sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

ANNA PRADO

ANNA PRADO Anna Prado nasceu na cidade de Parintins (AM.), no ano de 1883, e ali, participou efetivamente do Grupo Espírita Amor e Caridade. Casada com o Sr. Eurípedes Prado, foi mãe de três filhos: Erastóstenes, Alice e Antonina, médium psicógrafa. O seu marido a obrigava a ir ao Centro Espírita para trabalhar nas reuniões mediúnicas, mas, assim que Anna saia da reunião corria para a igreja para se confessar, porque achava que havia pecado. Anna era católica e, nessa época, não sabia nada sobre sua mediunidade. Porém, no período de 1918 a 1921, começaram a ocorrer diversos fenômenos de materialização de Espíritos que sacudiram o Brasil, especialmente na cidade de Belém do Pará, onde fenômenos físicos diversos – materializações, fotografias transcendentais, transportes e mensagens por meio da escrita direta – aconteciam, graças às faculdades mediúnicas de Anna Prado. As primeiras manifestações ocorreram em 12 de junho de 1918. Num fenômeno de transporte, os Espíritos fizeram aparecer, sobre pequena mesa situada em uma sala devidamente fechada, uma bela flor, que, de forma poética, simbolizava a avalanche de prodigiosas comprovações da imortalidade da alma que aquele pequeno grupo presenciaria ao longo de três anos. Os fatos começaram pelas comunicações tiptológicas, seguindo depois nas mais variadas formas: moldagem de parafina. Apports, materializações de Espíritos, fotografias e, por fim, a escrita direta. As materializações se realizavam de forma a não deixar dúvidas, pois a forma humana se apresentava de modo completo, enquanto a médium era encerrada numa gaiola de ferro, sob controle dos assistentes. Sobre essa fase, escreveu o Sr. Prado: “Os fenômenos observados em minha casa, cercado de meus filhos, foram franqueados, no princípio, a um pequeno círculo de amigos. Mais tarde esses amigos, começaram a pleitear o ingresso de outras pessoas. Houve relutância por parte de Anna Prado em ceder, mas, como os pedidos foram tantos, ela consentiu, e também que fosse divulgado pela imprensa. Como não bastassem tais produções, por si mesmas já bastante convincentes, os Espíritos também realizaram materializações”. Dentre os Espíritos materializados destacou-se Raquel, que fora filha de Frederico Figner. Raquel apareceu pela primeira vez no dia 2 de maio de 1921. Assim que a viu, D. Ester, a mãe, exclamou: “É Raquel!” e o Espírito respondeu: “Mamãe, mamãe!...” Raquel ainda se materializou em mais duas sessões e despediu-se. A materialização fora completa: o Espírito andou pela sala, acariciou e beijou as faces da mãe e do pai, que tiveram a impressão de que ela possuía o corpo de carne e osso. Os gestos, o corpo, a forma, o vestido acima do tornozelo, tudo era absolutamente de Raquel. Em uma das suas materializações, Raquel pediu à mãe que deixasse de usar luto, pois, como ela afirmava, era ela muito feliz em sua nova condição. O fato foi relatado pelo próprio Frederico Figner, depois de desencarnado, em seu livro “Voltei”, psicografado por Chico Xavier. Apesar da veracidade dos fenômenos, Anna Prado foi acusada de fraude, e seu maior adversário foi o padre francês Florêncio Dubois, que fez cerrada campanha contra ela pelos jornais da capital, com acusações infundadas, repetindo sempre, no final: “Eu tudo explico pela fraude, sempre pela fraude”. O padre fez várias tentativas, mas nunca conseguiu autorização para participar das sessões, fato que o deixou ainda mais irritado. A escrita direta, como dissemos, foi um dos fenômenos observados nas sessões com Anna Prado. Eles ocorriam à plena luz, fato este atestado por Manoel Quintão e relato em seu livro “Fenômenos de Materialização”, nestes termos: A primeira sessão realizou-se à plena luz. Nela, foi obtida a escrita direta, o transporte de objetos, a manipulação de flores em parafina, esta com luz graduada. A mensagem escrita, dizia: “Sofram com coragem as injúrias do padre”. Os fatos mediúnicos expandiram-se pelo mundo afora, sendo publicado um relato do caso na “Revue Métapsychique” nas edições nº 1 de 1922 e nº 2 de 1923. Igualmente Gabriel Delanne registrou o fato: “Essas sessões se fizeram debaixo de fiscalização minuciosa. Muitas vezes era a Sra. Prado fechada numa gaiola, e os Espíritos se materializavam do lado de fora e essas experiências se reproduziram em vários lugares, com o mesmo êxito”. Anna Prado desencarnou no dia 24 de abril de 1923, em Belém do Pará, em um acidente, mas seu nome ficou registrado nos anais do psiquismo como uma das muitas mártires enxovalhadas pelos sectaristas e vítima da inconsciência das paixões. Na noite de 24 de fevereiro de 1955, na sede do Grupo Espírita Meimei, em Pedro Leopoldo, o médium Chico Xavier serviu de medianeiro ao Espírito de Anna Prado. Usando de uma simplicidade tão sua, Anna fez breves considerações sobre sua tarefa mediúnica no plano físico e o objeto de sua dedicação no plano espiritual, em que se dedicava agora ao trabalho “mediunidade de efeitos espirituais”. Na mensagem, a entidade enfatiza ainda os perigos a que se expõe o médium de efeitos físicos, que corre o risco de crer-se mais do que em verdade é, sendo apenas, mero instrumento intermediário do invisível e depositário das bênçãos divinas. Porém, entregando-se à ilusão da superestima devastadora, entrega-se, também, às entidades inferiores, incursionando em obsessões de duras provações. Por fim, ela fala sobre o perigo que representa a vaidade: “A vaidade a que nos afeiçoamos com as nossas tarefas, é o rochedo oculto, junto ao qual a embarcação da nossa fé mal conduzida nos prejudicando o empreendimento, buscando estender o nevoeiro do descrédito ao ideal que esposamos, valendo-se, para isso, de nosso próprio desmazelo”. Em junho de 2012, a FEB publicou, de autoria de Samuel Nunes Magalhães, o livro “Anna Prado: a mulher que falava com os mortos”. Bibliografia: Marinei Ferreira Rezende Jornal “O Imortal” de 11/2012 Jc. São Luís, 25/11/2012