Muitas são
as histórias para crianças, algumas retiradas de livros, algumas passadas de
pessoas por gerações, outras contadas pelas nossas irmãs espíritas, Célia
Xavier de Camargo e Cláudia Schmidt, que são publicadas no jornal espírita “O
Imortal”, da cidade de Cambé-PR, e na “Seara Espírita”, para alegrar e orientar
as crianças, e que passamos a republicar neste “site”, para conhecimento dos
papais, das mamães e da “petizada”.
1- A CASA DO
CORAÇÃO – O poeta alemão Frederico, criou um poemeto que assinala profunda
lição de espiritualidade: “O coração tem dois quartos: moram ali, sem se verem,
num a Dor, e noutro o Prazer. Quando o Prazer no seu quarto acorda cheio de
ardor, no seu quarto adormece a Dor... Cuidado Prazer! Cautela. Canta e ri mais
devagar... Não vá a Dor acordar...”
2- A CONTA
DA VIDA – Quando Leonardo completou vinte e um anos, a mãezinha recebeu-lhe os
amigos, festejou a data e comemorou o acontecimento com grande alegria. No
íntimo, no entanto, a bondosa senhora estava triste e preocupada. O seu filho
até a maioridade, não tolerava qualquer disciplina ou serviço. Vivia
ociosamente, desperdiçando o tempo e negando-se ao trabalho. Havia aprendido as
primeiras letras, a custa de muita dedicação materna, e ele lutava contra todas
as ideias de ações dignas. Recusava bons conselhos e inclinava-se para o
desfiladeiro dos vícios.
Naquela noite, após os festejos, a abnegada
mãe orou, mais fervorosamente, suplicando a Jesus que encaminhasse o seu filho
à elevação moral. A oração da devotada criatura fora ouvida, no Alto, porque
Leonardo logo depois que dormiu, sonhou que era procurado por um mensageiro
divino, a exibir um longo documento na mão.
– Intrigado, o rapaz perguntou-lhe a que devia semelhante visita. – O
emissário fitou nele os olhos e lhe respondeu: - Meu amigo, eu venho trazer-te
a conta da tua existência, e dos seres sacrificados em teu proveito. – O rapaz
arregalou os olhos de assombro, e o mensageiro prosseguiu: - Até hoje, para
sustentar a tua existência, morreram aproximadamente 1.000 aves, 10 bovinos, 50
suínos, 1.200 peixes diversos. Aproximadamente 30.000 vidas do reino vegetal
foram consumidas por ti, tais como: arroz, feijão, trigo, batatas, farinha e vários
legumes. Bebeste 1.000 litros de leite, consumiste 2.000 ovos e comeste 3.000
frutas. Tens explorado muito as famílias dos seres do ar, das águas, de
galinheiros e estábulos. O preço da tua
existência nas hortas e pomares vale por uma devastação. Além disso, não
relacionamos ainda os sacrifícios de tua mãe, os recursos e doações de teu pai,
conseguidos a troco de muitos esforços, os favores dos amigos e as atenções dos
vários benfeitores espirituais que te rodeiam e te assistem... Em troca, o que
fizeste de útil?
Não restituíste ainda à Natureza, a mínima
parcela do teu débito imenso. Acreditas que o mundo deve suprir as tuas
necessidades e que viverás sem responsabilidade e retribuição nos domínios de
Deus? – Produze algo de bom, marcando a tua passagem pela Terra. Lembra-te de
que a pequenina semente colocada sob a terra se encontra em serviço divino,
germinando e brotando, crescendo e produzindo para servir a todos. Não deves
continuar na ociosidade que te paralisa os músculos e nervos, o coração se
desfaça em vaidade egoísmo e orgulho, e o teu espírito se desfigure e sofra o
teu corpo.
O rapaz ainda viu o desfile de tudo o que
havia consumido durante os seus vinte e um anos de existência e, com forte
emoção, acordou... O sol, iluminando o
firmamento anunciava o amanhecer. Leonardo, levantando-se da cama, foi até sua
mãe e exclamou: - “Mãezinha, arranje-me um serviço para fazer”. – A mãe,
chorando de alegria, perguntou: “Que aconteceu?” – O rapaz respondeu: “Nesta
noite eu vi a conta da minha vida”. – Desse dia em diante, Leonardo se tornou
um homem útil, honrado e trabalhador.
3-
A LENDA DA ÁRVORE – No princípio do mundo, quando os
vários reinos da Natureza já se achavam criados e enquanto o ouro, o ferro e os
outros minerais repousavam no subsolo; o homem, os animais, os pássaros, as
ervas e as águas viviam na superfície da Terra, o Senhor Supremo, notando que
havia alguma coisa que trazia tristeza, chamou-os ao seu Trono de Luz, a fim de
ouvi-los. A importante audiência do Todo-Poderoso começou pelo homem, que se
aproximou do Senhor e informou: - Meu pai, o globo terrestre é nossa gloriosa
morada e oficina de trabalho. Estamos felizes, tanto eu quanto minha esposa;
entretanto, sentimos falta de algo que nos faça companhia em torno do lar e
auxilie a criar os filhinhos. O Todo-Poderoso mandou anotar o pedido do homem e
chamou a ouvir as outras criaturas. Veio então o boi e falou: - Senhor, me
sinto bem; contudo, vagueio sem descansar durante horas no sol. Grande é a
minha fadiga e por isso a minha resistência é cada vez menor... Veio em seguida o cavalo e reclamou: - Eu
também, Grande Rei, sinto aflitivo calor durante o dia. Aproximou-se a corça e
rogou: - Poderoso Senhor, estou exposta à perseguição de outros animais. Não
tenho a graça de um ser amigo que me proteja e me defenda. Logo após, surgiu o
passarinho e suplicou: - Celeste Monarca, recebi a benção da vida, mas não
tenho onde fazer meu ninho; nas pastagens rasteiras não posso construir minha
casa. Em seguida adiantou-se a borboleta e implorou: - Meu Deus, tudo é belo no
mundo; todavia, onde repousarei? Em último lugar, se apresentou o rio e disse:
- Grande Senhor, venho cumprindo os meus deveres na Terra, religiosamente, mas
preciso de algo que me ajude a conservar as águas...
O Supremo Soberano mandou que todos retornassem aos
seus lugares, após ouvi-los, e prometeu providenciar a solução de todos os
problemas alegados; e, no dia seguinte toda a Terra estava diferente. Árvores
de todos os tipos e qualidades haviam surgido acolhedoras e dadivosas,
oferecendo ao homem, ao boi e ao cavalo, a sombra refrescante, à corça, o
esconderijo e a defesa, ao passarinho, os galhos para a edificação do seu
ninho, à borboleta, o descanso, e ao rio, a proteção da sombra para a
conservação das águas. Possibilitou ainda o Todo-Poderoso, que as árvores
desses além dos frutos e da sombra, segurança, casa, descanso e proteção contra
o sol, também sementes que garantissem a continuidade delas, servindo a todos,
como a sublime resposta de Deus aos suplicantes...
4-
O CARNEIRO REVOLTADO – Certo carneiro inteligente, mas
muito indisciplinado, reparou os benefícios que sua lã espalhava, e, desde
então, julgou-se melhor que os outros seres da Criação, passando a revoltar-se
contra a tosquia. – Se era tão precioso – pensava – por que aceitar a
humilhação daquela tesoura enorme que lhe tirava a lã? Experimentava intenso frio e, esquecido das
ricas rações que recebia no redil, detinha-se apenas no exame dos prejuízos que
supunha sofrer de tempos em tempos.
Muito
amargurado, dirigiu-se ao Criador, exclamando: - Meu Pai, não estou satisfeito com a minha
pelagem; a tosquia é um tormento... Modifica-me Senhor!... O Todo-Poderoso indagou, com bondade: - Que
desejas que eu faça? – Vaidosamente o carneiro respondeu: - Quero que a minha
lã seja toda de ouro. A rogativa foi
satisfeita, porém, assim que o carneiro orgulhoso apareceu com os pelos
preciosos, várias pessoas ambiciosas atacaram-no sem piedade, arrancando-lhe
violentamente, todos os fios e deixando-o em chagas. O infeliz carneiro voltou
ao Altíssimo e implorou: - Meu Pai,
muda-me novamente, pois com a lã dourada encontraria sempre pessoas sem
compaixão. O Senhor perguntou: - Que queres agora? O animal tocado pela mania de grandeza
suplicou: - Quero que minha lã seja de porcelana primorosa. Assim foi feito.
Porém, logo que retornou ao campo, apareceu uma ventania que quebrou todos os
fios, lhe dilacerando o corpo todo...
Aflito voltou ao Todo-Poderoso e queixou-se: - Renova-me, Pai! A porcelana não resiste ao vento e estou
exausto!... Mais uma vez disse-lhe o Senhor: - Que queres que eu faça? – Quero
que a minha lã seja feita de mel. O Criador satisfez o pedido. Logo que o infeliz retornou ao redil, um bando
de moscas asquerosas cobriu-o e por mais que corresse, não evitou que elas lhe
sugassem os fios adocicados. O infeliz voltou ao Altíssimo e implorou: -
Modifica-me Pai, as moscas me deixaram em sangue!... O Senhor indagou uma vez mais: - Que queres
que eu faça? Desta vez o orgulhoso
carneiro pensou mais tempo e respondeu: - Quero que a minha lã seja feita de
folhas de alface. O Todo-Poderoso atendeu-lhe a vontade e o carneiro voltou ao
campo. No entanto, quando alguns cavalos lhe puseram os olhos, ele não conseguiu
melhor sorte. Os equinos prenderam-no
com os dentes e, depois de lhe comerem a alface ainda lhe feriram o corpo.
O carneiro
correu na direção do Juiz Supremo, gotejando sangue das chagas, e, em lágrimas,
falou humilde: - Não suporto mais, Meu Pai!...
O Todo-Poderoso vendo que ele se arrependera com sinceridade, lhe disse:
- Reanima-te, meu filho! Que pedes agora?
O infeliz carneiro replicou, em prantos: - Pai, quero voltar a ser um carneiro comum
como sempre fui. Não pretendo mais a superioridade sobre meus irmãos. Hoje sei
que os meus tosquiadores de outros tempos são meus amigos. Nunca me deixaram em
feridas e sempre me deram de beber e comer com carinho... Quero ser simples e útil, qual me fizeste
Senhor!...
O Pai
bondoso abençoou-o com ternura e sentenciou: - Volta e segue teu caminho em
paz. Compreendeste, enfim, que meus desígnios são justos. Cada criatura está
colocada, por minha Lei, no lugar que lhe compete e, se pretendes receber,
aprende a doar. Então o carneiro, envergonhado, mas satisfeito, voltou ao
campo, misturou-se com os outros e daí por diante foi muito feliz...
5- DÁ DE TI MESMO – Declaraste não possuir
dinheiro para auxiliar. Acreditas que um pouco de papel ou um tanto de níquel
te substituem o coração? Esqueceste meu
menino, de que podes sorrir para o doente e estender a mão para o necessitado?
A flor não
traz consigo uma bolsa de ouro, no entanto espalha perfume no firmamento. O céu
não exibe chuvas de moedas, mas enche o mundo de luz. Quanto pagas pelo ar fresco que, em bafejos
amigos, te visita o quarto pela manhã? O
oxigênio que respiras cobra-te imposto?
Quanto te custa á ternura materna?
As aves cantam gratuitamente. A fonte que te beneficia com a água não te
exige nada. A árvore abre-te os galhos acolhedores, repletos de flores e frutos
sem pedir vintém. A benção divina, cada noite, conduz o teu pensamento a
bendito repouso no sono e não fazes retribuição de espécie alguma. A estrela
brilha sem pagamento; o Sol não espera salário. Por que não aprenderes com a Natureza
em torno? Por que não te fazeres mais
alegre, mais comunicativo, mais amigo?
Tens a
fisionomia ensombrada por faltar-te dinheiro e reclamas recursos materiais para
ser bom, quando a bondade não nasce dos cofres fortes. Seja irmão de teu irmão,
companheiro de teu companheiro, amigo de teu amigo. Na ciência do amor,
resplandece a sabedoria de dar. Mostra um semblante sereno e alegre, aonde
fores. Estende os braços, alonga o
coração, comunica-te com o próximo, através da amizade fiel. Que importa se alguém
não te entende o gesto de amor? Que
seria de nós, meu menino, se a mão do Senhor se recolhesse a distância, por
temer-nos a rudeza e a maldade? Muito
acima do dinheiro, pairam as tuas mãos amigas e fraternais. Dá de ti mesmo em
toda parte...
6- O ENSINO
DA SEMENTEIRA – Certo fazendeiro muito rico chamou o filho de quinze anos e
disse-lhe: - Filho meu, todo homem apenas colherá daquilo que plante. Cuida de
fazer o bem a todos, para que sejas feliz. O rapaz ouviu o conselho e, no dia
seguinte, muito carinhosamente plantou minúsculo cajueiro em local não muito
distante da estrada que ligava o vilarejo próximo à propriedade paternal.
Decorrida uma semana, tendo recebido do pai um presente em dinheiro, e no
caminho até à vila, construiu pequena fonte natural. Reparando que vários
mendigos estavam ao relento, acumulou as dádivas que recebia dos familiares e,
quando completou vinte anos edificou um albergue para abrigar os mendigos e os
viajores sem recursos.
Logo em
seguida a vida lhe impôs uma surpresa desagradável. Seu pai, em virtude das
perseguições de inimigos na luta comercial, empobreceu rapidamente, falecendo
em seguida. Sua mãe faleceu também em
pouco tempo e suas irmãs casaram-se e tomaram diferentes rumos. O rapaz, agora
sozinho, revoltou-se contra as ideias nobres e partiu mundo a fora. Trabalhou,
ganhou fortuna e gastou-a, gozando os prazeres mundanos e nunca mais cogitou de
semear o bem. Os anos passaram e ele deu-se ao vício de jogar e beber. Muitas
vezes o Espírito do seu pai rogava-lhe cuidado e que se arrependesse, mas ele negava-se
a atender.
Acontece que
o desgaste do corpo tem limites e sua saúde se alterou e apareceu-lhe feridas
pelo corpo. Gastou tudo o que possuía para recuperar a saúde e, como não fizera
afeições foi relegado ao abandono. Os amigos das noitadas alegres fugiram dele,
os cabelos ficaram brancos e ele transformou-se num mendigo. Peregrinou por
muitos lugares até que, um dia, sentiu saudades do antigo lar e voltou ao
pequeno vilarejo onde nascera. Viajou por muitos dias e chegou, extenuado, ao
sítio de outrora. O cajueiro que plantara convertera-se em árvore dadivosa,
cheia de frutos tentadores. Aproveitou-os para matar a fome e seguiu para o
vilarejo. No meio do caminho sentiu sede e buscou a fonte onde saciou a sede e
ao chega à vila ninguém o reconheceu. Logo chegou a noite e ele sentiu frio.
Dois homens caridosos ofereceram-lhe os braços e conduziram-no ao velho
albergue que ele mesmo construíra. Quando entrou no recinto, derramou muitas
lágrimas, porque seu nome estava gravado na parede com palavras de louvor.
Deitou-se,
constrangido e dormiu. Em sonho, viu o Espírito do seu pai, junto a ele, que
lhe disse: - Aprendeu a lição, meu filho? Sentiste fome e o cajueiro te
alimentou; tiveste sede e a fonte te saciou, necessitaste de asilo e te
acolheste no albergue que edificaste em favor dos que necessitavam. Por que
deixaste de semear o bem? O interpelado nada pôde dizer, pois as lágrimas
embargavam-lhe a voz na garganta...
Ele acordou
muito tempo depois, e, quando o encarregado do abrigo lhe perguntou o que
desejava, ele simplesmente disse: - Preciso de uma enxada... á fim de recomeçar a ser útil de qualquer
modo...
OBS: Estas cinco
histórias e outras mais que constam do livro “Alvorada Cristã”, foram ditadas
pelo Espírito de Neio Lúcio, psicografia de Francisco Candido Xavier.
7- A VASSOURA PRESTATIVA – Uma vassoura de capim, nova
e limpa, repousava na prateleira da loja. Era prestativa e desejava muito ser
útil, por isso aguardava com ansiedade o momento em que alguém lhe comprasse. Um
dia, ela foi retirada da prateleira, espanada e entregue a uma elegante senhora
que a tinha comprado.
Foi com muita alegria que a vassoura iniciou sua vida.
Prestativa, estava sempre nas mãos de alguém, trabalhando e deixando tudo
limpinho. Porém, com o passar do tempo, ela foi ficando velha e gasta, e, um
dia, foi jogada no lixo, sem qualquer consideração. A infeliz vassoura chorou
muito, pois ainda se sentia forte e desejava servir. Enquanto aguardava que o
lixeiro viesse buscá-la, um homem humilde ao passar por ela pensou: - Minha
mulher precisa de uma vassoura; esta não está nova, mas ainda pode prestar bom
serviço. Vou levá-la para casa. Cheia de satisfação á vassoura foi para a
outra casa. A nova dona recebeu-a com
felicidade, pois estava sem ter como limpar a casa. Algum tempo depois, o capim
da vassoura estava todo quebrado e já não servia mais para varrer.
A mulher, com pesar, jogou-a no lixo. E a pobre vassoura lá ficou
muito chorosa e desanimada. Justo ela, que ainda tinha tanto para dar, agora
era considerada inútil, sem qualquer serventia. Estava assim, triste, quando
surgiu um homem maltrapilho e remexeu o lixo. Ao encontrar a vassoura velha e gasta,
disse satisfeito: - Essa velha vassoura já não presta para nada. Mas com o cabo
dela, que está perfeito, farei um cavalinho para meu filho e darei a ele de
presente. Que bom! Meu filho sempre quis ter um cavalinho de madeira! E a
vassoura prestativa, cheia de novo ânimo, foi levada para a favela onde morava
seu novo dono.
O homem fez uma cabeça de cavalo com uma tábua de
caixote e pregou-a no cabo. Pintou o corpo do cabo de vassoura com tinta e
colou uma crina de corda. Em seguida, amarrou um barbante a maneira de rédeas.
– Pronto – exclamou o homem satisfeito. E naquele mesmo dia em que
aniversariava o seu filho, entregou o presente para ele. O garoto, feliz,
abraçou o brinquedo e, desse dia em diante eles tornaram-se inseparáveis, para
alegria da pobre vassoura que desejava ser útil...
Como a vassoura de capim, também nós sempre poderemos
ser úteis para alguma coisa. Seja qual for á tarefa que nos for confiada, o
importante é que estejamos sempre dispostos a servir em qualquer lugar, em
qualquer tempo, em qualquer idade.
Tia Célia.
8- APROVEITAMENTO
ESCOLAR – Em certa cidade, a mãe de Guilherme, menino de dez anos, conversava
com uma professora reclamando das notas baixas que seu filho levara no boletim.
Nervosa, ela despejava sua insatisfação na professora, falando da falta de
cuidados da escola, com a educação das
crianças, alegando que seu filho não recebia o atendimento adequado. A
professora Vera, com paciência, explicava que a aprendizagem depende de cada
aluno, como ele recebe os ensinos e da boa-vontade que demonstre em aprender. A
mãe, descontente, não concordava com essa teoria. Caminhando pelo corredor,
elas passaram pela biblioteca onde três alunos faziam seus deveres após as
aulas. Para exemplificar, a professora perguntou ao primeiro aluno: - O que
você está fazendo? O garoto irritado,
respondeu: - Estou de castigo, fazendo a droga dessa tarefa que deveria ter
sido entregue ontem. Agora não posso nem brincar! - E você? – perguntou a
professora ao segundo. – Faço a tarefa porque não quero levar zero! - E você? – indagou ao terceiro menino. O
garoto sorridente, respondeu de boa-vontade: - Estou fazendo estes exercícios
porque quero aprender! A professora acabou de explicar esta matéria e estou
tentando fixar para não esquecer o que aprendi na aula.
Virando-se
para a mãe, que observava a cena calada, a professora concluiu: -
Percebeu? O conteúdo é o mesmo, mas a
reação e a motivação dos três meninos são completamente diferentes. A mãe
desculpou-se cabisbaixa, reconhecendo a razão da professora, e disse: - No
fundo, sei que meu filho não gosta de estudar e que a falta de aproveitamento é
culpa dele mesmo. Porém, somos pobres e preocupo-me com o futuro do meu filho,
vendo que ele não se interessa em aprender. O que devo fazer? – A professora
Vera pensou e disse: - Procure saber do que ele gosta; o que o faz feliz.
A caminho de
casa a mãe pensou bastante, e afinal descobriu. Ele há tempos queria um
computador, e ela não tinha dado atenção a isso, achando que era dinheiro
jogado fora. Naquele mesmo dia, conversou com o marido e resolveram atender ao
desejo do filho. Teriam que fazer um grande esforço e trabalhar ainda mais para
pagar o computador, mas talvez valesse a pena. Antes de se deitar, o pai chamou
Guilherme e ponderou: - Meu filho, você deseja um computador, mas nada tem feito para merecê-lo. Melhore na escola e podemos pensar no
assunto. Mais animado com essa promessa, no dia seguinte Guilherme acordou bem
disposto e resolvido a se esforçar. Na escola seu comportamento mudou,
procurando ter mais atenção nas aulas. Em casa, fazia os deveres e depois
estudava a matéria. Com o passar dos dias, tomou gosto pelos estudos,
afeiçoando-se aos livros. Resultado: quando trouxe o boletim, as notas eram bem
melhores e os pais ficaram muito felizes.
No dia seguinte,
quando Guilherme retornou da escola – surpresa! – encontrou um computador já
instalado! Com os olhos arregalados de espanto, virou-se para os pais, que
observavam da porta: - É seu, meu filho! – disse o pai. Com lágrimas nos olhos
ele disse: - Obrigado, papai! Era tudo o que eu queria. Porém, em dúvida, olhou
para os pais e disse-lhes: - Agradeço o presente, mas sei quanto deve ter
custado. Na verdade vocês já conseguiram o que queriam; agora aprendi a gostar
de estudar. Nem precisavam mais me dar o computador. – O pai retrucou: - Você
fez por merecer; ele é seu.
Guilherme,
mais tranquilo, considerou: - Bem, se é assim, agora preciso fazer um curso,
aprender a usar o computador, para depois ganhar dinheiro com ele e devolver um
pouco do muito que vocês têm me dado todo esse tempo. Os pais, emocionados,
disseram a ele que o valor do presente era pequeno diante da felicidade que
viam nele. – Retornando à escola para agradecer a professora Vera pela ajuda, a
mãe, que antes só recebia reclamações, satisfeita ouviu da professora: -
Parabéns! Seu filho está muito diferente. Parece um milagre! Como conseguiu
isso? A mãe sorriu e informou: - É simples. Com carinho, atenção e estímulo; e
com um computador, naturalmente!
Tia Célia
9- COOPERADORES DE DEUS – Em casa, as tarefas se
acumulavam. A mãezinha corria de um lado para o outro tentando dar conta dos
serviços. Ricardo, de sete anos, que observava aquela movimentação toda,
reclamou: - Você não para um minuto, mãe! Não me dá atenção!... A mãe parou o
que estava fazendo e, fitou o filho com a carinha desanimada, e disse: - Meu
filho ajude-me com os serviços domésticos e terei tempo para dar a atenção que
você merece. Venha, peque a vassoura e varra o quintal! – Respondeu-lhe o
filho: - Mamãe, a senhora sabe que não gosto de fazer essas tarefas de casa. –
Então o que gosta de fazer? – perguntou a mãe.
O garoto respondeu animado: - Eu gostaria de trabalhar construindo
prédios, vendo-os crescer como se fossem atingir o céu e ter muitos empregados;
ou então trabalhar em um hospital como médico para atender as pessoas e
curá-las. Ou, então, ter uma grande empresa, ter um monte de empregados para
fazer tudo o que eu mandar e ganhar muito dinheiro!... Mas também poderia...
A mãe que o ouvia com paciência, sorriu dos sonhos de
Ricardo. Depois, se aproximou dele com carinho e disse-lhe: - Meu filho, muito
justo que você tenha sonhos grandiosos. No entanto, para realizar qualquer um
deles, precisará crescer e aprender muito. Nada se consegue sem esforço e
dedicação. E, para aprender, temos que começar pelas coisas pequenas, e por
isso, cada função é importante. Veja que todos os dias eu coloco o lixo na rua.
E se não existissem os lixeiros? – Viveríamos no meio da sujeira! – Disse o
garoto. – E se não existissem trabalhadores nos campos que plantam o que vamos
comer como ficaríamos? – O menino pensou um pouco e respondeu: - Não teria o
trigo para fazer o pão que eu tanto gosto! – Isso mesmo filho, porém tem mais.
Da lavoura, os grãos de trigo vão para o moinho e são moídos; depois a farinha
de trigo é transportada para os revendedores. O dono da padaria compra o trigo,
e somente então, o pão é preparado e assado por pessoas que ficam a noite toda
trabalhando para que possamos comê-lo quentinho no café da manhã. Ah! E ainda
tem que ter alguém que vá comprá-lo na padaria!
Ricardo estava impressionado e a mãe prosseguiu: -
Veja que só falei do pão! E tudo o mais que faz parte do nosso dia-a-dia? As
roupas que vestimos os calçados, os móveis, a própria casa... Você sabe como se
constrói uma casa? – Eu sei mamãe! Precisa ter cimento, areia e tijolos. É
preciso também de madeira, telhas, fios elétricos, canos para a água, e uma grande
variedade de outras coisas, bem como de pessoas que realizem o trabalho. –
Muito bem, Ricardo. Então você percebe que todos nós somos úteis na obra de
Deus? Não há pessoas maiores ou menores, menos importantes ou mais importantes.
Todos trabalham em colaboração, em diferentes áreas e funções. Desde o varredor
de rua até um grande empresário, somos todos iguais. – O menino, agora estava
enxergando o mundo em que vivia de maneira diferente. – Mãe, outro dia a
professora falou que, no hospital, o médico só pode exercer sua tarefa, porque
têm pessoas limpando e desinfetando tudo para evitar que exista vírus e
bactérias. – Depois ele sorriu para a sua mãe, e disse: - Você tem razão; não
conseguimos viver sozinhos! - A senhora abraçou o filho, e depois pegou a
vassoura e sugeriu: - Que tal agora pegar a vassoura e começar a varrer? – O
garoto deu uma gargalhada e disse: - Está certo. Preciso aprender a varrer, o
que eu fizer, quero fazer bem feito.
Ricardo cresceu, tornou-se homem, mas sempre se
lembrava dessa lição que recebe da sua mãe.
Formou-se em engenharia, pois era a área que mais gostava. No entanto,
jamais deixou de valorizar a função de cada empregado, tratando a todos com
respeito e consideração. Ao dirigir-se aos subordinados, terminava sempre por
afirmar: - Precisamos fazer sempre o melhor ao nosso alcance. Afinal, todos nós
somos cooperadores de Deus, na obra de melhorar o mundo. Sentindo-se
valorizados, todos os operários o estimavam e trabalhavam com dedicação,
desejando ser realmente o mais eficiente colaborador da construção...
Tia Célia
10- MÃE DE VERDADE
– Um pequeno índio andava pela mata, muito triste e desanimado. Sua mãe tinha
morrido no mesmo dia em que ele nascera e ele fora criado por outra índia muito
boa e generosa, que se prontificara a tomar conta do recém-nascido, mas que não
poderia substituir a mãe que ele não conhecera. O que seria uma mãe? Como seria uma mãe? Ele tinha vontade de saber. Saiu então a perguntar a todos que
encontrava. Alguém por certo lhe poderia descrever uma mãe! E foi num dia lindo
que saiu pela floresta e encontrou entre as folhas de um pequeno arbusto, uma
coelhinha. – Dona coelha, o que é uma mãe? – perguntou. Nesse instante surgiu
seu filhotinho que abraçou a mamãe coelha. Ela então respondeu, após pensar um
pouco, enquanto acariciava seu filhote: - Mãe é aquela que protege dos perigos!
O indiozinho andou mais um pouco e
encontrou a dona Coruja num galho de árvore. – Dona Coruja, o que é uma mãe? Ela
fitando as corujinhas, com seus enormes olhos cheios de ternura respondeu: - É
aquela que ama os lindos filhotinhos que Deus lhe deu! O indiozinho afastou-se
ainda sem entender, pois os filhotes da dona Coruja eram muito feios! Mais adiante
o pequeno índio encontrou uma passarinha que trazia preso ao bico uma apetitosa
minhoca. – Dona Passarinha, o que é uma mãe?
Sem hesitar, ela respondeu, após colocar a minhoca na boca do filhotinho
que esperava ansioso no ninho: - Mãe, é quem alimenta, para que o seu pequeno
cresça forte e sadio – afirmou convicta. O índio agradeceu e seguiu o seu
caminho. Logo adiante, encontrou uma gata que lambia cuidadosamente as costas
do seu filhotinho, e perguntou-lhe: - Dona Gata, a senhora pode me dizer o que
é uma mãe? E a gata respondeu, sem parar o que estava fazendo: - Não tenho
dúvidas de que mãe é quem lava e cuida para que seu pequeno filho esteja sempre
limpinho...
Já estava um pouco tarde e o indiozinho precisava
voltar para casa antes do anoitecer. Ele estava ainda mais confuso! Todos os
animais a quem ele perguntara tinham respondido coisas diferentes sobre mãe e
ele não entendia por quê! Caminhando rapidamente, ele tropeçou num tronco de
árvore e caiu, machucando a perna. Sentindo muita dor, ele continuou o seu
caminho com grande dificuldade.
Ao aproximar-se da aldeia, viu que algo estava
acontecendo, pois todos pareciam preocupados. Ao vê-lo chegar mancando, aquela
que cuidava dele correu ao seu encontro, aflita: - Aonde você foi? Estava
preocupada! A noite chegou e você não apareceu! Olha que sujeira. Você está
machucado? Venha, vamos lavar esse
ferimento e fazer um curativo. Está com fome com certeza, eu preparei aquele
ensopado de legumes de que você tanto gosta!...
Olhando a índia que falava e que o fitava com tanto
carinho e tanto amor, além da evidente preocupação com seu bem-estar, o
indiozinho lembrou-se do que os seus amigos da floresta lhe haviam dito; e não
teve mais dúvidas. Como não percebera isso antes? Ela era a representação da mãe
e de tudo o que eles haviam dito, e muito mais ainda. Com os olhos úmidos de
pranto ele falou confiante e enternecido: - Mamãe!... Daí em diante, ele então ficou sabendo o que representava
ser uma mãe...
Tia Célia
11- O MENINO DE RUA – Celso estava cansado de estar
dentro de casa e saiu para o jardim. Gostava de ficar no portão vendo a rua, o
movimento dos carros e as pessoas que passavam. Olhando em frente, viu, do
outro lado da rua, um garoto de expressão tristonha, sentado no meio-fio. Ele
estava sujo, malvestido e descalço. Celso sentiu pena do menino, que aparentava
ter a sua mesma idade, oito anos. Ele abriu o portão, atravessou a rua e foi
até onde ele estava. Aproximou-se e perguntou: - Olá, posso sentar-me aqui com
você? O garoto levantou a cabeça para ver quem estava falando e estranhou ver
um menino do seu tamanho. Ergueu os ombros, como se dissesse: Sente-se, a rua é
pública!
Celso
sentou-se e começou a conversar: - Por que está tão triste? – Respondeu o menino desconhecido com outra
pergunta: - Por que quer saber? Celso
levantou o braço e apontou com o dedo, dizendo: - Está vendo aquela casa ali em
frente? É onde moro. Estava olhando a rua e vi você aqui, tão triste, que não
pude deixar de vir. O que aconteceu? O
garoto respirou fundo e respondeu: - É uma longa história. Minha mãe morreu e
meu pai desesperado me abandonou saindo pelo mundo e não sei onde ele está. Fui
mandado para a casa de uma tia, mas passei tanta fome, sofri tantos
maus-tratos, que não aguentei mais e fugi. Agora não tenho para onde ir e fico
na rua. Quando tenho fome, peço comida em alguma casa. Para dormir, escondo-me
em algum canto, debaixo de alguma ponte ou de alguma casa abandonada. Celso
estava penalizado, pois nunca pensou que existissem crianças sofrendo tanto!
Resolveu tomar uma atitude e disse ao garoto: - Não saia daí, eu vou até em
casa e volto já!
Celso fez um
sanduiche, pegou um copo de leite com café e retornou para junto do menino,
cujos olhos brilharam ao ver o lanche. Devorou tudo rapidinho e depois
agradeceu dizendo: - Obrigado. Estava mesmo com fome! Mas, nem sei como se
chama? – Celso! – e entendendo a mão ao outro, que a apertou – E você? – Meu
nome é Luizinho! Você é legal, Celso! – Os dois puseram-se a conversar. Após
algum tempo, estavam tão amigos que Celso desejou ajudar Luizinho. Então, pediu
que ele esperasse e retornou para casa. Celso tinha visto seu pai entrar em
casa, voltando do trabalho. Chegou perto do pai e pediu: - Papai gostaria que
conhecesse um amigo meu. Venha comigo! O pai mesmo cansado, concordou,
acompanhando o filho. Então, Celso mostrou-lhe: - Veja papai! Aquele garoto
ali, do outro lado da rua, precisa de ajuda! O pai olhou o garoto sentado no
meio-fio e reagiu, surpreendido: - Mas, meu filho! Ele é um menino de rua!...
Celso, com os olhos úmidos, virou-se para o pai, considerando: - Papai, outro
dia mesmo o senhor falava de Jesus, e disse que devemos amar a todas as
pessoas, porque são nossos irmãos, lembra-se? – Você tem razão, filho. Porém,
não sabemos quem é esse menino! Ele pode ter maus hábitos, pode até estar
acostumado a roubar!... Como confiar em alguém que não se conhece? – respondeu
o pai, abalado pelo argumento do filho. Celso pensou um pouco, depois voltou a
ponderar: - Papai, mas se os bons não ampararem os que precisam, como podemos
praticar a fraternidade? O pai vencido
pelo novo argumento do filho abraçou-o e concordou: - Tem razão, meu filho. Se
nos consideramos cristãos, temos que agir como Jesus nos ensinou.
E então eles
atravessaram a rua e o pai de Celso conversou um pouco com Luizinho. Depois
convidou: - Luizinho, queremos que venha morar em nossa casa. Senhor, eu
agradeço sua bondade, mas não me conhece, nem sabe quem sou! – respondeu o menino,
sem poder acreditar no que estava ouvindo. Diante daquelas palavras, o pai de
Celso respondeu comovido: - Não preciso conhecê-lo para saber que é um bom
menino. Ficará conosco pelo tempo que quiser. Irá à escola com o Celso e terá a
existência de todo garoto de sua idade. Se
algum dia você tiver noticias de seu pai e quiser ficar com ele, terá
toda liberdade. Farei tudo que puder para ajudá-los.
Eles então
atravessaram a rua e, antes de
entrar pelo portão, feliz, mas
ainda indeciso, Luizinho quis saber: -
Senhor, e a mãe de Celso, ela vai concordar? – Ele respondeu: - Tenho certeza
que sim. Não se preocupe. Entraram em casa e o pai de Celso explicou a situação
à sua esposa. Ela ao ver o novo membro da família, sorriu e deu-lhe um abraço.
Depois, pediu que Celso pegasse uma toalha e algumas roupas para Luizinho poder
tomar banho e vesti-las, enquanto ela terminava de preparar o jantar. Após
alguns instantes, limpo, vestido e calçando um tênis, Luizinho apareceu com Celso
na sala de jantar, onde a refeição foi servida. Todos estavam contentes e o pai
disse ao novo morador: - Luizinho, amanhã vou me informar sobre as medidas legais necessárias
para que você possa ficar conosco. Após essas palavras, o pai de Celso sorriu e
completou: - Em nome de Jesus, seja bem-vindo à nossa casa!...
Memei
(Página recebida
por Célia Xavier de Camargo).
12- O MENINO
QUE QUERIA SER ESTRELA – De família muito pobre, Amadeus sofria com a
existência de dificuldades que levava. Seus pais trabalhavam bastante para não
deixar faltar nada aos filhos. No entanto, muitas vezes faltava o que comer e,
com fome, ele sentava-se no fundo do quintal, buscando consolo. Ele olhava para
o alto nas noites sem lua e, ao ver as estrelas que brilhavam no céu, pensava:
- Eu quero ser uma estrela como essas que vejo brilhar nas alturas! E o seu
coração se enchia de esperança e amor. Com certeza – pensava ele – as estrelas
não passam dificuldades, nem sentem fome, e não choram de dor.
Um dia
Amadeus contou à mãe seu desejo de ser uma estrela, e ela, olhando-o com muito
carinho, afirmou: - Essas luzes que você vê lá no alto, meu filho, fazem parte
do Universo de Deus, nosso Pai, que criou. Como estão muito distantes de nós,
parecem pequeninas, mas são sóis brilhantes, estrelas e planetas que fazem
parte de galáxias, que são famílias de astros. A Terra em que vivemos, é um
planeta e faz parte de uma família de planetas, que giram em torno do Sol que
nos ilumina, constituindo o nosso sistema solar. O menino ficou muito surpreso
e interessado. Sua cabecinha nunca havia imaginado que o espaço fosse tão
grande! E ele perguntou: - Quer dizer que nunca vou ser uma estrela? A sua mãe
sorriu e explicou: - Todos nós podemos ser uma estrela, meu filho. Não como
essas que você admira à noite, mas como um reflexo dos sentimentos mais puros
que tiver dentro de si, fazendo o bem, sendo útil às pessoas, vivendo em paz
onde estiver. Enfim, sendo um bom menino!
Amadeus ficou pensando nas palavras da sua mãe. – Então eu serei uma
estrela, mamãe!
O menino,
desse dia em diante, passou a agir com todos da melhor maneira possível.
Acordava pela manhã e fazia uma oração a Jesus pedindo que seu dia fosse muito
bom e que ele tivesse oportunidade de ajudar as pessoas. Na escola, quando um
colega queria brigar com ele, Amadeus sorria, estendendo-lhe a mão, tranquilo.
Se alguém o ofendia, ele desculpava, não guardando mágoa no coração. Na rua ao
ver um velhinho com dificuldades para caminhar ou atravessar a rua, ele
oferecia-lhe a mão. Às vezes ele ganhava um doce, uma fruta ou um sanduiche da
professora ou de um colega que conhecia a situação da sua família. Ele
agradecia e, ao chegar a casa, repartia com seus irmãos. Quando um vizinho
ficava doente, ele estava pronto para ser útil, fazendo companhia, dando um
copo com água ou contando uma história para distrair o enfermo.
Era bom para
todos: pessoas, animais e plantas. Tornou-se uma pessoa tão querida no bairro
pobre onde viviam que todos se alegravam ao vê-lo. Amadeus sentia-se em paz
consigo mesmo. Tinha tanto trabalho que nunca mais pôde observar as estrelas.
Aos poucos, tudo foi melhorando, a vida da família ficou mais fácil, e já
tinham o necessário para viver. Certo dia, ele chegou a casa após visitar uma
amiguinha que estava doente e estranhou que estivesse tudo escuro. Já era noite
e sua mãe ainda não acendera a luz do barraco. Preocupado, Amadeus abriu a
porta e acendeu a luz. Oh! Surpresa! – a sala estava cheia de gente. Ele levou
um susto! Todos então começaram
“Parabéns a Você”, e passaram a cumprimentá-lo pelo seu aniversário. Ele andava
tão ocupado que se esquecera do seu natalício. A professora tinha trazido um
delicioso bolo e todos comeram um pedaço, alegres e satisfeitos. Naquela noite,
ele deitou-se feliz. Agora tinha oito anos. Já era um rapazinho!
Ele dormiu e
sonhou. Viu-se num lugar lindo e cheio de pessoas que o olhavam, admiradas.
Envergonhado, achando que talvez estivesse mal vestido, ou sujo, ou
despenteado, o menino tentava descobrir o que estava errado com ele. E constrangido, encolhia-se, e se
escondia atrás de outras pessoas,
tentando passar despercebido. Então, uma linda moça aproximou-se dele e disse:
- Parabéns, Amadeus! Você conseguiu o que tanto queria! – Eu? – Ele perguntou
sem entender. – Sim! Você não queria ser uma estrela? – Você deve estar
enganada, moça – respondeu balançando a cabeça. A moça voltou a falar, dizendo:
- Olhe para você... Amadeus baixou a
cabeça e olhou para seu corpo. Ele não conseguiu acreditar. Uma emoção intensa
tomou conta dele. Estava todo iluminado! Suas roupas, seu corpo, suas mãos!
Tudo estava brilhando! Mas, coisa estranha: a luz parecia vir de dentro,
refletindo-se para fora! Naquele instante, ele acordou em sua cama, e murmurou:
- Eu não posso acreditar! Virei uma estrela!...
A mãe, que tinha vindo acordá-lo para ir à escola,
entendeu e quis saber: - O que você disse Amadeus? O menino sorriu e respondeu: - Nada, mamãe.
Apenas acho que a senhora tem razão. Todos nós podemos ser uma estrela! Basta
fazer o bem! A mãe abraçou o filho com
carinho e disse: - Ainda está pensando nisso? Tem razão, meu pequeno
sonhador! Mas, um dia para estudar,
trabalhar e ajudar os outros. Ele agradeceu a Jesus por mais esse dia. Não
contou a ninguém o sonho que tivera, mas guardou-o no fundo do coração. Amadeus
se lembraria para sempre daquele lindo sonho, estimulando-o a ser cada vez
melhor...
Meimei
(Página recebida por Célia Xavier de Camargo)
13 O PRESENTE DE PÁSCOA – Paulinho estava sentado
no tapete da sala, assistindo ao seu desenho favorito, quando o pai chegou para
o almoço. Roberto vinha cansado, pois tivera uma manhã difícil e cheia de
problemas. Entrou na sala, nervoso, e despejou sobre o filho sua irritação perguntando sério: - O
que é isso, Paulinho? O garoto olhou em torno sem entender e disse: - O que
papai? No meio dos brinquedos, havia uma
cesta de Páscoa e um pacote de balas aberto. – Isto! – informou o pai, brabo,
pegando do chão o pacote e mostrando-o ao filho. Com largo sorriso, o menino
informou: - É um presente que ganhei da vovó, papai! – Estou vendo! Mas isso é
hora de chupar balas? Estamos quase na hora da refeição e já disse que não
quero que você coma balas antes do almoço. Com lágrimas nos olhos o menino
resmungou: - Eu sei papai, mas chupei uma só! – Sem conversa, e tem mais a
partir de hoje, vou proibir a entrada de balas nesta casa. Outro dia, li numa
revista que o açúcar causa muitos males para a saúde, além de estragar os
dentes. Vou jogar tudo fora! - disse cheio de raiva. Espantado com a atitude
severa do pai, o garoto colocou a cabeça entre as mãos e começou a chorar,
dizendo: - Não, papai! Não faça isso! Caindo em si, o pai percebeu que se
excedera e arrependeu-se. Pegando o menino no colo, abraçou-o dizendo: - Não fique triste, filhinho. O papai só quer
o seu bem. Tudo o que eu e a mamãe fazemos é pensando no seu bem-estar porque
nós o amamos e queremos o melhor para você. Entendeu? O menino parou de chorar
e enxugou as lágrimas. – Entendi papai. – Ótimo, então agora vá brincar. E
Paulinho, saltando do colo do pai, distraiu-se com os brinquedos espalhados
pelo chão.
Era noite
quando seu pai Roberto, voltou do trabalho. Depois do jantar, perguntou à
esposa: - Hilda, você viu meus cigarros? – Não, querido. Devem estar onde você
sem coloca. – Não, não estão lá.
–Procure então no quarto. Pode ter deixado lá. Roberto procurou,
procurou e não encontrou. Revirou gavetas, armários, a casa toda e nada. Irritado,
acusou: - Deve ter sido a Maria. Onde já se viu uma empregada mexer nas minhas
coisas? – Nem pense nisso, querido. Não creio que tenha sido a Maria. – Quem
mais pode ter pegado meus cigarros? Foi ela sim, tenho certeza. Mas amanhã,
quando chegar, será despedida, pode apostar!
Paulinho, que ouvia calado a conversa, com medo de o seu pai cumprir a
ameaça de despedir a empregada, acabou confessando: - Não foi a Marisa, papai, fui eu quem pegou seus cigarros e joguei no
lixo. Surpreso, o pai perguntou: - Você? Mas, por que, meu filho? Sabe que não
gosto que mexa nas minhas coisas! Justo os meus cigarros! Um pouco temeroso, o
menino explicou: - Fiz pelo seu bem, papai. Você não disse que quando a gente
gosta de alguém quer o melhor para ela? O pai respondeu: Disse. – Então, vi
hoje na televisão que o cigarro faz muito mal a saúde das pessoas, provoca
doenças e falaram ainda que dá câncer! Fiquei preocupado porque não quero que
fique doente. Hilda olhou para o marido, como se dissesse: Eu não lhe disse?
Depois, ela aproximou-se do filho, com ternura, dizendo: - - Você tem toda
razão, meu filho. O cigarro realmente faz muito mal para a saúde e precisamos
cuidar do papai. Não é? Roberto abaixou a cabeça, envergonhado. O menino
acercou-se do pai e disse-lhe: - Não fique triste, papai. Não fiz por mal, tive
medo de perdê-lo. Roberto sentiu um nó na garganta ante a lição que recebia do
filho, garoto de apenas cinco anos. – Obrigado, Paulinho. Não voltarei a fumar,
acredite em mim. Recebi de você, hoje, a maior lição da minha vida. Desculpe
meu filho, minha atitude de hoje a noite. Reconheço que fui muito injusto sem
razão. Estava nervoso, irritado e descontei em você. Pode chupar balas, sim,
desde que escove os dentes depois. Combinado?
Mas não exagere! Em seguida ele abriu os braços e aconchegou o filho e a
esposa, com imenso carinho e disse: - Este foi o maior tesouro que Deus poderia
me dar: minha família...
Tia Célia
14 O RAIO DE LUZ - Certa vez, há muito tempo, um
jovem de bons sentimentos de
coração generoso vivia atormentado sem saber como agir em determinadas
circunstâncias. Esse jovem tinha amigos cujas atitudes não eram as mais
corretas. Entretanto, ele reconhecia neles qualidades outras que os faziam
dignos de apreço. Perto de sua casa, existiam mulheres com as quais ele
convivia, e que o povo afirmava serem pessoas de vida dissoluta, merecedoras de
desprezo. No entanto, certa ocasião quando adoecera e precisara de socorro,
elas o haviam socorrido com dedicação e devotamento, trazendo-lhe alimentação e
remédios, e cuidando dele até que estivesse curado e pronto para retornar ao
trabalho. Havia também um homem que as
pessoas afirmavam ser ele um bandido da pior espécie, tendo cometido vários
crimes e sendo procurado pela polícia. Contudo, o jovem o conhecera no mercado,
conversara com ele, identificando nele apenas um infeliz que, por muito sofrer,
acabara se desencaminhando na existência.
Sem saber como agir com essas pessoas e encontrando um
ancião tido como sábio por todos, aproximou-se dele e perguntou-lhe: - Diga-me,
bom homem, como proceder em relação às pessoas de má vida? A sociedade nos
cobra uma postura de afastamento, de desprezo e de indiferença, para que não
nos tornemos como elas, copiando-lhes o comportamento errôneo. O que o senhor
me diz a respeito disso? O ancião alisou suas longas barbas brancas, pensou por
alguns minutos, depois lhe perguntou: - Meu jovem, acaso já observou o pântano,
coberto de impurezas? – Sim! A lama nos obriga ao afastamento para não nos
contaminarmos com a sujeira que ali existe. O ancião, pensativo, depois falou:
- Meu jovem, nesse mesmo pântano onde a imundície reina um raio de luz que
desce do alto toca a lama sem contaminar-se. Ajuda-a, aquece-a e afasta-se puro
e luminoso como chegou. O jovem sorriu, entendendo o elevado ensinamento.
Compreendeu que a sujeira está em quem a carrega. Que
podemos nos aproximar das pessoas, conviver, ajudar, sem nos deixarmos envolver
por suas atitudes negativas. O velho sábio, com os olhos perdidos à distância, completou:
- Pois não era exatamente assim que o Mestre de Nazaré agia em relação a todos
os que o procuravam, ensinando-nos a fazer o mesmo? Jesus fez de todos os
desprezados pela sociedade, mendigos, doentes, prostitutas, sofredores, os seus
prediletos, afirmando que não são os que gozam saúde que precisam de médico,
mas os doentes.
O jovem respirou fundo, ergueu os olhos para o céu,
sentindo-se muito feliz e revigorado. Aquela resposta era tudo o que ele
precisava ouvir. Agradeceu ao ancião e partiu, levando em seu íntimo a
convicção de estar agindo corretamente. E, desse dia em diante, ainda com mais
carinho, dedicou-se aos desafortunados da sorte, fazendo por eles tudo o que
estava ao seu alcance...
Léon Tolstoi
(Mensagem recebida psicografada
por Célia Xavier de Camargo)
15- O RECÉM-NASCIDO – Em certa região bem distante, morava
um homem muito pobre. Um dia, andando
pela mata à procura de lenha para vender, encontrou à margem do caminho uma
cesta e, dentro dela, viu uma criança. Ele ouviu o choro fraco do
recém-nascido, que estava cuidadosamente embrulhado numa manta e, cheio de
compaixão, pegou o pequenino aconchegando-o ao peito.
De coração generoso, imediatamente resolveu levá-lo
para sua casa. Preocupava-o, porém, a pobreza extrema em que vivia. Como cuidar
do bebê, prover-lhe as necessidades, ele, a quem muitas vezes faltava o que
comer? Quem sabe alguém com mais
recursos, que passasse por aquele lugar poderia ficar com ele e dar-lhe uma
vida melhor? Contudo, ouvindo o choro da criança que o fitava com os olhinhos
vivos, comentou: - Não posso abandoná-lo aqui, exposto aos perigos. Deus vai me
ajudar! Além disso, sempre quis ter um filho. Melhor será dividir com esta
criança a minha pobreza do que deixá-la entregue a destino incerto. Como se
entendesse a decisão que o lenhador tomara, o recém-nascido se aquietou e dormiu
tranquilo.
Chegando a casa, o homem abriu a porta e disse: -
Mulher, veja o que eu trouxe! A esposa, curiosa, aproximou-se e abriu a manta
que o marido trazia nos braços. A criança dormia serenamente, e seu coração se
enterneceu. Cheia de alegria, exclamou: - O filho que sempre desejamos ter!
Deus ouviu nossas preces! Ao mesmo tempo, consciente da miséria em que viviam,
indagou aflita: - Mas como vamos cuidar do bebê, João? Não temos comida nem
para nós! E uma criança precisa de cuidados especiais! Confiante, o marido respondeu: - Não se aflija Ana. Se o Senhor nos mandou
este bebê, certamente nos dará os meios de para sustentá-lo. Era um menino e
deram-lhe o nome de Benvindo.
A partir desse dia, tudo mudou. A casa antes triste
tornou-se alegre e cheia de risos. João, mas estimulado ao trabalho, agora não
se limitava a procurar lenha no mato para vender. Buscava outras fontes de
renda e foi assim que um vizinho das redondezas, sabendo da criança, vendeu-lhe
uma cabra por preço módico que João poderia pagar como pudesse. Desse modo
estava garantido o leite do bebê. Mas isso não bastava. A vida estava mudando e
o que mais ele poderia fazer? João na
porta dos fundos da casa, olhava o terreno que se estendia à sua frente
e pensou que poderia cultivá-lo. Assim, teriam verduras, legumes e algumas
frutas. Ele não pensou duas vezes. O homem que lhe vendera a cabra arrumou-lhe
também sementes e mudas diversas, satisfeito por vê-lo interessado no trabalho.
João então pegou o machado e derrubou algumas árvores, limpando o terreno.
Depois fez canteiros e jogou as sementes no solo. Plantou as mudas e cuidou
delas com muito amor.
Logo tudo estava diferente. À medida que Benvindo
crescia, forte e saudável, as plantas igualmente se desenvolviam na terra.
Dentro de pouco tempo, no terreno, antes abandonado, os legumes e as verduras
surgiram, encantando a vista e trazendo fartura. As árvores frutíferas logo
começaram a dar frutos: agora tinham bananas, laranjas, maçãs, mangas e limões
à vontade. Como a produção fosse grande, além de terem alimentos, João passou a
vender as frutas os legumes e as verduras excedentes. Com o coração alegre
pelas novas funções como mãe, transformando sua casa num lar, Ana passou a
cuidar com mais carinho da moradia, a exemplo do marido, plantando também um
pequeno jardim que enfeitavam e perfumavam o ambiente.
Benvindo crescia aprendendo a trabalhar com o pai. Ele
era um menino vivo e inteligente. Quando ainda era pequeno, João contou a ele
como o encontrara abandonado e da satisfação de trazê-lo para casa, afirmando
sempre: - Você é nosso filho muito querido. Foi Deus quem o mandou para nós. O
tempo passou e Benvindo começou a frequentar a escola. João e Ana faziam
questão absoluta que o filho não fosse um analfabeto, como eles. Mas, apesar de
se considerarem ignorantes, souberam dar ao menino noções realmente importantes
para sua vida, como o amor a Deus e ao Evangelho de Jesus. Ele cresceu sabendo
valorizar a honestidade, o trabalho, o respeito ao próximo, o perdão das
ofensas o bem e a caridade. Já rapaz
Benvindo foi morar numa cidade grande
para continuar os estudos.
Terminado o curso com grande satisfação dos pais, ele
retornou para casa e disse emocionado: - Papai, não sei como agradecer tudo o
que fizeram por mim. Criança abandonada poderia ter morrido de fome e frio,
mas, graças a sua bondade, vim para esta casa como filho que tanto tem recebido
de ambos. Tudo o que sou hoje devo a vocês. Muito obrigado! Enxugando as
lágrimas, Benvindo fitou o pai, já velhinho e encarquilhado, abraçando-o com
profundo carinho. Comovido, João pegou o filho pela mão e levou-o para fora de
casa, onde se descortinava lindo panorama: bem próximo, o jardim cheio de
flores perfumadas; um pouco adiante, do lado esquerdo da casa, as árvores do
pomar, carregadas de frutos. Do lado direito, a perder de vista, a horta, onde
as verduras e legumes produziam fartamente. – Está vendo tudo isto, meu filho?
– Sim, meu pai. É uma imagem que não canso de admirar. Como é bonita a nossa
propriedade! O pai então lhe disse: - Pois bem. Nada disso existia antes de
você vir para cá. Eu e sua mãe, cansados da existência, não tínhamos disposição
para lutar. Passamos até fome muitas vezes. Fez uma pausa, limpou uma lágrima e
prosseguiu: - Quando você chegou meu filho, encheu-nos de esperança e de novo
ânimo. Precisávamos alimentá-lo, vesti-lo, cuidá-lo. Para isso, tivemos de
trabalhar muito, mas o resultado aí está. Abraçando o filho com imenso carinho
e justo orgulho, apontou as terras cultivadas. – Assim, devemos tudo isso a
você! E devo ainda mais. Devo a você, meu filho, a oportunidade que me deste e
a bênção de ser chamado de PAI!... A mãe que chegara, chorando comovida,
aproximou-se e, abraçados ficaram os três por longo tempo...
Tia
Célia
16 0 SUSTO – Rafael era um menino muito arteiro. Desses
que não param um minuto. Desde pequeno dava muito trabalho aos pais, que viviam
tendo de protegê-lo a todo o instante. Assim mesmo, com todos os cuidados,
Rafael completara oito anos e já tinha quebrado a perna, duas vezes, trincado o
osso do braço, a cabeça cortada duas vezes, levando vários pontos, isso sem
contar as quedas, os galos, os arranhões
e os sustos. Cuidar de Rafael não era tarefa fácil! Sempre tinha alguém gritando: - Cuidado Rafael! A sua
mãe recomendava-lhe com carinho: - Meu filho, não corra tanto! – Olhe o buraco!
– Não atravesse a rua! Olhe o sinal fechado!
Mas, Rafael, não dava atenção, sempre apressado. Um dia, voltando da
Escola, Rafael viu um amigo do outro lado da rua e não deu outra. Correu ao seu
encontro. A mãe, que caminhava ao seu lado, não conseguiu detê-lo. Só conseguiu
gritar: - Rafael! Olhe o carro! Porém não deu tempo. O motorista ao ver que o
garoto atravessava a rua correndo, ainda desviou o carro mais não conseguiu
frear o veículo a tempo. Rafael foi
jogado ao chão. Foi aquela correria. Rafael permanecia desacordado, pois batera
a cabeça no asfalto. Alguém chamou a ambulância, e ele foi levado ao hospital.
Felizmente, nada de grave aconteceu.
Enquanto
isso, Rafael percebeu que estava num lugar diferente. Olhou em torno e achou
tudo muito bonito. Nesse momento aproximou-se um rapaz todo reluzente. Sério,
olhou para Rafael e disse: - Por pouco você consegue retornar mais cedo. – Eu?
Retornar para onde? O rapaz respondeu: - Para o mundo espiritual! Não é isso o
que tem tentado sempre? O menino respondeu apavorado: - Não! Não quero deixar
minha família, a escola, os amigos... Sereno, o rapaz considerou: - Então,
tenha mais cuidado, Rafael. Cuide bem do seu corpo, protegendo-o dos perigos.
Ele é um grande amigo que lhe serve e também seu melhor tesouro na existência.
Evite retornar antes do tempo porque a responsabilidade será sua... Nesse momento, Rafael acordou no hospital.
Abriu os olhos e viu as fisionomias preocupadas do pai e da mãe, que ficaram
felizes ao vê-lo acordar, e eles começaram a chorar. – Não chorem!... Disse o
menino – Prometo-lhes que, daqui em diante, terei mais cuidado. E contou aos
pais a conversa que tivera com o moço luminoso, e eles entenderam o que tinha
acontecido com Rafael. Era a resposta do Senhor às suas orações. Juntos,
elevaram os pensamentos em prece, agradecendo a Deus. A partir desse dia,
Rafael transformou-se num outro menino. Continuava a ser criança, brincava,
jogava bola e se divertia, como garoto, porém, agora tinha mais cuidado e respeito
pelo seu corpo e pela sua existência...
Tia
Célia.
17- SEM ESPERAR
RETRIBUIÇÃO - Carla atravessava um bosque a caminho de sua casa, quando ouviu
gritos não muito distantes. Apesar de ter apenas sete anos, a menina gostava de
ser útil sempre que podia. Então, preocupada, ela pôs-se a procurar. Seguindo o
som da voz, ela chegou perto de um barranco. Olhando para baixo, a menina viu
um garoto caído que tentava subir pelo barranco, sem conseguir. Ela então lhe
perguntou o que tinha acontecido. Irritado, o garoto respondeu: - Não está
vendo? Quase caí no precipício! Tire-me daqui! Estou com a perna ferida e não
consigo sair sozinho!... Cheia de boa vontade, a menina procurou alguma coisa
que servisse de apoio, para retirá-lo daquele lugar perigoso. Olhando em volta,
ela viu um galho de árvore caído. Arrastou-o com muita dificuldade até o
barranco e, apoiando-o na borda, fez que escorregasse lentamente até onde
estava o menino. Não demorou muito, apoiando-se no galho, ele conseguiu sair
daquele lugar. Cansado, sentou-se no chão, aliviado. A menina, contente, batia
palmas de satisfação, dizendo: - Conseguimos! Conseguimos!... O garoto que
tinha uns dez anos, era bem maior que ela. Olhou-a de alto a baixo e não
respondeu, mas pensou: “Eu consegui!”.
Depois, ele
tentou levantar-se, mas sentia muita dor. Então, ordenou à menina: - Ajude-me a chegar até em casa.
Humilde e prestativa, Carla ofereceu-lhe o ombro para servir de apoio. Chegando
a casa dele, que ficava um pouco longe, ele parou no portão. – Agora pode ir
embora, menina. Não preciso mais de você. A mãe do garoto, que estava ali perto
cuidando de umas flores, viu-o chegando e ouviu o que o filho disse. Preocupada
foi até o portão. – O que houve Lauro? – Eu caí num barranco e machuquei a
perna, mamãe. Ela abaixou-se para examiná-lo, e depois concluiu: - Não foi
nada. Deve estar doendo bastante porque está ferida, mas logo ficará boa de
novo. Em seguida, olhando para a menina, perguntou ao filho: - E essa linda
garota, quem é? Sua amiga, Lauro? – Não. Não a conheço e nem seu o nome
dela. É apenas alguém que apareceu por
lá!
Surpresa, a
mãe sorriu para a menina, que informou: - Meu nome é Carla, senhora. Estava
indo para casa, quando ouvi gritos. Então achei seu filho que quase caíra no
precipício! - Ah, então o tal barranco
era do precipício?... E aí você ajudou
meu filho? Carla contou-lhe como fez para ajudá-lo e trazê-lo até ali. A mãe
de Lauro estava impressionada. – E você mora aqui perto, Carla? – Não senhora.
Moro num sítio bem longe, do outro lado do bosque. Mais surpresa ainda com a
resposta, ela olhou séria para o filho que ouviu a conversa, constrangido, e
disse com incredulidade: - Então meu
filho, esta linda menina, da qual você nem sequer sabia o nome, o encontrou
machucado, caído no barranco, naquele lugar ao qual você estava proibido de ir,
e ajuda-o a sair da lá. Não contente com isso, acompanha-o até em casa e você
despede-a sem dizer nem “obrigado”?
O menino
ouviu o que a mãe disse e, somente naquele instante percebe como tinha sido
mal-educado e grosseiro com a menina. Abaixou a cabeça, envergonhado, depois
abre a boca para agradecer, quando Carla o impede. – Não é preciso, Lauro. O
que eu fiz não foi esperando agradecimento. – E por que ajudou um garoto
mal-educado e desconhecido?... –
perguntou a senhora, perplexa. – Foi minha mãe que ensinou, e eu aprendi, com
Jesus, que devemos fazer aos outros tudo o que gostaríamos que, por sua vez, os
outros nos fizessem, e sem esperar retribuição. Lauro estava vermelho de
vergonha. –Desculpe Carla. Agi mal com você, mas gostaria realmente de
retribuir de alguma maneira o que fez por mim! A menina respondeu: - Então,
Lauro, quando você tiver uma oportunidade, faça o mesmo para alguém em
dificuldade.
A senhora, emocionada, deu um grande
abraço em Carla, assegurando-lhe: - Carla! Eu faço questão de levá-la até sua
casa. Quero conhecer sua mãe, que deve ser tão boa quanto você. E a partir de hoje, desejo que sejamos grandes
amigas!...
Meimei
(Mensagem recebida através da
psicografia
de Célia Xavier de Camargo)
18 UM
CONTO DE NATAL – Num país distante, em certa região muito pobre uma menina
caminhava. Karina era filha de humilde camponês que com muita dificuldade
conseguia manter a família. Assim, não raro faltava o necessário em casa e a
menina ia dormir com fome. Dotada de bom coração, ela ajudava a mãe nos
afazeres domésticos e executava suas tarefas sem jamais reclamar. Certo dia, a
menina saíra cedinho para apanhar gravetos na floresta, para acender o fogo e
mantê-los aquecidos. Estava muito frio e a menina caminhava com dificuldade. A
neve caíra durante a noite, parando ao amanhecer. Agora, porém, nuvens escuras
prenunciavam nova tempestade. Era preciso se apressar e olhando para o chão, a
garotinha viu um pequeno embrulho meio encoberto pela neve. Ela apanhou-o e
abriu. Ficou muito surpresa e satisfeita ao ver que era um pão que alguém,
certamente sem perceber, havia deixado cair. Seu primeiro pensamento foi
devolvê-lo ao dono, mas, como encontrá-lo? Seria impossível, ainda mais com a
tempestade se aproximando. Karina guardou-o com cuidado na sacola, pensando na
alegria da sua mãe quando visse o pão. Não era grande, mas daria para
alimentar. Ela apressou o passo, pois nada comera naquela manhã e ansiava
chegar a casa levando a boa surpresa.
Nisso, ela
viu à beira da estrada alguém estendido no meio da neve. Estava coberto com um
manto velho e roto. Aproximou-se e percebeu que era um velhinho quase
enregelado de frio. – O que o senhor tem? Posso ajudá-lo? – perguntou com
gentileza. O ancião abriu os olhos e viu a menina debruçada sobre ele, cheia de
preocupação. Com voz fraca, disse: - Ah! Foi Deus quem mandou você aqui! Estou
muito fraco e não tenho forças para me levantar. – O senhor está doente? – Não,
menina, estou com fome. Caminhei muito e, sem dinheiro, nada pude comprar para
comer, respondeu o velho. Karina lembrou-se do pão que tinha guardado na
sacola. Sua barriga roncava, mas, cheia de piedade, não teve dúvidas. – Senhor
por sorte eu tenho aqui um pão. Tome, ele é seu!
O velhinho
arregalou os olhos e agarrou, satisfeito, o pão sem poder acreditar em tamanha
bênção, comendo-o com sofreguidão. Em seguida, Karina levou-o até sua casa,
pouco distante dali, para que se aquecer junto à lareira, pois a tempestade não
tardaria a cair. Ao chegarem, a mãe de Karina recebeu-os com largo sorriso,
explicando:
- Somos
muito pobres, como pode ver, e nada teremos para lhe oferecer senão calor,
amizade e uma boa caneca de chá quente. Seja bem-vindo ao nosso lar!
Era véspera
de Natal. O velhinho percebeu que, tal como ele, a família também estava
passando por duras privações. Sabia que, naquelas condições, a menina nada
esperava ganhar naquele Natal, ficando feliz se tivesse algo para comer. Mais
reanimado, ele deixou a casa sem dizer para onde ia. Era tarde quando o pai de
Karina chegou com um grande sorriso no rosto. Ganhara algumas coisas do patrão:
um grande pão, leite de cabra, carne e algumas ameixas secas. Para eles isso
era uma festa! Afinal, teriam uma verdadeira refeição! Karina ajudou a mãe
arrumando a mesa para a ceia, enquanto pensava onde estaria o velhinho que
socorrera naquela manhã. Que estranho ele ter sumido daquele jeito!
Preparavam-se
para saborear a refeição, quando alguém bateu à porta. Era o velhinho. Ele se
aproximou de Karina entregando-lhe um pequeno embrulho malfeito. Contendo a
respiração, a menina abriu o pacote. Era uma boneca de madeira! Tinha rosto
delicado, grandes olhos, cabelos ondulados e um sorriso cativante. Não faltava
sequer a roupa que o bom velhinho improvisara amarrando alguns trapos. Vendo
que a menina não dizia nada, ele perguntou: - Gosta? Não foi fácil encontrar a
madeira certa para ser trabalhada. Dediquei grande parte do meu dia para
fazer-lhe este presente. Feliz Natal! Com os olhos cheios de lágrimas, ela
falou com voz embargada: - Ela é linda! Sempre desejei ter uma boneca! Muito
obrigada. O senhor é um verdadeiro artista. Que Jesus o abençoe! - Eu é que tenho de lhe agradecer, boa
menina. Se não fosse você, provavelmente essa hora eu já estaria morto...
Naquela
noite, quando se sentaram em torno da mesa para orar, tinham muito que
agradecer a Jesus. Agradecer por estarem juntos e com saúde, apesar das
dificuldades. Agradecer a existência, concedida pelo Criador, que fazia com que
seus corações vibrassem num grande hino de amor ao próximo. Naquele momento
sentiam-se dominados por imenso sentimento de fé e de esperança em dias
melhores. Agradecer, especialmente, a vinda de Jesus ao mundo. Aquela noite,
representava uma nova era para a Humanidade, pois era a noite em que Jesus nascera, para trazer seu Evangelho, a boa nova, que
iria direcionar a vida dos povos pelos séculos, mostrando aos homens que todos
são irmãos perante Deus, e que devem aprender a se amar mutuamente, segundo o
princípio do “fazer aos outros o que queremos que os outros nos façam”.
O velhinho
não tinha família e vivia sozinho a perambular pelas estradas. Sabendo disso,
os pais de Karina o convidaram a morar com eles. O velhinho arranjou trabalho
numa propriedade próxima como entalhador, feliz por poder colaborar nas
despesas da casa. A amizade entre eles se fortaleceu com o tempo, para alegria
de todos, tornando-se parte de uma família feliz...
Tia Célia.
19 A LOJA DE DEUS – Uma certa pessoa passando
por uma loja, ficou admirada ao ler a placa, e entrou. Um Espírito atendia ao
balcão. A pessoa perguntou: - Santo anjo do Senhor, de que natureza é a
mercadoria desta loja? O Espírito respondeu solícito: - Aqui temos todos os
dons de Deus. – E custa caro?- retrucou a pessoa. – Não, é tudo de graça.
Observando bem viu jarros de fé, pacotes de esperança, caixinhas de salvação,
vidros de sabedoria... a pessoa então tomou coragem e pediu: - Por favor, quero
muito amor de Deus, todo o perdão D’ele, um vidro grande de fé e caridade,
muitos pacotes de felicidade, algumas dúzias de esperança; embrulhe também uma
dúzia de paciência, duas caixas de tolerância, três potes de boa-vontade,
quatro jarros de reforma íntima, um fardo de disciplina e bastante sabedoria...
– O Espírito respondeu: - Pois não, aguarde só um momento. A pessoa pediu
ainda: - Ah, dê-me ainda um copo de compaixão, um litro de humildade, duas
medidas de benevolência, três dozes de simplicidade e...
Esqueceu-se
de mais alguma coisa? – Perguntou o Espírito, notando-o hesitante. – Se por acaso
houver, quero também um antídoto para o egoísmo, a maledicência, o orgulho, o
personalismo, o preconceito, a vaidade,
inveja e ambição. – Respondeu o benfeitor com bondade: Não temos o antídoto,
mas tudo o que o irmão pediu cura esses males e muitos outros também. - É
mesmo? Que bom, então é só isso. – O Espírito foi até o fundo da loja e voltou
com um embrulho que cabia na palma da mão. A pessoa perguntou: - Está tudo
aqui, neste embrulho tão pequeno? – Sim, meu irmão. E incluí mais três gotas de
trabalho desinteressado, por recomendação do Senhor. – Mas?... – O Espírito ainda complementou: - Meu irmão,
na Loja de Deus não distribuímos os
frutos, somente as sementes, para o cultivo de cada um...
Autor desconhecido
20 AS TRÊS
ORAÇÕES DAS ÁRVORES- Antiga lenda conta
que três árvores ainda jovens pediram a Deus, lhes concedessem destinos
gloriosos e diferentes. A primeira disse que desejava ser empregada no trono
mais soberano da Terra; a segunda pediu para ser utilizada na construção de uma
condução que transportasse os tesouros desse rei poderoso; a terceira desejava
ser transformada numa torre, nos domínios desse rei, para indicar o caminho do
Céu. Um mensageiro angelical disse às árvores que o Todo-Poderoso lhes atenderia
as petições.
Tempos
depois, lenhadores vieram e cortaram as árvores. Arrastadas para fora do
ambiente familiar, e confiadas nas promessas do Supremo Senhor, se deixaram
conduzir humildemente. A primeira, foi entregue a um criador de animais que
mandou convertê-la num cocho destinado a alimentar os animais; a segunda, foi
adquirida por um velho que construía barcos; a terceira, foi guardada numa cela de malfeitores para
servir em momento oportuno. As árvores mesmo separadas não deixaram de
acreditar na promessa do Eterno.
No bosque,
as outras árvores tinham perdido a fé no valor da oração, quando após anos,
ficaram sabendo que as três pedintes haviam obtido as concessões solicitadas. Quais
seus destinos?
A primeira,
forrada de panos singelos foi onde Maria de Nazaré colocou o menino Jesus, servindo de berço ao Messias;
a segunda, utilizada num barco, serviu a Jesus para transmitir sobre as águas,
muitos dos seus belos ensinos; a terceira foi convertida numa cruz,
apressadamente, em Jerusalém, seguiu com Jesus para o monte, e ali, ereta,
indicou o verdadeiro caminho do Reino Celestial.
Cada oração
foi atendida de maneira diferente... Sempre pedimos o que nos parece bom, mas
estejamos certos de que Deus nos concede sempre o que é melhor para nós...
Moral da
história: Todos nós podemos endereçar a Deus, em qualquer parte
e em qualquer tempo, as mais variadas preces, orações, no entanto, nós
precisamos cultivar a paciência e a humildade, para esperar e compreender as
respostas de Deus.
Autor
Desconhecido
21- UMA
ÁRVORE ESPECIAL - Alguém já ouviu falar
de uma árvore que, além de dar frutos, dava comida: feijão, arroz, carne? Pois
é, essa árvore existiu e era uma árvore muito especial, porque foi o início de
uma linda história.
Era uma vez uma senhora muito bondosa que se
chamava Maria. Em frente de sua casa havia uma linda árvore. Dona Maria,
preocupava-se com as pessoas que passavam fome perto de sua casa. Ela, então,
arrumou um jeito de ajudar: todos os dias pendurava na árvore em frente de
casa, um saco e dentro dele arrumados em caixas de leite previamente
limpas, colocava comida: arroz, feijão,
pão, carne e o que mais houvesse para o almoço em sua casa.
Com o tempo,
Dona Maria percebeu que o saco de comida desaparecia assim que era colocado na
árvore em frente de sua casa. Curiosa, um dia ela ficou espiando e viu um
menino, com cerca de seis anos de idade, usando roupas rasgadas, esperava pela
comida e sentava à sombra da árvore para saboreá-la. Tito comia com vontade, pois
em sua casa, muitas vezes, não havia o que comer. Ele morava com a mãe, viúva e
com mais três irmãos menores.
A bondosa
senhora resolveu, então, se aproximar do menino, a fim de ajudá-lo. Puxou
conversa e prometeu a ele para o dia seguinte, um bolo de chocolate e, assim
eles foram se conhecendo melhor. Logo os dois estavam almoçando juntos e Dona
Maria caprichava na comida para que o menino crescesse forte e saudável. Quando
a mãe de Tito adoeceu e não pôde trabalhar, Dona Maria preparou mais comida,
para que também houvesse almoço para os outros irmãos e sua mãe.
Nos anos que
se seguiram, Dona Maria incentivou-o a estudar, dando a ele o material escolar
e acompanhando seus progressos na escola. A família de Tito também foi
encaminhada para receber auxílio no Centro Espírita onde Dona Maria
frequentava, recebendo roupas, alimentos, orientação profissional e espiritual.
Ambas as senhoras, se tornaram amigas, frequentando junto, o grupo de estudos
do qual participava também Tito e seus irmãos.
O menino
crescia em idade e em saber: era um aluno dedicado e sempre mostrava orgulhoso,
o boletim para a sua protetora, que ficava contente ao perceber que o menino
estudava bastante e era um aluno exemplar. O tempo passou, a amizade dos dois
se fortaleceu e logo Tito era um adolescente. Alguns anos depois, quando o
jovem arrumou o primeiro emprego, Dona Maria foi a primeira ‘a saber’ que ele
iria trabalhar na fábrica perto de sua casa.
Enquanto
Dona Maria se tornava uma velhinha muito simpática, Tito se transformava em um
adulto, e, cada vez mais, era um homem responsável, caridoso e de bem. Quando
Dona Maria adoeceu, Tito e a namorada dele cuidaram dela durante muito tempo. E
foram eles que escutaram as últimas palavras que Dona Maria pronunciou antes de
se libertar da encarnação:
- Que bom
que vocês estão comigo, hoje. É mesmo verdade; o bem que se faz aos outros,
sempre retorna para nós...
Cláudia Schmidt
22- UM
PRESENTE POR PASSAR DE ANO – Laura estava muito chateada e foi reclamar ao pai:
- Por que a Maria ganhou uma bicicleta por passar de ano e eu não ganhei nada?
Eu também tirei boas notas...
O pai sabia
que, às vezes, era difícil Laura entender algumas decisões, mas ele tinha
convicção de que estava dando a melhor educação para a filha bem amada. Assim,
ele iniciou a explicação com calma, perguntando se ela lembrava-se das regras
da família. A menina disse que sim, e o pai perguntou quais eram os deveres
dela como filha. – Obedecer e respeitar os pais, ajudar nas tarefas de casa,
não brigar com a irmã, estudar... – As regras auxiliam para o bem-estar de
todos, não é? A menina concordou com a cabeça e o pai continuou: - Você recebe
salário por isso? - Recebo uma mesada –
disse Laura. O pai então lembrou a ela que a mesada não era pagamento por ela
cumprir suas obrigações, mas sim, uma maneira dela aprender que as coisas
materiais custam dinheiro e que não podemos comprar tudo o que queremos.
- Não vamos lhe dar um presente por você
passar de ano ou por ter sido uma boa menina – disse com firmeza, o pai. O bem
deve ser realizado porque é o correto a fazer e não porque vamos ganhar algo em
troca. Ele fez uma breve pausa, para convidar a filha a chegar mais perto, a
fim de que pudesse acariciar seus cabelos. Quando ele continuou, era possível
perceber a sinceridade e o amor em suas palavras: - Você ainda não percebeu,
mas fazer o bem traz felicidade. Um dia, minha filha, você vai entender que
devemos fazer o que é correto, para não colhermos os frutos de nossas más
escolhas. Quem escolhe o mal, também escolhe o sofrimento, que é a consequência
futura daquela escolha.
- Mas ganhar
uma bicicleta seria um bom incentivo – esse era o último argumento da garota. O
pai respondeu: - Todos têm o livre-arbítrio. E nós, seus pais, escolhemos não
comprar a sua dedicação aos estudos com uma bicicleta ou uma roupa nova, mas
explicar a você sobre a lei de Causa e Efeito. Laura já tinha ouvido falar
muitas vezes nessa lei. É a lei da colheita; podemos escolher o que plantar: o
bem ou o mal, mas colheremos o que plantarmos. – Já sei... Não posso plantar
tomates e colher cebolas, não posso fazer o mal e querer colher coisas boas.
- Isso
também se aplica aos seus estudos. Os pais podem esclarecer, mas quem escolhe é
o filho. E, com certeza, você não vai ganhar um presente por ter feito a
escolha certa, que é estudar com seriedade e valorizar o que está aprendendo.
Você mesma vai colher as venturas no futuro.
Aliás, não conheço ninguém arrependido de ter estudado.
Laura
concordou um pouco contrariada ainda, afinal, não é fácil crescer em uma
família, sem promessas e sem recompensas imediatas. Mas tarde ela entenderia
que as lições recebidas na infância foram importantes para que ela escolhesse o
bem que traz a felicidade...
Cláudia Schmidt
23- O CÍRCULO DO ÓDIO -
1 O
diretor de uma empresa gritou com seu gerente porque estava irritadíssimo;
2 o gerente, em casa, gritou com sua esposa, acusando-a
de gastar demais;
3 a esposa, gritou com a empregada, que acabou
deixando um prato cair no chão;
4 a
empregada chutou o cachorrinho no qual tropeçara, enquanto limpava os caco de vidro;
5 o
cachorrinho saiu correndo de casa e mordeu uma senhora que passava na rua;
6 a senhora foi à farmácia para fazer um
curativo e tomar uma vacina. Ela gritou com o atendente porque a vacina doeu ao
ser aplicada;
7 o
farmacêutico, ao chegar em casa, gritou com a esposa porque o jantar não estava do seu agrado;
8 sua esposa afagou seus cabelos e o beijou,
dizendo: - Querido! Prometo que amanhã
farei seu prato favorito. Você trabalha muito. Está cansado e precisa de uma
boa noite de repouso Vou trocar os lençóis da nossa cama por outros limpos e
cheirosos para que durma tranquilo. Amanhã você vai se sentir melhor. Ela então se retirou e deixou-o sozinho com
seus pensamentos...
Nesse
momento rompeu-se o Círculo do Ódio. Esbarrou, ele, na tolerância, na doçura, no perdão e no amor. Se você está no Círculo do ódio, lembre-se que ele pode ser quebrado.
Não mude sua
natureza. Permaneça tranquilo. Se alguém te faz algum mal, apenas esqueça e
siga em frente fazendo o bem. Algumas pessoas buscam a felicidade e não a
encontram, enquanto outras a possuem.
Preocupe-se mais
com sua consciência do que com sua reputação. Porque sua consciência é o que
você é, e sua reputação, é o que os outros pensam de você. E o que os outros
pensam, É PROBLEMA DELES...
( Autor
desconhecido)
24 - UM
NOVO DIA - Neste novo dia... Prometa a si mesmo:
Ser tão forte que nada perturbe a paz de sua
mente.
Falar
de felicidade, saúde e prosperidade a cada pessoa que encontrar.
Fazer sentir aos seus amigos que há algo de
valor neles.
Ver o lado brilhante de cada coisa e conseguir
o otimismo por meio dele.
Pensar, trabalhar e esperar a cada dia, somente o melhor.
Ser
tão entusiasta pelo êxito dos demais como pelo seu próprio.
Esquecer os erros do passado e insistir para
conseguir grandes realizações.
Exibir
um aspecto atraente e obsequiar cada pessoa com um sorriso.
Procurar seu melhoramento pessoal que não sobre tempo para críticas.
Ser
demasiado grande para preocupar-se, demasiado nobre para irar-se.
Demasiado
feliz para permitir a presença de problemas a perturbar sua FÉ...
Cristian
25- O MAIS DIFÍCIL -
Diante das águas calmas, Jesus refletia. Afastara-
se da multidão,
momentos antes. Ouvira deboches e sarcasmos. Vira chagas e aflições. O
Mestre estava pensativo...
Tadeu e
Tiago, João e Bartolomeu aproximaram-se.
Aquele era um momento raro e ensaiaram
algumas perguntas.
- Senhor, qual
é o mais importante aviso da Lei na existência dos homens? –perguntou
João. E o divino amigo passou a
responder:
- Amemos a Deus
sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos.
- E qual é a virtude mais preciosa? - indagou Tadeu.
- A humildade.
- Qual o talento mais nobre, Senhor? - falou Tiago.
- O trabalho.
- E a norma de triunfo mais elevada? –
interrogou Bartolomeu.
- A persistência no bem.
- Mestre, e qual é, para nós todos, o mais alto
dever? – aventurou Tadeu.
- Amar a todos, a todos servindo sem distinção.
- Oh! Isso é quase impossível! – gemeu o
discípulo.
- A malde é
atributo de todos. Faço o bem quanto posso, mas, recolho apenas espinhos de
ingratidão – clamou Tiago.
- Vejo homens bons sofrendo calúnias por toda
parte – acentuou outro apóstolo.
- Tenho
encontrado mãos criminosas toda vez que estendo as mãos para auxiliar - Disse
outro.
E
as mágoas foram desfilando diante do Mestre silencioso.
-
João, contudo, voltou a interrogá-lo:
-
Senhor, que é mais difícil? Qual a
aquisição mais difícil?
Jesus sorriu e
declarou: - A resposta está aqui mesmo em vossas lamentações. O mais difícil é
ajudar em silêncio, amar sem crítica, dar sem pedir, entender sem reclamar... A
aquisição mais difícil para todos nós chama-se... PACIÊNCIA.
Hilário Silva
(Extraído do
livre “A Vida Escreve”-
psicografado
por Francisco C. Xavier).
Jc
S. Luís, 7/9/2012
Refeito em
10/10/2017