domingo, 31 de janeiro de 2010

O AMOR, O CASAMENTO, A SEPARAÇÃO

O AMOR, O CASAMENTO E A SEPARAÇÃO

O amor movimenta a Humanidade. E uma das formas de amor é a que existe e sobrevive, graças a união de um homem e uma mulher. Os parceiros da vida a dois, antes de chegarem a essa situação, passam por uma fase de aproximação e namoro, que se inicia geralmente, devido a uma forte atração física mútua, a qual pode desencadear uma paixão. A paixão por sua vez, poderá evoluir para o sentimento de amizade e daí para o amor. Paixão e amor, ainda que intimamente ligados, são sentimentos diferentes. A paixão se caracteriza por intensa atração física e conseqüente desejo erótico. O amor nasce a partir da descoberta do ser amado, com suas qualidades e defeitos, seus encantos e desencantos, e a afinidade que une ambos. Uma das formas de amor mais real é a que exalta a figura da mãe.

Conta uma lenda árabe que um homem decidira casar-se apenas se achasse uma mulher perfeita. Assim, saiu pelo mundo à busca de sua eleita. Trinta anos depois, já idoso e cansado, retornou à terra natal, sem realizar seu desejo. Um amigo comentou: “Então, tu viajaste em vão sem encontrara mulher perfeita!” – Ele respondeu: “Enganas-te meu amigo. Eu encontrei-a, só que ela também estava a procura de um homem perfeito...”

Por essa e outras razões é que o casamento é o mais discutido na sociedade. Uns a definem como “união social de pessoas de sexos diferentes”; outros, o chamam de “fundamento da sociedade”. Alguns afirmam como “grande escola fundada por Deus, para a educação das pessoas”. Há também os que dizem jocosamente: “’’Casar, é perder metade de seus direitos e duplicar deveres”.

Historicamente, quatro são as formas de casamento existentes no mundo: 1- Casamento por rapto ou captura, comum entre tribos em guerra; 2- casamento por compra ou troca, comum entre os índios; 3- casamento por ordem paterna, comum nos povos islâmicos e na China; 4- casamento por consentimento mútuo, ou com a autorização dos pais, quando realizado entre menores. No Brasil, com a Proclamação da República, o casamento civil foi instituído no País, pelo Decreto 181 de 24/01/1890. O casamento passou a ser um ato solene, com três elementos essenciais: l- Sexos diferentes: 2- consentimento dos contratantes; 3- testemunhas. De acordo com os artigos 192 e 194 do Código Civil, o novo Código, a partir de 11/1/2003, permite o casamento religioso em qualquer religião, com o registro da cerimônia no Cartório competente, para a devida legalização. Também o poder familiar foi estendido à mãe e a maioridade passou a ser de 18 anos de idade...

No dia a dia conjugal, muitas são as atribuições e problemas que ocupam o tempo e a mente do casal. Decorre então que o tempo físico e afetivo que sobra para os cônjuges dedicarem um ao outro, vai se estreitando perigosamente, o que para algumas pessoas que já não se dão bem, é até algo desejado. Numa relação afetiva permanente, o saber amar ou amar com competência, consistiria basicamente em evitar a falta de diálogo e a dispersão de cada um para um lado.

Emmanuel, no livro “Vida e Sexo”, diz: “A princípio, exposto a aventuras poligâmicas,
O homem avança de ensinamento em ensinamento, para a monogamia, reconhecendo
a necessidade de equilíbrio em matéria de amor.” Como figuração, lembramos que antigamente o homem possuía harém, onde co-existiam muitas mulheres para o seu prazer. Hoje o homem tem uma esposa ou companheira, enquanto outros homens ainda possuem esposa e amantes. É nessa área – a da realização amorosa – que se iniciam as primeiras dificuldades da existência a dois e, consequentemente, nas relações familiares. Dificilmente cônjuges que não se entendem no campo amoroso, poderão desempenhar satisfatoriamente as funções da paternidade e da maternidade.

Unir um homem e uma mulher pode ser mais complicado do que parece à primeira vista. Tanto um como o outro possuem dois lados, igual a uma moeda; o lado positivo e o lado negativo. Na fase de namoro até o casamento todos apresentam apenas o seu lado positivo, ficando o lado negativo, para ser conhecido posteriormente. A convivência vai depender da aceitação de ambos com suas duas faces.

Em cada país, em cada cultura, a união de pessoas assume características diferentes, que envolvem acordos de família; outras vezes é a fortuna, outras mais por segurança, por conveniências, por solidão e finalmente por amor. É muito raro vermos um par ideal; duas pessoas com visões de vida que se encaixam uma na outra, cuja situação evolutiva seja a mesma e com simpatias que se harmonizem. Tais uniões são raras e não se mostram muito desejáveis, pois é bom que uma pessoa evoluída se sinta atraída por outra menos evoluída, para benefício de ambas.

As vezes ouvimos alguém comentar: “Que pena fulano ter casado com cicrana! São tão diferentes.” Se essa pessoa tivesse mais vivência espiritual, saberia que ambos estão destinados a se beneficiar, nos poucos anos que passarem juntos. Não resta dúvidas que o resultado imediato dessa união, aparentemente inadequada, é uma série de dificuldades de adaptação de ambos. Haverá sempre choques de interesses e de graus evolutivos. Muitos casais vivem um verdadeiro inferno na intimidade, porém, para os parentes e outras pessoas, passam uma aparência de harmonia e felicidade.

É através de dificuldades, tais como viver com pessoas que não se afinam conosco, que aprendemos à verdadeira tolerância. Uma existência agradável e tranqüila, todos desejamos, mas nem sempre é melhor para a evolução do nosso espírito. Progredimos muito mais depressa ao longo do caminho da evolução, pelo sacrifício do trabalho ao nosso próximo e pelo sofrimento que resgata as nossas faltas, que nos parece às vezes, ser um método duro e impiedoso.

Analisando o elevado percentual de casamentos e uniões que terminam em separação, verificamos como é difícil haver entre as pessoas, compreensão, respeito, tolerância, paciência e outras virtudes, que se vivenciadas, fariam com que as uniões perdurassem até a morte. As exceções ocorrem entre os casais que sejam afins e realmente religiosos. Falamos daqueles que põem em prática os ensinamentos morais pregados por Jesus. Vemos dessa maneira, que a religião é importante nessas uniões, porque trava os instintos agressivos que ainda não conseguimos eliminar, mas que o serão quando estivermos mais evoluídos.

Na Lei de Deus, o amor é o primeiro mandamento. O amar entre as pessoas, quando
posto em prática, evita atritos e a paz do lar permanece para felicidade do casal e dos filhos. Não há pior espetáculo do que as crianças presenciarem discussões acaloradas e agressões físicas entre os pais. Essas brigas provocam as separações e os traumas nos filhos, sem falar nas disputas pela posse dos filhos e dos bens materiais. Vemos assim, como é essencial a religião aos pais e filhos, para evitar a desagregação do lar. Dizem até que as uniões que atingem os dois anos, já passaram pela fase mais difícil, porque nesse período as pessoas retiraram a máscara e se apresentam como elas realmente são. Depois da morte, alguns espíritos não continuam necessariamente juntos, nem em existências futuras. Ambas se beneficiaram por terem estado juntas durante um período de tempo.

Nossa existência na Terra pode ser comparada a uma viagem, cuja duração varia de acordo com as nossas necessidades e o Determinismo Divino. A viagem terrena não é turística; ela é baseada em compromissos a tem por objetivo resgates e a conquista da sabedoria e virtudes. O casamento, com a conseqüente formação do lar, é o item mais importante dessa viagem, porque envolve a existência dos cônjuges e dos filhos. Concluímos então que se João veio para viver com Maria, irão se encontrar no momento exato, não importando a nacionalidade, a raça, a cultura ou a posição social que tenham.

Martins Peralta, no livro “Estudando a Mediunidade”, classifica as uniões em cinco tipos principais: 1º- Acidentais – encontro de almas inferiorizadas, por efeito de atração momentânea, sem qualquer afinidade espiritual; 2º- Sacrificiais – reencontro de alma iluminada com alma inferiorizada, com o objetivo de ajudá-la a evoluir; 3º- Provacionais – reencontro de almas para reajustes necessários à resgates de débitos e à evolução de ambas; 4º- Afins – reencontro de almas amigas para consolidação de afetos e evolução espiritual; 5º- Transcendentais – reencontro de almas engrandecidas no bem, que se unem para ajudarem outras almas a evoluirem e promoverem realizações superiores. Com exceção da união acidental, todas as outras obedecem a uma programação feita no plano espiritual.

Sendo a Terra um planeta de provas e expiações, a grande maioria dos casamentos e uniões, são provacionais; as pessoas têm ligações de existências passadas e se encontram em processo de reajustes, ajudas, realizações e evolução espiritual. A Lei Divina os une, a fim de que, pelo convívio diário, transformem a animosidade de ontem em laços de fraternidade e amor no presente. A prova disso é a desarmonia, os desentendimentos, os problemas nos lares, que às vezes lamentavelmente, terminam em agressões físicas. Relações difíceis de reajustes devem evoluir para relações de amizade. Na medida em que elas evoluem para a amizade; mãe e filho, pai e filha, irmãos, demonstra que a distância espiritual existente, estaria diminuindo gradativamente. Significaria que inimigos do passado estão fazendo as pazes, tornando-se espíritos simpáticos e afins.

Não separeis o que Deus juntou. Com esse argumento, algumas religiões se posicionaram contra o divórcio, alegando que o casamento, sendo uma união divina, o
ser humano não tem autoridade para desfazê-lo, através de leis por ele criadas. A esse
argumento, a Doutrina dos Espíritos apresenta outro argumento muito mais sábio e coerente que diz: “Não separeis o que o Amor juntou.” Allan Kardec, no “Evangelho Segundo o Espiritismo”, dedica o capítulo 22 a questões sobre o casamento, do qual tiramos este trecho: “Imutável só o que vem de Deus. Tudo o que é obra dos homens está sujeito a mudanças. Na união ou casamento, o que é de origem divina é o sentimento de amor e a complementação dos sexos para que se opere a substituição dos seres que morrem. Existe ainda outra lei divina, imutável como todas as Leis de Deus, exclusivamente moral: A Lei do Amor. Como Deus é Amor, o casal que vive ligado pelos laços do amor, está abençoado por Deus e ninguém deve separá-los, sob a alegação de que não se casaram no civil ou nesta ou naquela religião.”

Segundo a Doutrina dos Espíritos, somente as Leis Divinas são eternas e imutáveis em todos os tempos e em todo o Universo. As leis humanas mudam segundo os tempos, os lugares e o progresso da Humanidade. A lei do casamento é humana e como tal, pode ser modificada. Se na convivência do casal, não existe mais amor, amizade, diálogo, compreensão e tolerância; se a desarmonia, o mal estar, a agressão verbal e física e a inimizade se instalou entre os dois, será difícil manter e, muito menos dizer que essa união é feliz e será duradoura. Após um período de convivência nessas circunstâncias, que pode ser curto ou longo, sem que haja entendimento, e, para que dessa união e desunião não venha a suceder algo pior que simples separação, é que com pesar, se aconselha separar, o que já estava de fato separado.

O divórcio também é uma lei humana, cuja finalidade é regularizar essa separação e dar liberdade às pessoas envolvidas, de prosseguirem vivendo, adiando parte do compromisso assumido na Espiritualidade. Com relação a adiar a dívida, Chico Xavier certa vez fez uma colocação oportuna. Disse ele: “Os bancos financeiros fornecem moratória e reformas para débitos de clientes. Será que o Banco da Providência Divina está em tal penúria que não nos possa dar tempo, para depois resgatarmos as nossas dívidas, para não cairmos em delito maior?”

André Luiz, no livro “Ação e Reação”, narra um caso de separação conjugal que evitou a consumação de um crime e o agravamento da dívida de um dos cônjuges. Conta ele que: “Um esposo seduzido pelos encantos de uma jovem, tudo fazia para que a esposa o abandonasse. Fascinado pela amante, passou a odiar a esposa. Planejou matá-la de forma que o fato passasse como autêntico suicídio. Assim acontecendo, poderia unir-se definitivamente com a amante. De madrugada, levantou-se, apanhou a arma e saindo do local onde dormia, pois já dormiam separados, passou pelo quarto das crianças e se dirigiu para o aposento onde dormia a esposa. Nesse momento, os espíritos protetores da família, utilizando-se de recursos magnéticos, despertam uma das filhas que aos gritos acorda a mãe. A esposa levantando e vendo o marido no corredor com o revolver, longe de suspeitar suas intenções de matá-la, lhe pede que ele não se mate; ela lhe concederia a separação que ele tanto lhe pedira e almejava.” E assim, foi evitado um crime com conseqüências maiores.

Analisando o caso, o assistente espiritual fez estas considerações: “Existe, no Evangelho de Mateus, certa passagem na qual afirma Jesus que a separação na Terra,
é permitida a nós, pela pobreza e dureza dos nossos sentimentos.” Emmanuel, refere-se ao divórcio como “medida extrema” a ser aplicada em situações muito graves. Nestes casos, o divórcio ou a separação resolve temporariamente o problema, porque interrompe a provação que terá de ser complementada no futuro, pelo menos por parte do que provocou a separação, ou que não fez esforço para levar até o fim a provação, se esta não chegou ao seu término.

O bom senso, com base nos ensinamentos morais de Jesus nos diz que devemos evitar recomendar a separação, assim como não devemos censurar, quem recorre a essa solução, para os problemas conjugais. A decisão é de cada um, que deve ouvir a sua consciência e assumir ou seus atos. Concluindo, nos esclarece ainda Emmanuel, quando diz: “De todas as instituições existentes na Terra, nenhuma talvez mais importante em sua função educadora e regeneradora, do que a família. Temos no instituto doméstico, uma organização de origem divina, em cujo seio se encontra os instrumentos necessários ao nosso próprio aprimoramento espiritual e para a edificação de um mundo melhor.”

Quando Deus disse pela voz dos profetas: “Vós não sereis senão uma mesma carne”, e quando Jesus disse: “Vós não separeis o que Deus uniu”, referia-se a união segundo a Lei imutável de Deus que é o Amor, e não segundo a lei variável dos homens. Paixão, amizade, amor, assim como incompreensão, desunião e separação, são sentimentos e situações que fazem parte da existência do ser humano, dada a nossa condição de inferioridade espiritual.

A pessoa que conseguir levar até o fim, sua jornada expiatória com resignação e paciência, estará no final da sua jornada terrena, liberta para alcançar morada superior na espiritualidade. O Espírito de Verdade, no capítulo VI do “Evangelho Segundo o Espiritismo” nos aconselha dizendo: “Aqueles que carregam seus fardos e que assistem seus irmãos, são meus bem-amados.” E completou ao dizer:”Bem-aventurados os aflitos porque serão consolados”.


Que a Paz do Senhor esteja em nossos corações.


Bibliogtrafia:
Livro “Vida e Sexo”
“Estudando a Mediunidade”
“Ação e Reação”
“A Vigem de Uma Alma”
“Evangelho Segundo o Espiritismo”
Médium Chico Xavier –
Mentor Espiritual “Emmanuel”

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