sábado, 13 de fevereiro de 2010

JESUS E OS EXCLUIDOS

JESUS E OS EXCLUIDOS

Atualmente fala-se muito dos excluídos da sociedade. Para entender essa situação, temos que voltar ao passado, e saber por que Jesus criou um sistema grupal para transmitir os seus ensinamentos.

Na época de Jesus, era comum na Palestina, a formação de grupos para defender uma causa ou o interesse comum dos seus componentes. Numa análise rápida dos principais grupos, evidencia-se para nós, o motivo pelo qual Jesus formou o seu próprio grupo de seguidores, que observavam as suas sentenças e buscavam o aprendizado e a vivência dos seus ensinamentos transferidos através das parábolas...

O primeiro grupo que avaliaremos será o dos Fariseus, cuja palavra originária do hebraico, significava separação, divisão. As características deste grupo eram: obediência cega à Lei Oral, a observância religiosa colocada acima do nacionalismo judaico, sendo servos das práticas exteriores do culto e das cerimônias; a pregação do proselitismo, mas não aceitavam inovações. Eles acreditavam na suprema sabedoria com que Deus conduz todas as coisas; acreditavam ainda na imortalidade da alma, na eternidade das penas e na ressurreição dos mortos, isto é, no surgimento de uma nova e definitiva vida, distinta e oposta à existência terrena.

O segundo grupo social importante era o dos saduceus, composto pelos sacerdotes do Templo. Eles eram descendentes de Zadoque, o grande sumo-sacerdote dos tempos de Davi, e tinham por base a afirmativa de que toda Lei deveria ser escrita e imutável. Tinham eles seu próprio texto adicional chamado o “Livro dos Decretos”, que estipulava um sistema de punição: - quem seria apedrejado, queimado, decapitado ou crucificado. Devido à rígida observância da Lei Mosaica, seu conceito de Templo como única fonte e centro do governo judaico, os levava à própria condição hereditária de suas funções. A direção do Templo era exercida pelo sumo-sacerdote que desempenhava as funções de um regente secular, e por um comitê de anciãos que formavam o Sinédrio, que desincumbiam-se dos deveres religiosos e legais. Eles não acreditavam na imortalidade da alma, nem na ressurreição, nem nos bons e maus espíritos.

O terceiro grupo importante era o dos essênios, formado pelo agrupamento de várias seitas milenares da orla do deserto. Tinham avançados sistemas de canalização em seus edifícios, para suas purificações ritualísticas, bem como sala de reuniões. A preocupação com a literatura era demonstrada pela presença de bibliotecas, cujos rolos com as coleções eram colocados em jarros escondidos em cavernas próximas. Possuíam costumes brandos e virtudes austeras; ensinavam o amor a Deus, a imortalidade da alma e a ressurreição. Outras características dos essênios eram o celibato, a condenação da servidão e da guerra, o cultivo da agricultura e uma estrutura social, onde os bens eram comuns a todos.

O quarto grupo social era o dos Zelotes, cujo nome vem da história de Finéas, no Livro dos Números. Ele salvou Israel da peste e, assim, se dizia ter sido “zeloso com seu Deus”. Os sicários eram elementos terroristas dos zelotes. Eles levavam adagas
escondidas e costumavam assassinar judeus colaboradores dos romanos...

Jesus, então iniciou a sua missão, convidando inicialmente os pescadores, homens excluídos da sociedade judaica, devido à observância da Lei, que afirmava ser o trabalho com animais, impuro diante de Deus. Portanto, eles não poderiam ser admitidos nos grupos dos fariseus, dos saduceus, dos essênios ou dos zelotes. Depois, Jesus avistou um publicano, coletor de impostos. De todas as imposições do governo romano, era o imposto, o que os judeus mais detestavam, colocando-o como questão religiosa, em virtude de ser contrário à Lei. Assim, aqueles que não conseguiam outras oportunidades de trabalho e que possuíam conhecimentos matemáticos, se empregavam como cobradores de impostos. Mateus ou Levi, era íntegro em sua vivência e Jesus o convidou para fazer parte do seu grupo. Veio depois o convite a outros e também a Simão, o zelote, que passou a ser um ex-zelote, citado nos Evangelhos.

Jesus, portanto, formou um grupo de pessoas excluídas da sociedade para demonstrar-nos o seu amor pelos humildes... Hoje não temos pescadores, publicanos, ex-zelotes ou mulheres do povo excluídos da sociedade, mas temos e os encontramos como desempregados, moradores de rua, idosos desamparados, usuários de drogas, vendedoras de sexo e menores abandonados. Para ajudá-los, devemos deixar de lado um pouco do nosso comodismo, que nos aprisiona na ociosidade, e amparar de alguma forma esses excluídos, atendendo ao chamado de Jesus, quando disse: “Tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me recolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e fostes me ver.” – Então os justos lhe responderão: “Senhor, quando foi que fizemos tudo isso que não lembramos?” – Ao que Jesus lhes responderá: “Em verdade vos digo: Cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes”.

Assim, diante dos excluídos, sejamos simples e humildes, compreendo-os na posição em que se encontram. Sem sermos coniventes com o erro, devemos ter piedade para com nosso semelhante que precisa de nossa ajuda. Não vamos interrogá-lo sobre a causa de sua queda. Tenhamos a palavra de conforto e de esperança e comecemos com o exercício do amor ao próximo, ajudando-os no que for possível fazer, e, confiado na Bondade, Justiça e Misericórdia de Deus.

Também nenhum grupo permitia o ingresso de mulheres em suas fileiras, em virtude de não serem elas consideradas como “gente” pela estrutura social vigente naquela época. Mas, todos os evangelistas citam as presenças femininas marcantes junto ao Mestre Amado: Maria de Nazaré, sua mãe,; Maria de Magdala ou Madalena a vendedora de ilusões; Joana de Cusa; Maria mão de Tiago; Marta e Maria, irmãs de Lázaro, e tantas outras anônimas, que O acompanhavam em suas peregrinações.

João o apóstolo amado, nos afirma o seguinte: “Se alguém disser; amo a Deus e odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê.” – Estendamos nossos braços acolhedores aos excluídos de hoje, para que amanhã, possamos também encontrar outros braços direcionados para nós, de acordo com a máxima que diz: “É dando que se recebe”. Diz César Reis que, se Jesus reencarnasse nos dias de hoje, encontraria a Terra profundamente necessitada de evangelização como outrora. Seu esforço de há dois mil anos produziu frutos magníficos, no entanto, se o ser humano avançou muito em tecnologia e em ciência, mas ainda precisa crescer moralmente.

Naquele tempo, Jesus mostrou a necessidade de se remodelar a sociedade humana, através da transformação individual. Ele iniciou sua vida pública, com o episódio das bodas de Caná, mostrando o significado da Sua presença transformadora. Muitos até hoje discutem o nascimento, o corpo, os milagres e a morte de Jesus. Mas, como Allan Kardec acentua, o que ninguém discute é a essência moral dos seus ensinamentos, que é o que realmente interessa. Assim acontece porque o ser humano perdeu o significado profundo das mensagens do Divino Mestre. Jesus hoje, reencontraria a Terra envolvida em injustiças sociais e egoísmo, apesar de ser muito grande o número dos que se dizem adeptos do Cristianismo, em suas variadas formas.

Bezerra de Menezes descreve, de maneira genial, o Cristianismo dos primórdios: “Na Casa do Caminho, se trabalhava durante todo o dia em favor dos necessitados. A Casa recebia os doentes, os miseráveis de toda ordem, os escravos e os necessitados. Os seguidores de Jesus tratavam das feridas, cuidavam dos famintos dando-lhes o alimento, assim como cuidavam das roupas. À noite, reuniam-se todos e os apóstolos contavam as passagens, os ensinamentos, as parábolas, os fatos da existência de Jesus. Era assim, com tocante pureza e simplicidade que aquelas pessoas davam o testamento da sua fidelidade ao Mestre Amado.” Depois, acrescenta Bezerra de Menezes, “os homens inverteram o processo. Construíram templos enormes e luxuosos, estabeleceram regras, dogmas, castas; colocaram-se como donos da lei, associaram-se aos políticos, influenciaram na economia e se tornaram detentores de grandes fortunas. O ensino de Jesus passou a se processar em templos fechados e muitas vezes, deturpado e sem exemplificação”.

A missão da Doutrina dos Espíritos é a volta à simplicidade, à exemplificação, ao testemunho, a fraternidade. Relembra a maneira antiga, mas sempre atual do Evangelho, porque não há outra fórmula que possa resolver os conflitos da existência atormentada das pessoas e as desigualdades sociais. Há necessidade da difusão dos Seus ensinamentos; a criação de núcleos evangélicos que assista e oriente a educação transformadora, que façam reviver os valores do amor, da caridade, que façam ressurgir a família como base da sociedade. Há necessidade de um grande esforço de regeneração, sobretudo para que cada pessoa busque a auto-educação.

Evangeliza-se a pessoa para evangelizar a família, para transformar a sociedade. É preciso formar a pessoa de bem, que somente será digna de tal nome quando praticar: A fraternidade – Jesus ensinou que somos todos filhos do mesmo Pai Celestial; portanto, somos todos irmãos; o respeito ao próximo – Jesus ensinou que aquilo que é nobre em nós é a presença divina, em todos, sem exceção; portanto somos todos igualmente importantes. Jesus ensinou ainda que a pessoa que busca a paz, sabe que a paz está dentro de si, que é o amor de Deus; a reforma íntima - Jesus ensinou que, para segui-lo, temos que nos esquecer de nós mesmos; vencer os velhos vícios, as emoções descontroladas; inevitavelmente temos que proceder à nossa reforma interior para que surja a pessoa nova; a caridade – Jesus ensinou que ela é o supremo instrumento de renovação: caridade só pode ser praticada por aqueles que têm amor; é a doação de sentimentos, é solidariedade, é pensamento de amor que se projeta no olhar, no sorriso, no gesto amigo de fraternidade; a busca da consciência – Jesus ensinou que a consciência é geradora de responsabilidade: somos espíritos imortais, em aprendizado, crescendo em cada existência; que hoje somos o resultado do que fomos ontem, e que a semeadura de hoje provocará a colheita obrigatória no amanhã, do que tivermos semeado.

Jesus, hoje, encontraria a Terra bem melhor do que há dois mil anos. Resolvemos de maneira brilhante os problemas da inteligência, mas ainda estamos muito longe de resolver os problemas da convivência fraterna. Jesus certamente está conosco, mas nós ainda não conseguimos estar plenamente com Ele. A principal causa disso é o egoísmo que se fundamenta sobre a importância da personalidade, do eu, desconhecendo os princípios da caridade. O egoísmo se caracteriza na pessoa, pela ausência do sentimento de fraternidade para com os semelhantes, excluídos ou não. A cobiça e a posse dos bens terrenos, leva o ser humano a se tornar insensível ao sofrimento alheio e ingrato até mesmo aos que lhe ajudaram a conseguir fortuna.

Há ricos e pobres porque Deus sendo justo, possibilita aos ricos a prova da fraternidade e da caridade, e aos pobres a prova da resignação e da humildade. È certo que algumas vezes nos perguntamos se Deus é justo em possibilitar a riqueza terrena a pessoas que fazem da fortuna, a exploração e a miséria dos seus semelhantes. O egoísta quer tudo só para si, e tudo faz para conseguir seus propósitos, nem que tenha de sacrificar a própria família, os amigos, empregados e outros que possa explorar. A verdade é que o ser humano vive em busca de uma forma de felicidade, correndo atrás de algo que nem sabe bem o que é, que termina gastando o seu tempo, sem se dar conta, porque a felicidade não é um objeto; encontra-se ela nas coisas simples da vida, como: o admirar o por do sol; a beleza da Natureza; o sorriso de uma criança; o abraço de um amigo; a manifestação de carinho de um familiar; o agradecimento de uma pessoa a quem beneficiamos, e muitas e muitas outras maneiras simples, que não damos o devido valor.

A nossa principal preocupação deve ser a de conseguir os bens imperecíveis da alma. Jesus nos ensinou: “Não andeis ansiosos pelo dia de amanhã. Buscai primeiramente o Reino de Deus, através do cumprimento das Suas Leis, da fé consistente, da oração, da caridade, e todas as outras coisas vos serão acrescentadas.” Que Jesus nos inspire a fim de que a simplicidade, o amor e a caridade sejam os atributos de nossa existência, conforme nos ensina a Terceira Revelação, que é a Doutrina dos Espíritos,
base complementar dos ensinamentos do Mestre Amado Jesus...

Que a Paz do Senhor, nos estimule ao amparo de nossos irmãos necessitados, sofredores e excluídos.


Bibliografia:
Evangelho de Jesus
Livro “Boa Nova”

Jc.
Refeito em 14/12/2004

A MEDIUNIDADE

A MEDIUNIDADE

O meio que nos põe em contato com os espíritos, é a mediunidade. A mediunidade é o veículo pelo qual entramos em relação com os espíritos, e todos nós a possuímos, embora em graus diferentes. Por ela, Deus que é Bondade Infinita, permite-nos que continuemos a sentir vivos e palpitantes de amor, aqueles que constituíram na Terra, nossas mais queridas afeições.

Para compreendermos onde reside a mediunidade, sabemos que somos compostos de três elementos: O espírito, o perispírito e o corpo físico. O espírito representa a nossa individualidade, o nosso “eu” imortal, sendo a parte de nós que pensa, sente e age. O perispírito é um véu fluídico que envolve o espírito e o liga ao corpo, durante o tempo da encarnação. É inseparável do espírito e é tanto mais luminoso, quanto maior for o adiantamento moral do espírito. É invisível para nós no estado normal; porém pode tornar-se visível, como no caso das materializações e das aparições. O corpo físico é o instrumento pelo qual o espírito atua no mundo terreno. Quando encarnados, estamos com a alma, o perispírito e o corpo; e quando estivermos desencarnados, possuiremos o espírito e o perispírito. Este é o receptor das sensações e o transmissor delas para o espírito, como sendo um intermediário. As sensações físicas são recebidas pelo corpo através do sistema nervoso de que é dotado. As sensações espirituais também são recebidas pelo perispírito que irradia através do nosso corpo e o contorna como uma névoa de luz.

À medida que o ser humano vai se moralizando suas faculdades psíquicas se dilatam e sua percepção espiritual aumenta. É a mediunidade para nos iluminar e aos que conosco caminham. Por isso Jesus disse: “Brilhe a vossa luz.” “À mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre a carne e prometida pelo Divino Mestre, aos tempos do Consolador, atualmente em curso na Terra”, garante-nos o benfeitor Emmanuel.

O Cristo foi o grande médium de Deus entre os homens; quando aqui esteve, iluminou a face do planeta de uma luz intensa e definitiva que nunca mais se apagou. Sua aproximação dos seres humanos intensifica os registros mediúnicos de almas já dispostas ao bem. Maria de Nazaré, observa a figura de um anjo que lhe anuncia a maternidade próxima. Isabel, sua prima, abre os canais mediúnicos de intuição para o registro do fato de que também seria mãe. Registra ainda o Evangelho, a iluminação da mediunidade de José; espíritos angelicais lhe orientam, por sonhos, as decisões a serem tomadas com vistas à proteção do seu filho, das atrocidades de Herodes. Anjos manifestam sua alegria aos homens, entoando cânticos e louvores pela chegada ao mundo da Luz de Deus.

E Jesus aparece e anuncia: “Eu sou a luz do mundo”. Luz que não se negou a iluminar nem mesmo as mais sórdidas e escuras cavernas de nossas almas adoecidas nos próprios desmandos e loucuras. Conviveu Ele com as trevas; curou homens que adoeceram no convívio longo com mentes impregnadas de mágoas e ódios. Quando nós nos desequilibramos, entregamos nossa mente a muitas outras mentes, como aquele geraseno obsediado que andava por entre sepulcros e por montes, ferindo-se e que foi curado pelo Mestre.

Respondendo à pergunta 567 do “Livro dos Espíritos”, os instrutores espirituais dizem a Kardec que, “os espíritos vulgares costumam de imiscuir em nossos deveres e ocupações. Eles nos rodeiam constantemente e com freqüência tomam parte ativa no que fazeis, de conformidade com suas naturezas”. Se eles estiveram até no caminho de Jesus, na terra, e receberam d’Ele expressões de amor, imaginem como não estão tentando impedir nossos passos no caminho da luz. O Evangelho nos trás à observação a figura de um grande médium. Pedro, pescador, era pobre a quem Jesus conclama para a tarefa de “pescador de almas”. Essa é a função do médium no uso do magnetismo e da mediunidade que lhe é inerente; pescador de almas para as tarefas de amor a que o Evangelho nos convida; para levar as criaturas a se achegaram a Jesus, e não a eles os médiuns.

Antes do Cristo, a mediunidade servia à curiosidade e à inércia mental, atuando apenas em atos de vingança e ódio, como instrumento de poder e de pavor, como nos confirmam os relatos bíblicos. Foi Jesus quem deu a dimensão luminosa aos fatos mediúnicos, desde sua chegada a Terra, até sua partida desta. Jesus nos alerta, porém: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação; o espírito é firme, mas a carne é fraca”. João também nos adverte quanto ao zelo no trato com a mediunidade dizendo:”Caríssimos, não acrediteis em qualquer espírito, mas examinai os espíritos para ver se são de Deus”. Esse zelo, também encontramos na Codificação Espírita, com a afirmativa do codificador de que, “é preferível rejeitar noventa e nove verdades, a aceitar uma mentira”.

Nos relatos dos apóstolos, poderemos nos contagiar com seus exemplos de amor e humildade, virtudes necessárias à tarefa mediúnica que é um dom divino e com ela devemos suavizar os sofrimentos alheios, cooperando com os espíritos curadores, concorrendo para o alívio dos que sofrem. Entretanto, nunca esqueçamos de dar de graça, o que Deus de graça nos concedeu. Nem troquemos por algumas moedas, o que a bondade de Deus quer distribuir aos seus filhos necessitados.

Todo aquele que sente num grau qualquer, a influência dos espíritos, é por esse fato um médium. Essa faculdade é inerente ao ser humano; não constituindo privilégio exclusivo e raras são as pessoas que não possuem alguns rudimentos, ou que não tiveram na infância alguma experiência mediúnica, visto que o espírito da criança até os seis anos de idade, está mais ligado ainda ao mundo espiritual.

O termo médium é aplicado pelos espíritos ao indivíduo cuja faculdade mediúnica se mostra caracterizada e se traduz por efeitos de certa intensidade, o que depende de uma situação mais ou menos sensitiva. A percepção das influências espirituais se dá pelo fenômeno mental da sintonia, gerando pensamentos plasmados que, ao se exteriorizarem, entram em comunhão com as faixas de idéias do mesmo teor vibratório, estabelecendo-se, assim, a sintonia mediúnica. Noutras palavras, atraímos os espíritos que se ligam com nossos pensamentos, palavras e atos, tanto quanto somos por eles atraídos pela sintonia.

Como na mente acha-se a base de todas as manifestações mediúnicas, é imprescindível que seja ela enriquecida de tesouros culturais, morais e de amor. Com o advento do Cristianismo, a mediunidade atingiu a sublimação com as manifestações provocadas por Jesus, como no Monte Tabor, ao invocar os espíritos de Moisés e Elias que aparecerem ao seu lado, para os apóstolos; também quando apareceu no seu corpo perispiritual aos apóstolos que estavam trancados, receosos de serem trucidados pelos fariseus; e ainda, quando se juntou aos discípulos a caminho de Emaús, e após se dar a conhecer, desapareceu. Na Idade Média prosseguiu nos feitos de Francisco de Assis, nas visões de Lutero.

A mediunidade existe desde as épocas mais remotas, mas foi somente na Doutrina dos Espíritos que encontrou um sentido mais elevado e disciplinado. Nos tempos modernos, nas prodigiosas manifestações através de Francisco Candido Xavier e Divaldo Pereira Franco, sem desmerecer as centenas de outros médiuns espalhados pelo mundo. O médium consciente do seu papel e responsabilidade precisa buscar disciplina e iluminação íntima, para tornar-se um instrumento de progresso, com vistas à felicidade coletiva e própria. Geralmente os médiuns têm uma aptidão especial para determinados fenômenos, do que resulta uma variedade muito grande de manifestações.

As principais variedades de médiuns são: médiuns de efeitos físicos; médiuns sensitivos; médiuns audientes; médiuns curadores; médiuns escreventes; médiuns psicógrafos, etc. Os médiuns de efeitos físicos, são aptos a produzir fenômenos materiais, como a movimentação de corpos inertes, ruídos, pancadas, vozes diretas, materializações, transporte, etc.. A mediunidade de efeitos físicos foi muito comum no surgimento da Doutrina dos Espíritos, com o objetivo de chamar a atenção dos encarnados para as coisas do além, espirituais. Médiuns sensitivos, são as pessoas que sentem a presença do espírito. Esta faculdade pode adquirir tal sutileza que aquele que a possui, reconhece não só a natureza, boa ou má do espírito que está lhe influenciando, mas até sua individualidade. Médiuns falantes ou audientes, são os que transmitem a mensagem do espírito através da fala. Médiuns curadores, são os que realizam as curas através do pensamento ou das mãos impostas sobre o doente. Médiuns psicógrafos, são os que recebem as mensagens espirituais, utilizando o lápis ou caneta e papel.

Falando sobre a faculdade mediúnica, Kardec diz que, de todos os meios de comunicação, a escrita é o meio melhor, mais simples, mais cômodo e o mais completo. Ela permite que se estabeleçam com os espíritos, relações continuadas e regulares, como as que existem entre nós, e é por meio da escrita que os espíritos revelam melhor sua natureza e o grau de aperfeiçoamento ou de sua inferioridade.

Chegada à hora em que devemos iniciar nosso trabalho mediúnico, de nosso corpo começa a desprender-se uma irradiação fluídica que possui certo brilho, de maneira que ficamos envolvidos por uma espécie de luz espiritual. Os espíritos sofredores, buscando alívio, são atraídos por essa luz. Uma vez agarrados a nós, não nos largam até que lhes seja indicado um modo de alcançarem um pouco de melhora para seus sofrimentos. Os sinais mais comuns do aparecimento da mediunidade são os seguintes: Sensação de peso na cabeça e nos ombros; arrepios, como se estivesse passando por nós alguma coisa muito fria; calor, como se estivéssemos encostados a qualquer coisa quente; profunda tristeza ou excessiva alegria sem sabermos por que. Estes sinais dia a dia se acentuam, à medida que as relações fluídicas entre a pessoa e os espíritos sofredores se fortificam; a saúde se altera devido à enorme carga de fluidos impuros que o nosso corpo armazena. O remédio capaz de produzir um resultado satisfatório é o desenvolvimento da mediunidade. Se tivermos o hábito de viver uma moral elevada, seremos auxiliados por espíritos bondosos que abrandarão as perturbações dos espíritos sofredores. Porém, somente isso não basta. Se não tratarmos de nos desfazer dos vícios e melhorar o nosso desenvolvimento moral, a nossa faculdade mediúnica se transformará em tormento e as influências negativas nos levarão a um sofrimento permanente.

Desenvolver a mediunidade é aprender a usá-la. E para isso devemos procurar um Centro Espírita e, sob a orientação do diretor dos trabalhos, iniciarmos o desenvolvimento da mediunidade. É conveniente só fazer esse trabalho mediúnico no Centro, nunca em casa. Para que o médium seja bem sucedido deve cultivar as seguintes virtudes: A perseverança, a paciência, a boa-vontade, a humildade e a sinceridade. A mediunidade não se desenvolve de um dia para o outro; leva-se meses e às vezes até anos, e para isso é preciso ter paciência. Um bom desenvolvimento exige que sejamos persistentes e perseverantes. Ter boa-vontade é comparecer sempre e com satisfação às sessões. A humildade é a virtude pela qual reconhecemos que tudo vem de Deus, e que sem Ele, nada podemos fazer.

O médium sincero é aquele que transmite fielmente o que os espíritos ditam, mesmo que a comunicação seja contrária ao seu modo de pensar ou mesmo uma reprimenda ao médium. Se o médium faltar com a sinceridade no desempenho da função mediúnica, cedo ou tarde sofrerá as conseqüências de seus atos. Conquanto a mediunidade curadora seja um dom que se traz ao nascer, todos podemos ser médiuns curadores, porque todos nós possuímos a força magnética, mesmo que não seja em alto grau dos médiuns curadores.

O conhecimento da lei de afinidade moral faz com que tenhamos a proteção dos bons espíritos e evitemos a influência dos espíritos ignorantes. Afinidade quer dizer semelhança. Pessoas e espíritos de moral igual se atraem e de moral contrária se repelem. Esta lei rege nossas relações tanto com os encarnados como com os desencarnados. Assim sendo, a afinidade moral agrupa os bons espíritos e repelem os maus; os maus por seu lado se reúnem e evitam os bons. Um espírito bondoso não procura um médium orgulhoso, assim como se afasta de um médium que tenha vícios.

A seriedade é a virtude que o médium possui de só utilizar sua mediunidade para fins benéficos. A modéstia faz o médium reconhecer que ele é um simples instrumento da vontade do Senhor. O devotamento leva o médium a se dedicar a fazer o bem a seus irmãos sofredores. A abnegação faz o médium ir até o sacrifício, renunciando a seus prazeres, a seus hábitos, para prestar socorro mediúnico a quem esteja precisando e lhe solicite. O desinteresse é a razão que faz o médium “dar de graça o que de graça recebeu”.

Algumas causas levam os médiuns ao fracasso. Eis algumas: Leviandade, indiferença, presunção, orgulho, egoísmo, inveja, elogios e exploração. Por isso é preciso a máxima vigilância, para não deixar que elas produzam seus efeitos maléficos. Em alguns casos, o médium é obrigado a suspender temporariamente o exercício da mediunidade. Nesses casos deve pedir a Deus que o desobrigue dela, enquanto durar o impedimento. Alguns exemplos: Por motivo de viagens; por motivo de serviço ou de estudos. Também durante a gestação, é aconselhável se abster de praticar a mediunidade, porém deve freqüentar o Centro, assim como as mães com bebês para cuidar. Embora com a mediunidade suspensa, deverá o médium diariamente dedicar alguns minutos à prece, pedindo pelos que sofrem. Pode acontecer ainda que o médium tenha sua mediunidade suspensa por ordem superior; os guias espirituais resolvem cancelar-lhe a mediunidade, provisoriamente, por duas razões: 1ª- os guias espirituais suspendem a mediunidade para que o médium passe por um período de repouso, para que sua organização físico-espiritual se reajuste e se fortaleça, preparando-o assim, para novos trabalhos futuros; 2ª- quando o médium se desvia do reto caminho, entregando-se a atos contrários à mora elevada, sua mediunidade é cancelada, por piedade, para que não lhe aconteça males maiores. Corrigido o erro que motivou a suspensão, novamente o médium passa a merecer a assistência dos seus guias espirituais.

As mensagens que através da mediunidade são enviadas pelos Espíritos Protetores, são alerta para os médiuns, quanto às atitudes corretas que devem adotar diante do convívio na sociedade. Como se trata de um dom gratuitamente cedido por Deus, a prática da mediunidade deve ser exercida sem a cobrança de quaisquer favores ou vantagens materiais. Os benefícios devem atingir sem exceções, a pessoas de qualquer condição social. Deus quer que o benefício chegue a todos, não quer que o mais pobre fique privado dele e possa dizer: “Não tenho fé, porque não obtive o consolo; porque sou pobre e não posso pagar.”

Finalizando, sabemos que a mediunidade é um dom que Deus dá às pessoas, não como um privilégio, mas como missão e como meio dos médiuns liquidarem seus pesados débitos contraídos em outras existências, exceto os que aqui chegam como missionários. Não deve o médium achar que é superior aos seus irmãos. Jesus disse: “Aquele que quiser ser o maior, que se torne o mais humilde servidor de seus irmãos”.


Que a Paz do Senhor esteja em nossos corações.




Bibliografia:
“Mediunidade sem Lágrimas”
O Evangelho de Jesus
“O Livro dos Espíritos”


Jc.
S.Luis, refeito em 18/8/2002.

ENCARNAÇÃO E REENCARNAÇÃO

ENCARNAÇÃO E REENCARNAÇÃO

Allan Kardec pergunta aos Espíritos Superiores, qual o objetivo da encarnação dos espíritos, ou seja, o espírito assumir um corpo físico. Resposta dos Mentores Espirituais: “Deus lhes impõe a encarnação com a finalidade de fazê-los chegar à perfeição relativa. Para alguns, a encarnação é uma expiação, para outros, uma missão. Entretanto, para alcançarem essa perfeição, devem suportar todas as vicissitudes da existência corporal; nisso é que está a expiação. A encarnação tem também outro objetivo que é o de colocar o espírito em condições de cumprir sua parte na obra da criação.

Entretanto, para continuarmos a falar sobre encarnação, primeiro temos que conhecer o ser humano. Ele é formado de três partes essenciais:

1º- A alma, que é o espírito quando encarnado;
2º- O perispírito, princípio intermediário que serve de envoltório ao espírito e que une
a alma ao corpo;
3º- O corpo, ou o ser material.

Os espíritos e as almas, são a mesma coisa: sendo que se chama alma, quando o espírito está usando um corpo físico, e designamos espírito, quando este se encontra livre da matéria. O ser humano tem assim, duas naturezas; pelo corpo, participa da natureza dos animais, dos quais tem o instinto; pela alma, participa da natureza dos espíritos, dos quais tem os sentimentos. O que é o corpo físico ou a matéria? - É o veículo que retêm o espírito; é o instrumento de que se serve ele, e ao mesmo tempo, sobre o qual exerce sua ação. Os seres materiais, constituem o mundo visível, ou corporal. O que é o espírito? – É o ser inteligente do universo, incorpóreo, criado por Deus. Os espíritos povoam os espaços infinitos; os espíritos são uma das forças, instrumentos e mensageiros de que Deus se serve para a manutenção da harmonia universal. O mundo espiritual é o normal, preexistente e sobrevive a tudo, é eterno; enquanto que o mundo corporal não é senão secundário; poderia deixar de existir, sem alterar a essência do mundo espiritual. Deus criou os espíritos e deu a cada um deles, determinada missão, com o fim de fazê-los alcançar progressivamente a perfeição relativa.

Os humanos podem entrar em comunicação com os espíritos, mas não tê-los constantemente às suas ordens. e a comunicação é feita de lá para cá. Feitos estes esclarecimentos, voltemos ao assunto da encarnação.

Como o espírito foi criado simples e sem conhecimentos, não pode ele alcançar a perfeição relativa, apenas em uma existência. É necessário várias existências para que o espírito vá adquirindo valores e seja elevado a planos superiores. A cada nova existência, o espírito vai aumentado os seus conhecimentos e dando um passo na senda do progresso. Quando ele, finalmente, estiver livre de impurezas e alcançar um estágio evolutivo significativo, não terá mais necessidade de existir materialmente, a não ser como missionário em benefício da Humanidade.

O número de encarnações não é o mesmo para todos os espíritos; ele é determinado pelo progresso de cada um. Quando encarnado, a alma dispõe do livre-arbítrio para determinar seus atos. Podem ser eles, bons, levando-o a prosseguir mais rapidamente na evolução, ou serem maus seus atos, retardando a sua jornada e obrigando-a a muito mais reencarnações, que lhes causarão maiores expiações e sofrimentos. Dizem os Espíritos Superiores que, se não formos pelo amor, seremos forçados a prosseguir na escalada da evolução, pela dor.

O espírito ao reencarnar, escolhe o corpo, as condições deste, se sadio ou com deficiência, as condições e situações que vai passar na existência, o seio da família onde nasce, se rica ou pobre, culta ou inculta, honesta ou desonesta; tudo para lhe proporcionar as oportunidades de resgate de faltas passadas, e também o cumprimento da missão escolhida. Entretanto, algumas situações e sofrimentos que passamos na existência resultam de atos praticados pelo exercício do nosso livre-arbítrio, na própria existência. Porém, aquelas situações que passamos sem a interferência da nossa vontade, estas foram escolhidas por nós na espiritualidade, portanto, sendo do Determinismo Divino. E se não aceitarmos essas situações com resignação e confiança em Deus, de nada servirá para nós, o nosso sofrimento, visto que, voltaremos quantas vezes mais forem necessárias, até que tenhamos resgatados os nossos compromissos.

Há pessoas que entendem que a reencarnação pressupõe a destruição dos laços de família, visto que, vivendo inúmeras vezes na Terra, nossos pais, nossos filhos e a esposa de hoje, estarão amanhã substituídos por outras pessoas, ocorrendo o mesmo com relação à parentela. A Doutrina dos Espíritos, porém, afirma que os laços de família não são rompidos, mas sim, fortalecidos pela reencarnação, como veremos a seguir.

Existem quatro alternativas para a pessoa no seu futuro além morte: 1º- O nada absoluto, conforme ensinado pelo materialismo que diz que tudo se finda com a morte; 2º- A absorção no Todo Universal, consoante a doutrina panteísta, segundo a qual, depois da morte, retornamos à substância comum que compõe as coisas; 3º- A continuidade da individualidade, com a fixação definitiva da sorte, segundo os ensinos da Igreja Católica, que são o céu ou o inferno; 4º- A continuidade da individualidade, porém com possibilidades infinitas de progresso, mediante as reencarnações sucessivas, como ensina o Espiritismo.

De acordo com as duas primeiras teorias – materialismo e panteísmo – os laços de família desaparecem definitivamente com a morte, inexistindo qualquer possibilidade de reencontro. Na teoria Católica, existe a condição da família se rever, se estiverem no mesmo nível evolutivo e no mesmo meio, que pode ser o inferno ou o paraíso. A quarta alternativa que é a da Doutrina dos Espíritos, existe a certeza da continuidade das relações afetivas entre os que se amam, que voltarão em existências sucessivas, revezando-se às vezes nos papeis que lhes competem, que pode ser como pais, filhos irmãos e esposos.

É freqüente os espíritos reunirem-se na mesma família em várias reencarnações ou no mesmo círculo de vivência na Terra, trabalhando juntos para o aprimoramento de todos. Se uns estão encarnados e outros não, nem por isso estão desunidos, porquanto os que estão na espiritualidade, velam pelos que se encontram presos ao corpo físico. O temor do aumento indefinido da parentela em decorrência das várias existências não tem qualquer fundamento. A Doutrina dos Espíritos nos diz que, pelo fato de alguém ter tido dez encarnações, não quer dizer que ele encontrará no plano espiritual, dez pais, dez mães, dez esposas e um número proporcional de filhos. Ele reencontrará sempre os mesmos espíritos objetos de sua afeição, que lhes foram ligados na Terra sob papéis idênticos ou diferentes, algumas vezes.

O vínculo material fundamenta-se unicamente na filiação corporal, enquanto que o vínculo espiritual junta espíritos queridos que amam-se, por sucessivas encarnações e separa por algumas vezes, dando oportunidade a outros de se aprimorarem no convívio familiar, podendo mais tarde reencontrarem-se pelos laços do amor. É por isso que a família quando composta de espíritos afins, resulta num ambiente de harmonia, porém, quando formada por espíritos com débitos, a vivência é bem difícil.

Quando esperamos um filho, nos preocupamos para não ter um filho com problemas físicos ou mentais; que seja bonito e inteligente como nós, enfim, queremos que ele nasça perfeito para nossa satisfação. E acontece que Deus na sua infinita bondade e justiça, permite nascerem crianças deformadas, cegas, perturbadas, enquanto por outro lado, nascem crianças sadias, com visão, inteligentes, normais. Qual a razão dessas desigualdades, se no entender de outros religiosos, a existência é uma só? É essa a bondade de Deus que permite nascerem crianças privilegiadas e outras com problemas? Teríamos nós, humanos, melhor conceito de justiça do que a própria justiça de Deus? Qual a explicação para essas situações?

Sabemos nós perfeitamente, que Deus é amor, bondade, justiça, e misericórdia, que faz nascer o sol e vir à chuva para bons e maus, como então explicar esse tratamento desigual para com suas criaturas? Somente através da reencarnação, entendemos o por que dessas situações. Deus, na sua infinita justiça e misericórdia, nos possibilita o atendimento das nossas solicitações, de reencarnarmos com essas deficiências, para resgatarmos débitos contraídos no passado, que nos leva ao progresso no presente. Poderá ocorrer que o ser humano se deixe envolver pelos prazeres do mundo, não correspondendo ao compromisso assumido, enveredando por caminhos desastrosos e perdendo a oportunidade de elevação. Volta então, em outra existência, para resgatar pela dor, com acréscimo, o que não fez pelo amor na anterior.

Assim, os que usaram mal a visão, poderão voltar cegos; os que deram ouvidos somente a intrigas e maldades, poderão vir surdos; os que falaram e causaram sofrimentos, poderão vir mudos; os que usaram os seus membros para agredir e causar mortes, podem vir deformados; os que usaram a inteligência para enganar e prejudicar os seus semelhantes, poderão vir perturbados e retardados; tudo isto, pelo mal uso que fizeram dos dons que Deus lhes confiou.

Sobre o assunto do ser humano “colher o que semeia”, menciono aqui a manchete do jornal “O Estado do Maranhão”, do dia 25/08/2001, em que é noticiado o massacre de 6 portugueses chegados recentemente em Fortaleza-CE. Essa chacina provocou uma comoção nacional, pelo modo como foi realiza. No meu entender, com base na Doutrina dos Espíritos, essa tragédia vem comprovar mais uma vez a reencarnação; e eu, para compreendê-la, me servi da história antiga do Brasil.

Quando do descobrimento da nova Terra (Brasil), para cá vieram muitos aventureiros atraídos pelas riquezas, e também foram enviados muitos degredados; elementos indesejáveis que viviam em Portugal; assassinos, ladrões, parasitas. É interessante observar que só vinham homens; nada de mulheres ou famílias. Pois bem, imaginemos então que em determinada época desse período colonial, aqui chegaram seis portugueses, amigos, ou membros de uma mesma família, e as famílias nessa época eram numerosas, e aqui chegando, passaram a explorar os selvagens, como se fossem os novos donos da terra, e a tratá-los como seus escravos. Esses portugueses podem ter torturado e morto de forma cruel, com requintes de perversidade, muitos índios que eram mantidos acorrentados, e também violentado as índias, como era normal naquela época bárbara, contraindo com essa atitude, débitos perante a justiça dos homens, que não existia, e também para com a Justiça Divina, que teriam de resgatar um dia, em outra existência.

Assim, da mesma maneira que atravessaram o oceano para chegarem aqui, naquela época, da mesma maneira voltaram a cruzar o oceano para virem resgatar os seus débitos contraídos nesta Terra. Novamente é interessante notar que, apesar de casados, nenhum deles trouxe a esposa. Chegados a Fortaleza-CE., foram atraídos não por novas riquezas, mas para encontros com jovens prostitutas e com esse propósito, foram levados para lugar ermo onde foram roubados, torturados e ainda enterrados vivos. Embora lamentado o trágico fim desses nossos irmãos de além mar e a tragédia que se abateu sobre suas famílias, creio que a Justiça Divina possibilitou a esses espíritos, o resgate de suas faltas do passado. Só assim, posso entender essa tragédia e compreender a Justiça Divina, na sua Infinita Misericórdia e Bondade, permitindo o resgate dos débitos, conforme nos ensinou Jesus, ao nos afirmar que teríamos que “pagar até o último ceitil”. Dessa mesma maneira a Justiça Divina se manifestou, o mesmo aconteceu com respeito aos sofrimentos infligidos aos “cátaros”, tratado em outro artigo.

Voltando ao assunto que estávamos tratando, nos vem a pergunta: Se o ser humano tivesse apenas uma existência, qual seria o mérito de parte da humanidade que morre com pouca idade, para desfrutar, sem esforço, da felicidade eterna, isenta das condições de lutas e sofrimentos impostos à outra grande parte de seres humanos? Pela reencarnação, a igualdade é para todos, sem favor ou privilégios para ninguém; os que estão mais atrasados e sofredores, não podem culpar senão a si mesmos, pelo não cumprimento das leis de Deus.

A marcha do espírito é progressiva; jamais retrógrada. Eles se elevam na hierarquia e não descem da categoria que já alcançaram. Nas suas diferentes existências na Terra, podem descer, como pessoas, mas não como espíritos. Assim, a alma de um rei na Terra, poderá mais tarde, voltar como um modesto operário e vice-versa, porque as posições entre as pessoas, frequentemente se modificam. Herodes era rei; Jesus, um humilde carpinteiro. Os espíritos também se encarnam como homens e mulheres porque eles não possuem sexo. Como devem progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, lhe oferece provas e deveres especiais, além da oportunidade de adquirirem experiências. Aquele que fosse sempre homem, não saberia senão só o que os homens sabem. Como homens desenvolvem a inteligência, e como mulheres, desenvolvem os sentimentos, que são as duas asas para o vôo do espírito.

Quinhentos anos antes de Cristo, Sócrates ensinava nas ruas de Atenas, aos seus discípulos, dizendo: “É sábio quem só faz coisas boas e ignorante, aquele que realiza coisas ruins; porque toda pessoa recebe de volta, exatamente o que pratica.” Na passagem em que os soldados chegam para prender o Mestre, Pedro reagindo, ataca um deles cortando-lhe a orelha. Jesus imediatamente curou o ferimento e recomendou ao apóstolo agressor: “Embainha tua espada, porque quem fere com ferro, com ferro será ferido.” Haverá advertência mais clara, mais objetiva e mais completa? A impunidade não existe nas Leis Divinas. Entretanto, Deus não pune ninguém. Suas Leis, infinitamente justas, vale para todos nós. O próprio devedor deve quitar o seu débito, para dele se livrar. O ser humano apenas colhe o que semeou e, para se libertar do erro precisa conhecer a Verdade e lutar para progredir.

É por isso que se diz que a Justiça Divina é a maior confirmação da reencarnação. Sem reencarnação, seria impossível a Justiça Divina. A impunidade existiria para todos aqueles que após uma existência praticando injustiças e maldades, se despedissem do mundo sem resgatar ou sofrer qualquer punição pelos seus atos negativos, se aceitássemos apenas uma existência.

Como a história relaciona Teodora, que teria influenciado a Igreja para abolir a doutrina da reencarnação? – Milton de Sousa, professor e filósofo, grande estudioso da Doutrina dos Espíritos, informa o seguinte: “Em 553 D/C, o Imperador Justiniano sugeriu à Igreja Católica Romana, tornar oficial a reencarnação, mas a isto se opôs Teodora, amante do Imperador, que não desejava reencarnar, após sua morte, a fim de responder pelos seus erros, como mandar matar todos os que ela escolhia e tinha relações sexuais com ela. A Igreja pregava a reencarnação, e ela não queria voltar reencarnada para sofrer os rigores da “Lei de causa e efeito.” O Imperador então desfez a sua proposta, dominado pela amante e a Igreja então reuniu o 2º Concílio de Constantinopla e decretou a anulação da lei de reencarnação, mesmo sabendo estar ela mencionada em muitas passagens do Velho e Novo Testamento.

Pelo exposto, dois fatores levaram a Igreja Romana à decisão: 1º A grande campanha desencadeada por Teodora, amante do Imperador, posteriormente sua esposa; 2º a reencarnação contrariava a doutrina de “céu e inferno” que dava maior poder de pressão do clero sobre as pessoas. Assim, até hoje a Igreja condena a reencarnação, ensinada pelas mais antigas religiões e filosofias do mundo, por serem leis físicas, como os ciclos de atividade e repouso, amplamente divulgadas pela Doutrina dos Espíritos.

O livro “A Caminho da Luz”, informa-nos que dos espíritos degredados na Terra, muitos se agruparam nas margens do rio Ganges, na Índia, e foram os primeiros a formar códigos de uma sociedade organizada. As organizações hindus são anteriores à civilização egípcia e aos agrupamentos dos israelitas. Dois fatos relacionados com a Índia impressionam: 1º- Nenhum povo na Terra tem mais conhecimento sobre a reencarnação do que o hindu; 2º A Índia, foi a matriz de todas as filosofias e religiões da Humanidade. Da região sagrada do Ganges, partiram elementos que criaram muitas outras civilizações. Os papiros provam que os iniciados do velho Egito, sabiam da existência do corpo espiritual e da outra vida. A assistência do Cristo jamais lhes faltou e foi assim que, sentindo que o degredo na Terra chegava ao fim, eles construíram as grandes pirâmides, que ficaram como marca de suas presenças e mensagem para as futuras civilizações da Terra.

Possuindo o ser humano (espírito encarnado) muitas existências, fica mais fácil compreender a Justiça Divina. Compreende-se porque existem ricos e pobres de bens materiais, opressores e oprimidos, pessoas sadias e outras doentes. Quem promoveu o sofrimento, volta para recebê-lo como resgate. Algumas pessoas não aceitam a reencarnação porque não se lembram de suas existências passadas. Aí estão as regressões de memórias para comprovar. Tal esquecimento, na verdade, é parcial e perdura apenas na existência atual, evitando que recordações do nosso passado, nos cause graves dificuldades. Se tivéssemos a possibilidade de lembrar dos nossos erros e maldades; de que tal parente nos prejudicou; de que ocupamos posição de autoridade e injustiçamos e perseguimos outras pessoas, como ficaríamos? Certamente esses conhecimentos iriam prejudicar nosso relacionamento e nossa existência atual.

Finalizando este artigo, recordo as palavras de Jesus, nas “Bem-aventuranças”, incompreensíveis sem a reencarnação: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.” E também, respondendo a Nicodemos, disse: “Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer de novo.” Os apóstolos respondendo a Jesus, lhes afirmaram: “Dizem que tu és Elias, Jeremias ou um dos profetas que voltou.” Ora, Elias e Jeremias haviam morrido em idade avançada, enquanto Jesus era um jovem e de pais conhecidos. Se um deles tivesse que voltar à Terra, só poderia fazê-lo pela reencarnação, e não pela ressurreição de um corpo sepultado e desintegrado, o que a ciência atesta ser impossível. A reencarnação é assim, uma realidade e abençoado recurso que constitui mais uma concessão da Bondade Divina...

Senhor, ajude-nos a levar avante a presente reencarnação com amor e progresso.

Bibliografia:
“O Livro dos Espíritos”
Novo Testamento
“A Caminho da Luz”

Jc.
S.Luis, 03/01/2003
Refeito em 2005.