sexta-feira, 22 de maio de 2015

LYCURGO NEGRÃO




  Filho de Pedro Negrão e Maria Augusta Scarpin Negrão, Lycurgo Negrão, nasceu na cidade de Morretes, no litoral  paranaense,  em 16 de maio de 1916. Iniciou seus estudos no Grupo Escolar Miguel Schleder em sua cidade natal, onde cursou o ensino primário.  Em 1930, sua família mudou-se para a cidade de Ponta Grossa. Lycurgo foi matriculado no Liceu dos Campos e nesse educandário fez o curso preparatório para o exame de admissão ao Ginásio Regente Feijó, onde cursou o primeiro ano ginasial e em 1932, sua família se transferiu para Curitiba, onde foi matriculado no Ginásio Paranaense.
Posteriormente casou-se com Jaqueline Negrão e foi convocado para o serviço militar em 1938 e incorporado à 1ª Companhia de Transmissões na Guarnição Militar de Curitiba. Decidido a permanecer no Exército Brasileiro, seguindo a carreira militar, serviu no 2º Batalhão Ferroviário, sediado na cidade de Rio Negro, no Paraná, e depois na Comissão de Estradas de Rodagem, em Ponta Grossa, para onde foi transferido em 1948, permanecendo nessa unidade até sua transferência para a Reserva Renumerada no Exército em 1963.
Embora nascido em família católica, conheceu a doutrina codificada por Allan Kardec, tornando-se espírita. Em 1949 ingressou na Sociedade Espírita Francisco de Assis de Amparo aos Necessitados, na qualidade de vice-presidente do Departamento de Juventude, hoje União da Mocidade Espírita Cristã, e diretor do jornal Voz da Espiritualidade, periódico de divulgação doutrinária, e ao longo de sua trajetória teve a colaboração de espíritas como Guaracy Paraná Vieira, Vitor Ribas Carneiro, entre outros.
Ele mobilizou os jovens da União da Mocidade Espírita Cristã, em 1950, criando a Escola Espírita Alvorada Nova onde era ministrada a evangelização nas tardes de sábado em uma favela na região do Olho d’água São João de Maria. Para aquele local era levada sopa feita na Mansão Bezerra de Menezes e distribuída para as pessoas necessitadas, ao mesmo tempo em que se realizava visitação às famílias com a leitura do Evangelho. Ali, Lycurgo fundou mais tarde a Casa Transitória Fabiana de Jesus. Como ele se preocupava com a infância desamparada, a Mansão tinha como objetivo, abrigar e
educar meninos órfãos dentro dos princípios do Espiritismo Cristão. Esse trabalho idealizado por ele foi incentivado por Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco.
No movimento espírita de Ponta Grossa ele foi vice-presidente da Sociedade Espírita Francisco de Assis do Amparo aos Necessitados, diretor do Albergue Noturno Álvaro Holzmann, diretor da Livraria Espírita A Educadora e coordenador de assistência espiritual no Lar Hercília Vasconcelos. Sempre preocupado com os problemas sociais, auxiliava os desvalidos, seja através da compra dos remédios, do auxílio financeiro e até mesmo patrocinando os funerais, na hora extrema da existência física, tendo mantido um crédito com uma funerária onde comprava os caixões em prestações.
A Casa Transitória Fabiana de Jesus passou a criar diversos departamentos como o Clube de Mães, com atendimento às gestantes e o Clube das Meninas onde elas a partir dos 12 anos aprendiam trabalhos manuais, artesanatos e participavam das  atividades esportivas para uma formação cristã. Em 1963, preocupado em proporcionar aos jovens carentes uma formação profissional na área agrícola, adquiriu vinte e dois alqueires de terras no distrito de Guaragi, onde fundou uma Granja Escola denominada Cantão Pestalozzi. 
Em 14 de abril de 1964, Lycurgo Negrão criou o Liceu Pestalozziano de Evangelização Espírita, destinado ao estudo sistematizado da Doutrina Espírita, com o objetivo de atender as crianças que vinham acompanhadas de suas mães assistirem às preleções doutrinárias. No ano de 1967, naquele mesmo local, Lycurgo e outros companheiros criaram a Fundação Educacional Pestalozzi, com o objetivo de propugnar a formação moral, cívica, cultural e religiosa da família, especialmente da infância e da juventude desvalida, educando-as sob as luzes do Espiritismo. Participou também da fundação do Quartel Juvenil Paulo de Tarso, que atendia meninos órfãos ou cujos pais não tinham condições de criá-los e, como instituição para abrigo e proteção a crianças, teve em média vinte e quatro meninos amparados pela instituição.
Como intelectual e poeta, L         ycurgo utilizou-se do pseudônimo Porthus Mariani para assinar seus poemas e textos. Foi ele membro
da Academia de Letras de Campos Gerais, ocupando a cadeira nº dois.        No apagar das luzes de 2012, mais precisamente no dia 28 de dezembro, Lycurgo teve de ser internado, com suspeita de mal de maior gravidade. Dona Jaqueline sua companheira, pediu ao médico que traçasse o quadro real do estado de saúde do seu esposo. O diagnóstico: Câncer no fígado. Nada a fazer senão dar-lhe toda a assistência até a hora do desenlace. “Morreu em meus braços”, disse ela a todos sem poder conter o choro.
Foram 96 os anos da última existência desse espírita morretense, dedicados à Doutrina Espírita, à assistência social aos desafortunados e à família que ele constituiu com filhos adotivos. Certamente o plano espiritual o recebeu com muita alegria. Lycurgo Negrão desencarnou em Ponta Grossa no dia 29 de dezembro de 2012, sendo seu corpo sepultado no dia 30, no cemitério Água Verde, em Curitiba – Paraná.

Fonte:
Fábio Maurício Holzmann Maia – Diretor de Pesquisa e História do Espiritismo nos Campos Gerais/União Regional Espírita 2ª região.

Jornal “O Imortal”- 01/2015
Marinei Ferreira Rezende
+ Supressões e modificações.

Jc.
São Luís, 25/01/2015