sábado, 13 de fevereiro de 2010

ENCARNAÇÃO E REENCARNAÇÃO

ENCARNAÇÃO E REENCARNAÇÃO

Allan Kardec pergunta aos Espíritos Superiores, qual o objetivo da encarnação dos espíritos, ou seja, o espírito assumir um corpo físico. Resposta dos Mentores Espirituais: “Deus lhes impõe a encarnação com a finalidade de fazê-los chegar à perfeição relativa. Para alguns, a encarnação é uma expiação, para outros, uma missão. Entretanto, para alcançarem essa perfeição, devem suportar todas as vicissitudes da existência corporal; nisso é que está a expiação. A encarnação tem também outro objetivo que é o de colocar o espírito em condições de cumprir sua parte na obra da criação.

Entretanto, para continuarmos a falar sobre encarnação, primeiro temos que conhecer o ser humano. Ele é formado de três partes essenciais:

1º- A alma, que é o espírito quando encarnado;
2º- O perispírito, princípio intermediário que serve de envoltório ao espírito e que une
a alma ao corpo;
3º- O corpo, ou o ser material.

Os espíritos e as almas, são a mesma coisa: sendo que se chama alma, quando o espírito está usando um corpo físico, e designamos espírito, quando este se encontra livre da matéria. O ser humano tem assim, duas naturezas; pelo corpo, participa da natureza dos animais, dos quais tem o instinto; pela alma, participa da natureza dos espíritos, dos quais tem os sentimentos. O que é o corpo físico ou a matéria? - É o veículo que retêm o espírito; é o instrumento de que se serve ele, e ao mesmo tempo, sobre o qual exerce sua ação. Os seres materiais, constituem o mundo visível, ou corporal. O que é o espírito? – É o ser inteligente do universo, incorpóreo, criado por Deus. Os espíritos povoam os espaços infinitos; os espíritos são uma das forças, instrumentos e mensageiros de que Deus se serve para a manutenção da harmonia universal. O mundo espiritual é o normal, preexistente e sobrevive a tudo, é eterno; enquanto que o mundo corporal não é senão secundário; poderia deixar de existir, sem alterar a essência do mundo espiritual. Deus criou os espíritos e deu a cada um deles, determinada missão, com o fim de fazê-los alcançar progressivamente a perfeição relativa.

Os humanos podem entrar em comunicação com os espíritos, mas não tê-los constantemente às suas ordens. e a comunicação é feita de lá para cá. Feitos estes esclarecimentos, voltemos ao assunto da encarnação.

Como o espírito foi criado simples e sem conhecimentos, não pode ele alcançar a perfeição relativa, apenas em uma existência. É necessário várias existências para que o espírito vá adquirindo valores e seja elevado a planos superiores. A cada nova existência, o espírito vai aumentado os seus conhecimentos e dando um passo na senda do progresso. Quando ele, finalmente, estiver livre de impurezas e alcançar um estágio evolutivo significativo, não terá mais necessidade de existir materialmente, a não ser como missionário em benefício da Humanidade.

O número de encarnações não é o mesmo para todos os espíritos; ele é determinado pelo progresso de cada um. Quando encarnado, a alma dispõe do livre-arbítrio para determinar seus atos. Podem ser eles, bons, levando-o a prosseguir mais rapidamente na evolução, ou serem maus seus atos, retardando a sua jornada e obrigando-a a muito mais reencarnações, que lhes causarão maiores expiações e sofrimentos. Dizem os Espíritos Superiores que, se não formos pelo amor, seremos forçados a prosseguir na escalada da evolução, pela dor.

O espírito ao reencarnar, escolhe o corpo, as condições deste, se sadio ou com deficiência, as condições e situações que vai passar na existência, o seio da família onde nasce, se rica ou pobre, culta ou inculta, honesta ou desonesta; tudo para lhe proporcionar as oportunidades de resgate de faltas passadas, e também o cumprimento da missão escolhida. Entretanto, algumas situações e sofrimentos que passamos na existência resultam de atos praticados pelo exercício do nosso livre-arbítrio, na própria existência. Porém, aquelas situações que passamos sem a interferência da nossa vontade, estas foram escolhidas por nós na espiritualidade, portanto, sendo do Determinismo Divino. E se não aceitarmos essas situações com resignação e confiança em Deus, de nada servirá para nós, o nosso sofrimento, visto que, voltaremos quantas vezes mais forem necessárias, até que tenhamos resgatados os nossos compromissos.

Há pessoas que entendem que a reencarnação pressupõe a destruição dos laços de família, visto que, vivendo inúmeras vezes na Terra, nossos pais, nossos filhos e a esposa de hoje, estarão amanhã substituídos por outras pessoas, ocorrendo o mesmo com relação à parentela. A Doutrina dos Espíritos, porém, afirma que os laços de família não são rompidos, mas sim, fortalecidos pela reencarnação, como veremos a seguir.

Existem quatro alternativas para a pessoa no seu futuro além morte: 1º- O nada absoluto, conforme ensinado pelo materialismo que diz que tudo se finda com a morte; 2º- A absorção no Todo Universal, consoante a doutrina panteísta, segundo a qual, depois da morte, retornamos à substância comum que compõe as coisas; 3º- A continuidade da individualidade, com a fixação definitiva da sorte, segundo os ensinos da Igreja Católica, que são o céu ou o inferno; 4º- A continuidade da individualidade, porém com possibilidades infinitas de progresso, mediante as reencarnações sucessivas, como ensina o Espiritismo.

De acordo com as duas primeiras teorias – materialismo e panteísmo – os laços de família desaparecem definitivamente com a morte, inexistindo qualquer possibilidade de reencontro. Na teoria Católica, existe a condição da família se rever, se estiverem no mesmo nível evolutivo e no mesmo meio, que pode ser o inferno ou o paraíso. A quarta alternativa que é a da Doutrina dos Espíritos, existe a certeza da continuidade das relações afetivas entre os que se amam, que voltarão em existências sucessivas, revezando-se às vezes nos papeis que lhes competem, que pode ser como pais, filhos irmãos e esposos.

É freqüente os espíritos reunirem-se na mesma família em várias reencarnações ou no mesmo círculo de vivência na Terra, trabalhando juntos para o aprimoramento de todos. Se uns estão encarnados e outros não, nem por isso estão desunidos, porquanto os que estão na espiritualidade, velam pelos que se encontram presos ao corpo físico. O temor do aumento indefinido da parentela em decorrência das várias existências não tem qualquer fundamento. A Doutrina dos Espíritos nos diz que, pelo fato de alguém ter tido dez encarnações, não quer dizer que ele encontrará no plano espiritual, dez pais, dez mães, dez esposas e um número proporcional de filhos. Ele reencontrará sempre os mesmos espíritos objetos de sua afeição, que lhes foram ligados na Terra sob papéis idênticos ou diferentes, algumas vezes.

O vínculo material fundamenta-se unicamente na filiação corporal, enquanto que o vínculo espiritual junta espíritos queridos que amam-se, por sucessivas encarnações e separa por algumas vezes, dando oportunidade a outros de se aprimorarem no convívio familiar, podendo mais tarde reencontrarem-se pelos laços do amor. É por isso que a família quando composta de espíritos afins, resulta num ambiente de harmonia, porém, quando formada por espíritos com débitos, a vivência é bem difícil.

Quando esperamos um filho, nos preocupamos para não ter um filho com problemas físicos ou mentais; que seja bonito e inteligente como nós, enfim, queremos que ele nasça perfeito para nossa satisfação. E acontece que Deus na sua infinita bondade e justiça, permite nascerem crianças deformadas, cegas, perturbadas, enquanto por outro lado, nascem crianças sadias, com visão, inteligentes, normais. Qual a razão dessas desigualdades, se no entender de outros religiosos, a existência é uma só? É essa a bondade de Deus que permite nascerem crianças privilegiadas e outras com problemas? Teríamos nós, humanos, melhor conceito de justiça do que a própria justiça de Deus? Qual a explicação para essas situações?

Sabemos nós perfeitamente, que Deus é amor, bondade, justiça, e misericórdia, que faz nascer o sol e vir à chuva para bons e maus, como então explicar esse tratamento desigual para com suas criaturas? Somente através da reencarnação, entendemos o por que dessas situações. Deus, na sua infinita justiça e misericórdia, nos possibilita o atendimento das nossas solicitações, de reencarnarmos com essas deficiências, para resgatarmos débitos contraídos no passado, que nos leva ao progresso no presente. Poderá ocorrer que o ser humano se deixe envolver pelos prazeres do mundo, não correspondendo ao compromisso assumido, enveredando por caminhos desastrosos e perdendo a oportunidade de elevação. Volta então, em outra existência, para resgatar pela dor, com acréscimo, o que não fez pelo amor na anterior.

Assim, os que usaram mal a visão, poderão voltar cegos; os que deram ouvidos somente a intrigas e maldades, poderão vir surdos; os que falaram e causaram sofrimentos, poderão vir mudos; os que usaram os seus membros para agredir e causar mortes, podem vir deformados; os que usaram a inteligência para enganar e prejudicar os seus semelhantes, poderão vir perturbados e retardados; tudo isto, pelo mal uso que fizeram dos dons que Deus lhes confiou.

Sobre o assunto do ser humano “colher o que semeia”, menciono aqui a manchete do jornal “O Estado do Maranhão”, do dia 25/08/2001, em que é noticiado o massacre de 6 portugueses chegados recentemente em Fortaleza-CE. Essa chacina provocou uma comoção nacional, pelo modo como foi realiza. No meu entender, com base na Doutrina dos Espíritos, essa tragédia vem comprovar mais uma vez a reencarnação; e eu, para compreendê-la, me servi da história antiga do Brasil.

Quando do descobrimento da nova Terra (Brasil), para cá vieram muitos aventureiros atraídos pelas riquezas, e também foram enviados muitos degredados; elementos indesejáveis que viviam em Portugal; assassinos, ladrões, parasitas. É interessante observar que só vinham homens; nada de mulheres ou famílias. Pois bem, imaginemos então que em determinada época desse período colonial, aqui chegaram seis portugueses, amigos, ou membros de uma mesma família, e as famílias nessa época eram numerosas, e aqui chegando, passaram a explorar os selvagens, como se fossem os novos donos da terra, e a tratá-los como seus escravos. Esses portugueses podem ter torturado e morto de forma cruel, com requintes de perversidade, muitos índios que eram mantidos acorrentados, e também violentado as índias, como era normal naquela época bárbara, contraindo com essa atitude, débitos perante a justiça dos homens, que não existia, e também para com a Justiça Divina, que teriam de resgatar um dia, em outra existência.

Assim, da mesma maneira que atravessaram o oceano para chegarem aqui, naquela época, da mesma maneira voltaram a cruzar o oceano para virem resgatar os seus débitos contraídos nesta Terra. Novamente é interessante notar que, apesar de casados, nenhum deles trouxe a esposa. Chegados a Fortaleza-CE., foram atraídos não por novas riquezas, mas para encontros com jovens prostitutas e com esse propósito, foram levados para lugar ermo onde foram roubados, torturados e ainda enterrados vivos. Embora lamentado o trágico fim desses nossos irmãos de além mar e a tragédia que se abateu sobre suas famílias, creio que a Justiça Divina possibilitou a esses espíritos, o resgate de suas faltas do passado. Só assim, posso entender essa tragédia e compreender a Justiça Divina, na sua Infinita Misericórdia e Bondade, permitindo o resgate dos débitos, conforme nos ensinou Jesus, ao nos afirmar que teríamos que “pagar até o último ceitil”. Dessa mesma maneira a Justiça Divina se manifestou, o mesmo aconteceu com respeito aos sofrimentos infligidos aos “cátaros”, tratado em outro artigo.

Voltando ao assunto que estávamos tratando, nos vem a pergunta: Se o ser humano tivesse apenas uma existência, qual seria o mérito de parte da humanidade que morre com pouca idade, para desfrutar, sem esforço, da felicidade eterna, isenta das condições de lutas e sofrimentos impostos à outra grande parte de seres humanos? Pela reencarnação, a igualdade é para todos, sem favor ou privilégios para ninguém; os que estão mais atrasados e sofredores, não podem culpar senão a si mesmos, pelo não cumprimento das leis de Deus.

A marcha do espírito é progressiva; jamais retrógrada. Eles se elevam na hierarquia e não descem da categoria que já alcançaram. Nas suas diferentes existências na Terra, podem descer, como pessoas, mas não como espíritos. Assim, a alma de um rei na Terra, poderá mais tarde, voltar como um modesto operário e vice-versa, porque as posições entre as pessoas, frequentemente se modificam. Herodes era rei; Jesus, um humilde carpinteiro. Os espíritos também se encarnam como homens e mulheres porque eles não possuem sexo. Como devem progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, lhe oferece provas e deveres especiais, além da oportunidade de adquirirem experiências. Aquele que fosse sempre homem, não saberia senão só o que os homens sabem. Como homens desenvolvem a inteligência, e como mulheres, desenvolvem os sentimentos, que são as duas asas para o vôo do espírito.

Quinhentos anos antes de Cristo, Sócrates ensinava nas ruas de Atenas, aos seus discípulos, dizendo: “É sábio quem só faz coisas boas e ignorante, aquele que realiza coisas ruins; porque toda pessoa recebe de volta, exatamente o que pratica.” Na passagem em que os soldados chegam para prender o Mestre, Pedro reagindo, ataca um deles cortando-lhe a orelha. Jesus imediatamente curou o ferimento e recomendou ao apóstolo agressor: “Embainha tua espada, porque quem fere com ferro, com ferro será ferido.” Haverá advertência mais clara, mais objetiva e mais completa? A impunidade não existe nas Leis Divinas. Entretanto, Deus não pune ninguém. Suas Leis, infinitamente justas, vale para todos nós. O próprio devedor deve quitar o seu débito, para dele se livrar. O ser humano apenas colhe o que semeou e, para se libertar do erro precisa conhecer a Verdade e lutar para progredir.

É por isso que se diz que a Justiça Divina é a maior confirmação da reencarnação. Sem reencarnação, seria impossível a Justiça Divina. A impunidade existiria para todos aqueles que após uma existência praticando injustiças e maldades, se despedissem do mundo sem resgatar ou sofrer qualquer punição pelos seus atos negativos, se aceitássemos apenas uma existência.

Como a história relaciona Teodora, que teria influenciado a Igreja para abolir a doutrina da reencarnação? – Milton de Sousa, professor e filósofo, grande estudioso da Doutrina dos Espíritos, informa o seguinte: “Em 553 D/C, o Imperador Justiniano sugeriu à Igreja Católica Romana, tornar oficial a reencarnação, mas a isto se opôs Teodora, amante do Imperador, que não desejava reencarnar, após sua morte, a fim de responder pelos seus erros, como mandar matar todos os que ela escolhia e tinha relações sexuais com ela. A Igreja pregava a reencarnação, e ela não queria voltar reencarnada para sofrer os rigores da “Lei de causa e efeito.” O Imperador então desfez a sua proposta, dominado pela amante e a Igreja então reuniu o 2º Concílio de Constantinopla e decretou a anulação da lei de reencarnação, mesmo sabendo estar ela mencionada em muitas passagens do Velho e Novo Testamento.

Pelo exposto, dois fatores levaram a Igreja Romana à decisão: 1º A grande campanha desencadeada por Teodora, amante do Imperador, posteriormente sua esposa; 2º a reencarnação contrariava a doutrina de “céu e inferno” que dava maior poder de pressão do clero sobre as pessoas. Assim, até hoje a Igreja condena a reencarnação, ensinada pelas mais antigas religiões e filosofias do mundo, por serem leis físicas, como os ciclos de atividade e repouso, amplamente divulgadas pela Doutrina dos Espíritos.

O livro “A Caminho da Luz”, informa-nos que dos espíritos degredados na Terra, muitos se agruparam nas margens do rio Ganges, na Índia, e foram os primeiros a formar códigos de uma sociedade organizada. As organizações hindus são anteriores à civilização egípcia e aos agrupamentos dos israelitas. Dois fatos relacionados com a Índia impressionam: 1º- Nenhum povo na Terra tem mais conhecimento sobre a reencarnação do que o hindu; 2º A Índia, foi a matriz de todas as filosofias e religiões da Humanidade. Da região sagrada do Ganges, partiram elementos que criaram muitas outras civilizações. Os papiros provam que os iniciados do velho Egito, sabiam da existência do corpo espiritual e da outra vida. A assistência do Cristo jamais lhes faltou e foi assim que, sentindo que o degredo na Terra chegava ao fim, eles construíram as grandes pirâmides, que ficaram como marca de suas presenças e mensagem para as futuras civilizações da Terra.

Possuindo o ser humano (espírito encarnado) muitas existências, fica mais fácil compreender a Justiça Divina. Compreende-se porque existem ricos e pobres de bens materiais, opressores e oprimidos, pessoas sadias e outras doentes. Quem promoveu o sofrimento, volta para recebê-lo como resgate. Algumas pessoas não aceitam a reencarnação porque não se lembram de suas existências passadas. Aí estão as regressões de memórias para comprovar. Tal esquecimento, na verdade, é parcial e perdura apenas na existência atual, evitando que recordações do nosso passado, nos cause graves dificuldades. Se tivéssemos a possibilidade de lembrar dos nossos erros e maldades; de que tal parente nos prejudicou; de que ocupamos posição de autoridade e injustiçamos e perseguimos outras pessoas, como ficaríamos? Certamente esses conhecimentos iriam prejudicar nosso relacionamento e nossa existência atual.

Finalizando este artigo, recordo as palavras de Jesus, nas “Bem-aventuranças”, incompreensíveis sem a reencarnação: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.” E também, respondendo a Nicodemos, disse: “Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer de novo.” Os apóstolos respondendo a Jesus, lhes afirmaram: “Dizem que tu és Elias, Jeremias ou um dos profetas que voltou.” Ora, Elias e Jeremias haviam morrido em idade avançada, enquanto Jesus era um jovem e de pais conhecidos. Se um deles tivesse que voltar à Terra, só poderia fazê-lo pela reencarnação, e não pela ressurreição de um corpo sepultado e desintegrado, o que a ciência atesta ser impossível. A reencarnação é assim, uma realidade e abençoado recurso que constitui mais uma concessão da Bondade Divina...

Senhor, ajude-nos a levar avante a presente reencarnação com amor e progresso.

Bibliografia:
“O Livro dos Espíritos”
Novo Testamento
“A Caminho da Luz”

Jc.
S.Luis, 03/01/2003
Refeito em 2005.

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