quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A EVANGELIZAÇÃO E AS CRIANÇAS





A  EVANGELIZAÇÃO  E  AS  CRIANÇAS


Em “o Livro dos Espíritos”, encontramos algumas considerações oportunas da Espiritualidade, sobre o tema “Infância”.

Questão 379 – “É tão desenvolvido o espírito que anima o corpo de uma criança, quanto o de um adulto?” – Resposta dos Espíritos Superiores: “Pode até ser mais evoluído, se mais progrediu, assim como pode ser menos evoluído”.

Questão 383 – “Qual é para o espírito, a utilidade de passar pela infância?” – Resposta dos Espíritos: “Reencarnando-se com o fim de se aperfeiçoar, o espírito é mais acessível, durante esse tempo, às impressões e exemplos que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados de sua educação”.

Questão 385 – “O que causa a mudança que se opera na pessoa, principalmente na adolescência; é o espírito que se modifica?” – Resposta: “É o espírito que retoma a natureza que lhe é própria; mostrando-se tal qual é; evoluído ou atrasado. Não conheceis o que a criança oculta na sua inocência. Não sabeis  quem ela é, nem o que foi e o que será. Contudo, lhes tendes afeição como parcela de vós mesmos, a tal ponto que o amor dos pais, principalmente da mãe, é o maior de todos. Não foi somente por ela que Deus lhe deu esse aspecto de inocência; mas também por seus pais, de cujo amor necessita. Esse amor se enfraqueceria se a criança apresentasse um caráter inferior, intratável e grosseiro. Julgando a criança dócil e boa, os pais lhe dedicam toda a afeição e cuidados. Porém, a mudança vai se operando a partir dos 6 anos, quando a criança que estava mais ligada ao mundo espiritual, dele vai se desligando e passa a se envolver mais com as coisas do mundo material. Quando finalmente atinge a adolescência, o caráter real de que é possuidor o espírito, se manifesta plenamente. Conserva-se bom se já era evoluído, ou apresenta a sua inferioridade, que estivera oculta durante a infância, se é um espírito ainda imperfeito”.

Tomando conhecimento dessas orientações, não será possível mudar o mundo, se não mudarmos o ser humano, e não será possível mudar este, se não investirmos, decididamente, na educação das crianças. Na infância está, portanto, sem nenhuma dúvida, o grande campo de trabalho da humanidade. Grandes esforços deverão ser realizados na direção das crianças, se realmente trazemos o desejo firme de construirmos uma sociedade mais justa, fraterna e  feliz  para nós, nossos filhos e netos. Cada criança será sempre uma grande observadora que estará seguidamente copiando aquilo que vê e ouve aprendendo e seguindo o comportamento dos mais adultos e seus exemplos. Assim, os nossos gestos, atitudes e procedimentos deverão representar sempre o nobre e o sublime para que as gerações que nos observam, realmente, possam ter referenciais dignos e edificantes. Se assim não procedermos, terão elas grandes dificuldades de serem cidadãos de bem na sociedade. Em razão da necessidade de base espiritual na edificação da nova humanidade do III Milênio, muitos religiosos vêm agindo de forma intensa, através de todos os recursos disponíveis, no sentido de promover a indispensável moralização das mentes infantis para esse objetivo.

Em várias frentes, vem o processo de Evangelização da criança e do adolescente, alcançando sucesso para que a mensagem de Jesus chegue ao maior número possível de criaturas. A Evangelização na Seara Espírita é meta atual e inadiável, exigindo trabalho de expressiva envergadura, espírito de sacrifício e inabalável confiança em Deus. A criança e o adolescente se destacam nessa empreitada, porque são eles que se encarregarão no futuro, da sedimentação dos valores morais e evangélicos, na nova era gloriosa que se aproxima. A Evangelização é um processo que transcende a simples transmissão de normas e orientações morais.

A instrução informa; a educação reforma; mas só a Evangelização transforma a pessoa. Vivemos nem sempre dignamente, carecendo de nos modificarmos, buscando, sob as claridades da consciência e da razão, a elaboração de uma personalidade cristã; base da autêntica felicidade. Identificar  valores que nos ajudem a estreitar a fraternidade legítima, são providências necessárias para melhor desenvolvermos a atividade a que fomos chamados a desempenhar. Acima, entretanto, dos valores e da mensagem cristã, deve estar presente à força do exemplo, elemento básico, na edificação a que nos propomos. Quem aprende pode ensinar, quem ensina transmite conhecimentos, e, quem exemplifica aperfeiçoa o aprendizado.

O orientador consciente, na qualidade de missionário, sabe que a sua função é a de um construtor, no delicado campo da alma, a fim de aplainar os caminhos que conduzirão à criança e o jovem ao conhecimento do Evangelho. Ensinar não é apenas transmitir; é planejar, informar, orientar, acompanhar, discutir, sensibilizar, avaliar e, acima de tudo exemplificar, descortinando, estimulando, incentivando e conduzindo os evangelizados. Muito se tem falado sobre a importância do estudo para a libertação do espírito. Os autores espirituais não se cansam de nos mostrar que somente a mente lúcida e moralizada é capaz de controlar as paixões inferiores do ser humano. Por isso, é importante fazer com que o jovem aproveite dos seus anos de primavera para se preparar para o inverno da existência.

O jovem de hoje é mais crítico, mais exigente, mais cedo entra nos questionamentos, mas nunca esteve tão apto a perceber o chamamento divino, através da própria consciência. Porém, para vê-los voar, é necessário preparar-lhes as asas. E o estudo do Evangelho, é primordial nesse processo, para que, como espíritos esclarecidos e moralizados, sejam capazes de bem utilizar o livre-arbítrio, escolhendo com firmeza o que melhor lhes convém, e aos semelhantes, para integrar-se aos movimentos renovadores. Uma existência tocada por Jesus, nunca mais será a mesma. A fé adquirida nos primeiros momentos da Evangelização torna-se propriedade pessoal intransferível e inalienável. Nossas crianças e jovens têm sofrido indefesas, as agressões do modernismo, preparando-as tão somente para os Shoppings Centers, para os vídeos-games, para as discotecas,  para a sexualidade, sem sentido e sem sentimento. Precisamos ver na infância e juventude o esboço da geração próxima, procurando ampará-la em todas as direções. “Lembremo-nos da nutrição espiritual que devemos transmitir, através de avisos e recomendações, de atitudes e exemplos, de vez que, desamparar moralmente as crianças e jovens, nas tarefas de hoje,  será condená-los ao menosprezo de si mesmos, nos serviços de que se responsabilizarão amanhã”.

Abandonar as crianças aos seus instintos, na civilização atual, sem o Evangelho para guiar-lhes os passos, é o mesmo que cerrar as nossas portas, relegando-os ao desespero e o sofrimento, fora das nossas casas e dos nossos sentimentos. Cabe a todos nós, incentivar os trabalhos das crianças e jovens, ampliando-lhes os espaço e atividades, no sentido de uma moral elevada e do bem comum, não esquecendo da responsabilidade para com aqueles que são os filhos esquecidos na penúria e no abandono. Acreditamos que somente através da soma de esforços de pais, familiares e educadores, em favor das crianças e dos adolescentes, poderemos combater com eficiência a propagação dos males que têm afligido todos nós.

Para ilustrar este assunto, servimo-nos de uma pequena situação: - Em uma sala de aula, a professora pediu aos alunos para fazerem uma redação, dizendo o que gostariam de ser, se pudessem escolher. Um dos alunos escreveu e entregou à professora, o seguinte: “Eu queria ser uma televisão, para receber toda a atenção e o carinho de meus pais. Pois, lá em casa, a televisão sempre é o centro das atenções. Quando ela está ligada, ninguém pode falar, principalmente na hora da novela ou do futebol. Quando meu pai chega do trabalho, ao invés de brincar comigo, ele pega o controle da televisão e nem olha para mim. Os meus pais não resolvem os meus problemas tão rápido quanto resolvem um defeito que aparece na televisão, pois a vida deles não tem graça sem aquele aparelho. Enfim, eu só queria que eles desse para mim a mesma atenção que dão para a televisão...”

Esse desabafo, infelizmente, reflete a conduta de muitos pais para com seus filhos. O ritmo alucinante da existência atual nos leva ao estresse: é a batalha que muitos travam para se manterem no emprego; é a distância que se tem de percorrer no trânsito caótico; é o medo da violência; é a dúvida do futuro e outras coisas mais. Isso faz com que muitos pais cheguem muitas vezes em casa com os nervos à flor da pele. Tudo o que muitos querem é um bom banho, uma boa refeição, assistir ao programa preferido e depois dormir o sono dos justos. Afinal eles merecem, depois de um dia de trabalho!  E os filhos?  São perguntas que nem sempre os pais se preocupam. 

- “Papai, veja o que fiz hoje na escola” – diz o menino mostrando um desenho que ele considera a sua obra-prima. Mas o cansaço só permite ao pai murmurar: - “Que lindo!”, sem nem mesmo olhar. – Argumentam alguns pais que assim fazem para garantir um futuro melhor para os filhos. Trabalhar é preciso, mas dentro de limites razoáveis. Em nome de uma garantia futura, deixamos de preservar, às vezes, o alicerce da ligação afetiva entre pais e filhos. De que adianta acumular muitos bens se o único bem mais valioso é o filho que quer o amor dos pais, e este amor eles ás vezes não tem! Todo pai ou mãe tem para com o filho um compromisso firmado na Espiritualidade. O seu filho/filha é também um filho de Deus, e temos, como pai ou mãe, responsabilidade de educar o filho de Deus que Ele nos confiou.

Relegando a criança e o jovem, estaremos contribuindo para que sigam os instintos que os levarão ao caminho do mal. É como se deixássemos a criança e o jovem entregues a si mesmos, sujeitos a procederem como marginais, para então sofrendo, se arrependerem e se modificarem, ou então serem amanhã evangelizados. Portanto, sabemos que a nossa missão maior é com os que estão conosco no lar, aqui na Terra, lutando em nova existência, para resgatar faltas passadas e absorver através do Evangelho, uma postura moral e espiritual que lhes possibilitem a evolução. Façamos nossas as palavras do respeitável médium e orador espírita, Divaldo Franco, quando diz: “A educação infanto-juvenil à luz do Evangelho, é tarefa de urgência, porque a violência e a agressividade que hoje estão nas ruas, são frutos da falta de educação em massa, da falta de boa moral e da falta de educação espiritual e religiosa das crianças”.

Agostinho, no “Evangelho Segundo o Espiritismo”, nos alerta dizendo: “Espíritas! Compreendei hoje, o grande papel da Humanidade; sabei vossos deveres e colocai todo vosso amor em aproximar essas almas de Deus; é a missão que vos está confiada, e da qual recebereis a recompensa se a cumprirdes fielmente”. Recordemos ainda as palavras de Jesus, quando disse: “Deixai  vir a mim as criancinhas, e não a impeçais; porque o Reino dos Céus é para aqueles que se lhes assemelham”, e as tendo abraçado, as abençoou, impondo-lhes as mãos”.

O movimento espírita já possui experiência no trabalho com as crianças, oferecendo-lhes quase sempre, o pão que alimenta a sopa que lhe nutre e o lar que lhe falta, a educação e o ensino religioso que torna crianças desamparadas de hoje, em cidadãos de bem no amanhã. Trabalhemos, pois, com afinco a fim de ampará-los e gravarmos nas páginas em branco da existência desses pequeninos seres, a semente do Evangelho de Jesus. Sócrates, o precursor do Cristianismo, legou-nos oportuno pensamento: “Eduquem-se as crianças e não será preciso castigar nem enjaular os homens”.

Criança:
 “Eu  dei-lhe a existência, porém não posso vivê-la por você;
   Eu mostro-lhe caminhos, mas não posso obrigá-la a segui-
   los;
   Eu posso levá-la ao templo, mas não posso fazer com que
   tenha fé;
   Eu mostro-lhe a diferença entre o certo e o errado, mas não
   posso decidir por você;
   
   Eu posso lhe dar conselhos, mas você é quem decide se deve
   segui-los;
   Eu posso ensiná-la com exemplos, mas não posso impor que
   o siga;
   Eu posso instruir-lhe a compartilhar, mas não posso fazê-la
   caridosa;
   Eu posso ensinar-lhe o respeito, mas não posso forçá-la a
   respeitar:
   Eu posso alertá-la sobre o sexo perigoso, mas não posso
   mantê-la
   pura;
   Eu posso informá-la sobre os perigos das drogas, mas não
   posso dizer “não” por você;
   Eu posso orar por você, mas não posso impor-lhe Deus;
   Porém, eu posso como Deus, dar-lhe amor incondicional, por
   toda a vida,
   E isso eu o farei. . .”                                           
                                                                (Autor desconhecido)                                           
                                                                
Bibliografia:
“Livro dos Espíritos”
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”
“Novo Testamento”
Sócrates

Jc.
Feito em  15/09/1999
Refeito em 20/02/2013