanuel,
fundado em 24 de dezembro de 1951, de onde nasceram as obras assistenciais,
inclusive o Albergue Noturno Amigo Jesus, fundado em 2 de junho de 2002, que
faz cerca de 360 atendimentos por mês.
Inicialmente,
o Lar funcionou na Rua Ouro, contudo, um incêndio fez com que o filho de
Vicente, Joel Esteves, levasse o Lar para a Rua Platina, no mesmo terreno do
Lar Infantil André Luiz, onde foi reinaugurado. Mas os visíveis frutos do
trabalho do Lar só começaram a aparecer no final dos anos 70, com a formatura
dos jovens assistidos, em diversos colégios da cidade, onde eles, então, podiam
seguir os seus próprios caminhos. Diversos deles, hoje adultos, não esquecem os
anos felizes de vivência no Lar, com a assistência permanente de Vicente e
Maria Joaquina, a quem chamavam de “Paizinho” e “Mãezinha”. Por esses exemplos
de vida, muitos desses meninos se tornaram referências de pessoas dignas,
honestas e compromissadas com a família e a comunidade onde vivem.
Decorridos
33 anos de atividades como Internato, para adequar-se à nova realidade, o Lar
Infantil André Luiz, por decisão de sua diretoria, desativou a escola primária
e passou do regime de creche para o atendimento de crianças na faixa etária de
quatro meses a doze anos. Além do reforço escolar para crianças e ambos os
sexos, o Educandário ainda oferecia alimentação, atendimento psicológico e assistência
social. Depois de anos, o Lar Infantil André Luiz direcionou as suas atividades
para o atendimento de crianças na faixa etária de quatro meses a cinco anos de
idade, sendo hoje, referência regional de qualidade na prestação desses
serviços.
A
partir de 2012, vinculados ao Núcleo Regional de Educação, a Instituição passou
a ser denominado Centro de Educação Infantil André Luiz. A Secretaria Municipal
de Educação tem colaborado e propiciado significativa melhora no tocante aos
recursos materiais e equipamentos necessários e indispensáveis ao bom
atendimento das crianças. Atualmente 80 crianças são assistidas diariamente em
período integral. O Centro de Educação Infantil André Luiz tem por finalidade
agregar valores para o bom desempenho de suas atividades e como missão,
proporcionar às crianças admitidas no seu quadro, sob o acompanhamento de seus
familiares, garantias na prestação dos serviços educacionais, sociais, e
alimentação
de qualidade, acompanhamento psicossocial e atenção permanente às necessidades
dos educandos.
A
história desse casal que devotou a existência para iluminar e engrandecer
várias crianças e famílias de Rolândia e adjacências se constituem um exemplo a
ser seguido por outras pessoas desta e de outras gerações. Com certeza estarão
gravadas nas instâncias espirituais superiores, suas ações e atitudes cristãs
voltadas à edificação de um mundo melhor, sob a inspiração do Mestre e Meigo
Rabi da Galileia que nos legou para sempre o Evangelho Sublime da Paz e do
Amor.
Parabéns
ao irmão Vicente Esteves Ferreira e sua companheira Maria Joaquina da Conceição
Ferreira, pela Instituição que em março deste ano, completou 60 anos de atividades...
Fonte:
Marinei Ferreira Rezende
Jornal “O Imortal” –
abril/2015
+ Pequenas modificações e
acréscimos.
Jc.
16/04/2015
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